Conhecido como uma das áreas de atuação do Engenheiro Florestal, o inventário florestal é uma das principais ferramentas para a quantificação dos recursos presentes em uma floresta. Por meio deste procedimento é possível se realizar a caracterização da área e assim extrair informações quantitativas e qualitativas, fornecendo subsídios para a tomadas de decisão em níveis estratégicos e operacionais, assim como medidas de restauração e conservação.
Além disso, o inventário serve como base para estudos de crescimento e produção, bem como para o conhecimento da estrutura horizontal e vertical da floresta. Assim, a prática do inventário florestal é empregada visando a conservação, controle e administração dos recursos e comercialização dos produtos madeireiros e não madeireiros.
A classificação do inventário florestal é decorrente do objetivo a ser alcançando que pode ser de cunho estratégico ou tático; abrangência, referente à áreas restritas, regional ou nacional; abordagem da população no tempo, sendo temporário ou contínuo; quanto ao detalhamento que pode ser exploratório, de reconhecimento ou detalhados; e por fim, quanto a obtenção dos dados que pode ser por enumeração completa ou amostragem.
Papel do Engenheiro Florestal
Cabe ao Engenheiro Florestal, profissional comumente atuante na realização do inventário florestal, o papel de exercer a tarefa de quantificação dos recursos florestais. Além disso, este profissional é capacitado para, de uma forma geral, realizar a gestão das florestas. Assim, suas principais atuações são a capacidade de identificação de espécies e proceder a avaliação do potencial produtivo de uma comunidade vegetal.
Atualmente o crescente aumento populacional e despreocupação com os recursos naturais tem ocasionado em supressão dos ambientes florestais, principalmente pelo emprego de atividades antrópicas, como a agropecuária, abertura de áreas, derrubada de madeira, entre outras.
Estratégias que considerem o bem-estar do homem e dos ecossistemas são necessárias, assim, ao engenheiro florestal é atribuída a tarefa de se realizar vistorias, avaliações e laudos que possam subsidiar ações preventivas para a conservação. Além das atribuições supracitadas, cabe a este engenheiro, realizar operações como a recuperação de áreas degradadas, arborização urbana e paisagismo.
Ademais, o engenheiro florestal é apto para a elaboração de planos de manejo que visam a exploração dos recursos naturais de forma sustentável, isto é, criando alternativas para que se possa produzir e conservar ao mesmo tempo.
Em outras palavras, propiciar a produção e comercialização dos produtos florestais, atentando para a fauna e flora local. Nesse sentido, a formação de um engenheiro florestal está concentrada em quatro grandes áreas: ecologia florestal, manejo florestal, tecnologia da madeira e silvicultura.
A otimização das atividades florestais tem se tornado foco de estudos, buscando uma maior produtividade e um menor custo nas operações. Assim, para isso é necessário que se tenha agilidade, conhecimento e estratégias para que se possa contornar as adversidades ocorrentes no campo. Todavia, cabe ressaltar que toda e qualquer atividade está propicia a eventualidades, como mudança nas condições climáticas e possíveis danos aos equipamentos essenciais.
Para elencar as principais dificuldades em campo, temos:
Demarcação de parcelas;
Localização da área;
Deslocamento entre as áreas;
Presença de animais peçonhentos;
Utilização de equipamentos adequados;
Formação da equipe qualificada;
Entre outras.
Tipos de inventários florestais
Nas formações nativas, o inventário permite acompanhar a dinâmica da comunidade e assim inferir quanto ao seu desenvolvimento baseado nas principais taxas, como mortalidade e recrutamento.
Para as florestas plantadas, o inventário permite melhor elaborar as estratégias de exploração, sendo uma ferramenta base para um planejamento conciso e preciso.
Dentro da abordagem florestal, o inventário está atrelado com todas as demais áreas de concentração, como a ecologia, manejo, silvicultura, sensoriamento, planejamento, colheita e outros. A depender do objetivo, os procedimentos normalmente empreendidos nos levantamentos são a amostragem e enumeração completa, mais conhecida como censo.
Nesse sentido, ao se optar pelo uso da amostragem, esta deve ser empregada de forma a captar a variabilidade existente na área de interesse. No contexto de amostragem, faz-se importante conceituar parcela.
