Os produtos florestais não madeireiros, como o próprio nome indica, são todos os produtos advindos da floresta que não sejam madeira, como: folhas, frutos, flores, sementes, plantas, castanhas, palmitos, raízes, bulbos, ramos, cascas, fibras, óleos essenciais, óleos fixos, látex, resinas e gomas.
Hoje no mundo todo, os recursos florestais não madeireiros consistem na principal fonte de renda e alimento de milhares de famílias que vivem da extração florestal e que são dependentes desses produtos.
A atividade extrativista assume um importante papel, econômico, social e cultural de várias populações.
Vamos conferir juntos um pouco mais sobre esse assunto?
Importância dos produtos florestais não madeireiros
Os produtos florestais não madeireiros PFNMs, são fundamentais para a subsistência de muitas pessoas em todo o mundo, especialmente para aquelas que vivem no interior ou próximo das florestas.
Além disso, os PFNMs são utilizados na alimentação, produção de medicamentos, usos cosméticos, construção de moradias, tecnologias tradicionais, produção de utensílios e tantos outros usos.
Tem uma significativa importância como alternativa econômica que pode diminuir o êxodo rural e as taxas de desmatamento, onde, em boa parte dos casos os produtos podem ser manejados de forma simples, alguns dentro da própria reserva extrativista que os povos e comunidades já conduzem.
De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), cerca de 80% da população de países em desenvolvimento usam os PFNMs para suprir algumas de suas necessidades vitais.
Os produtos florestais não madeireiros, podem ser provenientes de florestas plantadas ou de florestas naturais, independentes de sua origem o manejo florestal é de suma importância para manutenção da atividade.
Por que fazer o manejo de produtos florestais não madeireiros?
Como já vimos a importância dos PFNMs, é importante também ter consciência dos riscos do aumento de sua escala de produção, aos anos devido a extração, passando do uso de subsistência para uma escala comercial e o que isso pode causar.
Portanto, é importante ressaltar que a atividade extrativista vegetal dos PFNM’s pode ser classificada em dois grupos, extrativismo de coleta: extração do recurso que compreende à coleta sem danificar a matriz e o extrativismo de aniquilamento: atividade implica na destruição da planta.
Desse modo, torna-se fundamental o seu manejo, objetivando o controle e a diminuição do impacto de sua extração/coleta sobre a floresta.
O manejo consciente é importante também, porque, mantém a floresta praticamente sem alterações, pois não envolve a morte de seus componentes, promovendo a manutenção não só de sua estrutura e funções ecológicas, como também a integralidade de sua biodiversidade.
Principais fases do manejo de produtos florestais não madeireiros
O manejo dos PFNMs passa essencialmente por três fases distintas: pré-coleta, coleta e pós-coleta, cada uma em seu tempo e atividades.
Nem sempre essas fases seguem uma ordem linear, a necessidade da execução é que vai determinar o seu momento.
A figura a seguir, apresenta como cada uma das fases de forma estruturada e ordenada.
Os principais produtos florestais não madeireirios
Vamos listar abaixo os principais produtos florestais não madeireiros e como são encontrados na natureza.
Resina
A resina é uma secreção formada especialmente em canais de resina de algumas plantas como, por exemplo, árvores coníferas.
Sua obtenção é normalmente realizada através de um corte na casca da árvore.
O setor brasileiro de produção de goma-resina ocupa uma posição de destaque no mercado mundial, passando de importador para a de exportador destes produtos e de seus derivados.
Hoje o Brasil, é o segundo maior produtor mundial, tendo à frente apenas a China, onde, 73,7% da produção se concentra na região Sudeste.
Borracha natural
A borracha é extraída da Seringueira (Hevea brasiliensis), sendo uma das principais espécies florestais nativas do Brasil.
No início do século, o Brasil ocupava a primeira posição mundial na produção e exportação de borracha natural.
Porém, a partir de 1913, o Brasil perdeu mercado, disputando hoje com vários países.
Tanino
Taninos são polifenóis de origem vegetal.
Eles inibem o ataque às plantas por predadores, pois diminuem a palatabilidade, causa dificuldades na digestão, produz compostos tóxicos a partir da hidrólise dos taninos e também por microrganismos patogênicos.
São geralmente divididos em dois tipos: hidrolisáveis e condensados.
Óleos essenciais
Os óleos essenciais são substâncias voláteis extraídas de plantas aromáticas, constituindo matérias-primas de grande importância para as indústrias cosmética, farmacêutica e alimentícia.
Essas substâncias orgânicas, puras e extremamente potentes são os principais componentes bioquímicos de ação terapêutica das plantas medicinais e aromáticas.
Os óleos essenciais estão presentes em várias partes das plantas como folhas, flores, madeiras, ramos, galhos, frutos e rizomas.
Alguns exemplos de óleos essenciais são, óleo de andiroba, óleo de açaí, óleo de Buriti e óleo de eucalipto.
Produtos vegetais
Vários tipos de frutos e castanhas são produzidos em árvores ou arbustos lenhosos. Fazendo parte de atividades extrativistas, movendo um mercado que cresce cada vez mais, o de produtos naturais advindos de fontes renováveis e sustentáveis.
O extrativismo vegetal não madeireiro, é regionalizado e abaixo podemos conferir a representatividade das regiões e sua produção nesse cenário:
- Região Norte: Açaí 93,1% e a castanha-do-pará, que hoje denomina-se, castanha-do-brasil 94,9%.
- Região Nordeste: Produção de amêndoas de babaçu 99,7%, fibras de piaçava 96,1% e pó de carnaúba 100,0%.
- Já na Região Sul: Entra com a participação da erva-mate 99,9% e pinhão 85,5% e cascas de acácia-negra.
- Por fim, na Região Sudeste: Com a produção de folhas de eucalipto 94,7%.
Os produtos florestais não madeireiros e as futuras gerações
Vimos nesse artigo que as florestas além de madeira elas oferecem os produtos florestais não-lenhosos de origem vegetal, tais como resina, óleos essenciais e dentre outros.
Os produtos florestais não madeireiros muitas das vezes são uma fonte de renda familiar, aumentando o bem estar de povos e comunidades da floresta e de seu entorno.
Estes recursos não madeireiros, beneficiam não só a pessoas que são envolvidas nos seus processos de extração, mas também é uma forma de acompanhar ou monitorar fatores relacionados com a sustentabilidade ambiental, social, cultural e econômica.
Alguns casos, o manejo sustentável é uma das premissas para o licenciamento da atividade pelos órgãos ambientais. Essa base de dados, também pode ser um requerimento para um possível processo de certificação e alcance de selos de qualidade para os produtos gerados.
Dessa forma, a sistematização de conhecimentos tradicionais, valorizando-os dentro e fora dos povos e comunidades florestais é uma maneira de garantir que as futuras gerações possam também usufruir dessa atividade.