(31) 9 8720 -3111 contato@agropos.com.br
Nematoide do cisto: quais os danos e como manejar?

Nematoide do cisto: quais os danos e como manejar?

Você já ouviu falar do nematoide do cisto da soja, Heterodera glycines?

Este nematoide é um dos principais problemas sanitários da cultura da soja. No Brasil foi relatado pela primeira vez na safra 1991/92 e hoje em dia está presente em todas as regiões produtoras de soja do país.

Por isso, preparamos este artigo com informações sobre como reconhece-lo e as melhores maneiras de manejar.

Confira!

Nematoide do cisto: quais os danos e como manejar?

 

Conhecendo o nematoide dos cistos

O ciclo de vida do nematoide do cisto da soja pode durar de 21 a 24 dias, dependendo das condições climáticas, assim, são possíveis de duas a quatro gerações do nematoide por safra.

O seu desenvolvimento inclui 4 estágios juvenis e os adultos, macho e fêmea. O juvenil de segundo estágio, J2, migra no solo e invade as raízes da planta hospedeira, ficando conhecido como estagio infectivo.

Após a penetração o J2 estabelece o sítio de alimentação e continua a se desenvolver até chegar a fase adulta, se tornando macho ou fêmea.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

As fêmeas permanecem fixas à raiz e ao se alimentarem aumentam de volume, adquirindo a forma periforme.

Cada fêmea pode produzir aproximadamente 500 ovos, os quais ficam armazenados no interior do seu corpo.

Ao morrer, o corpo da fêmea se transforma no cisto, uma estrutura de sobrevivência de coloração marrom escura, resistente à deterioração e à dessecação.

Essa estrutura de sobrevivência permite a viabilidade dos ovos vários anos na ausência de plantas hospedeiras.

Estes cistos podem ser disseminados através do transporte de solo infestado, através de implementos, maquinários, sementes mal beneficiadas, pelo vento, água e animais que se alimentam de algo presente no solo e ingerem os cistos.

 

Ocorrência e danos do nematoides dos cistos

O nematoide do cisto da Soja no Brasil foi detectado no início da década de 90 na região dos cerrados. E atualmente acredita-se que mais de 3 milhões de hectares em praticamente todos os estados estejam infectados com este nematoide.

Segundo a Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN) as perdas geradas por este nematoide no agronegócio brasileiro podem chegar até 35 bilhões de reais por ano, atingindo 10,6% da soja mundial.

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

Sintomas e identificação do nematoides dos cistos

Os sintomas causados pelo nematoide dos cistos geralmente aparecem em reboleiras, e os mais comuns são clorose e a redução do porte das plantas. O que leva a doença a ser comumente conhecida como nanismo amarelo da soja.

Os sintomas podem progredir e causar a morte das plantas, no entanto, em locais com solos férteis e bom índice pluviométrico, os sintomas da parte aérea podem nem ser visualizados.

Por tanto, o principal diagnóstico do nematoide do cisto da soja deve ser realizado através da observação do sistema radicular, que fica reduzido e apresentando minúsculas fêmeas brancas do nematoide.

 

 

Estratégias de manejo

A adoção de medidas que possuem como finalidade impedir e ou pelos menos retardar a entrada do nematoide na área são de extrema importância, pois uma vez instalado no local sua erradicação é praticamente impossível.

A limpeza das máquinas e implementos agrícolas, tratamento de sementes com nematicidas químicos ou biológicos e aquisição de sementes são medidas que podem prevenir a entrada do nematoide na lavoura.

Porém, uma vez infectada a área o produtor deve lançar mão de outras medidas de controle, que visem diminuir o nível populacional do nematoide na lavoura.

O controle biológico do H. glycines, pode ser uma alternativa. Os principais agentes biológicos usados são Pochonia chlamydosporia, Pausteria nishizawae e Paecilomyces lilacinus. Que atuam por predação ou competição dos nematoides.

O controle com produtos biológicos pode ser feito com aplicação diretamente no solo ou através do tratamento de sementes.

Já o controle químico do nematoide dos cistos apesar de ser uma alternativa, tem sido bastante criticado do ponto de vista do custo benefício dos produtos e pelos resíduos gerados, sendo muito pouco utilizado.

