No Brasil, sobretudo nas regiões de clima mais quente e úmido, uma das doenças de maior destaque é a murcha do tomateiro. Causada pela bactéria Ralstonia solanacearum.
A produção de tomate no Brasil está entre as maiores do mundo, alcançando mais de 3,5 mil toneladas no ano de 2017. O consumo do fruto é grande em todo mundo tendo em vista a quantidade de vitaminas do complexo A e C e também o licopeno, substância que ajuda no combate ao câncer.
Além disso, com a crescente expansão das redes fast foods, o tomate se tornou útil na preparação de lanches, sobretudo em molhos e ketchup.
Entretanto, o tomateiro é uma planta muito suscetível, tanto no período pré como também pós-colheita a doenças originadas de vírus, bactérias, fungos e nematóides. Que podem reduzir e até mesmo impedir a produção, gerando prejuízos econômicos.
A murchadeira bacteriana no cultivo de tomate
A murchado tomateiro, ou murcha, bacteriana é causada pela bactéria Ralstonia solanacearum.
Que é uma habitante do solo que afeta diversas famílias de plantas. Entretanto, a família mais suscetível é a Solanaceae que compreende produtos como o tomate, batata, pimentão, berinjela, jiló, dentre outros. Principalmente em regiões de climatropical e subtropical, como a região Norte do Brasil.
A bactéria é capaz de sobreviver no solo durante muitos anos.
E por isso, pode reduzir a produtividade do tomateiro por longos períodos de tempo. Esse problema surge principalmente em regiões com altas temperaturas e que tenham o solo mais úmidos sendo. Portanto, a razão da maior sua incidência no verão. Também é comum em cultivos irrigados, principalmente com gotejadores.
Que mantém o solo úmido por mais tempo. Contudo, mesmo que o solo esteja contaminado com a bactéria, em climas mais frios, a ocorrência é menor.
Outro fator que agrava o surgimento da Murchadeira do tomate são os plantios sucessivos no mesmo terreno, principalmente após a terceira colheita.
No entanto, terrenos novos recém-desmatados ou aqueles que passaram por longos anos de rotação de culturas também podem apresentar a bactéria. Devido ao uso de água contaminada ou a existência de plantas daninhas suscetíveis a ela. A bactéria pode se espalhar facilmente pela água, equipamentos agrícolas e até mesmo na sola dos sapatos.
Sintomas da murcha do tomateiro
A murchadeira do tomate pode ser percebida, a princípio, com a presença de aglomerações de plantas murchas, chamadas de reboleiras. Que normalmente se localizam na parte mais baixa e mais úmida do terreno cultivado.
O sintoma mais comum da contaminação do tomateiro é a murcha da planta de cima para baixo. Que ocorre devido a interrupção dos vasos condutores de água, que são chamados de xilema.
Outro sintoma ligado ao problema é a formação de raízes extras na parte inferior do caule> Que surgem para tentar captar mais água para a planta.
Dessa forma, nas condições ideais para a bactéria, ela se multiplica e a água é impedida de chegar ao topo de planta.
O que faz com que as folhas comecem a murchar. Inicialmente as folhas mais novas são afetas nas horas mais quentes do dia, podendo se recuperar a noite. Depois de um tempo, o tomateiro pode murchar de forma irreversível e morrer.
É importante destacar que a murchadeira pode se manifestar em qualquer época do plantio. No entanto, tende a ser mais comum durante a fase de formação do primeiro cacho de frutos.
Existem outros agentes patogênicos capazes de causar a murchadeira no tomateiro. E que causam efeitos semelhantes como o Fusarium oxysporum f. Sp. e Verticillium spp.
O principal sinal da murchadeira causada por Ralstonia solanacearum pode ser identificado por meio do chamado teste do copo.
Que é feito da seguinte forma: deve ser retirada uma amostra do caule da planta afetada e prendê-la na borda de um copo com água. Caso a amostra apresente uma secreção purulenta, a causa da murchadeira é bactéria.
No entanto, para iniciar o controle, é recomendada uma análise laboratorial detalhada.
Controle da murcha do tomateiro
A murchadeira é uma doença de difícil controle. Por isso, uma das opções para reduzir as perdas causadas pela bactéria é apostar no manejo integrado. Levando-se em conta medidas preventivas e complementares, já que nenhum tratamento isolado é eficaz.
É preciso levar em conta que, se a bactéria se multiplica em temperaturas mais altas. Plantios nas estações mais frias tendem a sofrer menos com o seu aparecimento.
Por isso, em temperaturas noturnas abaixo de 20° há o menor risco de contaminação, principalmente no caso de agricultura orgânica.
