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Brasil é o 4º maior gerador de lixo plástico do mundo

Brasil é o 4º maior gerador de lixo plástico do mundo

O país recicla apenas 1,28% do total produzido, um dos menores índices da pesquisa.

A crise mundial da poluição por plásticos só vai piorar a menos que todos os atores da cadeia de valor dos plásticos se responsabilizem pelo custo real do material para a natureza e para as pessoas, alerta um relatório do WWF (Fundo Mundial para a Natureza) publicado na última segunda-feira (5). O novo estudo, “Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e

Responsabilização”, reforça a urgência de um acordo global para conter a poluição por plásticos.

Segundo o estudo, o volume de plástico que vaza para os oceanos todos os anos é de aproximadamente 10 milhões de toneladas, o que equivale a 23 mil aviões Boeing 747 pousando nos mares e oceanos todos os anos – são mais de 60 por dia. Nesse ritmo, até 2030, encontraremos o equivalente a 26 mil garrafas de plástico no mar a cada km2, revela o estudo conduzido pelo WWF.

“Nosso método atual de produzir, usar e descartar o plástico está fundamentalmente falido. É um sistema sem responsabilidade, e atualmente opera de uma maneira que praticamente garante que volumes cada vez maiores de plástico vazem para a natureza”, afirma Marco Lambertini, Diretor-Geral do WWF-Internacional.

De acordo com o estudo:

“O plástico não é inerentemente nocivo. É uma invenção criada pelo homem que gerou benefícios significativos para a sociedade. Infelizmente, a maneira com a qual indústrias e governos lidaram com o plástico e a maneira com a qual a sociedade o converteu em uma conveniência descartável de uso único transformou esta inovação em um desastre ambiental mundial. Aproximadamente metade de todos os produtos plásticos que poluem o mundo hoje foram criados após 2000. Este problema tem apenas algumas décadas e, ainda assim, 75% de todo o plástico já produzido já foi descartado.”

No Brasil

O Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico no mundo, com 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. O Brasil recicla apenas 1,28% do total produzido, um dos menores índices da pesquisa e bem abaixo da média global de reciclagem plástica que é de 9%. O levantamento foi realizado pelo WWF com números do Banco do Mundial e analisou a relação com o plástico em mais de 200 países, e apontou que o brasileiro produz, em média, aproximadamente 1 quilo de lixo plástico a cada semana.

No Brasil, segundo dados do Banco Mundial, mais de 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular, sem qualquer tipo de tratamento, em lixões a céu aberto. Outros 7,7 milhões de toneladas são destinadas a aterros sanitários. E mais de 1 milhão de toneladas sequer são recolhidas pelos sistemas de coleta.

“É hora de mudar a maneira como enxergamos o problema: há um vazamento enorme de plástico que polui a natureza e ameaça a vida. O próximo passo para que haja soluções concretas é trabalharmos juntos por meio de marcos legais que convoquem à ação os responsáveis pelo lixo gerado. Só assim haverá mudanças urgentes na cadeia de produção de tudo o que consumimos”, afirma Mauricio Voivodic, Diretor Executivo do WWF-Brasil.

Acordo global

A proposta desse acordo global será votada na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-4), que será realizada em Nairóbi, no Quênia, de 11 a 15 de março. Segundo o estudo do WWF, mais de 104 milhões de toneladas de plástico irão poluir nossos ecossistemas até 2030 se nenhuma mudança acontecer na nossa relação com o material.

Em fevereiro, o WWF lançou uma petição para pressionar os líderes globais a defenderem esse acordo legalmente vinculativo sobre a poluição dos plásticos marinhos na UNEA-4, que até agora atraiu 200.000 assinaturas em todo o mundo.

Por:  CicloVivo

Empresas vão investir US$ 1 bilhão para combater descarte incorreto de plásticos

Empresas vão investir US$ 1 bilhão para combater descarte incorreto de plásticos

plástico

Cerca de 80% dos resíduos plásticos nos oceanos começa como lixo nas cidades e a maioria chega por meio dos rios. A estimativa é que 90% dos resíduos plásticos que chegam pelos rios aos oceanos vêm dos 10 maiores rios no mundo – oito na Ásia e dois na África. Os números são de uma pesquisa da Ocean Conservacy.

