Quando um produtor identifica em seu pasto uma espuma de origem estranha, a certeza é uma só, a forrageira está sofrendo ataque de cigarrinha das pastagens. A praga que mais ataca os pastos, principalmente as braquiárias, é um inseto conhecido como sugador. Quer saber mais sobre esse assunto?
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Cigarrinha das pastagens, é uma das principais pragas que ameaçam as pastagens, capazes de reduzir a produção de pasto em 10 dias.
Pode ser encontrada em fazendas, ao longo de estradas e em prados. Saiba como controlar a presença desses animais, que são considerados pragas.
Esses insetos preferem áreas úmidas e podem causar muitos danos econômicos às suas plantações, principalmente de alfafa, milho, trigo e aveia. No entanto, eles foram apontados como consumidores de mais de 400 espécies de plantas.
A Deois flavopicta ocorre em toda a América Tropical. No Brasil, é encontrada especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Afinal, o que é a cigarrinha das pastagens?
A cigarrinha das pastagens, Deois flavopicta, é um inseto sugador que causa grandes prejuízos às pastagens cultivadas no Brasil, reduzindo de forma acentuada sua capacidade produtiva, comprometendo a alimentação bovina e gerando queda no peso do animal, com prejuízos para os pecuaristas.
Característica da praga
O adulto da cigarrinha mede 8,7 a 11,1 mm de comprimento por 3,7 a 4,9 mm de largura. Apresenta coloração geral castanho-escuro a negra, com manchas creme. A cabeça, o pronoto e o escutelo são pretos.
As asas são pretas, com duas faixas transversais amarelas e uma faixa longitudinal também amarelada em cada asa anterior, havendo casos onde essas manchas são praticamente ausentes.
O abdome e as pernas são avermelhados. Ao longo da margem externa da tíbia da perna posterior apresenta dois espinhos proeminentes, e no seu ápice, uma ou duas coroas de espinhos menores.
O aparelho bucal inclui dois pares de estiletes: o par externo (mandíbulas modificadas), com pontas serrilhadas, que perfura o tecido vegetal, e o par interno (maxilas modificadas).
Os estiletes que compõem o par interno acoplam-se um ao outro de tal forma a originarem dois canais: um para a sucção da seiva e outro para a introdução de secreções salivares.
Ciclo reprodutivo
Durante seu desenvolvimento, ela passa por três fases: ovo; ninfa e adulta. Vamos explicar um pouco delas.
1ª fase: ovo
As fêmeas fazem a postura ao nível do solo ou sobre restos vegetais, bem próximas da base da planta hospedeira. O ovo tem uma forma alongada e o número de ovos por fêmea depende de cada espécie.
O período de incubação também muda de acordo com a espécie, mas pode chegar até 200 dias, que seria o caso dos ovos em diapausa, devido à baixa umidade para as ninfas desenvolverem.
2ª fase: ninfa
Essa fase é considerada muito característica do inseto. É quando, ao longo do desenvolvimento, a ninfa produz uma espuma ao se alimentar em raízes superficiais ou na base da planta, e passa a viver nela.
Segundo especialistas no assunto, a espuma se torna uma fonte de umidade e de proteção a alguns inimigos.
A duração dessa fase é relativa à espécie da cigarrinha e às condições climáticas do local. O que se sabe é que altas temperaturas e níveis de umidade aceleram esse desenvolvimento.
Durante esse período, o inseto passa por várias trocas de pele e permanece envolto pela espuma até alcançar a fase adulta.
3ª fase: adulta
A cigarrinha adulta explora a parte aérea da planta, ao contrário da ninfa que permanece na base. Sua movimentação é feita em voos baixos e curtos e pequenos saltos. Ao se alimentar, acaba por introduzir substâncias tóxicas.
Entre os prejuízos estão a grave redução do crescimento do pasto, afetando a produção e qualidade (aumento dos teores de fibras, menor digestibilidade) e as folhas atacadas ficam queimadas (amarelecimento, secamento e morte).
Esses danos afetam diretamente na capacidade de produção de carne e leite da propriedade, logo, o controle da cigarrinha é essencial.
Prejuízos da cigarrinha das pastagens
Considerada o maior pesadelo para as pastagens, o inseto atinge todo território nacional. Devido aos seus hábitos alimentares, a cigarrinha se alimenta da planta sugando a seiva e injetando toxinas.
O ataque causa grandes prejuízos a planta, os sintomas iniciam com estrias cloróticas que evoluem para o total secamento das folhas, o que é facilmente reconhecido e chamado de “queima das pastagens”.
