Na agricultura moderna a aplicação de calcário para correção de acidez de solo é uma técnica muito difundida e recomendada. Porém, ainda se faz necessário esclarecer algumas dúvidas a respeito do assunto. Neste artigo vamos abordar sobre os três tipos de calcário com ênfase no magnesiano. Quer ficar por dentro de tudo?
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Os solos brasileiros, assim como os demais solos tropicais são, na sua maior parte, ácidos, característica que favorece o aparecimento de elementos tóxicos para as plantas, afetando negativamente a lavoura e dificultando o aproveitamento, pelas plantas, dos elementos nutritivos existentes.
O calcário é o principal produto utilizado para corrigir a acidez do solo. Em linhas gerais age reduzindo a quantidade dos elementos nocivos, aumentando o nível de Cálcio e Magnésio, tornando assim o solo mais aerado, permitindo maior circulação de água e melhor desenvolvimento das raízes e, em consequência, proporcionando o aumento da atividade dos microrganismos fazendo com que a adubação renda mais.
O que é o calcário?
O calcário é uma rocha sedimentar composta por diversos minerais, sendo que tem quantidades acima de 30% de carbonato de cálcio (aragonita ou calcita). Por essa riqueza de minerais, ele ajuda a tornar os solos mais férteis e melhorar a produtividade das safras.
Esse tipo de rocha é formada pelo acúmulo de organismos inferiores como as cianobactérias ou no meio marinho pela precipitação de carbonato de cálcio na forma de bicarbonato. O calcário também é encontrado em rios, lagos e no subsolo.
O Brasil se destaca entre os principais produtores desse tipo de rocha, o que torna a prática da calagem bastante comum no país.
Além de aumentar a produtividade no campo por meio da aplicação de calcário no solo, o Brasil também utiliza essa rocha na fabricação de cimento, cal e vidro. Na metalurgia, o calcário atua como fundente e, além disso, possui valor como pedra ornamental.
Para que serve a calagem?
Como mencionamos, a calagem reduz a acidez do solo e fornece cálcio e magnésio essenciais para as plantas.
Os produtores rurais devem buscar um pH entre 5,5 e 6,5, pois essa faixa favorece o melhor aproveitamento dos nutrientes pelas plantas.
No Brasil, esse processo ganha ainda mais importância, já que grande parte dos solos apresenta acidez elevada e altos teores de alumínio, elemento tóxico para as plantas.
Quais são os benefícios da calagem?
A calagem proporciona vários benefícios. Ela aumenta a disponibilidade de nutrientes, reduz a toxicidade do alumínio, estimula o crescimento das raízes e melhora a absorção de água e nutrientes.
Além disso, ela aumenta a tolerância das plantas à seca, melhora as propriedades físicas e biológicas do solo, favorece a atividade microbiana, reduz os custos de produção e contribui significativamente para o aumento da produtividade.
Quais são os tipos de calcário?
A calagem utiliza corretivos da acidez do solo, que se classificam principalmente em dois tipos:
Calcário calcítico
Esse tipo de calcário apresenta maior concentração de carbonato de cálcio (CaCO₃) e baixo teor de carbonato de magnésio. O nome “calcítico” se refere justamente à sua composição.
Os agricultores usam amplamente o calcário calcítico para corrigir solos ácidos. Ele neutraliza com eficiência a acidez e melhora as condições para o desenvolvimento das plantas. Avaliamos sua qualidade pelo poder de neutralização.
Calcário dolomítico
Já o calcário dolomítico contém uma quantidade maior de carbonato de magnésio (MgCO₃). Ele é indicado para solos com deficiência tanto de cálcio quanto de magnésio.
Ao aplicar esse tipo de calcário, os produtores aumentam o pH do solo e reduzem sua acidez, criando um ambiente mais favorável ao plantio.
O cálcio e o magnésio também contribuem para a nutrição das plantas e reduzem os efeitos tóxicos do alumínio e do manganês. Por isso, chamamos esse processo de recuperação do solo de calagem.
Calcário magnesiano
O calcário magnesiano ocupa uma posição intermediária entre o calcítico e o dolomítico. Seu teor de MgCO₃ varia entre 10% e 25%, enquanto o teor de CaO fica entre 40% e 42%.
Os produtores extraem esse tipo de calcário de rochas ricas em magnesita, que é o mineral predominante na sua composição.
Quando o solo apresenta teores equilibrados de cálcio e magnésio, os técnicos recomendam o uso do calcário magnesiano para manter esses nutrientes nas quantidades ideais.
Mas, afinal, qual calcário utilizar?
Para escolher o tipo de calcário mais adequado, você precisa realizar a análise do solo e comparar os teores de pH, cálcio e magnésio do solo com os teores presentes no calcário disponível.
No calcário, se atente ao poder de neutralização (PN) e reatividade do corretivo (RE), os quais definem o PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total). Você pode ver o PRNT do calcário na própria embalagem do produto.
Se você estiver na dúvida entre dois calcários com mesmo PRNT, escolha aquele que possuir maior PN. Isso porque o PN representa a porção do calcário que tem capacidade de reagir no solo e, consequentemente, corrigir sua acidez.
Além disso, há algumas situações especiais que posso indicar alguns tipos específicos de calcário. No Sul do país, os calcários da região contém mais magnésio. Sendo indicado nessa situação o uso do calcário calcítico.
Já na região Sudeste, especialmente Minas Gerais, notamos teores baixos de magnésio no solo, já que na região é comum o calcário calcítico.
Assim, nesse caso recomendo o uso de calcário dolomítico.
Quanto ao aspecto econômico, já vimos a fórmula de custo da calagem no primeiro item deste texto, finalizando a etapa de escolha do calcário.
Conclusão
A aplicação de calcário é uma técnica da agricultura moderna usada para corrigir a acidez do solo, sendo muito difundida e recomendada para melhorar a produtividade das culturas agrícolas.
Vale lembrar que o tipo de calcário a ser usado é identificado com as análises do solo, já que seu uso fará a correção dos nutrientes da terra. Além desse ponto, cada cultura pede um grau de pH do solo específico.
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Escrito por Michelly Moraes.