Diante deste cenário, 29 empresas globais dos setores de plástico e bens de consumo lançaram nesta quarta-feira (16) uma aliança visando implementar soluções para a eliminação do descarte de material plástico no meio ambiente, especialmente nos oceanos.

A AEPW – Alliance to End Plastic Waste (Aliança para o Fim dos Resíduos Plásticos) está destinando mais de US$ 1 bilhão a esse objetivo, com a meta de investir US$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos.

A Aliança irá desenvolver e implementar soluções que minimizem os resíduos plásticos e promovam destinos sustentáveis para plásticos usados, gerando uma economia circular em torno desses resíduos.

“Todos concordam que o lugar dos resíduos plásticos não é nos oceanos ou em qualquer lugar do meio ambiente.

Este é um desafio global sério e complexo que exige ações rápidas e forte liderança.”, afirma David Taylor, Presidente e CEO da Procter & Gamble ((P&G), e presidente da AEPW. “Eu convoco todas as empresas, grandes ou pequenas e de todas as regiões e setores, a se juntarem a nós”, complementou.

“A história nos mostrou que ações coletivas e parcerias entre a indústria, governo e ONGs podem entregar soluções inovadoras para um desafio global como esse”, comenta Bob Patel, CEO da LyondellBasell, e vice-presidente da AEPW. “O problema dos resíduos plásticos é visto e sentido em todo o mundo. Ele deve ser combatido, e acreditamos que a hora de agir é agora”.

Projetos previstos

A Aliança é uma organização sem fins lucrativos e ao anunciar o investimento também ressaltou o pacote de medidas previsto.

Entre os projetos, há parcerias com prefeituras para sistemas integrados de gestão de resíduos em grandes áreas urbanas com baixa infraestrutura; promoção de modelos de negócios e empreendedores que trabalhem pela prevenção de plásticos no oceano e pela gestão de resíduos e reciclagem e a criação de um banco de dados global, aberto e científico, para dar suporte a projetos de gestão de resíduos globalmente.

O grupo ainda afirma irá fazer investimentos adicionais nos próximos meses. Gerenciamento de resíduos, reciclagem, reutilização de plásticos, educação e engajamento de governos, empresas e comunidades e limpeza de áreas com concentração de resíduos plásticos estão entre as prioridades.

Confira abaixo as empresas que são membros fundadores da Aliança: Braskem, BASF, Berry Global, Chevron Phillips Chemical Company LLC, Clariant, Covestro, CP Group, Dow, DSM, ExxonMobil, Formosa Plastics Corporation USA, Henkel, LyondellBasell, Mitsubishi Chemical Holdings, Mitsui Chemicals, Nova Chemicals, OxyChem, PolyOne, Procter & Gamble, Reliance Industries, SABIC, Sasol, Suez, Shell Chemical, SCG Chemicals, Sumitomo Chemical, Total, Veolia e Versalis (Eni).

“Pouco e atrasado”

Sobre a fala de Bob Patel nem todos concordam. Apesar de ser claro que é preciso fazer algo, talvez as medidas não sejam tão eficazes como se espera. “Este anúncio da indústria é muito pouco, muito atrasado”, afirma Dianna Cohen, CEO da Plastic Pollution Coalition. Para ela, mais do que reciclar é preciso trabalhar na redução -, o que é um grande desafio para as companhias que compõem a aliança: a brasileira Braskem, BASF e a Shell estão entre membros fundadores.

“A produção de plásticos deverá aumentar em 40% na próxima década. A reciclagem não resolve o problema, e o plástico descartável está preenchendo nossos cursos d’água, oceanos e meio ambiente.

Essas empresas globais devem tomar medidas para reduzir a produção de plástico.

Precisamos desligar a torneira. Como o capitão Charles Moore (umadas maiores referências no tema lixo marinho) costuma dizer, sem redução, o investimento em reciclagem e limpeza é como esvaziar uma banheira transbordante com uma colher de chá”, comenta Dianna.

Como reduzir os riscos de incêndios em florestas plantadas?