Em contrapartida, durante o verão, as medidas de controle devem ser intensificadas. A bactéria Ralstonia solanacearum sobrevive por anos, por essa razão, primeiro, deve-se observar a escolha do terreno.
Pois áreas com histórico da doença devem ser evitadas, principalmente quando houve cultivo de Solanáceas na área.
É importante também evitar solos muito argilososque estão sujeito a ao encharcamento, como as baixadas, por exemplo.
Uma prática recomendada é a rotação de culturas no terreno já que, quando se planta uma espécie não suscetível a murchadeira, há a redução e até mesmo a eliminação desse organismo na área.
Com isso, dentro de dois ou três anos, o tomateiro pode voltar a ser cultivado, caso haja a redução da contaminação.
Quando a área apresenta um alto grau de contaminação, há a necessidade um prazo maior. É preciso eliminar as plantas daninhas, manejar corretamente a irrigação, reduzir o movimento das máquinas agrícolas. E observar a declividade do terreno e as características do solo.
Outra opção é realizar a solarização da área por dois ou três meses. Essa técnica que consiste na cobertura do solo com plástico para intensificar os efeitos da exposição solar. Reduz de maneira significativa a presença da bactéria, principalmente em épocas de maior incidência dos raios solares.
Por que fazer enxerto das mudas do tomateiro?
A murchadeira do tomate causada por Ralstonia solanacearum está demandando o plantio de mudas enxertadas. Pois esse é um método de propagação vegetal que visa unir características de duas plantas diferentes, deixando-as mais resistentes a determinado tipo de patógeno.
Para a utilização dessa técnica, é preciso que segmento inferior , ou porta-enxerto, contribua com as raízes e com a haste inferior que dará suporte à nova planta. Possibilitando a absorção da água e sua adaptação ao solo. Já a parte superior, chamada de enxerto, forma o segmento comercial, o caule, folhas, flores e frutos.
Com isso, as melhores características de cada espécie são associadas as características mais favoráveis e resistentes às pragas do solo. Que no caso do tomateiro é a murcha bacteriana e também problemas ligados a outros patógenos como nematoides, fungos e vírus.
Na enxertia:
Na enxertia contra a murchadeira do tomate, é imprescindível que o porta-enxerto seja resistente à Ralstonia solanacearum e o enxerto apresenta as melhores características do fruto.
Em um cenário em que o controle desses agentes pode ser danoso ao meio ambiente, a enxertia se mostra como alternativa viável, eficaz e sem efeitos negativos para a natureza além de evitar o contato da planta suscetível com o solo contaminado.
Algumas plantas porta-enxerto como a berinjela e a jurubeba apresentam genótipos resistentes a Ralstonia solanacearum. Mas, por outro lado, é necessária uma tecnologia aprimorada para obtenção das condições ideais para a enxertia. Outra alternativa é a realização do enxerto com dois tipos de tomateiros. Já que o mercado brasileiro dispõe de variedades de semente resistentes às pragas do solo.
De uma forma geral, o uso dessa técnica tem crescido no Brasil graças à disponibilidade de viveiros comerciais e programas de melhoramento.
No entanto, é importante destacar que, antes de adotar uma medida de controle para a murchadeira de tomate é preciso fazer uma análise detalhada dos mais diversos fatores. E entender, de fato, qual é o agente patogênico.
Ainda sobre o controle de variáveis, temos agora a PARTE 2 da matéria, na qual vamos conhecer alguns parâmetros climáticos e ambientais decisivos no momento da aplicação. Confira!
Quais fatores climáticos impactam no desempenho do controle de variáveis?
Como vimos, é indispensável que o produtor e a equipe técnica que o auxilia, conheça as condições climáticas para planejar as estratégias de controle de agentes indesejados na produção.
Saiba como a temperatura, a umidade do ar, os ventos e a quantidade de chuvas influenciam na absorção pelas folhas da planta.
Temperatura
A temperatura é um dos fatores mais relevantes na hora de realizar a aplicação. Isso porque, tanto quando os termômetros apresentam marcas elevadas quanto nos dias mais frios, o efeito do produto utilizado pode sofrer alterações e, consequentemente, perda de eficácia.
O motivo para que isso aconteça é que, caso a temperatura esteja muito alta, pode ocorrer o processo de evaporação muito rápida, fazendo com que a gota permaneça no ar durante mais tempo ou mesmo sendo levada pelo vento, dificultando que alcance o alvo. Por outro lado, em temperaturas abaixo de 15 graus, a planta pode apresentar uma taxa baixa de metabolismo, dificultando a absorção do defensivo.
Por essa razão, a temperatura recomendada para a aplicação deve são as mais amenas, não devendo ultrapassar os 30°.