Com as folhas secando e morrendo, há uma menor disponibilidade e qualidade na forragem. Como consequência, as perdas na produtividade animal são enormes, e muitas vezes levam o produtor a reduzir a taxa de lotação.
Identificação dos principais gêneros de cigarrinha das pastagens
Os gêneros Deois, Zulia e Mahanarva são as cigarrinhas que causam mais danos em pastagens. Veja as principais espécies que você pode encontrar no seu pasto:
- Deois flavopicta: O inseto apresenta coloração preta com duas faixas transversais amarelas nas asas. O abdômen e as pernas são vermelhos.
- Deois schach: O inseto apresenta coloração preto-esverdeado com uma faixa transversal de cor alaranjada no terço da asa. O abdômen e pernas são vermelhos.
- Zulia entreriana: O inseto apresenta coloração preta brilhante com uma faixa transversal no terço apical da asa e coloração branco-amarelada.
- Mahanarva fimbriolata: O inseto apresenta coloração avermelhada nos machos e marrom avermelhado nas fêmeas. Esta espécie se tornou uma importante praga em canaviais e atualmente é uma ameaça às pastagens.
Monitoramento da área
O primeiro passo antes de se pensar no manejo integrado de pragas (MIP) é realizar o monitoramento. Este consiste em métodos de amostragens com o pano-de-batida, exame de plantas (danos) e exame de amostras de solos.
Em pastagens, a amostragem deve ser realizada semanalmente ou quinzenalmente. Para levantamento dos adultos a amostragem deve ser realizada por uma rede-entomológica através de dez “redadas” em forma de zig-zag.
O monitoramento de ninfas pode ser realizado demarcando 5 pontos de 1m² no pasto e fazer a contagem do número de espumas, ambas coletas devem ser realizadas a cada 1ha.
Agora que ficou claro como monitorar o seu pasto, ao longo dos anos pode-se criar um histórico da área e obtendo uma visão anual de quais serão os possíveis meses problemáticos da praga de acordo com o ciclo de vida da cigarrinha.
Medidas de controle da cigarrinha das pastagens
As medidas de controle da cigarrinha devem ser adotadas de maneira integrada e ecológica, visando a redução do nível populacional da praga, a preservação dos inimigos naturais e a proteção das gramíneas forrageiras na sua fase de maior suscetibilidade ao ataque, com o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Como alternativas, são utilizados os controles cultural, biológico e químico:
Controle cultural
Diversificar as pastagens na propriedade com a inclusão de gramíneas resistentes às cigarrinhas-das-pastagens; manter o pasto bem nutrido, bem manejado e o solo fértil e descompactado; evitar a formação de um ambiente favorável à sobrevivência das cigarrinhas, ajustando a carga animal para evitar sobras e, consequentemente, o acúmulo de palha no nível do solo.
Controle biológico
Utilizar o fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae, que age parasitando a ninfa do inseto. Aplicado no momento certo e em condições ambientais adequadas, a eficiência do controle chega a 95%.
O melhor momento é quando a infestação atinge nível mediano que, embora varie conforme o capim adotado, em geral, fica em torno de 15 ninfas por m².
Quanto ao momento da aplicação, é indicado que se pulverize o produto no final do dia ou em dias nublados e com umidade relativa do ar superior a 65%.
Controle químico
Esse controle é voltado ao combate das cigarrinhas adultas, por estarem mais expostas nas folhas. A aplicação do inseticida deve ser feita no momento adequado, ou seja, por ocasião da emergência da cigarrinha adulta, para não desperdiçar o insumo.
Utilizar somente produtos inseticidas registrados para uso em pastagens. Ressalta-se que os animais deverão ser retirados das áreas a serem tratadas pelo período recomendado pelos respectivos fabricantes.
Conclusão
O Brasil é atualmente o terceiro maior produtor mundial de leite e segundo maior produtor mundial de carne bovina.
A ocorrência cada vez mais generalizada e intensa de ataque das cigarrinhas nas pastagens brasileiras, nativas ou cultivadas, vem refletindo de maneira relevante na produtividade do rebanho bovino.
A cigarrinha-da-pastagem é um dos fatores mais limitantes na produção de carne e leite no Brasil, causando prejuízos que variam de dezenas a centenas de milhões de dólares anualmente. Com isso neste artigo abordamos tudo sobre essa praga, e mostramos a importância do monitoramento da praga e as diferentes formas de controle.