Conhecida também como unidade amostral, é definida como uma fração da área de interesse na qual se mensura todos os indivíduos de acordo um critério de inclusão pré-estabelecido, permitindo assim posteriormente realizar a extrapolação para a área total.
Nesta abordagem, cabe destacar os tipos de amostragem mais difundidos para a realização do inventário florestal:
Amostragem casual simples: Procedimento no qual não há uma ressalva quanto à casualização. Em outras palavras, neste tipo de amostragem, todas as parcelas possuem a mesma probabilidade de serem selecionadas, tal que, esta se dá de forma aleatória. Assim, esta metodologia é indicada para florestas homogêneas.
Amostragem sistemática: O principal fator dessa metodologia está associado com a escolha aleatória da primeira parcela, em que esta servirá de base para o lançamento das demais conforme um critério pré-estabelecido. Seguindo tal critério, essa técnica permite uma melhor representatividade da área.
Amostragem casual estratificada: Técnica direcionada para áreas em que há uma maior variabilidade, tendo como principal foco as florestas nativas. Realiza-se uma subdivisão da população buscando deixa-la o mais homogênea possível.
Os desafios relacionados aos cálculos
A manipulação correta dos dados é de suma importância para o êxito do processamento. Assim, é recomendável a avaliação de forma minuciosa dos dados oriundos do campo, procurando evitar, por exemplo, que se tenha espécies duplicadas e valores discrepantes.
A determinação quantitativa dos recursos é dependente de um planejamento que envolve desde a pré-operacionalização até o processamento dos dados. É necessário que se atente para uma boa execução das atividades, evitando os possíveis viés de amostragem.
O processamento dos dados é conforme o tipo de amostragem adotado, contudo, para que se possa obter bons resultados na análise empreendida, cabe a quem irá executar o levantamento, seguir um padrão de atividades:
Obtenção de um mapa da área a ser explorada, possibilitando a extrapolação dos dados;
Conhecimento da área de forma geral para determinação das estratégias a serem utilizadas;
Conhecimento da variabilidade da floresta;
Cálculo da intensidade amostral, isto é, quantas parcelas devem ser amostradas para que se tenha uma confiabilidade quanto aos dados amostrados;
Seleção das unidades amostrais e locação destas no campo;
Demarcação e medição das parcelas de forma mais precisa possível.
Um fator preponderante a ser cautelosamente avaliado está associado ao erro, este que pode ser amostral e não amostral. O erro amostral está atrelado ao tipo de amostragem empreendida, sendo possível quantificar a magnitude e predizer quanto a precisão do inventário.
Já o erro não amostral está relacionado com a medição da floresta em que não há possibilidade de se inferir quanto a magnitude e influência na precisão do inventário florestal.
Neste contexto, o inventário é uma técnica preventiva ao fornecer base para o planejamento e tomadas de decisão. Ademais, a busca atual é intrinsecamente relacionada com alternativas que propiciem um melhor uso, exploração sustentável e que associados a estes fatores seja financeiramente viável.
Para mais, o inventário florestal se torna imprescindível para a gestão de áreas prioritárias, atuando na conservação e preservação dos ambientes.
O Brasil precisa investir em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) das suas espécies de árvores nativas para alavancar a restauração florestal e conseguir criar um novo modelo de desenvolvimento que proteja as florestas, em especial a Amazônia, além de gerar emprego e renda aos produtores. A conclusão é de um estudo publicado na última sexta-feira (4) pelo WRI Brasil.
O estudo, chamado “Research gaps and priorities in silviculture with native species in Brazil”, parte da necessidade do país em alavancar a restauração florestal – o Brasil se comprometeu a restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030 – e busca entender quais são os gargalos que precisam ser superados para que a silvicultura com espécies nativas possa ser um caminho para dar escala aos projetos de restauração.
O estudo identificou que ainda há muitas lacunas de conhecimento técnico e científico para o plantio de árvores nativas, como por exemplo em sementes e mudas, melhoramento genético ou manejo. A partir dessas lacunas, os autores estimam, em uma análise de custo-benefício, quais seriam os benefícios econômicos se o Brasil investisse em P&D.
