O primeiro passo para analisar o solo é identificar se ele é arenoso, por exemplo, no qual seus nutrientes são lavados mais naturalmente, sendo mais adequado o parcelamento das adubações.
Após a descoberta, é preciso coletar amostras do campo para que sejam feitas pesquisas e análises, a fim de:
identificar os nutrientes presentes no solo;
disponibilizar os dados corretos para o uso de fertilizantes;
otimizar o aumento e a rentabilidade da fertilização; e
exemplificar a variabilidade natural da sua lavoura.
Ao ser identificada a variabilidade do solo é possível aplicar práticas individuais em cada parte da propriedade, otimizando o manejo e fazendo um estudo mais profundo. Tais ações irão ajudar a minimizar os gastos ao descobrir o fertilizante e o adubo ideais para o solo.
Além disso, a análise do solo pode ser feita em qualquer época do ano, porém o mais adequado é no período de entressafra, pois assim haverá tempo de preparar o solo e fazer o planejamento agrícola.
Passo 2 – Planejamento de fertilizantes
Esse passo está ligado diretamente à sua plantação, já que as necessidades de nutrientes, cuidados e especificações para um desenvolvimento saudável variam de acordo com cada espécie.
Por isso, para os agricultores que buscam otimizar a produção, um bom começo pode ser a escolha dos fertilizantes, substâncias que, ao serem aplicadas no solo, proporcionam nutrientes fundamentais para a vitalidade das plantas.
Os fertilizantes agrícolas inorgânicos, utilizados principalmente em lavouras de soja, milho, algodão, entre outros, possuem a base química de Nitrogênio, Fósforo e Potássio (NPK), que servem para trazer benefícios específicos para as plantas, como:
nitrogênio: responsável pelo forte crescimento das plantas, as deixando mais saudáveis e verdes, portanto, é ótimo para as folhas e caule;
fósforo: importante para a floração, frutificação e enraizamento, ou seja, esse elemento é essencial para o plantio;
potássio: melhora a qualidade e resistência das plantas, tornando-as mais fortes para resistir ao pisoteio e os danos de pragas e doenças.
Além dos fertilizantes inorgânicos, existem no mercado vários tipos de fertilizantes agrícolas orgânicos. Segue abaixo os principais exemplos:
esterco – os mais utilizados são: de gado, por possuir mais fibras, o que dificulta a compactação do solo e ajuda na retenção de água; e de frango, rico em nutrientes, porém pode causar acidez no solo se utilizado em excesso;
farinha de ossos – rica em fósforo, matéria orgânica, cálcio e no controle da acidez do solo, sendo muito indicada para plantas floríferas e frutíferas;
húmus de minhoca – contém bastante matéria orgânica, que auxilia na fertilização e na recuperação das características físicas, químicas e biológicas do solo, contribuindo para o bom desenvolvimento das plantas;
torta de mamona – tem ação nematicida e é rica em nitrogênio, porém deve haver cuidado com seu uso perto de animais de estimação, pois a mamona contém altas taxas de ricina (veneno) e metais pesados, como cádmio e chumbo.
Como você pôde ver até aqui, há uma vasta variedade de solos, apresentando formas, texturas e cores diferentes. Portanto, é preciso analisar quais são os tratamentos preferenciais para aumentar a produtividade do solo em um curto espaço de tempo.
Passo 3 – Adubação do solo
Adubação é o processo de aplicação de fertilizantes orgânicos ou sintéticos, visando aumentar a quantidade de nutriente das plantas e expandir a produtividade da lavoura. A aplicação é feita diretamente no solo por meio de máquinas pulverizadoras (fertilizantes foliares) ou irrigação.
Adubo orgânico
Derivado de resíduos animais e vegetais (compostagem), quando colocadas no solo, se decompõem e liberam seus nutrientes extraídos das folhas, dos ossos e de fezes de animais, garantindo o desenvolvimento da flora microbiana.
Contudo, esse processo de liberação e absorção é lento. Somado a isso, pelo fato de não ter como controlar a quantidade de nutrientes nem saber se há presença de agentes patogênicos, seu uso pode resultar em acidificação do solo.
Adubo inorgânico
É produzido por meio da extração mineral, baseado em nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta. Ao utilizar a quantidade exata, o crescimento torna-se mais eficaz. Porém, é preciso ter cuidado com a porção aplicada para não diminuir a oxigenação das plantas e o seu crescimento.
A engenheira agrônoma e pesquisadora Ana Maria Primavesi, uma das precursoras nos estudos sobre agroecologia e agricultura orgânica no país, faleceu neste domingo, 5. A informação foi confirmada através de um texto de despedida intitulado “Um jatobá que tomba, centenário”, em sua própria página do Facebook.
Ana Maria foi reconhecida por ser uma das pioneiras nos estudos sobre preservação de solo e recuperação de áreas degradadas, priorizando a atividade biológica através do acúmulo de matéria orgânica, evitando o revolvimento do solo, como se fazia anteriormente.