A rotação de culturas é uma medida que pode reduzir significativamente as populações do nematoide do cisto da soja na lavoura.

O plantio de culturas hospedeiras, como sorgo, milho, crotalária e gramíneas forrageiras é recomendado para rotação com a soja.

Outra medida também muito utilizada é o uso de variedades de soja tolerante ou resistente ao nematoide dos cistos.

No mercado já existem muitas cultivares resistentes a este nematoide, algumas como por exemplo a BRS 7581RR da Embrapa são resistentes a mais de uma raça do nematoide.

O produtor, portanto, deve se atentar quais as principais raças do nematoide dos cistos estão presentes na área, antes de adquirir a cultivar de soja.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Neste artigo, conhecemos mais a respeito do nematoide dos cistos da soja, sua importância, os principais sintomas e danos causados à cultura.

Também foi falado sobre a importância de evitar a entrada do nematoide na área e depois de introduzido como manejá-lo.

O nematoide do cisto da soja, como vimos, é um dos principais limitantes da cultura, no entanto é possível conviver com esta praga na lavora e produzir com níveis satisfatórios.

 

Pós-graduação Fitossanidade

Principais nematoides da soja: identificação e manejo!

Principais nematoides da soja: identificação e manejo!

Neste texto veremos como identificar e manejar os principais nematoides que atacam a cultura da soja. Confira!

O cultivo da soja iniciou no Brasil na década de 40 no Rio Grande do Sul. Atualmente é a principal comodities nacional, sendo cultivada em todas regiões agrícolas do Brasil.

No entanto, com a expansão da cultura da soja tem também aumentado o ataque de pragas e doenças, o que tem limitado a obtenção de altos rendimentos.

O ataque de fitonematoides tem tomado lugar de destaque entre os problemas fitossanitários da cultura.

No Brasil os nematoides mais prejudiciais à soja têm sido os formadores de galha (Meloidogyne spp), o nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus), nematoide do cisto (Heterodera glycines) e o nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis).

 

Principais nematoides da soja: identificação e manejo!

 

Nematoides das galhas (MELOIDOGYNE SPP.)

Popularmente conhecido como nematoides de galhas, o gênero Meloidogyne inclui um grande número de espécies. No entanto, M. javanica e M. incognita são as principais espécies que atacam a soja.

A ocorrência do M. javanica ocorre de forma generalizada no Brasil, enquanto M. incognita ocorre principalmente em áreas anteriormente cultivadas com café ou algodão.

Nas raízes das plantas atacadas é possível observar a presença de galhas de número e tamanho variados.

As fêmeas do Meloidogyne spp., possuem coloração branca pérola, formato piriforme e estão alojadas no interior das galhas.

Plantas amareladas e menos desenvolvidas, em reboleiras, são observadas em lavoras de soja atacadas pelo nematoides das galhas.

Outro sintoma que frequentemente é observado é conhecido como folha “carijó”, quando as folhas das plantas afetadas apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Nematoides das lesões radiculares (PRATYLENCHUS BRACHYURUS)

O nematoide das lesões radiculares, Pratylenchus brachyurus tem causado danos econômicos elevados à cultura da soja no Brasil. Na região Centro Oeste, as perdas em produtividade podem chegar em até 50%.

O P. brachyurus é um endoparasita migrador, ou seja, ele permanece móvel durante o seu ciclo de vida, o que lhe permite migrar nos tecidos da planta.

Os sintomas causados por este nematoide geralmente estão associados a podridões e necroses do sistema radicular das plantas hospedeiras.

Uma vez que, outros organismos patogênicos, como bactérias e fungos, penetram nas raízes através das lesões causadas pelo nematoide.

Já os sintomas reflexos na parte aérea, costumam ocorrer em reboleiras e são principalmente nanismo, murcha nas horas mais quentes do dia e clorose.

 

Nematoide do cisto (HETERODERA GLYCINES)

O nematoide do cisto da soja, Heterodera glycines, é um endoparasita sedentário, que desde da safra de 1991/92 tem causado serias perdas na produção de soja no Brasil.

