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Controle biológico pode alcançar até 80% de eficiência contra ácaro-rajado na produção de morango

Controle biológico pode alcançar até 80% de eficiência contra ácaro-rajado na produção de morango

A adoção do controle biológico, no âmbito do manejo integrado de pragas (MIP), pode obter até 80% de eficiência de controle contra o ácaro-rajado, principal praga do morango no Distrito Federal, especialmente no período seco e quente do ano. A liberação dos inimigos naturais na lavoura, se realizada no momento exato e na quantidade correta, garante altos índices de controle e contribui para a redução do número de pulverizações de produtos químicos.

“Nos últimos anos, os produtores de morango têm relatado uma menor eficiência do controle químico e isso acontece, principalmente, em função da resistência da praga aos produtos químicos (acaricidas) utilizados”, analisa o pesquisador Miguel Michereff Filho, da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF). A falta de opção de produtos registrados para a cultura do morango e o uso indiscriminado, como o aumento da frequência de pulverização e/ou da dose usada, favorece o aumento da resistência do ácaro-rajado ao controle químico.

Durante treinamento realizado para técnicos da Emater/DF e para produtores do Núcleo Rural de Brazlândia, no último dia 16, o pesquisador explicou os princípios do MIP, com foco no morango, e deu ênfase ao controle biológico como estratégia para reduzir os problemas associados à resistência. “Quando a infestação por ácaro-rajado não é controlada, pode haver uma redução de 80% da produção de morango”, estima Michereff.

A região de Brazlândia é o principal polo de produção de morango no Distrito Federal. Segundo dados da Emater/DF, em 2018, a área cultivada com morango no Distrito Federal foi de 167 hectares, distribuídos entre cerca de 250 produtores rurais. A produção total foi de mais de 7.500 toneladas, sendo a produtividade por hectare estimada em 37.500 caixas de 1,2 kg. O custo de produção de um hectare de morango, no Distrito Federal, ficou na faixa de R$ 125.000,00.

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A principal mensagem passada aos participantes do treinamento foi de que, embora o custo do controle biológico e do controle químico seja praticamente equivalente, há uma economia indireta e outras vantagens associadas à adoção do MIP como, por exemplo, a redução entre 30% e 40% da frequência de pulverizações, o que contribui para a maior sustentabilidade da cultura. “Há também uma exigência do mercado consumidor por alimentos mais saudáveis, o que pode fazer o produtor repensar em outras vias de controle”, pondera o pesquisador.

Inimigos naturais

Os inimigos naturais do ácaro-rajado, recomendados para o controle biológico em plantios de morango, são ácaros predadores conhecidos como ácaros fitoseídeos. A utilização deles funciona muito bem nas regiões Sul e Sudeste porque eles são adaptados aos ambientes com umidade por volta de 60%. De acordo com Michereff, no Distrito Federal, especialmente no inverno, quando a umidade relativa apresente índices bem baixos, é preciso orientar os produtores sobre a liberação dos ácaros predadores para que eles permaneçam viáveis por mais tempo dentro da lavoura.

Ele recomenda que os produtores façam uma irrigação por aspersão nos plantios de morango, logo antes de efetuar a liberação dos inimigos naturais, porque isso cria um microclima com maior umidade, que é favorável à atuação dos ácaros predadores. “Os produtores precisam de conhecimento técnico para utilizar com eficácia o controle biológico. Antes de liberar o predador, é preciso cumprir algumas práticas culturais na lavoura e estabelecer condições favoráveis para que o inimigo natural possa agir no controle da praga”, comenta.

Treinamentos

Cursos de capacitação para técnicos e produtores rurais têm sido a base do projeto “Promoção do Manejo Integrado de Pragas na Produção de Hortaliças do Distrito Federal”, que visa resgatar a adoção das boas práticas agrícolas direcionadas ao manejo de pragas em quatro culturas agrícolas: morango, alface, tomate e pimentão.

O objetivo dos treinamentos tem sido, segundo o pesquisador, fazer um diagnóstico, trocar experiências e nivelar os conhecimentos para que, em uma segunda etapa, a partir de parcerias e articulação institucional, seja possível efetuar a instalação de Unidades de Referência Tecnológica (URT) para implementação do MIP nessas quatro importantes culturas do Distrito Federal.

No cronograma do projeto, os próximos cursos vão contemplar alface (setembro), tomate (outubro) e pimentão (início de 2020). O projeto é realizado em cooperação técnica com a Emater/DF e com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).

Fonte: Embrapa

Conservação do solo e o papel das florestas

Conservação do solo e o papel das florestas

 

Ao longo da história, o homem teve seu desenvolvimento baseado no aproveitamento dos recursos naturais e, dentre esses, as florestas foram e continuam sendo uma grande reserva econômica do desenvolvimento.

