Compreenda com a leitura desse artigo como é calculado, o que representa e com quais fatores o valor de PRNT está relacionado.
Certamente, no momento em que for necessário adquirir um corretivo de solo, você se deparará com uma série de siglas, como PRNT, PN e RE.
No entanto, afinal de contas, o que essas siglas representam ou dizem sobre um corretivo de solo?
Além disso, como saber interpretar a relação entre elas pode ajudar na escolha do calcário mais adequado para a sua situação?
A resposta para essas e outras perguntas você verá a seguir…
O que é PRNT?
PRNT é a sigla para “Poder Relativo Neutralizante Total” e representa uma característica chave no momento de escolha de um corretivo agrícola de solo.
Além disso, o PRNT é um bom parâmetro a ser analisado, pois resume de maneira direta e indireta diversas características relacionadas a um corretivo de solo.
Portanto, relembrar e refletir sobre como essas características estão ligadas ao valor de PRNT pode fazer toda a diferença para saber qual será o corretivo mais adequado a ser utilizado em cada situação.
Quais os tipos de corretivos agrícolas de solo existentes?
De modo principal, a utilização de um corretivo agrícola tem por objetivo a correção da acidez do solo, a qual é expressa pelo famoso pH.
Solos com níveis de pH em torno de 6,5 podem ser considerados adequados para muitas das culturas exploradas. Pois, nessa faixa, a disponibilidade de macro e micronutrientes estará em níveis ótimos.
Assim, ocorre também a neutralização de elementos indesejados, como o alumínio (Al), que, em altos níveis, impede o desenvolvimento saudável das plantas.
Dito isso, veja quais são as possíveis fontes de corretivo e algumas de suas características principais:
Calcário
- É o corretivo mais comum utilizado na agricultura;
- Obtido através da moagem de rochas calcarias;
- Constituído por carbonato de cálcio (CaCO3) e de magnésio (MgCO3);
- Dependendo do teor de magnésio podem ser classificados como calcítico (< 5%), magnesiano (< 5 – 12%) e dolomítico ( >12%).
Cal virgem
- Obtido industrialmente pela queima total do calcário;
- Constituído pelo oxido de cálcio (CaO) e de magnésio (MgO);
- Em contato com a água gera uma reação exotérmica que pode danificar sementes e plântulas;
Calcário calcinado
- Obtido pela calcinação parcial do calcário;
- Apresenta características intermediárias entre o calcário e a cal virgem;
- Constituído por carbonato, oxido e hidróxido de cálcio e magnésio;
Escória silicatada
- É um subproduto obtido da indústria do ferro e do aço;
- Constituído por silicato de cálcio (CaSiO3) e de magnésio (MgSiO3).
- Apresenta teores relativamente auto de micronutrientes;
Como calcular o PRNT?
O PRNT é expresso matematicamente através da seguinte equação:
PRNT (%) = (PN x RE) / 100
PRNT (%) = Poder relativo neutralizante total expresso em porcentagem.
PN = Poder neutralizante.
RE = Reatividade.
Dito disso, torna se fácil entender o porquê do PRNT ser um índice relativo.
Pois para a obtenção do mesmo levasse em conta duas outras propriedades inerentes aos corretivos como:
O poder neutralizante (PN) e a reatividade (RE) ambos também expressos em porcentagem e representativos de características que serão discutidas a seguir.
Como calcular o poder neutralizante (PN)?
Antes de abordarmos a questão do cálculo propriamente dito, é importante entender o que significa o poder neutralizante (PN) de um corretivo agrícola.
Assim, saiba que o poder neutralizante está diretamente ligado à capacidade potencial de uma fonte de corretivo neutralizar o pH do solo, tendo como referência a equivalência ao carbonato de cálcio (CaCO3).
E isso, por sua vez, está relacionado com a natureza química dos constituintes neutralizantes das diferentes fontes já apresentadas.
De maneira geral, consideram-se os carbonatos e silicatos como bases fracas e de ação mais lenta, enquanto os óxidos e hidróxidos atuam como bases fortes e de ação mais rápida.
Dessa forma o poder neutralizante leva em conta os teores de cálcio e magnésio da fonte de corretivo e é expresso pela seguinte equação:
PN (% ECaCO3) = % CaO x 1,79 + % MgO x 2,48
PN (% ECaCO3) = Poder neutralizante expresso em porcentagem equivalente de carbonato de cálcio.