O H. glycines penetra nas raízes da planta de soja e dificulta a absorção de água e nutrientes, causando clorose e redução no porte das plantas, por isso, a doença ficou conhecida como nanismo amarelo da soja.

Os sintomas também aparecem em reboleiras e na maioria dos casos, as plantas de soja acabam morrendo.

No entanto, em regiões que apresentam solos mais férteis e boa distribuição de chuva, os sintomas na parte aérea podem não serem vistos.

Por tanto, para o diagnóstico correto deve-se avaliar sempre o sistema radicular. Pois, nas plantas parasitadas o sistema radicular fica reduzido e apresenta as fêmeas do nematoide.

As fêmeas apresentam formato de limão e coloração branca. Com o avançar do tempo, a fêmea morre e seu corpo se torna uma estrutura dura de coloração marrom escura, denominada cisto, que se desprende facilmente das raízes.

O cisto contém, em média, cerca de 200 ovos do nematoide e é considerada uma estrutura muito eficiente de disseminação e sobrevivência.

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

Nematoide reniforme (ROTYLENCHULUS RENIFORMIS)

A partir do final da década de noventa, o nematoide reniforme, Rotylenchulus reniformis, vem aumentando em importância na cultura da soja, principalmente no Mato Grosso do Sul.

As fêmeas de R. reniformis são ectoparasitas sedentárias e, ao alcançarem a maturidade sexual, adquirem forma semelhante à de um rim, por isso a denominação nematoide “reniforme”.

Lavouras de soja com solos infestados com este nematoide são caracterizadas pela grande desuniformidade, com extensas áreas de plantas subdesenvolvidas. E não são observadas reboleiras típicas.

O sistema radicular das plantas atacadas pelo nematoide apresentam se mais pobre e, em alguns pontos da raiz, é possível observar uma camada de solo aderida às massas de ovos do nematóide.

As massas de ovos formadas podem conter de 50 a 120 ovos cada e são produzidas externamente, sobre a superfície das radicelas.

 

Manejo dos nematoides da soja

Para se realizar um manejo adequado dos nematoides na lavoura de soja, é importante que se adote medidas integradas, não se restringindo a apenas uma medida, mas há um conjunto de medidas.

Primeiramente, deve ser feita a identificação correta do nematoide que está causando danos à lavoura de soja. Esse diagnóstico é realizado através de amostras de solo e raízes em laboratório especializado.

Para a amostragem, devem ser coletadas na profundidade de 20-30 cm ao redor das plantas pequenas porções de solo, aproximadamente 200 g e algumas raízes.

As amostras devem ser mantidas em temperaturas entre 10°C e 15°C, ou deixadas à sombra para evitar o ressecamento, que dificulta o diagnóstico correto em laboratório.

Com a correta identificação do nematoide que está presente na área, a rotação de cultura pode ser implantada com maior eficiência. Pois determinadas culturas são resistentes ou tolerantes a alguns gêneros de nematoides.

Por exemplo, algumas crotalárias são eficientes no controle do nematoide das lesões radiculares, enquanto que gramíneas são alternativas no controle do nematoide reniforme.

O uso de variedades de soja resistentes a alguns nematoides também é uma medida de controle muito eficiente.

No entanto, as variedades resistentes devem ser utilizadas em programas de rotação que incluam também uma planta não hospedeira, para que a resistência não seja suplantada.

E para evitar a disseminação para outras áreas não infestadas com nematoides medidas como a correta lavagem dos equipamentos utilizados nas lavouras e o controle de tráfego das máquinas, também devem ser adotadas.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Neste artigo, conhecemos as espécies de nematoides de maior importância para a cultura da soja, suas características e os sintomas.

Também discutimos a importância de realizar a correta identificação do nematoide causador dos danos a lavoura para adotar as corretas medidas de manejo.

Com isso, espero que você consiga evitar que os nematoides afetem a produtividade da sua lavoura de soja!

Pós-graduação Fitossanidade

Nematoide das galhas: uma grande ameaça às lavouras!

Nematoide das galhas: uma grande ameaça às lavouras!