Enquanto lecionava na Universidade Federal de Santa Maria, contribuiu para a organização do primeiro curso de pós-graduação voltado para a agricultura orgânica. Após sua aposentadoria não parou de ajudar em pesquisas e ajudou a fundar a Associação da Agricultura Orgânica (AAO). Seu livro “Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais”, lançado em 1984 ainda é considerado uma obra de referência nas ciências agrárias.
Vinda ao Brasil
Segundo a geógrafa e professora Virgínia Knabben, que escreveu a biografia “Ana Maria Primavesi – histórias de vida e agroecologia”, a pesquisadora austríaca chegou ao Brasil em meados 1948, com seu marido, o fazendeiro e também doutor Artur Barão Primavesi.
Ambos lecionaram Universidade de Santa Maria (RS) e, após a fundação do Instituto de Solos e Culturas, criaram o primeiro curso de pós graduação no tema “Produtividade e Conservação do Solo”.
Os cientistas descobriram que os micróbios do solo podem tornar as plantas mais resistentes a uma doença agressiva, abrindo novas possibilidades para a produção sustentável de alimentos. A doença bacteriana da murcha causada por Ralstonia solanacearum infecta várias plantas, incluindo tomates e batatas e causa enormes perdas econômicas em todo o mundo, especialmente na China, Indonésia e África.
Pesquisadores da Universidade de York, trabalhando com colegas da China e da Holanda, investigaram o efeito do microbioma do solo na interação planta-patógeno. As infecções geralmente são “irregulares” no campo, não afetando toda a safra e a causa disso é desconhecida.
O Dr. Ville Friman, do Departamento de Biologia, disse que “embora tenhamos descoberto que o patógeno está presente em todos os lugares nos campos de tomate, ele não é capaz de infectar todas as plantas. Queríamos entender se essa variação espacial poderia ser explicada por diferenças nas comunidades bacterianas do solo”.
Para estudar o efeito do microbioma do solo no desenvolvimento de doenças, os cientistas usaram um sistema experimental recém-desenvolvido que permitia amostragens repetidas de plantas individuais de maneira não destrutiva. Isso permitiu aos cientistas voltar no tempo e comparar microbiomas vegetais saudáveis e doentes muito antes dos sintomas visíveis da doença.
O método de amostragem permitiu comparar os microrganismos presentes nos solos das plantas que permaneceram saudáveis ou foram infectadas. Sua análise mostrou que os microbiomas das plantas sobreviventes estavam associados a certos táxons raros e às bactérias Pseudomonas e Bacillus supressoras de patógenos.
“Descobrimos que uma resistência melhorada à doença pode ser transferida para a próxima geração de plantas junto com os transplantes de solo análogos aos transplantes fecais usados na medicina”, conclui.
A expectativa de normalização das chuvas no Centro-Oeste anima e relembra que ainda temos muita lavoura a semear e, portanto, um prazo a cumprir. Mas, cuidado, a pressa para recuperar o tempo perdido na implantação das lavouras pode gerar problemas. Frequentemente agricultores e consultores procuram os laboratórios e instituições de pesquisa após a semeadura trazendo algumas plantas com sintomas de murcha, tombamento ou mal desenvolvidas, tentando compreender porque as plantas não se desenvolvem normalmente. E muitas vezes a resposta é que as doenças são apenas oportunistas. As enfermidades em plantas logo após a semeadura, em geral, revelam problemas de manejo do solo, principalmente relacionados à compactação, dificultando o desenvolvimento normal do sistema radicular e predispondo as plantas a toda sorte de doenças.
Evitar as doenças custa muito menos e é muito mais eficaz do que tentar controlar depois que elas ocorrem. E pensando em doenças de solo, que são causadas por microrganismos habitantes naturais do solo, pouco ou nada podemos fazer depois de constatada a doença. Por isso, nesta fase de semeadura, a principal atitude para evitar doenças consiste em evitar a compactação do solo.
E como evitar a compactação do solo? Durante a semeadura, é importante evitar a operação e o trânsito de máquinas na lavoura com solo muito úmido, principalmente em solos argilosos. O produtor sabe, mas não custa lembrar: operações agrícolas com solo muito úmido promovem a compactação do solo, o processo de descompactação é difícil, e solo compactado predispõe as plantas a doenças. A compactação pode ocorrer tanto pela pressão dos pneus do maquinário agrícola sobre o solo, como também nos sulcos de semeadura, pela ação do facão de distribuição do adubo e/ou pelos discos de semeadura, promovendo o espelhamento das paredes do sulco e facilitando assim o acúmulo de água, o que favorece a ocorrência de doenças.
Algumas doenças de solo favorecidas pela compactação são: podridão da raiz e da haste da soja causada por Phytophthora sojae, que causa o escurecimento ascendente, a partir da base da haste, subindo homogeneamente na planta até as ramificações da haste principal. O tombamento de pré e pós emergência causado por Rhizoctonia solani, que causa o estrangulamento do colo da planta, com lesões circulares a elípticas marrom-avermelhadas, que se tornam alongadas e deprimidas. E a podridão cinza da haste e da raiz causada por Macrophomina phaseolina. Esta doença é observada mais no final do ciclo, devido a antecipação da maturação (maturação forçada) nas reboleiras com a doença.
