A aplicação de defensivos agrícolas deve ser feita de maneira correta, para que a produção agrícola seja eficiente, rentável e sustentável, evitando desperdício, gerando economia de recursos naturais e financeiros e reduzindo o seu impacto ambiental. Isso porque o controle de variáveis que ameaçam uma lavoura, como pragas, plantas daninhas e doenças demanda uma grande quantidade de insumos e isso representa um peso significativo no orçamento da produção, chegando a representar cerca de 30% do custo total.
Entretanto, quando tratamos de aplicação de defensivos agrícolas na produção, devemos levar em conta uma série de fatores que impactam diretamente no resultado como o tipo de planta, qual espécie deve ser controlada, a demanda por produto, forma de aplicação e as condições climáticas durante e depois da aplicação. Procedimentos executados sem considerar tais aspectos influenciam no aumento dos custos totais da produção e dificultam o controle das doenças e pragas.
Pensando nisso, em especial, vamos abordar a influência das condições climáticas na aplicação de defensivos agrícolas, destacando, quais variáveis devem ser observadas para se ter melhores resultados e evitar desperdício.
COMO AS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS INFLUENCIAM NA APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS?
Para que o uso de agroquímicos na lavoura atenda aos resultados esperados, é necessário que a cultura se encontre em determinadas condições já que a uniformidade de aplicação do produto sobre a superfície do alvo importa tanto quanto o volume que é dispensado sobre a área.
Por exemplo, o vento pode fazer com que uma quantidade maior ou menor de produto se fixe na superfície de uma folha, impactando diretamente o efeito pois, além de não realizar o controle do invasor da maneira correta, ainda se corre o risco de contaminar o ambiente devido à grande dispersão do produto na área.
Assim, é importante que o produtor faça um planejamento detalhado de suas ações em conjunto com o engenheiro agrônomo para determinar a época que apresenta as melhores condições climáticas e ambientais para a aplicação. O ideal é estar sempre atento às previsões meteorológicas e observar o comportamento da planta nas mais diferentes alterações do clima, levando em consideração as particularidades de cada estação.
Isso é relevante pois, o entendimento da forma como os compostos atuam bem como suas características físico-químicas devem ser observadas conforme o tipo de ambiente em que serão utilizados uma vez que o seu grau de controle biológico está diretamente ligado à sensibilidade, metabolismo do alvo, forma de absorção e translocação. A regra vale para inseticidas, fungicidas, herbicidas e reguladores de crescimento.
QUAIS FATORES CLIMÁTICOS IMPACTAM NO DESEMPENHO DO CONTROLE DE VARIÁVEIS?
Como vimos, é indispensável que o produtor e a equipe técnica que o auxilia, conheça as condições climáticas para planejar as estratégias de controle de agentes indesejados na produção. Saiba como a temperatura, a umidade do ar, os ventos e a quantidade de chuvas influenciam na absorção pelas folhas da planta.
Temperatura
A temperatura é um dos fatores mais relevantes na hora de realizar a aplicação. Isso porque, tanto quando os termômetros apresentam marcas elevadas quanto nos dias mais frios, o efeito do produto utilizado pode sofrer alterações e, consequentemente, perda de eficácia.
O motivo para que isso aconteça é que, caso a temperatura esteja muito alta, pode ocorrer o processo de evaporação muito rápida, fazendo com que a gota permaneça no ar durante mais tempo ou mesmo sendo levada pelo vento, dificultando que alcance o alvo. Por outro lado, em temperaturas abaixo de 15 graus, a planta pode apresentar uma taxa baixa de metabolismo, dificultando a absorção do defensivo.
Por essa razão, a temperatura recomendada para a aplicação deve são as mais amenas, não devendo ultrapassar os 30°.
Umidade do ar
A umidade relativa do ar pode ser definida como a quantidade de vapor de água presente na atmosfera. Essa é uma variável importante na hora de realizar o controle de pragas pois é uma das principais responsáveis pela evaporação de uma gota da pulverização.
Durante a aplicação, a gota irá perder umidade até alcançar o seu alvo. O problema é que, quando a umidade do ar estiver muito baixa, por exemplo, mais rápido será a evaporação, fazendo com que o produto nem chegue a superfície do alvo.
Para não correr esse risco, o produtor deve sempre consultar essa variável que deve estar contida no intervalo entre 55% e 95%.
Ventos
O vento também é um dos fatores determinantes na eficácia da aplicação de defensivos. Quando o vento está muito forte durante a pulverização, pode resultar em deriva, ou seja, as gotas não chegam ao local pretendido e há desperdício de produto e pode haver contaminação de outras áreas.
Em contrapartida, situações extremamente calmas, como quando o vento está até 2 km/h, corre-se o risco de ter um fenômeno chamado de inversão térmica, em que o ar quente se deposita próximo ao chão retida por uma camada de ar frio. Essa situação faz com que as gotas cheguem a ficar suspensas na atmosfera durante mais tempo, gerando desperdício.
Quantidade de chuvas
Por fim, a quantidade de chuvas também deve ser observada pois nessas condições, pode ocorrer uma lavagem da superfície das folhas, impedindo a ação do produto no combate ao problema.
Nesses casos, o recomendado é estar atento à previsão de chuvas para o período após a aplicação, pois a planta leva um tempo para a realizar a absorção adequada. Caso contrário, pode causar perdas e até a necessidade de repetição da pulverização.
Saber a influência das condições climáticas na aplicação de defensivos agrícolas é importante para determinar o melhor momento de realizar o controle dos agentes e evitar o desperdício de mão-de-obra e produtos, melhorando a sua produção.
Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV