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As maiores inovações do mercado de Inventário Florestal

As maiores inovações do mercado de Inventário Florestal

Da mesma forma que já não conseguimos pensar numa vida pessoal sem usar facilidades como as oferecidas pela internet e smartphones, é impossível imaginar uma vida profissional sem as facilidades que hoje estão disponíveis ao sistema florestal.

Nos últimos anos diversas novidades vêm sendo apresentadas. A tecnologia está aliada a estes lançamentos que trazem agilidade e inovação ao mercado florestal, especialmente aos inventários florestais que absorveram rapidamente estas novidades. Estas inovações, além de tornar os trabalhos de inventários mais rápidos e precisos, representam uma boa economia de recursos financeiros, tanto para as indústrias como para os profissionais autônomos.

Vejamos a seguir quais são algumas destas inovações e como elas podem nos ajudar no dia a dia de trabalho no inventário florestal.

Inovações tecnológicas no Inventário Florestal

Neste tópico são listadas cinco tecnologias que hoje já permitem que os inventários florestais sejam realizados de forma mais ágil e eficiente, são eles:

  • Tablets na coleta de dados em campo: diversas empresas florestais utilizam tablets ao invés da tradicional prancheta. Atualmente existem no mercado tablets robustos como o Tab Active 2 da Samsung, que possuem maior durabilidade em campo, baterias com mais capacidade e resistência à quedas, exposição ao sol, chuva, lama e poeira.
  • Aplicativos para coleta de dados: os aplicativos de coleta ajudam a prevenir erros pois são otimizados para interpretar os dados que são inseridos pelos operadores, visto que são considerados os valores das medições anteriores para que não seja possível a inserção acidental de medidas absurdas. Desta forma, o sistema “aprende” baseado nas informações da população qual o range de dados esperado, evitando ainda no campo, que dados errados sejam coletados. Um exemplo deste tipo de aplicativo é o Mata Nativa Móvel.
  • Inteligência artificial: com um banco de dados digital da floresta como base para cálculo, algoritmos de aprendizado de máquina combinam diversas operações matemáticas e estatísticas para obter estimativas de características da floresta, como o volume ou a taxa de mortalidade. Esses mecanismos evoluem conforme vão sendo usados e a base de dados florestal cresce, sendo um aliado no planejamento e na análise da floresta.
  • Sensores: boa parte da tendência tecnológica consiste na utilização de sensores de diversos tipos, colocados no campo e conectados com a internet. Também usa-se drones e até dados de satélites para obter informações da floresta. Essas tecnologias funcionam de maneira autônoma, ou podem ser controladas remotamente, e ainda possuem taxas de atualização da informação muito maiores, com dados semanais, diários e, em certos casos, diversas vezes no mesmo dia.
  • Sistemas de Monitoramento Online: integram diversas ferramentas, como as citadas acima, numa plataforma para acompanhamento online. Esses sistemas podem combinar dados de maneira a criar uma visão geral do ativo florestal para que o gestor possa monitorar o andamento das equipes que estão em campo, o desenvolvimento das árvores, gerar relatórios técnicos, planejar intervenções, entre outras atividades, sem a necessidade de se locomover até a floresta.

As ferramentas citadas beneficiam tanto a um gestor quanto um operário em campo, que tem acesso a uma ferramenta digital para agilizar seu trabalho, como por exemplo ao reduzir trajetos que fazem para chegar ao ponto de medição. Já o gestor, munido com esse arsenal tecnológico, pode tomar decisões de forma mais segura, tendo em vista as informações que tem em mãos sobre a floresta que administra.

Benefícios para o Inventário Florestal

Ainda que reconhecida como importante, a execução contínua de Inventários é considerada onerosa por muitos investidores, pois o sistema tradicional é intensivo de mão de obra, já que a coleta de dados é feita de forma extensiva, ainda que amostral, e exige de grandes empresas a constituição de departamentos dedicados à interpretação desses inventários. Assim, este mercado busca inovações tecnológicas que tornem esta atividade mais atrativa.

Desta maneira, o uso de softwares, drones, de sensoriamento remoto e de algoritmos e cálculos matemáticos por exemplo ajuda a reduzir o trabalho em campo e também melhorar a precisão dos resultados, com economia de dinheiro e de tempo.

Especialistas afirmam que mesmo investindo em equipamentos e tecnologias, os custos da medição do inventário acabam ficando entre 20% e 50% mais baratos que o método convencional devido a agilidade que se consegue alcançar no inventário florestal.

Exemplo de aplicação destas inovações no Inventário Florestal

Eldorado Brasil é uma indústria que tem adotado modernas práticas de mercado ao usar inteligência artificial no inventário florestal. Há pouco tempo, a companhia iniciou testes com a tecnologia de Redes Neurais Artificiais (RNA) no inventário florestal, permitindo estimativas quantitativas e qualitativas das árvores de eucalipto, de maneira mais eficiente e precisa.

Desenvolvido pela Eldorado a partir de um convênio com alunos de doutorado e pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, a empresa está utilizando RNA para três aplicações principais: redução de tempo na medição da altura de árvores, da forma das árvores e no número de parcelas de inventário por área de plantio. Com isso diminuíram o custo na coleta de informações e melhoraram a assertividade das estimativas geradas.

Para a estimativa convencional da altura das árvores, para a Eldorado por exemplo, é necessário medir o diâmetro e a altura de 14 árvores em cada parcela de inventário (400 m²). Com a tecnologia, é preciso obter o diâmetro e a altura de apenas três árvores por parcela e uma única rede neural faz os cálculos em função de variáveis numéricas (diâmetro, idade, altura dominante) e categóricas (fazenda e material genético). Depois de modeladas com um banco de dados, as redes neurais fazem cálculos para prever o comportamento de uma determinada área. Os resultados obtidos pela empresa com o uso das redes neurais tem sido mais precisos, com redução de 78% das medições realizadas em campo.

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A companhia também usa veículos aéreos não tripulados (Vants) de forma operacional e em larga escala. Os plantios de eucalipto são monitorados por imagens fornecidas pelos equipamentos. A capacidade tecnológica dos drones permite que o trabalho que antes seria realizado de dois a três dias, seja feito em apenas oito horas, visto que cada Vant faz em média dez voos por dia e registra cerca de 230 hectares.

A inovação a nosso favor

Vimos que o uso das mais diferentes inovações tecnológicas permite a melhoria contínua da qualidade da informação e é fundamental para a gestão dos plantios, a valoração do ativo biológico e o planejamento estratégico e tático da floresta.

Todas essas inovações trazem a “Era da Informação” às técnicas de inventário florestal, resultando em operações mais ágeis a partir da obtenção de informações muito mais precisas, consolidando o Inventário Florestal de Precisão.

 

Por: Mata Nativa

Robôs no campo: como a tecnologia afeta a agricultura

Robôs no campo: como a tecnologia afeta a agricultura

São cada vez mais frequentes as notícias de que máquinas inteligentes estão corroendo empregos em todo o mundo. Estudos recentes antecipam que a metade de todas as atividades desempenhadas hoje por trabalhadores poderá ser automatizada até 2050. Isso equivaleria a deslocamentos na força de trabalho sem precedentes na história da humanidade.

A boa notícia é que o mercado de trabalho seguirá evoluindo e certamente veremos a criação de novas oportunidades e novos tipos de ocupação no futuro. Empregos vão se deslocar para regiões, faixas etárias e indivíduos que adquirirem novos atributos e competências. Nesse mesmo sentido, a demanda por trabalhadores que precisem suportar longas horas de trabalho físico ou de esforço repetitivo e exaustivo deverá se reduzir.

As mudanças esperadas no mundo do trabalho terão enorme impacto no futuro da produção de alimentos. Em 2050, sete em cada dez pessoas viverão nas cidades e já vemos agora a mão de obra tornar-se escassa no campo. Portanto, máquinas e equipamentos deverão se tornar imprescindíveis para garantir a segurança alimentar no futuro. E a automação digitalmente pilotada trará ganhos importantes em eficiência e precisão, ajudando a agricultura a superar práticas pouco sustentáveis.

Os avanços em inteligência artificial (IA) já estão permitindo o surgimento de máquinas capazes de executar tarefas sem envolvimento ou orientação humana direta. Já vemos o surgimento de robôs projetados para executar tarefas complexas de forma autônoma, com velocidade e precisão. Tais máquinas poderão em breve povoar o campo, monitorando o desenvolvimento de lavouras e criações, medindo performance e detectando deficiências nutricionais, ocorrência de pragas, escassez hídrica, impactos ambientais, entre muitas outras tarefas.

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Neste momento, não é demais imaginar drones ou robôs, munidos de sensores sofisticados e sistemas inteligentes, capazes de percorrer ou sobrevoar lavouras levando defensivos a serem aplicados de forma autônoma, precisa e em baixos volumes sobre plantas daninhas, insetos-praga ou partes das plantas atacadas por doenças. Tal avanço reduzirá drasticamente muitos riscos relacionados ao uso de agroquímicos nas lavouras, pois volumes extremamente baixos e aplicação direcionada e precisa tornarão possíveis utilizar a quantidade correta, apenas no local requerido, no momento mais adequado.

Esses poucos exemplos representam a ponta do iceberg no processo de mudanças que ocorrerá no campo, cada vez mais dominado pela digitalização e pela automação. Uma nova força de trabalho adaptável a essa nova realidade precisará ser formada.  Por isso, é prudente que os países invistam agora no preparo de suas forças de trabalho, com especial ênfase na capacitação dos seus trabalhadores, em substituição à prática mais comum, que é a proteção de empregos apenas.

O futuro exigirá, por exemplo, sofisticação das políticas fiscais e trabalhistas, que precisarão criar condições que estimulem as empresas a contratar e manter trabalhadores qualificados e bem treinados, que custam mais caro. Além disso, será preciso aprimorar as capacidades desse contingente de forma contínua.

Tais mudanças exigirão pessoas capazes de fazer bom uso dos mais nobres atributos humanos: a inteligência e a criatividade. E poderão também fazer aflorar mais empatia, humanidade e sensibilidade no mundo do trabalho, qualidades que nos diferenciam e que dificilmente serão incorporadas pelas máquinas.

Por Globo Rural.

Empresas vão investir US$ 1 bilhão para combater descarte incorreto de plásticos

Empresas vão investir US$ 1 bilhão para combater descarte incorreto de plásticos

plástico

Cerca de 80% dos resíduos plásticos nos oceanos começa como lixo nas cidades e a maioria chega por meio dos rios. A estimativa é que 90% dos resíduos plásticos que chegam pelos rios aos oceanos vêm dos 10 maiores rios no mundo – oito na Ásia e dois na África. Os números são de uma pesquisa da Ocean Conservacy.

Diante deste cenário, 29 empresas globais dos setores de plástico e bens de consumo lançaram nesta quarta-feira (16) uma aliança visando implementar soluções para a eliminação do descarte de material plástico no meio ambiente, especialmente nos oceanos.

A AEPW – Alliance to End Plastic Waste (Aliança para o Fim dos Resíduos Plásticos) está destinando mais de US$ 1 bilhão a esse objetivo, com a meta de investir US$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos.

A Aliança irá desenvolver e implementar soluções que minimizem os resíduos plásticos e promovam destinos sustentáveis para plásticos usados, gerando uma economia circular em torno desses resíduos.

“Todos concordam que o lugar dos resíduos plásticos não é nos oceanos ou em qualquer lugar do meio ambiente.

Este é um desafio global sério e complexo que exige ações rápidas e forte liderança.”, afirma David Taylor, Presidente e CEO da Procter & Gamble ((P&G), e presidente da AEPW. “Eu convoco todas as empresas, grandes ou pequenas e de todas as regiões e setores, a se juntarem a nós”, complementou.

“A história nos mostrou que ações coletivas e parcerias entre a indústria, governo e ONGs podem entregar soluções inovadoras para um desafio global como esse”, comenta Bob Patel, CEO da LyondellBasell, e vice-presidente da AEPW. “O problema dos resíduos plásticos é visto e sentido em todo o mundo. Ele deve ser combatido, e acreditamos que a hora de agir é agora”.

Projetos previstos

A Aliança é uma organização sem fins lucrativos e ao anunciar o investimento também ressaltou o pacote de medidas previsto.

Entre os projetos, há parcerias com prefeituras para sistemas integrados de gestão de resíduos em grandes áreas urbanas com baixa infraestrutura; promoção de modelos de negócios e empreendedores que trabalhem pela prevenção de plásticos no oceano e pela gestão de resíduos e reciclagem e a criação de um banco de dados global, aberto e científico, para dar suporte a projetos de gestão de resíduos globalmente.

O grupo ainda afirma irá fazer investimentos adicionais nos próximos meses. Gerenciamento de resíduos, reciclagem, reutilização de plásticos, educação e engajamento de governos, empresas e comunidades e limpeza de áreas com concentração de resíduos plásticos estão entre as prioridades.

Confira abaixo as empresas que são membros fundadores da Aliança: Braskem, BASF, Berry Global, Chevron Phillips Chemical Company LLC, Clariant, Covestro, CP Group, Dow, DSM, ExxonMobil, Formosa Plastics Corporation USA, Henkel, LyondellBasell, Mitsubishi Chemical Holdings, Mitsui Chemicals, Nova Chemicals, OxyChem, PolyOne, Procter & Gamble, Reliance Industries, SABIC, Sasol, Suez, Shell Chemical, SCG Chemicals, Sumitomo Chemical, Total, Veolia e Versalis (Eni).

“Pouco e atrasado”

Sobre a fala de Bob Patel nem todos concordam. Apesar de ser claro que é preciso fazer algo, talvez as medidas não sejam tão eficazes como se espera. “Este anúncio da indústria é muito pouco, muito atrasado”, afirma Dianna Cohen, CEO da Plastic Pollution Coalition. Para ela, mais do que reciclar é preciso trabalhar na redução -, o que é um grande desafio para as companhias que compõem a aliança: a brasileira Braskem, BASF e a Shell estão entre membros fundadores.

“A produção de plásticos deverá aumentar em 40% na próxima década. A reciclagem não resolve o problema, e o plástico descartável está preenchendo nossos cursos d’água, oceanos e meio ambiente.

Essas empresas globais devem tomar medidas para reduzir a produção de plástico.

Precisamos desligar a torneira. Como o capitão Charles Moore (umadas maiores referências no tema lixo marinho) costuma dizer, sem redução, o investimento em reciclagem e limpeza é como esvaziar uma banheira transbordante com uma colher de chá”, comenta Dianna.

Satélite brasileiro de alta resolução vai aprimorar monitoramento agrícola

Satélite brasileiro de alta resolução vai aprimorar monitoramento agrícola

O mosaico é um retrato da mesma área de 9 km² do município de Artur Nogueira, SP, em imagens com três resoluções espaciais diferentes. Da esquerda para a direita, a primeira é do satélite Landsat 8, com pixel de 30 m; a segunda, do Sentinel 2, com 10 m; a terceira vem dos sensores de alta resolução do World View 3, com pixel de 0,30 m.

Quanto tempo você gasta para chegar ao trabalho? Talvez o tempo que você leva entre sair de casa e registrar o ponto seja o suficiente para o satélite brasileiro Carponis-1 dar uma volta completa ao redor da Terra. Quando estiver em órbita, ele gastará no máximo 1h30 nesse percurso. Mais do que dar um passeio pelo espaço, o equipamento registrará imagens aqui de baixo com detalhes que podem chegar a 70 cm. Será um satélite brasileiro de alta resolução.

O projeto está a cargo da Força Aérea Brasileira (FAB), mas não terá apenas aplicação militar. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) será operadora civil do equipamento e empregará as imagens espaciais nos estudos da produção de alimentos, fibras e energia no País.

Embrapa Territorial (SP) utiliza imagens de satélites em seus trabalhos há quase 30 anos. No entanto, a dependência de imagens de alta resolução adquiridas por satélites controlados por outros países impõe limitações, além de custos elevados. Normalmente, trabalha-se com as imagens que estão disponíveis nos catálogos das empresas que as comercializam. Outra possibilidade é encomendar os registros, porém, isso demanda tempo entre a solicitação e a entrega.

A operação de um satélite pelo Brasil possibilitará mais autonomia e rapidez. “Poderemos programar e direcionar o satélite para aquisição de imagens de alvos específicos. Isso evitará a compra de imagens obsoletas e otimizará o tempo de resposta no recebimento dessas imagens”, observa a chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial, Lucíola Magalhães. Ela também é membro do Grupo de Assessoramento da Comissão de Coordenação de Implantação de Sistema Espaciais (CCISE), colegiado que articula o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE).

 

Projeto Carponis-1

O nome é formado pela junção das palavras gregas “karpos”, que significa fruto; e “ornis”, pássaro. O Carponis-1 faz parte das constelações de satélites do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que integra o Programa Espacial Brasileiro. A iniciativa é gerenciada pela Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE), da Força Aérea Brasileira, e está alinhada à Estratégia Nacional de Defesa para o setor espacial. O PESE prevê a implantação de uma constelação de satélites, além da infraestrutura de controle e de operação. O Carponis-1 será o primeiro, com previsão para lançamento em 2022.

Melhor monitoramento de ILPF e aquicultura

O diferencial do Carponis-1 está na alta resolução espacial e temporal. A previsão é que os sensores acoplados ao satélite gerem imagens nítidas abaixo de um metro e com intervalo de três a cinco dias. Hoje, o Brasil opera apenas um sistema espacial, em parceria com a China. Mas a melhor resolução obtida a partir dele é de cinco metros e intervalo de até 26 dias entre os registros.

Para se ter uma ideia do ganho com a escala submétrica, nas imagens com resolução de quatro metros, cada pixel equivale a uma área de 16 m². Já as de um metro de resolução refletem 1 m² por pixel. Com imagens melhores e mais facilmente disponíveis, a Embrapa Territorial espera avançar, por exemplo, no monitoramento das áreas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistema produtivo em expansão no País. “É muito difícil com satélites de média resolução conseguir identificá-las. Mesmo com os de alta resolução, esse mapeamento não vai ser uma tarefa simples”, adianta Magalhães.

Os trabalhos com aquicultura também seriam beneficiados com um satélite brasileiro de alta resolução. Atualmente, a Embrapa está desenvolvendo um sistema de inteligência territorial estratégico para o segmento. O primeiro passo é identificar, em imagens espaciais, a localização dos tanques escavados para criação de animais aquáticos. “Quando você trabalha com imagens de média ou baixa resolução, é difícil ter certeza de que determinado ponto corresponde a um tanque para aquicultura, tendo em vista os diferentes tipos existentes”, conta a chefe-adjunta. A expectativa é que, com material de melhor definição, o trabalho ganhe assertividade.

Intervalos menores de captação

Os pesquisadores também esperam incremento nos estudos pela geração de material com menor intervalo de tempo. O maior ganho é a chance de obtenção de imagens livres de nuvens, um dos principais fatores que comprometem a visibilidade em regiões de alta umidade, como na costa brasileira e região amazônica. Na agricultura, fazer imagens com mais frequência torna-se ainda mais importante, já que as principais fases de desenvolvimento das culturas ocorrem justamente no período de chuvas.

O tempo entre a captura da imagem em território nacional e o seu download pelo usuário deve ser menor do que duas horas, adianta o tenente Bruno Mattos, coordenador do projeto Carponis-1. Se a área de interesse estiver fora do Brasil, esse intervalo aumenta, mas, ainda assim, não deve chegar a 12 horas.

O tipo de sensor embarcado no satélite também é determinante para os trabalhos em agricultura. Além das bandas que geram a fotografia em cores dos terrenos (vermelho, verde e azul – RGB), “é indispensável, no mínimo, uma banda no infravermelho próximo (NIR)”, diz Magalhães. A presença dela é o primeiro passo para utilizar as imagens em agricultura de precisão. Com esse recurso, além da interpretação visual, os técnicos contam com informações espectrais que podem dar indicações sobre a saúde da plantação em uma determinada área, por exemplo. Identificação de deficiências nutricionais e estimativas de produtividade são outras aplicações. “Quanto mais bandas espectrais, mais informações conseguimos sobre um objeto terrestre”, explica.