% CaO = Porcentagem da concertação de oxido de cálcio.
% MgO = Porcentagem da concertação de oxido de magnésio.
Agora que você já sabe como é obtido o valor de PN vamos entender como e o que está relacionado com a segunda característica necessária para o cálculo do PRNT.
Como calcular a reatividade (RE)?
A reatividade de um corretivo é a característica que vai representar a velocidade de ação da correção do pH do solo.
Sendo assim um corretivo com alta reatividade terá uma rápida ação de correção e vise e versa.
Porém essa propriedade sofre grande influência de outros fatores como as condições climáticas do solo e o método de aplicação desse corretivo.
Mas para fins de cálculo, consideramos a granulometria como fator determinante, como também se conclui ao observar sua equação.
RE (%) = %R20 x 0,2 + %R50 x 0,6 + %P50 x 1,0
RE (%) = Reatividade expresso em porcentagem.
Primeiramente, o %R20 é a porcentagem de corretivo retida na peneira de 20.
Além disso, o %R50 é a porcentagem de corretivo retida na peneira de 50.
Por fim, o %P50 é a porcentagem de corretivo que passa na peneira de 50 (fundo).
Você obtém os valores necessários para determinar a reatividade de maneira prática. Isso ocorre após uma análise de um conjunto de peneiras número 10, 20 e 50, conforme os padrões estabelecidos pela ABNT.
A peneira de número 10, por sua vez, irá reter partículas de tamanho maior que 2 mm e deixar passar para a peneira de número 20 o restante de menor tamanho.
A peneira de número 20, de maneira similar, irá reter partículas de tamanho até 0,84 mm. Nela, será obtido o valor de %R20, sendo que 20% dessas partículas terão reagido em 3 meses.
Por fim, a peneira seguinte, de número 50, retendo partículas de até 0,30 mm, fornecerá o valor de %R50, que tem 60% de suas partículas reagidas em 3 meses.
Por fim passaram para o fundo todas as partículas menores do que 0,30 mm sendo assim obtido o valor de %P50 onde 100% terá reagido após 3 meses.
Mesmo PRNT mas com finalidades diferentes
Vamos utilizar esta sessão para exemplificar como realizamos o cálculo de PRNT e trazer algumas reflexões que você deve levar em conta ao escolher seu corretivo.
A seguir, apresentamos uma tabela que resume as características físico-químicas de dois corretivos agrícolas.
Calculo do PRNT para o corretivo “A”:
PRNT (%) = (PN x RE) / 100
PRNT = (100 x 70) / 100
Resultado PRNT = 70 %
PN (% ECaCO3) = % CaO x 1,79 + % MgO x 2,48
PN = 30,2 x 1,79 + 18,6 x 2,48
Resultado PN = 100,19 % ECaCO3
RE (%) = %R20 x 0,2 + %R50 x 0,6 + %P50 x 1,0
RE = 11 x 0,2 + 27 x 0,6 + 52 x 1,0
Resultado RE = 70,4 %
Se o mesmo for feito para o corretivo “B”:
PRNT (%) = (PN x RE) / 100
PRNT = (80 x 88) / 100
Resultado PRNT = 70 %
Note que, apesar dos dois corretivos apresentarem características totalmente distintas de poder neutralizante e de reatividade, os valores de PRNT são basicamente os mesmos.
Assim, qual seria a melhor opção a se escolher?
A resposta mais adequada para essa pergunta seria, na verdade, dependente da análise dos fatores envolvidos e da necessidade de correção.
Por exemplo, para corrigir o solo onde se têm instaladas culturas perenes e semi-perenes, faz-se necessário um corretivo com maior efeito residual, ou seja, com menor reatividade.
Além disso, aspectos técnicos, como a realização da análise de solo, devem ser levados em consideração, assim como aspectos econômicos, como o custo do corretivo e seu frete, que também devem ser ponderados juntamente com o PRNT.
Conclusão
A realização da correção do pH do solo, através do uso de corretivos agrícolas, proporciona condições e ganhos indiscutíveis para a sua lavoura.
No entanto, se o produtor escolher esse corretivo de maneira inadequada e sem adotar bons critérios, ele provavelmente terá mais perdas do que ganhos.
Assim com as informações e os pontos destacados nesse artigo você terá mais condições de entender e interpretar as entre linhas do valor de PRNT.
Escrito por João Verzutti.