Os resultados são promissores. O investimento necessário para que a silvicultura de nativas decole é relativamente baixo – cerca de 0,04% do investimento total brasileiro em pesquisa. Com esses recursos, e uma escala de plantio de 10 mil hectares (uma quantidade pequena, ao considerar o território brasileiro), o estudo revela que a silvicultura de nativas traz retorno econômico. A análise de custo-benefício aponta que o retorno de investimento pode ser de US$ 2,36 para cada dólar investido, em um período de 20 anos.
“O estudo mostra que há demanda por madeira tropical, e que a silvicultura com espécies nativas pode atender essa demanda com lucratividade, impulsionando a restauração. Mas para isso é necessário investir em P&D para desenvolver essas espécies”, diz Alan Batista, especialista de investimentos do WRI Brasil e um dos autores do estudo.
Além de ser uma atividade com potencial de retorno financeiro, a silvicultura de nativas traz benefícios ambientais claros, que vão desde a restauração de áreas degradadas até a captura de carbono da atmosfera nas árvores, ajudando a controlar as mudanças climáticas. “Plantar árvores em áreas hoje degradadas, com o manejo adequado, vai permitir ao produtor rural produzir madeira de alta qualidade e valor econômico ao mesmo tempo que gera serviços ambientais, como proteção do solo e preservação das nascentes”, diz Miguel Calmon, diretor de Florestas do WRI Brasil e um dos autores do estudo.
Outra grande vantagem da silvicultura de nativas é a de aliviar a pressão sobre as florestas tropicais. Atualmente, estima-se que 50% da madeira comercializada no mundo e 70% na Amazônia são produzidas de forma ilegal, muitas vezes destruindo a floresta. Ao produzir madeira por meio do plantio de árvores nativas e do manejo florestal, o produtor estará colocando madeira legal e de qualidade no mercado, tirando um dos incentivos para se desmatar florestas naturais.
Plataforma de pesquisa e espécies prioritárias
O investimento em pesquisa e desenvolvimento de nativas não seria algo fora do comum – ele já existiu para as espécies exóticas. Nos últimos quarenta anos, as indústrias do pinus e eucalipto investem em melhorias de espécies para sua produção, gerando grandes resultados.
Os autores do estudo sugerem que o mesmo pode ser feito para as nativas. Como a produção de madeira a partir de espécies nativas plantadas ainda tem dificuldade de competir no mercado, principalmente por conta da competição com a madeira ilegal tirada de florestas primárias, o estudo propõe a criação de uma Plataforma de Pesquisa & Desenvolvimento.
A ideia é que essa plataforma, que está sendo desenvolvida pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e facilitada pelo WRI Brasil, possa captar recursos público ou privados, seja de governos, empresas ou doadores, para destiná-los a uma pesquisa ainda em fase pré-competitiva, suprindo lacunas de conhecimento no desenvolvimento das espécies.
O trabalho propõe que esses recursos sejam direcionados para as espécies nativas mais promissoras para a produção de madeira ou produtos não-madeireiros, e identificou 15 espécies da Amazônia e 15 da Mata Atlântica – sendo que algumas delas também ocorrem no Cerrado. São árvores como a araucária ou vinhático, na Mata Atlântica, e o paricá ou andiroba na Amazônia.
A pesquisa permitirá desenvolver melhor o conhecimento científico dessas espécies, permitindo uma melhor seleção de mudas e sementes, realizando técnicas de melhoramento genético ou desenvolvendo princípios de manejo ainda inexistentes para essas árvores brasileiras. Uma vez que esses gargalos sejam resolvidos e a produção de nativas esteja em condições de competir no mercado, a pesquisa passaria a ser desenvolvida pelas empresas do setor.
Dos 20 milhões de hectares da extensão original da Floresta com Araucárias, hoje restam apenas de 1 a 3%. Para o futuro, a expectativa de cientistas da Universidade de Reading, no Reino Unido, não é nada positiva. Segundo estudo publicado este ano na Wiley Online Library, a araucária (Araucaria angustifolia) deve ser totalmente extinta até 2070, como resultado da intensa e predatória exploração madeireira e do manejo inadequado das sementes. O cenário é agravado pelas mudanças climáticas, que interferem nesse e em outros ecossistemas. Para os cientistas, apenas intervenções direcionadas podem ajudar a garantir a sobrevivência da espécie na natureza.