Como reduzir os riscos de incêndios em florestas plantadas?

O Brasil é um dos principais produtores de celulose, papel e painéis de madeira do mundo, com toda sua matéria prima oriunda das florestas plantadas. Tais florestas, exercem papel relevante nos aspectos econômicos, sociais e ambientais, por que contribui com a balança comercial brasileira, gera emprego e renda em todas as regiões do Brasil e, ainda proporciona a preservação e conservação ambiental, uma vez que as florestas plantadas minimizam a supressão de florestas nativas.

No entanto, para a obtenção destes benefícios para a sociedade, torna-se necessário um planejamento florestal estratégico, no intuito de reduzir os riscos de perda da matéria prima, prevendo-se a proteção dos povoamentos florestais através de planos contra o ataque de pragas e incêndios florestais. A figura do gestor florestal e proprietário de áreas com florestas plantadas deve-se atentar na elaboração e execução de planos de prevenção.

Os incêndios florestais representam um grande fator de risco para os plantios florestais brasileiro, principalmente pelas condições climáticas do País propensas ao início da combustão da biomassa vegetal. A prevenção dos incêndios podem ser uma grande ferramenta para o gestor florestal, tendo em vista que representa o trabalho mais importante de um sistema de controle de incêndios.

A prevenção de incêndios é um conjunto de medidas para a redução de incêndios em florestas plantadas, trazendo inúmeros benefícios para quem a adota.

A importância da gestão e ordenamento florestal

Os incêndios florestais, em sua maioria, podem ter suas causas associadas as condições ambientais adversas (altas temperaturas, baixa umidade do ar, relevo acidentado, dentre outros) e também provocadas pelo homem. Tais agentes apresentam ameaças ao planejamento florestal, diante disso, deve-se estabelecer estratégias no intuito de reduzir os riscos de incêndios, e consequentemente, prejuízos econômicos a produção florestal. Assim, torna-se necessário estabelecer uma série de medidas para prevenção dos incêndios em os povoamentos florestais.

redução de riscos de propagação de incêndios em áreas florestais pode ser conseguida através da implantação das seguintes técnicas preventivas pelo Gestor Florestal:

1) Zoneamento de risco de incêndio

Por mais que não seja entendida como uma técnica, pode contribuir na tomada de decisões e planejamento na prevenção e combate dos incêndios florestais. Tem por finalidade estabelecer zonas de riscos em toda propriedade, devendo ser examinados os seguintes fatores:  as características topográficas, o tipo de cobertura vegetal e a quantidade desta acumulada, a proximidade com povoamentos e estradas, o uso do solo com propriedades confrontantes, a existência de caminhos e aceiros, a disponibilidade de recursos hídricos e o histórico da ocorrência de incêndios no local.

Para o melhor planejamento das ações preventivas, deve-se realizar o zoneamento de risco com base em informações cartográficas, em levantamentos de fisionomia, dados climáticos e históricos de ocorrência de incêndios.


2) Construção e manutenção de aceiros

Podem ser compreendidos como faixas de livre de vegetação, cujo objetivo é quebrar continuidade dos combustíveis é segregar os combustíveis disponíveis para combustão, onde o solo mineral é exposto, distribuídos através da área florestal, de acordo com as necessidades de proteção. Os aceiros podem ser de barreiras naturais, como estradas e curso d’agua, ou construções especificas para impedir ou dificultar a propagação dos incêndios.

Para a construções de aceiros, o gestor florestal deverá conhecer o tipo de material combustível predominante na área, a configuração do terreno da propriedade e as condições meteorológicas esperadas na época de ocorrência de incêndios, para assim, definir sua largura. Esta, não pode ser inferior a 5 m e, em locais de vulnerabilidade, podem chegar a 50 m. Em povoamentos florestais comerciais, uma rede de aceiros devem constituir os plantios, variando sua largura de acordo com a sua importância estratégica.