Umidade do ar
A umidade relativa do ar pode ser definida como a quantidade de vapor de água presente na atmosfera. Essa é uma variável importante na hora de realizar o controle de pragas pois é uma das principais responsáveis pela evaporação de uma gota da pulverização.
Durante a aplicação, a gota irá perder umidade até alcançar o seu alvo. O problema é que, quando a umidade do ar estiver muito baixa, por exemplo, mais rápido será a evaporação, fazendo com que o produto nem chegue a superfície do alvo.
Para não correr esse risco, o produtor deve sempre consultar essa variável que deve estar contida no intervalo entre 55% e 95%.
Ventos
O vento também é um dos fatores determinantes na eficácia da aplicação de defensivos. Quando o vento está muito forte durante a pulverização, pode resultar em deriva, ou seja, as gotas não chegam ao local pretendido e há desperdício de produto e pode haver contaminação de outras áreas.
Em contrapartida, situações extremamente calmas, como quando o vento está até 2 km/h, corre-se o risco de ter um fenômeno chamado de inversão térmica, em que o ar quente se deposita próximo ao chão retida por uma camada de ar frio. Essa situação faz com que as gotas cheguem a ficar suspensas na atmosfera durante mais tempo, gerando desperdício.
Quantidade de chuvas
Por fim, a quantidade de chuvas também deve ser observada pois nessas condições, pode ocorrer uma lavagem da superfície das folhas, impedindo a ação do produto no combate ao problema.
Nesses casos, o recomendado é estar atento à previsão de chuvas para o período após a aplicação, pois a planta leva um tempo para a realizar a absorção adequada. Caso contrário, pode causar perdas e até a necessidade de repetição da pulverização.
Saber a influência das condições climáticas na aplicação de defensivos agrícolas é importante para determinar o melhor momento de realizar o controle dos agentes e evitar o desperdício de mão-de-obra e produtos, melhorando a sua produção.
Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV
Doenças causam erradicação de lavouras de mamão no Norte do ES (Foto: Raphael Verly/ TV Gazeta)
Pés de mamão em propriedades no Norte do Espírito Santo tiveram que ser erradicadas por causa das doenças mosaico e meleira. Elas são causadas por um inseto e prejudicam a venda da fruta para o mercado externo.
Para evitar que o problema se espalhe para outros pés, o Ministério da Agricultura recomenda fiscalizações frequentes nas lavouras.
O produtor que não seguir as orientações do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) pode pagar multa que varia de acordo com o número de lavouras e as dimensões da área de produção, podendo chegar a R$ 50 milhões. No Norte do estado, Linhares e Jaguaré foram os municípios com o maior número de plantas doentes.
“Eu tinha 5 mil pés de mamão aqui, com expectativa boa de produção. Aos poucos, com essa doença, eu tive que vir retalhando, cortando, por conta do controle que tinha que ser feito. É um prejuízo imenso, porque isso faz parte do meu salário e, praticamente, foi cortado”, falou o produtor rural Edmar Pretti.
Em outra propriedade, o mamoeiro ainda está de pé, mas o prejuízo começou a se aproximar. “A gente tem outras lavouras de mamão. Então, a gente não quer passar dessa para outras. Assim, estamos fazendo o trabalho de erradicação”, disse o produtor Gilson Barros.
As duas doenças são quase imperceptíveis e podem causar problemas para quem já fez a derrubada e para outros produtores.
“O mosaico apresenta anéis nos frutos, como se fossem círculos. São sintomas bem característicos da doença e bem avançados. Há estrias compridas e oleosas na parte que liga a planta à folha. Na folha, ele forma um verde mais intenso com uma parte mais amarelada. Já a meleira começa com o látex mais aquoso. À medida que o sistema avança, ele tende a secar e nem sair mais látex ao picar a fruta”, detalhou o engenheiro agrônomo do Idaf Jacildo Ruy.
As doenças não afetam o sabor da fruta, mas alteram o desenvolvimento e a estética do mamão, o que atrapalha a venda. O mercado externo rejeita a fruta desse jeito.
“São pragas que não existem no território americano. Então, para conseguirmos vender nosso produto lá, precisamos fazer esse controle internamente”, explicou o diretor-executivo da Brapex, José Roberto Fontes.
Essas doenças são passadas para a árvore por um inseto chamado pulgão, e a única forma de controle é a derrubada do pé infectado.
“A doença não tem outro controle. É erradicar as plantas que apresentam sintomas, para impedir que a doença se alastre naquela lavoura e nas demais”, disse Ruy.
Por isso, o Idaf, sob orientação do Ministério da Agricultura, tem fiscalizado as propriedades e, se identifica o mosaico, recomenda o corte ao produtor.