Histórico

O primeiro passo para a parceria entre a Embrapa e a FAB na operação do Carponis-1 foi dado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com a apresentação do projeto para gestores da pasta. Em agosto, houve a assinatura de um memorando de entendimento entre as instituições. Na época, o chefe da Área de Planejamentos Operacionais do Estado-Maior da Aeronáutica, major-brigadeiro Jefson Borges, explicou que o interesse das Forças Armadas na parceria era devido ao avançado estágio em que a Embrapa se encontra na área de monitoramento por satélite. O secretário-executivo do Mapa, por sua vez, disse que o ministério tem interesse em projetos de inteligência territorial, fundamentais para o desenvolvimento tecnológico e de monitoramento do setor agropecuário nacional.

O chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, lembra o papel das imagens espaciais no monitoramento ambiental do País, que mantém mais de 1.800 unidades de conservação. Para ele, o acompanhamento da ocupação efetiva de áreas do território nacional, por meio de satélites, é fundamental, mas tem representado gastos elevados, em função da necessidade da compra de imagens.

A organização militar espera que a operação de um satélite de alta resolução também traga ganhos para a indústria nacional. “No curto prazo, empresas nacionais serão subcontratadas para proverem produtos e serviços relacionados à implantação do Sistema Carponis-1. No médio e longo prazo, com a demanda nacional por imagens de satélites bem estabelecida, tais empresas serão contratadas diretamente para o desenvolvimento de satélites nacionais, os quais complementarão e substituirão as capacidades do Sistema Carponis-1”, prevê o tenente Bruno Mattos, da FAB.

A comunidade acadêmica também deve ser beneficiada com a facilidade de acesso a imagens espaciais de alta resolução.

 

Com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Por Embrapa. 

Adoção de tecnologias já disponíveis pode aumentar produção de uvas em Mato Grosso

Adoção de tecnologias já disponíveis pode aumentar produção de uvas em Mato Grosso

Pesquisador Reginaldo de Souza orienta o produtor, sr. Nelson, durante visita técnica – Foto: Gabriel Faria

Mato Grosso possui apenas 50 estabelecimentos agropecuários que produzem uva comercialmente para mesa ou processamento, segundo o Censo Agropecuário de 2017. Entretanto, as condições climáticas, associada à cultura sulista dos colonizadores de boa parte do estado fazem com que a viticultura tenha grande potencial. A falta de assistência técnica capacitada, no entanto, tem sido um entrave à produção.

Um exemplo são os agricultores Nélson e Cecília Maziero. Em 2005 eles começaram a produzir uva em Sinop. Sem assistência, adotaram as práticas de manejo que aprenderam no Sul do país. Porém, logo perceberam que não teriam os mesmos resultados. Buscaram informações com outro produtor em Nova Mutum, a 250 km de Sinop, e, a partir das orientações que receberam, conseguiram melhorar a produção.

Hoje vendem toda a colheita de uvas Niágara e Isabel Precoce e o vinho feito com uvas Bordô na porta da chácara, com preços até 50% mais baixos do que o cobrado nos supermercados locais e, ainda assim, recebendo mais do que o dobro do valor de comercialização em regiões produtoras do país.

Embora o negócio vá bem, a falta de assistência técnica tem limitado a produção a oito toneladas na área de um hectare onde cultivam 2.500 videiras. Número que sr. Nelson espera ver dobrado na próxima safra apenas com a mudança na forma de fazer a poda de produção. A instrução para isso ele recebeu durante uma visita de pesquisadores e técnicos que foram à sua propriedade como parte das atividades da Capacitação em Vitivinicultura que a Embrapa promoveu em Sinop de 4 a 6 de dezembro.

O curso é parte da Capacitação Continuada de Técnicos em Fruticultura e visa instruir profissionais de assistência técnica e extensão rural para que possam assistir aos produtores rurais dos municípios onde atuam.

Este módulo sobre o cultivo e processamento de uvas era uma demanda antiga, desde 2012, quando a Embrapa Uva e Vinho lançou em Sinop, na Embrapa Agrossilvipastoril, a cultivar BRS Magna, validada em Mato Grosso.