3) Redução do material combustível

Outra medida preventiva para redução de incêndios é a diminuição de materiais combustíveis nos plantios florestais. Tem por finalidade reduzir a intensidade do fogo e dificultar a sua propagação, reduzindo a disponibilidade do combustível. Dentre os métodos utilizados para a redução dos materiais combustíveis, estão: métodos químicos, mecânicos, pastoreio e a queima controlada. Dentre eles, o mais econômico, porém mais arriscado, é a queima controlada que pode ser realizada no interior na floresta, desde de que as espécies (s) sejam resistentes ao fogo.

4) Torres automatizadas de monitoramento florestal

Outra solução que pode ser adotada pelo gestor florestal no intuito de reduzir ou mesmo evitar a propagação do fogo é o uso de um conjunto de tecnologias integradas em torres automatizadas de monitoramento de incêndios florestais.

No Brasil, tem sido cada vez mais comum o uso desta tecnologia. A empresa brasileira COALTECH, desenvolveu um sistema conhecido por SYSFOREST, que dispensa o uso de torristas ou detecção manual de focos de fumaça/incêndios em florestas plantadas ou áreas nativas, de modo a poupar-se tempo e dinheiro.

A tecnologia oferece uma série de benéficos ao planejamento florestal a curto, médio e longo prazo.

Para quem busca soluções tecnológicas, inovadoras e sustentáveis para prevenção e combate a incêndios florestais em áreas de plantios comerciais florestais, o SYSFOREST é um ótimo produto oferecido atualmente no mercado brasileiro, trazendo um robusto conjunto de especificações técnicas. Trata-se de um sistema completo a bordo em uma torre de vigilância automatizada, contendo uma série de aparatos tecnológicos para identificação de focos de incêndios, como também discrimina as condições do tempo nas áreas florestais.

Dentre as tecnologias acopladas nas torres, destacam-se um conjunto de câmeras, as quais oferecem excelente qualidade de imagem independentemente das condições de iluminação e do tamanho das áreas monitoradas. Além disso, todo o sistema é abastecido por meio da energia solar, captada por uma série de painéis solares acoplado a torre de observação.

É uma ferramenta de grande contribuição para com o planejamento florestal, reduzindo os riscos de incêndios florestais, diminuindo custos operacionais e otimizando a gestão dos recursos florestais da propriedade.

5) Construção de açudes

Podem ser constituídos de simples barragens de terra ao longo de pequenos cursos d’agua, trazendo uma série de benefícios a propriedade florestal para redução de incêndios. Além de serem pontos estratégicos de captação de água para combate aos incêndios, influem beneficamente no microclima local, através do aumento da superfície de evaporação, e consequentemente, da umidade relativa do ar.     



6) Cortinas de segurança

São técnicas que alteram a inflamabilidade do material combustível. Áreas com grandes extensões plantadas com espécies altamente combustíveis, sujeitas a incêndios de copa, o estabelecimento de faixas de espécies menos inflamáveis para reduzir a propagação de possíveis incêndios.

A implantação de vegetação com folhagem menos inflamável, é uma prática eficiente para reduzir a propagação do incêndio, pois dificulta o acesso do fogo às copas, facilitando o combate.

7) Silvicultura preventiva

Trata-se do manejo das plantações de florestas nativas ou plantadas com o propósito de modificar a estrutura do material combustível disponível afim de satisfazer os objetivos da proteção contra incêndios, associando esta ao melhoramento da produção e a qualidade do ambiente.

silvicultura preventiva possui uma série de técnicas que podem ser adotadas a curto, médio e longo prazo. Dentre as técnicas de curto e longo prazo, podem–se mencionar:


– Operações de manejo;

– Ações de ruptura de continuidade interna nas massas florestais;

– Diversificação de espécies;

– Poda de arvores e retirada de vegetação de sub-bosque;

– Redução do material combustível.

As ações a longo prazo adotadas pela silvicultura preventiva devem estar alinhadas as atividades de proteção contra incêndios com as de manejo dos recursos florestais.

Por CentralFlorestal.