Como você já aprendeu aqui no blog os nematoides são vermes microscópicos capazes de viver em diferentes habitats, inclusive parasitando. O nematoide das galhas, do gênero Meloidogyne, é considerado entre os nematoides parasitas de plantas um dos mais importantes, devido a sua ampla distribuição geográfica, o grande número de culturas que afeta e por causar perdas incalculáveis às lavouras.

Os nematoides podem afetar diversas culturas agrícolas, eles se alimentam através do estilete, uma estrutura similar a uma agulha, sugando o conteúdo celular.

Por isso, preparamos este texto com informações sobre como reconhece-lo e as melhores maneiras de manejar. Confira!

 

Nematoide das galhas: uma grande ameaça às lavouras!

 

Conhecendo o nematoide das galhas

Este nematoide, como seu nome indica, induz a formação de galhas nas raízes, afetando a translocação de água e nutrientes pela planta.

O principal gênero que compreende o chamado nematoide das galhas é o Meloidogyne, sendo as espécies mais comuns: M. incognita; M. javanica, M. arenaria e M. hapla.

Meloidogyne spp. são endoparasitas sedentários, ou seja, eles permanecem no mesmo local no interior das raízes a maior parte do seu ciclo de vida, que é favorecido por climas mais quentes.

Suas fêmeas podem ser observadas no interior das galhas, apresentando aspecto globoso e coloração braço-leitosa.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Ciclo de vida 

Para entendermos a formação das galhas é necessário conhecermos, mesmo que de forma resumida o ciclo de vida do nematoide das galhas.

Vem comigo que te explico!

O ciclo de vida completo do Meloidogyne spp. é constituído pela fase de ovo, 4 estágios juvenis (J1, J2, J3 3 J4) e adultos.

Os ovos são depositados pelas fêmeas externamente às raízes envoltos por uma massa gelatinosa.

A fase juvenil de 1° estádio (J1), ocorre ainda dentro do ovo, que após uma ecdise, troca de cutícula, evolui para J2, fase infectiva do nematoide das galhas.

O J2 penetra no tecido do hospedeiro e estabelece o sítio de alimentação, se tornando sedentário. Para favorecer a sua nutrição, secreções produzidas pelo nematoide estimulam a formação de várias células gigantes nas raízes parasitadas, formando assim as galhas.

Esses nematoides aumentam rapidamente de tamanho e passam por mais duas fases juvenis (J3 e J4) até se tornarem adultos.

 

Sintomas causados pelo nematoide das galhas

Os sintomas causados pelo nematoide das galhas na parte aérea das plantas são murcha, desfolha, plantas pequenas e pouco vigorosas.

Estes sintomas são facilmente confundidos com stress abiótico, como stress hídrico ou nutricional. No entanto lembre-se, neste caso os sintomas normalmente vão ocorrer de forma generalizada, enquanto que os nematoides ocorrem em reboleiras.

Porém, o sintoma mais típico da presença deste nematoide ocorre nas raízes. As plantas atacadas apresentam má formação e galhas radiculares.

 

Principais culturas afetadas pelo nematoide das galhas e importância econômica

O nematoide das galhas é parasita de várias culturas e de grande importância para a agricultura brasileira. Dentre as culturas afetadas estão videira, cafeeiro, arroz, cana-de-açúcar, tomate, algumas hortaliças, algodão e soja.

A cultura da soja é suscetível à infecção de vários nematoides, no entanto, as espécies de nematoide das galhas mais importantes desta cultura são M. incognita e M. javanica

O M. incognita, também está entre as espécies de nematoides mais frequentes em áreas produtoras de algodão e hortaliças

Os nematoides das galhas são considerados os mais comuns e destrutivos dentre os nematoides que parasitam plantas.

Eles produzem sintomas severos e podem reduzir expressivamente a produção agrícola. Além disso, podem favorecer plantas hospedeiras às infecções causadas por outros patógenos, aumentando o potencial de perda da cultura.

 

Como manejar os nematoides das galhas

O controle do nematoide da galha, assim como de qualquer outro e fitonematoide é muito dispendioso, principalmente pelo fato de a erradicação ser praticamente impossível.

Por tanto, o sucesso do controle em áreas infestadas requer um conjunto de medidas que visem reduzir o nível populacional do nematoide no solo.

Listamos aqui algumas medidas aplicáveis para o manejo do nematoide das galhas.