Além dessas, solos mal conservados em geral predispõem as plantas a diversas outras doenças, como as doenças-de-final-de-ciclo, o mofo-branco, e as nematoses. O cuidado com a estrutura e conservação do solo pode fazer com que muitas doenças não ocorram ou não atinjam o limiar de dano. Essas informações reforçam que muito do êxito nas lavouras, está relacionado ao nosso cuidado com o solo.
A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o período 2021-2030 como a Década da ONU da Restauração de Ecossistemas. A nova data é uma oportunidade única para a criação de empregos, segurança alimentar, enfrentamento da mudança do clima, conservação da biodiversidade e fornecimento de água. Duas agências da ONU – ONU Meio Ambiente e FAO – lideram a implementação da Década.
O anúncio antecede a realização da Quarta Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, que é o principal fórum global para tomadas de decisão em questões ambientais. Entre os dias 11 a 15 de março, ministros de meio ambiente e representantes do setor privado, governos, sociedade civil e academia se reunirão em Nairóbi, no Quênia, para discutir os problemas mais urgentes do nosso tempo – e os ecossistemas estarão no topo da agenda.
“Estamos satisfeitos que a nossa visão para uma Década dedicada ao tema se tornou realidade. Precisamos promover um programa de restauração agressivo que construa resiliência, reduza a vulnerabilidade e aumente a capacidade dos sistemas de se adaptar às ameaças diárias e eventos extremos”, afirmou Lina Pohl, ministra do Meio Ambiente e Recursos Naturais de El Salvador.
Apesar de fornecerem inúmeros serviços essenciais, como a provisão de água doce e alimentos, os ecossistemas-chave estão diminuindo rapidamente. A degradação dos ambientes terrestres e marinhos já compromete o bem-estar de 3,2 bilhões de pessoas e custa cerca de 10% da renda global anual em perda de espécies e serviços ecossistêmicos.
Em contrapartida, a restauração de 350 milhões de hectares de terras degradadas até 2030 pode gerar até nove trilhões de dólares em serviços ecossistêmicos e remover de 13 a 26 gigatons adicionais de gases do efeito estufa da atmosfera.
“A Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas ajudará os países a enfrentar os impactos da mudança do clima e da perda da biodiversidade”, disse José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
“Os ecossistemas estão sendo degradados a uma taxa sem precedentes. Nossos sistemas alimentares globais e a subsistência de milhões de pessoas dependem de todos nós trabalhando juntos para restaurar ecossistemas saudáveis e sustentáveis para o presente e o futuro”, acrescentou Graziano.
“A ONU Meio Ambiente e a FAO estão honradas em liderar a implementação da Década com nossos parceiros. A degradação dos nossos ecossistemas tem causado um impacto devastador nas pessoas e no meio ambiente. Estamos animados com o fato de que o impulso para restaurar nosso ambiente natural vem ganhando ritmo, porque a natureza é nossa melhor aposta para enfrentar as mudanças do clima e garantir o futuro”, afirmou Joyce Msuya, diretora-executiva interina da ONU Meio Ambiente.
Apelo à ação global
Atualmente, cerca de 20% da superfície do planeta apresenta declínio na produtividade ligada à erosão, ao esgotamento e à poluição em todas as partes do mundo. Até 2050, a degradação e as mudanças climáticas poderão reduzir o rendimento das colheitas em 10% a nível mundial e até 50% em certas regiões.
A Década, um apelo à ação global, reunirá apoio político, pesquisa científica e fortalecimento financeiro para alavancar iniciativas-piloto bem-sucedidas para restaurar milhões de hectares. Pesquisas mostram que mais de 2 bilhões de hectares de paisagens desmatadas e degradadas em todo o mundo oferecem potencial para restauração.
A Década acelerará as metas existentes de restauração global – como o Desafio de Bonn, que visa restaurar 350 milhões de hectares de ecossistemas degradados até 2030, uma área quase do tamanho da Índia.
Atualmente, 57 países, governos subnacionais e organizações privadas se comprometeram a contribuir com mais de 170 milhões de hectares restaurados. Esse esforço se baseia em esforços regionais, como a Iniciativa 20×20 na América Latina, que visa restaurar 20 milhões de hectares de terras degradadas até 2020, e a Iniciativa AFR100 de Restauração da Paisagem Africana de Floresta, cujo objetivo é restaurar 100 milhões de hectares de terras degradadas até 2030.
A restauração dos ecossistemas é um processo que visa reverter a degradação de ambientes como paisagens, lagos e oceanos, recuperando suas funcionalidades ecológicas, ou seja, melhorando a produtividade e capacidade dos ecossistemas para atender às necessidades da sociedade. Isso pode ser feito, por exemplo, ao permitir a regeneração natural de ecossistemas superexplorados ou pelo plantio de árvores.
A restauração dos ecossistemas é fundamental para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, os ODS, principalmente aqueles sobre mudança do clima, erradicação da pobreza, segurança alimentar e conservação da água e da biodiversidade. É também um pilar das convenções ambientais internacionais, como a Convenção de Ramsar sobre as zonas úmidas e as Convenções do Rio sobre biodiversidade, desertificação e mudança climática.