Jovem cria solução para captar água em Caculé e abre chance de reflexões sobre desenvolvimento local

Jovem cria solução para captar água em Caculé e abre chance de reflexões sobre desenvolvimento local

Sandro Lúcio Nascimento Rocha, 16 anos, foi um dos vencedores na categoria Ensino Médio do Prêmio Jovem Cientista — Foto: Arquivo Pessoal

Sandro Lúcio Nascimento Rocha, 16 anos, foi um dos vencedores na categoria Ensino Médio do Prêmio Jovem Cientista — Foto: Arquivo Pessoal

Filho dos agricultores Luciana e João e irmão de Henrique, o estudante Sandro Lúcio Nascimento Rocha, 16 anos, está se preparando para sair de sua cidade natal, Caculé, no interior da Bahia, e pegar um avião até Brasília. Será sua primeira viagem aérea. No Distrito Federal, ele vai ser recebido pela equipe da 28ª edição do Prêmio Jovem Cientista , pois foi um dos vencedores na categoria Ensino Médio.

Quando eu soube da premiação e li sobre o projeto defendido por Sandro, fiquei com vontade de conversar com o jovem e trazer aqui algumas de suas reflexões. Já me explico.

É que Sandro, que frequenta as aulas do Ensino Médio no Colégio Estadual Norberto Fernandes e foi orientado pela professora Edjane Alexandre Costa Soares, se deixou parar para pensar num jeito de solucionar o problema de escassez de água na região onde mora – Caculé fica no semiárido e cada vez chove menos por lá. E imaginou uma cisterna. Mas não uma cisterna parecida com as cisternas rurais que são construídas e distribuídas em parceria com o governo e a organização Articulação do Semiárido (ASA). Sandro pensou num jeito mais ecológico de construir um reservatório para reter a água da chuva e poder utilizá-la para plantas , banheiros, lavagem de louças.

Um segundo momento de observação fez Sandro perceber que em sua escola há um enorme uso e descarte de pets. Na área rural de Caculé, onde mora e estuda, o caminhão do lixo não recolhe os descartáveis. Para se livrar do problema, os cidadãos têm o péssimo hábito de juntá-las e queimá-las, o que provoca uma fumaça desagradável e polui o ambiente. Foi aí que Sandro imaginou fazer cisternas, substituindo os tijolos por garrafas pet. Um jeito de solucionar dois problemas de uma só tacada.

Ainda assim, o cimento que teria que ser usado para juntar e colar as pets, como se sabe, produz impactos ambientais relevantes em sua fabricação. Para fugir disso, o rapaz imaginou que poderia utilizar como “liga” em sua cisterna um cimento feito a partir da cinza da fibra de côco, fruto que abunda em sua região.

E dessa forma, juntando o útil ao ecologicamente correto, Sandro também puxou a esteira de outras questões muito relevantes que não devem ficar de fora dos debates sobre mudanças climáticas e a necessidade de se criar novos paradigmas de produção e consumo. O rapaz pensou e resolveu um problema de sua localidade, usando produtos da região. Claro que não pode ser feito em grande escala, mas se o poder público tivesse um olhar cuidadoso para a solução encontrada por Sandro, poderia viabilizar em outras frentes. Por conta da visibilidade que teve seu projeto, o diretor da escola disse que poderá viabilizá-lo. E Sandro sonha: quem sabe empresas também se interessam, ou mesmo algumas casas residenciais da região? São passos que podem ser dados para se conseguir o desenvolvimento local.

Minha conversa com Sandro teve que ser através do whatsapp porque estava chovendo bastante em Caculé, o que dificulta as comunicações por telefone. Sandro é um garoto que se preocupa com as questões ambientais e se ressente de que outros jovens de sua idade não tenham, como ele, foco nas mudanças do clima que, no fim das contas, vão tornar a vida deles mais complicada.

“Às vezes o jovem fica muito acomodado com o que está acontecendo e não tem senso crítico. Acho muito importante para a juventude, como um todo, se unir em prol do meio ambiente”, disse ele.

Quis saber dele como é viver numa cidade tão pequena, de 22 mil habitantes e tão distante dos grandes centros (a cidade fica a mais de 600 quilômetros da capital, Salvador). Sandro gosta de sua cidade, mas queria muito que ela tivesse um recolhimento de lixo adequado, menos poluição. E adoraria poder seguir carreira, continuar estudando perto dos pais e da avó. Mas em Caculé não existe a possibilidade de o rapaz cursar a faculdade de Medicina, como pretende.