 

Evitar a entrada do nematoide

A principal forma de manejo consiste em evitar que o nematoide entre na área, desta maneira deve-se atentar as suas formas de disseminação.

A limpeza de maquinários e implementos agrícolas, mudas sadias e livre de nematoides, substrato estéril e água de irrigação de qualidade são medidas que diminuem a disseminação do nematoide.

 

Rotação de culturas

A maioria das espécies do nematoide das galhas são polífagas, ou seja, apresenta ampla gama de hospedeiros. Desta forma, a rotação de culturas como forma de controle pode ser dificultada.

No entanto, caso seja identificada uma cultura não hospedeira da espécie de Meloidogyne presente na área de cultivo, esta medida pode se tornar bem sucedida. Por exemplo, M. incognita em plantios de algodão, pode ser manejado efetivamente por meio de rotação de culturas.

 

Tecnologias que agregam qualidade à pulverização

 

Plantas antagonistas

Plantas antagonistas como as crotalárias (Crotalaria spp.), cravo-de-defunto (Tagetes spp.) e mucunas (Estizolobium spp.) são utilizadas com sucesso no manejo de nematoides da galha.

Estas plantas podem permitir a invasão dos nematoides, porém não permite o desenvolvimento até a fase adulta, reduzindo assim os níveis populacionais.

 

Resistência genética

Cultivares resistentes ou tolerantes são aquelas que conseguem abaixar o fator de reprodução do nematoide e garantir resultados satisfatórios na colheita.

Visando a resistência ao nematoide das galhas já estão disponíveis cultivares de importantes culturas agronômicas, como soja, algodão e café.

 

Controle biológico

Existem vários produtos biológicos com ação nematicida no ministério da agricultura. Alguns controlam muito bem o nematoide das galhas em diversas culturas agronômicas.

Atualmente, os produtos mais utilizados para controle biológico de nematoides são a base de fungos e bactérias. Como por exemplo o fungo Paelomyces lilacinus e as bactérias Pasteuria penetrans e Bacillus firmus.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Como você viu, o nematoide das galhas é uma das principais pragas em diversas culturas no Brasil, causando inúmeras perdas.

Portanto, é de grande importância evitar a entrada do mesmo na área, uma vez que a eliminação do nematoide das galhas é praticamente impossível.

Assim, é necessário a identificação correta da espécie, para a aplicação das medidas de manejo, como rotação de cultura, resistência genética, controle biológico e outros.

 

Pós-graduação Fitossanidade

Nematoides: os inimigos invisíveis das lavouras.

Nematoides: os inimigos invisíveis das lavouras.

Você sabia que os nematoides que infectam plantas são reconhecidos como uma das maiores ameaças à agricultura? Que tal conhecer as principais espécies que causam perdas nos cultivos do Brasil?

 

Nematoides: os inimigos invisíveis das lavouras.

 

Nematoides são vermes microscópicos capazes de sobreviver nos mais diversos ambientes. Possuem corpos cilíndricos, não segmentados, que ficam afilados em direção às extremidades. No entanto, algumas fêmeas, em certas fases da vida, podem ter o corpo com formato globoso, de pera, limão ou rim.

Eles retiram seus nutrientes da planta através de uma estrutura em forma de agulha, chamada de estilete, perfurando a célula e sugando seu conteúdo.

A maioria das espécies que infectam as plantas são endoparasitas. Ou seja, elas permanecem no interior raízes na sua fase adulta. Algumas, no entanto, são ectoparasitas, permanecendo no solo.

Todas as culturas são atacadas por pelo menos uma espécie de nematoide. Eles atacam quase todas as partes da planta, incluindo raízes, caules, folhas, frutos e sementes.

Os gêneros de nematoides mais importantes que infectam as plantas são: Heterodera, Pratylenchus, Thylenchulus, Globodera, Radopholus. Há consenso, no entanto, que dentre estes, o mais importante devido a sua distribuição, número de culturas que afeta e prejuízos causados é o Meloidogyne.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Principais nematoides do Brasil

 

Nematoide das galhas: Meloidogyne spp.