Componente importante da Mata Atlântica, a araucária ocorre predominantemente nos estados do Sul do Brasil e em algumas regiões serranas do Sudeste. Conhecida como símbolo do Paraná, a árvore de grande porte pode atingir 50 metros de altura. Atualmente, os poucos remanescentes da espécie estão localizados em pequenas e médias propriedades rurais, que asseguram aos agricultores uma importante fatia de renda por meio da extração do pinhão (semente da Araucária) e das folhas de erva-mate, que fazem parte do ecossistema da Floresta com Araucárias.
Araucária+
Como forma de conciliar a conservação de espécies e o desenvolvimento econômico, em 2013, foi criada a iniciativa Araucária+ por meio da parceria entre as fundações Grupo Boticário de Proteção à Natureza e CERTI. A proposta objetiva impulsionar a conservação da biodiversidade, reduzindo a tendência de desmatamento e degradação desse ecossistema por meio de um modelo de valorização da Floresta com Araucárias e de desenvolvimento sustentável das comunidades associadas.
Atualmente, o Araucária+ conta com mais de 50 organizações parceiras, entre empresas, institutos de Ciência e Tecnologia, investidores, poder público e cerca de 80 produtores articulados. Mais de 6,5 milhões de metros quadrados de floresta estão sendo conservados e monitorados pela iniciativa. Também foi firmada a parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a restauração ecológica e estruturação da cadeia de restauração em regiões de remanescente, visando a proteção de 2,6 milhões de metros quadrados de Floresta com Araucárias.
Por meio da iniciativa, produtores locais são conectados a um mercado diferenciado, formado por empresas que adotam estratégias de inovação e sustentabilidade em seus produtos, demandando insumos de origem sustentável, com informação e rastreabilidade agregada. Para acessar esse mercado, os agricultores devem adotar o Padrão Sustentável de Produção, com análise das cadeias produtivas em que se identificam os principais impactos derivados da extração de produtos da floresta. Integrados, eles recebem orientação técnica e capacitação, além de um plano de melhorias direcionado para cada propriedade.
“Nós formamos uma rede de atores que estão envolvidos das mais variadas formas com as cadeias produtivas não-madeireiras desta floresta e que, por falta de incentivos ou conhecimento, acabam trabalhando de forma isolada. Ao conectarmos esses atores, potencializamos os impactos de suas iniciativas. Com isso, geramos renda e conservamos a Floresta com Araucárias”, destaca Guilherme Karam, coordenador de Negócios e Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.
Um grupo de pesquisadores de instituições brasileiras e britânicas confirmou, através de uma expedição, a existência de um santuário de árvores gigantes na divisa do Pará com o Amapá.
O santuário, composto por árvores da espécie Dinizia excelsa, conhecida popularmente como Angelim Vermelho, está localizado na Floresta Estadual do Paru, na divisa entre os dois estados amazônicos. A maior árvore do grupo chega a medir 88 metros de altura e 5,5 metros de circunferência.
A descoberta das árvores gigantes na região foi feita por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais, coordenado pelo professor Eric Bastos Gorgens, em parceria com pesquisadores das universidades britânicas de Cambridge e Swansea.
Eles contaram com apoio logístico das secretarias de Meio Ambiente (Sema), Ciência e Tecnologia (Setec) e Diagro, além do auxílio do Corpo de Bombeiros do Amapá, no caso de haver necessidade de primeiros socorros.
A descoberta
Os pesquisadores realizavam um estudo com sensor remoto aeroembarcado, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), na região, quando se depararam com dados que chamaram a atenção. Eram árvores com alturas superiores às comuns encontradas na Floresta Amazônica. O grupo decidiu, então, organizar a expedição para identificar as árvores.
De acordo com Eric Bastos, a espécie do angelim é comum na região, mas, causou espanto a altura alcançada. “Geralmente, as árvores chegam a 60 metros. Temos aqui uma grande descoberta e, agora, um compromisso de preservar as maiores arvores da Amazônia”.