“Quero poder estudar os impactos da poluição na saúde humana, fazer projetos paralelos sobre a questão do meio ambiente. Queria poder estudar aqui. Mas vou sempre voltar para as minhas raízes, para onde eu nasci”, disse ele.

Convidei Sandro para refletir e encontrar alguns sites que pensam sobre desenvolvimento local, uma espécie de mudança de paradigma necessária diante de tantas privações provocadas por um sistema econômico que implica diretamente em desigualdade. Há pessoas pensando a respeito, por exemplo, entre os membros da organização “New Economics Foundation”, que prega uma “economia para as pessoas, pelas pessoas”.

As Nações Unidas também têm um programa específico para financiar desenvolvimento local, considerando que mais da metade da população dos 47 países menos desenvolvidos do mundo vive com menos de US $ 1,25 por dia e bilhões de pessoas ainda não têm os serviços e o emprego necessários para desfrutar de uma qualidade de vida decente. Mas ali há problemas de distribuição do financiamento.

O desafio está posto. As mudanças climáticas nos exigem esforços para buscar uma vida mais saudável diante de tantas ameaças, e jovens como Sandro podem transformar o risco em oportunidade. A chance de pensar meios para resistir é não negar o tamanho do problema, é fazer contato com uma realidade que se apresenta mais difícil, mas não impossível.

Espera-se dos líderes de nações uma visão sistêmica para o problema do aquecimento global, estratégias econômicas que visem a pensar o desenvolvimento com outras lentes, para se pavimentar o caminho da mudança para uma vida com menos dependência dos combustíveis fósseis. Espera-se dos líderes empresariais que acompanhem este ritmo e invistam, seriamente, em tecnologias que possam diminuir seu impacto, além de uma revisão dos limites de produção.

Mas se cada região puder ter um olhar mais cuidadoso no sentido de criar soluções para seus próprios problemas, já se conseguirá caminhar bastante no sentido de melhorar a qualidade de vida. Neste sentido, Sandro tem muito a colaborar.

Por G1 Natureza.

Bagaço da cana-de-açúcar: um potencial na geração de energia elétrica do país

Bagaço da cana-de-açúcar: um potencial na geração de energia elétrica do país

Nesta segunda-feira (05), o Brasil Rural entrevista o pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Marcos Djun Barbosa Watanabe. Ele falou do projeto SUCRE (Sugarcane Renewable Electricity) sobre a bioeletricidade gerada a partir da palha e do bagaço de cana-de-açucar.

O Projeto SUCRE, desenvolvido pelo CTBE – Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol –  tem como objetivo principal aumentar a produção de eletricidade com baixa emissão de gases de efeito estufa na indústria de cana-de-açúcar, por meio da palha gerada durante a colheita da cultura.

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“O benefício ambiental dessa fonte (biomassa) é ainda maior. O que acontece é que dentro das avaliações que a gente faz no projeto, a gente compara muito a eletricidade gerada a partir da biomassa de cana com fontes que são um pouco mais poluentes, que são fontes fósseis, por exemplo, a eletricidade que é produzida a partir do gás natural. Quando a gente compara a eletricidade de biomassa com a do gás natural, os estudos que a gente tem feito mostram que a redução na emissão de gases de efeito estufa pode ser até 8 vezes menor”, esclarece Marcos Djun.

Biomassa de cana de açúcar

O pesquisador explica que a geração de energia começa após a cana passar pelo processo de esmagamento e que a sobra vai para fornalha gerando energia elétrica. Esse processo vem desde a década de 70. Ele acrescenta ainda que cálculos do projeto indicam um potencial de geração de energia elétrica na casa do 100 TWh, cinco vezes do que já é produzido, do que é exportado pra rede eletríca e que poderiam suprir 80% de todo consumo de energía do país.

 

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Ouça a entrevista no player abaixo:

O Brasil Rural vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 5h, pelas rádios Nacional AM Brasília e Nacional do Rio de Janeiro; sábado, às 5h, pela Rádio Nacional do Alto Solimões e, às 7h, pelas rádios Nacional AM Brasília e Nacional da Amazônia.

Por EBC – Brasil Rural