Os sintomas do nematoide das galhas na parte aérea incluem murcha, nanismo, deficiência nutricional e nanismo. Mas sãos as raízes que deixam pouca ou nenhuma dúvida. Este nematoide induz a formação de galhas nas raízes das plantas infectadas.

Eles penetram nas raízes e ao alimentar-se induzem a formação de células gigantes. As fêmeas desse nematoide são globosas de colocação branco-leitosa e podem ser observadas no interior dessas galhas.

Quando a incidência deste nematoide é muito alta, falhas nos estandes podem ser observadas. São plantas que morrem em decorrência do ataque do patógeno. Essas falhas ocorrem em reboleiras, geralmente.

 

Nematoide das lesões: Pratylenchus spp.

Populações baixas deste nematoide podem não causar sintomas visíveis na parte aérea. No entanto, populações muito altas podem levar a falhas de estande, deficiência nutricional. Este nematoide, como seu nome indica, causa lesões necróticas nas raízes.

As lesões necróticas causadas por este nematoide, podem também funcionar como porta de entrada para outros patógenos, como fungos apodrecedores.

Este gênero possui mais de 70 espécies e pode infectar mais de 400 espécies vegetais. Dentre estas, várias de importância econômica dentre elas, amendoim, batata, arroz, milho e diversas frutíferas.

 

Fungos causadores de doenças em plantas.

 

Nematoide do cisto – Heterodera glycines

Perdas de 10 a 20% têm sido causadas por este nematoide em campos de soja. Muitas das vezes, como os sintomas podem não ser tão óbvios, essas perdas acabam sendo atribuídas a fatores ambientais ou culturais, aumentado a população do patógeno para os próximos anos.

Os sintomas ocorrem em reboleiras e na parte aérea são caracterizados por redução do porte das plantas, do número de vagens, amarelecimento e baixa produtividade.

As fêmeas do nematoide, em formato de limão e com um pouco mais de 1mm de diâmetro são facilmente vistas do lado de fora de raízes extraídas de plantas doentes.

 

Declínio do citros – Tylenchulus semipenetrans

Embora existam diversas espécies de nematoides que causam doenças em citros, a mais devastadora é Tylenchulus semipenetrans. Ele causa a doença conhecida como declínio do citros, que ocorre em todas as regiões produtoras do mundo e pode levar a perdas de 50 a 90%.

As plantas infectadas exibem um declínio lento, que leva entre 3 a 5 anos em média. Durante este período observa-se a morte de galhos, folhas pequenas e tamanho de frutos reduzido. As raízes da planta tornam-se atrofiadas.

 

Nematoide cavernícola – Radophulus similis

Este é o principal nematoide da cultura da banana, fazendo com que após a infestação áreas de cultivo sejam abandonadas. É um parasita migrador que se alimenta das raízes da planta, formando galerias que enfraquecem a planta. Daí o nome de nematoide cavernícola.

Após a emissão do cacho, a planta perde a sua sustentação e muitas vezes chega a tombar. Altas infestações do nematoide causam ainda rachaduras no pseudocaule da planta, favorecendo o ataque de microrganismos secundários.

 

Coleta e identificação de amostras nematológicas

Um agrônomo/ agricultor experiente pode em algumas das vezes identificar os nematoides fitoparasitas em campo. Na maioria, no entanto, é necessário a realização de coleta de amostras e envio a laboratórios especializados.

A amostra enviada deve ser representativa da área e conter solo e raízes sintomáticos ou galhas, quando for o caso. Elas devem ser mantidas com umidade natural até o momento da avaliação.

Cada amostra deve ser composta de subamostras de solo com as mesmas características, coletadas na profundidade de 10 a 20cm. Para isso, recomenda-se o caminhamento em ziguezague.

 

Manejo de nematoides fitopatogênicos

Após estabelecidos em uma área é impossível erradicar os nematoides. Por isso, todas as medidas adotadas após o estabelecimento visam conviver com o problema.

A amostragem e exame laboratorial podem dizer se os nematoides estão presentes naquela área. Em caso negativo, o manejo integrado dessa praga deve ser focado em evitar a sua introdução. Caso estejam presentes na área, o objetivo é manter a população em baixa densidade durante o cultivo.