“Nós damos um prazo para que o produtor faça a erradicação das plantas doentes. Nós retornamos ao local e, se não tiver feito a eliminação das plantas doentes, a gente parte para o corte compulsório e autuação do proprietário”, falou o engenheiro agrônomo do Idaf Rafael Braga.
Todo o rigor é para evitar que aconteça com o mamão o que aconteceu com o cacau anos atrás, quando praticamente toda lavoura da fruta no estado foi devastada por uma doença típica, a vassoura de bruxa.
“É importante lembrar que o estado de São Paulo, que era um dos maiores produtores de mamão, inviabilizou a cultura, justamente, por não controlar a virose lá”, destacou Fontes.
No entanto, se um pé estiver condenado, não significa que os outros também estejam. Numa fazenda, com meio milhão de pés, o controle é feito com frequência.
“Semanalmente, o controle é feito. Nós temos profissionais treinados, que passam nas lavouras duas vezes por semana, identificando os sintomas bem iniciais da virose, cortando e eliminando essas plantas das lavouras”, afirmou o diretor agrícola Geraldo Ferreguetti.
Ciclo do besouro metálico é estudado por pesquiadores da Prefeitura de Belo Horizonte. (Foto: Daniel Alves/PBH/Divulgação)
Começa a ser desvendado o problema com o besouro metálico (Euchroma gigantea) que foi responsável por contaminar mais de 500 árvores no ano passado em Belo Horizonte. Uma pesquisa feita pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZ) mostra que o ciclo do inseto, do ovo até o indivíduo adulto, pode durar mais de um ano e não cerca de 300 dias, como apontam estudos anteriores.
O besouro se alimenta do tronco e das raízes das árvores, principalmente as mungubas e paineiras, deixando-as ocas e com risco de cair em via pública. O inseto chega a ter 10 centímetros de comprimento, assim como suas larvas.
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a partir dos estudos sobre o ciclo do besouro metálico, será possível traçar estratégias para combater a praga.
A pesquisa começou em 2016. Mais de 70 besouros foram coletados para observação. Segundo a engenheira agrônoma e responsável pela pesquisa, Maria Aparecida Rocha Resende, a coleta foi necessária para descobrir se seria mais eficaz combater o inseto na fase adulta ou na fase larval.
Uma das descobertas foi que a fêmea do besouro quando se sente ameaçada pões todos os ovos de uma vez. Rapidamente, eles se aglutinam formando uma massa resistente, dura feito cimento.
Agora, o estudo ganhou reforço de cientistas da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). O desafio é entender como os besouros metálicos se comunicam e copulam. Para isso, os feromônios, substâncias químicas que fazem com que os animais se atraiam, serão foco da pesquisa.
Os compostos exalados pelos besouros serão coletados e colocados em contato com os insetos por meio de solvetes para verificar qual será reação. Os pesquisadores também vão avaliar fungos e bactérias capazes de controlar a praga.
“Essa é uma etapa do processo de pesquisa do besouro, outras pesquisas também são necessárias. Queremos estudar um fungo ou bactéria para controlar o besouro, vamos pesquisar homeopatia pra acabar com o besouro, vamos tentar todas as alternativas para termos um resultado consistente”, concluiu Maria Aparecida.
A tecnologia é capaz de reconhecer por meio de visão computacional e aprendizado o terreno, plantas, folhas e os frutos.
Os primeiros testes estão sendo realizados em uma área de milho, além de outra de uva de vinho, ambas na região. Estas culturas foram escolhidas porque agregam valor.
O projeto que teve início há dois anos tem parceria da Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), e da Unicamp. O apoio financeiro na casa dos R$ 200 mil é da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
De acordo com o líder do estudo, o pesquisador da Embrapa Thiago Teixeira Santos, a proposta é construir um robô com câmeras e escâner a laser que faça uma varredura na área escolhida, o mesmo sistema usado na indústria automobilística para os veículos autônomos.
“Já estamos importando as câmeras com RGB e os sensores a laser, como dos carros autônomos”, explica o líder da pesquisa.
Drone usado para avaliar plantas no campo pela Embrapa (Foto: Graziella Galinari)
Ainda segundo o pesquisador, a ideia é monitorar a lavoura com o uso de robôs com rodas e os drones.
Em certas culturas, o espaço entre um pé e outro é pequeno, o que pode dificultar o trabalho de um robô, por exemplo, sendo os drones mais viáveis neste casos.
Mas o desenvolvimento do sistema pode levar ainda a uma tecnologia embarcada nas máquinas agrícolas, que também podem em um futuro próximo realizar este mapeamento.