No entanto, a ação desordenada, através desse permanente processo de desenvolvimento, alterou a cobertura original das florestas, tornando-a deficiente em muitos casos.

No uso tradicional do solo para a agricultura, a floresta ocupa, ainda hoje, a tarefa insubstituível de reserva e regeneração. A floresta vem oferecendo ao homem muitos elementos essenciais para a sua sobrevivência, entre eles, alimentos, combustíveis, material de construção e matéria-prima para produtos industrializados.

O rápido crescimento nas últimas décadas exigiu um maior e mais intenso uso das florestas e de seus produtos, tornando-os escassos e pouco disponíveis no mercado, principalmente no que tange a qualidade. Essa crescente demanda está forçando um uso mais intensivo do solo com o objetivo de aumentar a disponibilidade de produtos de origem florestal e outros.

Tem-se que considerar que o solo não é apenas um suporte físico para o crescimento das plantas e armazenamento de umidade e nutrientes. O solo é um sistema dinâmico que abriga uma multiplicidade de organismos com características e funções diferentes, os quais proporcionam o equilíbrio ambiental indispensável para o desenvolvimento de todos os seres vivos.

O mau uso dos solos pode ocasionar sérios danos ambientais e econômicos, transformando terras férteis em áreas improdutivas e agredindo seriamente o meio natural. Por esse motivo, existem diversas técnicas de cultivo e conservação dos solos, visando ao seu melhor aproveitando e à sua máxima preservação.

Dessa maneira, o grande desafio é recuperar estas áreas degradadas, tornando-as novamente produtivas e encontrar alternativas para evitar que este processo destrutivo ocorra em outros locais ainda cobertos por florestas, além de promover o ordenamento da produção para garantir um rendimento estável e contínuo nas propriedades, sem esquecer de preservar e ampliar as áreas com florestas.

O papel da floresta

A floresta pela sua estrutura exerce função importante na conservação do solo e água.

Seu sistema radicular associado a serapilheira atua absorvendo a água das chuvas, conduzindo-a para as camadas inferiores do solo através da porosidade que se forma pela presença das raízes e pela dinâmica dos organismos vivos do solo, até chegar ao lençol freático, a partir do qual ocorre um reabastecimento gradual dos cursos d’agua.

Dessa maneira, a cobertura vegetal, especialmente as florestas, contribui de maneira decisiva na proteção dos solos, protegendo também as matas ciliares as quais são responsáveis pela manutenção da qualidade da água.

A manutenção da qualidade da água em microbacias agrícolas depende da presença da mata ciliar. Esse efeito benéfico é devido a absorção de nutrientes do escoamento subsuperficial pelo ecossistema ripário.

A Conservação do solo

O manejo, a proteção e uso do solo devem-se basear, primeiramente, no seu potencial produtivo. Sendo que para um manejo adequado do solo é necessário considerar suas propriedades físicas (aeração, retenção de água, compactação, estruturação), químicas (reação do solo, disponibilidade de nutrientes, interações entre estes) e biológicas (teor de matéria orgânica, respiração, biomassa de carbono, biomassa de nitrogênio, taxa de colonização e espécies de microrganismos).

Um bom manejo do solo é aquele que propicia boa produtividade no tempo presente e que, também, possibilita a manutenção de sua fertilidade, garantindo a produção no futuro.

A matéria orgânica ou húmus do solo, desempenha papel fundamental para as plantas e para o solo: atua como um cimento que faz a união entre as partículas de solo, formando os agregados. Estes são importantes porque tornam o solo mais poroso, melhorando e aumentando a infiltração da água da chuva e da irrigação no perfil, e consequentemente, reduzindo a quantidade da água que vai com a enxurrada. Os agregados estáveis também aumentam a resistência do solo ao impacto das gotas de chuva. Como resultado, ele estará mais resistente aos processos erosivos.

A matéria orgânica é importante, também, para aumentar a capacidade de troca catiônica (CTC), que é a capacidade que o solo tem de armazenar nutrientes para as plantas, tais como: cálcio, potássio e magnésio. Além disso, a matéria orgânica é capaz de fornecer nitrogênio, fósforo e enxofre para a nutrição das plantas.

Manter uma relação saudável com o meio ambiente, respeitando os recursos naturais, como a água e o solo são fundamentais. Mas, você sabe quais são os fenômenos que podem degradar o solo?

  • Desmatamento
  • Erosão ou desertificação
  • Aumento da salinidade do solo
  • Utilização de tecnologias inadequadas

É muito importante observar que a conservação do solo e da água estão completamente interligadas, sendo assim, as técnicas adotadas devem atender a estes dois fatores.