 

Controle preventivo

As medidas de controle preventivo incluem utilização de mudas sadias – livres de nematoides, evitar o plantio em épocas favoráveis, evitar o plantio em épocas favoráveis. A limpeza de maquinários e implementos agrícolas também é uma medida recomendada.

 

Rotação de culturas

Cultivar uma cultura que o nematoide não é capaz de se reproduzir é uma boa maneira para controlar algumas espécies.

Com o planejamento adequado, a rotação pode ser combinada com solarização ou pousio, de maneira a reduzir a população de nematoides que atacam raízes.

A rotação de uma cultura não hospedeira por um ou mais anos reduz as populações de nematoides por falta de alimento.

 

Uso de culturas resistentes aos nematoides

Cultivares resistentes são aquelas que conseguem prevenir ou restringir marcantemente a reprodução do nematoide nos seus tecidos.

Existem cultivares resistentes a nematoides para diversas culturas de importância, como cafeeiro, tomateiro, cenoura, soja, batata e cana, visando principalmente a resistência a nematoide das galhas e do cisto.

Cultivares tolerantes são aqueles que mesmo infectados por nematoides, conseguem superar este ataque e produzir uma boa colheita. Essa é uma prática questionável, pois os nematoides continuam a se reproduzir no local e isso poderá comprometer a rotação de culturas, caso implementada.

 

Controle biológico dos nematoides

Existem diversos microrganismos que atuam como predadores ou parasitas de nematoides fitopatogênicos. Esses organismos são chamados de inimigos naturais de nematoides. Dentre estes, os mais utilizados são os fungos e bactérias.

Nos últimos anos, diversos agentes de controle biológico foram registrados para controle biológico de fitonematoides. Alguns controlam muito bem nematoides importantes como o nematoide das galhas, em diversas culturas agronômicas.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Os nematoides têm causado perdas em diversas culturas. No Brasil, o nematoide das galhas, o nematoide do cisto e o nematoide das lesões são os mais importantes, devido aos prejuízos que vem causando na nossa agricultura.

Assim, é de fundamental importância identificar e quantificar estes patógenos em uma área. Isso pode ser feito por meio de uma coleta adequada de amostras e envio para laboratório especializado.

Identificada a causa do problema, é preciso conviver com ele, uma vez que é praticamente impossível eliminar um nematoide de uma área. O manejo integrado de nematoides inclui medidas como a rotação de culturas, resistência genética, controle biológico, dentre outros.

Escrito por Nilmara Caires.

Pós-graduação Fitossanidade

Especialistas discutem inovações no controle dos nematoides

Especialistas discutem inovações no controle dos nematoides

Congresso de Nematologia debateu a ocorrência dos nematoides como um dos principais fatores limitantes de produtividade nas culturas em todo o país. Cerca de 20 representações de estados brasileiros marcaram presença na atividade. | Imagem: Paulo Lanzetta / reprodução Embrapa

Após uma semana de palestras, painéis, apresentação de trabalhos e minicurso dedicados à identificação, manejo, controle e danos causados pelos nematoides, o 35º Congresso Brasileiro de Nematologia (CBN) encerrou com visita técnica a parreirais e pomares de pessegueiros, na última sexta-feira, dia 29. Nesta edição, com o tema Nematoides: problemas emergentes e estratégias de manejo, o principal fórum nacional sobre o assunto reuniu, de 24 a 29 de junho, em Bento Gonçalves/RS, aproximadamente 400 participantes, entre pesquisadores, técnicos, produtores e estudantes.

“Com certeza os nematoides são hoje um dos principais fatores limitantes de produtividade nas culturas em todo o país, apesar de ainda serem subestimados e desconhecidos, além de difícil controle. Se a identificação for errada, o manejo não será eficiente”, pontuou o presidente do 35º CBN, Jerônimo Vieira de Araújo Filho, ao destacar a importância dos encontros anuais promovidos pela Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN).