Pesquisadores do Amapá foram convidados para compor a equipe e colaborar na coleta de dados da descoberta. Participaram os pesquisadores Perseu Aparício e Robson Lima, do curso de engenharia florestal, da Universidade do Estado do Amapá (Ueap); Wegliane Campelo, do curso de ciências biológicas, da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e; Diego Silva, do curso técnico em floresta, do Instituto Federal do Amapá (Ifap).
Para Perseu, a expedição mostrou a importância da cooperação entre as instituições participantes. “Realizamos em conjunto um inventário florestal e a coleta de amostras do solo e vegetação. Isso servirá para analisar se há uma relação das árvores gigantes com as demais que as circundam”, informou o professor.
Iniciada em 13 de agosto, a expedição partiu de Laranjal do Jari, no sul do Amapá, e percorreu 220 quilômetros no Rio Jari. Após a chegada da equipe, que teve a colaboração de moradores da comunidade de Iratapuru para chegar ao local, os trabalhos de entrada na floresta fechada e densa iniciaram.
O primeiro grupo de árvores foi localizado a cerca de um quilômetro da margem esquerda do Rio Jari. Foram constatadas a existência de 15 árvores no primeiro aglomerado. Além desses, outros grupos já haviam sido diagnosticados por um sistema remoto, entretanto, o relevo impossibilitou a chegada da equipe ao local. A maior árvore, que está a 10 quilômetros floresta a dentro, continua intocável.
Também participaram pesquisadores da Embrapa Acre, Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e das universidades britânicas de Cambridge e Oxford. Para auxiliar, no caso da necessidade de primeiros socorros, uma equipe do Corpo de Bombeiros do Amapá, comandada pelo capitão Arel Gomes, também compôs a expedição. Nenhuma ocorrência grave ocorreu durante o percurso.
Eucalipto-cidró, eucalipto-limão ou eucalipto-cheiroso, estes são alguns dos nomes mais conhecidos para a espécie Corymbia citriodora. É dela que sai o óleo essencial capaz de funcionar como “agrotóxico” natural, segundo a pesquisadora Cátia Libarino, que cursa mestrado em Ciências Florestais na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).
Buscando encontrar uma substância natural para combater um fungo específico que ataca a árvore de macadâmia, ela testou três espécies do eucalipto, extraindo seus óleos essenciais e extratos vegetais. Foi na Corymbia citriodora que descobriu a melhor opção.
A maior eficiência para inibir o crescimento do fungo está no óleo essencial da espécie. Ainda que, segundo Cátia, até os extratos vegetais podem ser boas opções para reduzir a severidade de fitopatógenos, isto é, os organismos que causam doenças das plantas. “A facilidade de preparação [desses extratos] utilizando um processador mecânico e sua elevada biodegradabilidade no ambiente torna o processo/produto mais acessível. As folhas frescas em áreas de cultivo pós-colheita ou durante tratos culturais também podem ser aproveitadas para a produção, em média e grande escala, de extratos vegetais”, explicou a pesquisadora.
Para o orientador da pesquisa, professor Dalton Longue, até mesmo um pequeno produtor rural poderá aplicar as técnicas que estão em desenvolvimento e ressalta novos usos do cultivo de eucalipto. “Na maioria das vezes, os plantios [de eucaliptos] são planejados apenas para aproveitamento da madeira após o ciclo de crescimento da floresta, desprezando as folhas e seus produtos durante todo o tempo de crescimento. A coleta de folhas e produção de óleos pode ser uma alternativa econômica em vários momentos para uma fazenda florestal”, garante o professor.
Outro ponto interessante é que o óleo essencial da espécie Corymbia citriodora contém citronelal, componente que dá o odor de limão ao óleo de citronela – muito usado como repelente de insetos.
Cultivo orgânico
O cultivo vegetal por meio de controle biológico tem sido propagado como forma de combater o uso exagerado de agrotóxicos e, consequentemente, cuidarmos da saúde humana e do solo. Ana Maria Primavesi, considerada a mãe da agroecologia brasileira, foi uma das pessoas a chamar atenção sobre a necessidade de restabelecer o equilíbrio entre o homem, a natureza e os animais. Adubação verde e controle biológico de “pragas” foram algumas das soluções apontadas por ela ainda nos anos 80. Um pioneirismo exemplar que inspira muitos agricultores até hoje.