Tecnologia para regiões tropicais
Embora a produção de uvas em Mato Grosso ainda seja pequena, já há tecnologia disponível para o cultivo em regiões tropicais e que se adequam ao clima do estado. Diferentemente da região Sul, onde as plantas entram em dormência no inverno, com o calor constante, elas vegetam o ano todo. Com isso, é preciso fazer duas podas, uma de formação de galhos e outra de produção, obtendo duas safras no ano.

O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Reginaldo Teodoro de Souza destaca que as condições climáticas de Mato Grosso são semelhantes às da região de Jales (SP), onde a Embrapa tem um campo experimental para desenvolvimento e validação de tecnologias para a uva.

“É uma questão de condução da videira em região tropical. Todas as técnicas já estão estabelecidas. Época de poda, como controlar e como manejar a uva. Já temos até cultivares para a região. Mas deve-se tomar os devidos cuidados com relação às grandes áreas de soja plantadas e uma possível deriva de herbicidas. Um quebra vento com cercas vivas pode resolver o problema”, alerta.

Entre as cultivares recomendadas para a região estão BRS ÍsisBRS Núbia e BRS Vitória, para mesa, e BRS Magna e BRS Isabel Precoce para processamento.

De acordo com o analista da Embrapa Uva e Vinho João Carlos Taffarel, o período chuvoso é uma dificuldade para a cultura no estado, uma vez que a videira é originária de regiões mais secas. Dessa forma, o ideal é passar esse período sem produção. Porém ele garante que com o manejo adequado é possível contornar a adversidade.

“Temos de ter cuidado com melhoria da fertilidade do solo. Usar porta-enxertos adaptado a essa condição. São necessários tratamentos fitossanitários para controlar as principais doenças que causam perdas na produtividade e também morte de planta, que é o caso do míldio da videira. Cuidando desses quesitos básicos e desses detalhes do manejo, certamente se consegue ter sucesso na produção”, afirma Taffarel.

Cultivo no estado
De acordo com o IBGE, 35, dos 141 municípios do estado possuem produção comercial de uva. Isso mostra que a vitivinicultura está espalhada pelas diferentes regiões de Mato Grosso, embora a produção seja pequena e esteja longe de atender a demanda do mercado local por uvas de mesa e para produção de suco.

A coordenadora do curso e analista da Embrapa Agrossilvipastoril Suzinei Oliveira vê no interesse crescente pela cultura um grande potencial, sobretudo para pequenos agricultores familiares. Por isso, a necessidade de capacitar os profissionais de assistência técnica que darão suporte aos agricultores.

Neste curso foram abordadas desde questões de manejo de solo, escolha de cultivares e porta-enxertos, até o processamento para sucos e vinhos. Passando também pela condução das videiras e técnicas de poda. Houve ainda oportunidade para degustação das variedades de uva e de sucos.

Para o técnico agrícola da prefeitura de Paranaíta Marcelo Soares, a capacitação ajudou a sanar dúvidas que vinha tendo ao assistir dois produtores em seu município e ainda ampliou seu conhecimento sobre o manejo para a região.

“Nós que estamos na ponta, trabalhando com assistência técnica, temos que ter essas oportunidades para aprender um pouco mais sobre essas culturas que são relativamente novas na região. Não temos muito conhecimento dela adaptada para cá”, afirmou.

Novos produtores
Para quem pensa em começar a produzir uva em Mato Grosso, o pesquisador Reginaldo Teodoro de Souza aconselha a cautela. Montar as estruturas de vagar, uma vez que o investimento é alto, e, principalmente, comprar mudas de boa qualidade.

“O ideal é comprar em viveiros credenciados pela Embrapa em Minas Gerais ou no Rio Grande do Sul. Eles pegam material básico da Embrapa e produzem material livre de vírus, com boa sanidade e vendem com raiz nua. Mas é preciso se programar e um ano antes, encomendar os materiais especificando qual cultivar você quer. É perfeitamente viável enviar para cá”, aconselha.

Com base em sua experiência empírica, sr. Nelson Maziero também deixa seu recado para os interessados na cultura.

“A uva é só para quem gosta e tem amor e se dedica a isso. Não é para qualquer um, porque isso dá um trabalho monstruoso. Um trabalho muito grande. É para quem gosta mesmo. Mas vale muito a pena!”

Por Embrapa.