Segundo sua avaliação, a 35ª edição apresentou vários temas técnicos importantes que abordaram desde ferramentas para o diagnóstico até novas moléculas nematicidas e formas alternativas de controle, como o biológico. Araújo Filho também destacou a importante inclusão das fruteiras de clima temperado e tropical e das grandes culturas, como o arroz e a cana-de-açúcar; fruteiras de clima temperado ainda não haviam sido contempladas nas edições anteriores. “O programa estava bastante direcionado para o Sul, mas integrou todo o país. A apresentação de problemas emergentes, como a ‘soja louca’, ou mesmo as pragas quarentenárias, sempre atraem os profissionais que buscam subsídios em outras regiões e até mesmo em outros países”, avaliou.
—–
Pós-graduação lato sensu a distância em Avanços no Manejo Integrado de Pragas em Culturas Agrícolas e Florestais
—–
Além das apresentações técnicas e discussões, a interação e o intercâmbio de experiências entre os participantes foi outro ponto ressaltado pelos organizadores. “Muitas vezes um relato dos danos da praga em uma região é mais eficaz e atrai mais a atenção dos participantes do que uma palestra sobre o mesmo tema”, comenta Araújo Filho, destacando esses momentos como um dos pontos positivos do encontro, dada a diversidade da origem dos participantes. Segundo dados da organização, nesta 35a edição, o Congresso contou com a participação de representantes de 20 estados brasileiros (Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins) e de seis países (Argentina, Bélgica, Brasil, Panamá, Paraguai e Estados Unidos).

Outro resultado importante do Congresso foi a identificação e a proposição de melhorias que podem ser lideradas pela SBN, como foi o caso nesta edição da discussão sobre uma possível certificação dos laboratórios, conforme relatado pelo vice-presidente do 35º CBN e pesquisador da Embrapa Clima Temperado, César Bauer. “A partir da apresentação do panorama da situação atual dos laboratórios responsáveis pela identificação de nematoides e dos erros que vêm acontecendo, discutiu-se a criação de um selo de qualidade, pontuou Bauer. Com o selo, busca-se qualificar o serviço de emissão de laudos de identificação de nematoides e, consequentemente, possibilitar a adoção de medidas de controle mais eficazes.

Além de possibilitar a atualização científica, o Congresso oportunizou, com a palestra de encerramento “Empreendedorismo no mundo científico: Brasil e exterior”, apresentada pelo pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Marcos Botton, uma nova perspectiva para os estudantes e profissionais presentes. “Nosso objetivo foi fomentar novas possibilidades, dar uma ‘chacoalhada’ nos participantes, retirando-os de sua zona de conforto”, destacou Araújo Filho. Segundo sua avaliação, a palestra apresentou novas oportunidades ajustadas à realidade atual, tanto para os estudantes como para os profissionais presentes. “Não basta mais formar, é importante fomentar novas possibilidades, caminhos alternativos. Não adianta formar mais 50 doutores e não ter espaço para todo mundo”, concluiu ele.

Premiação
Durante o jantar de confraternização do 35º CBN, na noite do dia 28 de junho, foram anunciados os nomes dos estudantes de graduação e pós-graduação premiados, bem como os vencedores do Concurso de fotografias. Confira alista premiados com fotos:

Graduação (Prêmio Anário Jaehn)

  • Angélica Sanches Melo – Reação de trigo mourisco a Meloidogyne javanica.
  • Danilo Calixto da Silva – Flutuação populacional do nematoide reniforme em sucessão e rotação de culturas na soja.
  • Leidiane Pinheiro dos Santos – Interação de nematicidas químicos e biológicos na cultura de fitonematoides

Pós-graduação (Prêmio Dimitry Tihohod)

  • Juliane V.C.L. Silva – Uso da terra e variáveis climáticas estruturam a comunidade de nematoides na Caatinga.
  • Angélica Miamoto –Suscetibilidade de Macrotyloma axillare cv Java a Meloidogyne javanica e interação histopatológica
  • Raycenne Rosa Leite – Biologia Comparada de Meloidogyne graminicola em Oryza sativa e O.glumaepatula

O 35º Congresso Brasileiro de Nematologia foi uma realização da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), em parceria com a Embrapa e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A próxima edição acontecerá em 2019, em Caldas Novas Goiás e contará com o apoio na organização doProfessor Fernando Godinho do Instituto Federal Goiano, Irataí-GO.

Fonte: Viviane Zanella | Embrapa