Considerações finais

As atividades humanas têm impactado crescentemente a conservação dos solos. Retirada de florestas e a utilização da terra para agricultura e pastagem são apenas algumas das ações que modificam a sua estrutura e todo o equilíbrio ambiental, e afetam não só animais e florestas como os próprios homens.

O exemplo mais visível disso tem sido a questão urgente da água. A escassez do recurso, seja aqui no Brasil e ou em outras partes do mundo, invariavelmente tem uma coisa em comum: o mau uso do solo, provocando seu desgaste e erosão, retirando dele a capacidade de renovação.

Os desafios são grandes para a conservação do solo, mas algumas mudanças são possíveis, principalmente se contarmos com a participação das pessoas.

Fonte: Mata Nativa

Manejo do palhiço no sul de Mato Grosso do Sul prejudica canavial

Manejo do palhiço no sul de Mato Grosso do Sul prejudica canavial

Pesquisa realizada pela Embrapa Agropecuária Oeste, na região sul do Mato Grosso do Sul comprovou que nessa região quanto menos manejo for feito com o palhiço, menor será a infestação de plantas daninhas e maior a produtividade do canavial. Por isso, os especialistas recomendam que o palhiço seja mantido distribuído em área total, sem necessidade de manejo.

Palhiço é o nome dado a cobertura de resíduo vegetal presente nos canaviais após a colheita. “A colheita mecanizada da cana-de-açúcar está cada vez mais presente nos sistemas de produção nacional. No sistema de colheita mecanizada, sem queima, as folhas, ponteiros e perfilhos mortos são cortados, triturados e lançados sobre a superfície do solo, forma-se essa, denominada palhiço”, explica o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, José Rubens Almeida Leme Filho.

A palhada remanescente, ou seja, o palhiço serve como cobertura do solo, maximizando os benefícios proporcionados pelo aumento do teor de matéria orgânica. Além disso, ele contribui com a redução de perdas d´água por evapotranspiração, supressão de plantas daninhas, reciclagem de nutrientes e melhorias da qualidade microbiológica do solo. “Agronomicamente é desejável que haja a manutenção de pelo menos uma parte dos resíduos da colheita no solo”, explica José Rubens.

“A ideia de que o aleiramento contribui para acelerar o processo de brotação da cana-soca não é adequada, pois essa prática não repercute em maior produtividade das lavouras, apesar da aparência mais vigorosa dos experimentos, a pesquisa comprovou que houve, inclusive, um relativo prejuízo na produtividade”, saliente Rubens.

Tradição – Uma prática cultural muito comum nos canaviais do Sul do Mato Grosso do Sul é o aleiramento do palhiço, que consiste na remoção de uma parte do palhiço das linhas de cana, mantendo-se a cobertura de palhada apenas nas entrelinhas do canavial. Essa prática tem como objetivo aumentar a luminosidade na soqueira e evitar a proliferação de cigarrinhas.

Outra prática de manejo comumente utilizada na região é o enleiramento, ou seja, uma operação que reúne o palhiço de duas ou mais entrelinhas formando um leira, que será, então alternada com um ou mais entrelinhas descobertas. Essa estratégia de manejo é utilizada quando uma parte do palhiço ou sua totalidade demanda enfardamento e recolhimento.

Leme Filho explica que existe uma crença empírica de que quando se retira a palhada dos brotos iniciais de cana, durante o processo de brotação/perfilhamento da cana soca, ou seja, quando se realiza o aleiramento, haverá maior produtividade do canavial e acrescenta que “a prática do aleiramento é amplamente usada durante o processo de perfilhamento da cana soca, porém a pesquisa revelou que essa prática não contribui com aumento de produtividade e ainda prejudica, pois contribui com aumento da presença de plantas daninhas nos canaviais”.

Metodologia – Esses resultados são frutos de duas pesquisas realizada na Embrapa Agropecuária Oeste, em períodos distintos, em que um projeto visou a complementação dos resultados do outro.  As pesquisas foi realizada em experimento conduzido em Dourados (MS), em solo com 76% argila, onde foram avaliados o perfilhamento inicial, a população final de colmos e de açúcares em toneladas por hectare, de 14 variedades de cana, com e sem aleiramento do palhiço para aceleração do perfilhamento inicial, em duas épocas de colheita (maio e agosto) e em duas safras (ciclo da primeira soca de 2012 a 2013, e da segunda soca de 2013 a 2014). Leme Filho explica que a pesquisa conduzida pela Embrapa Agropecuária Oeste foi realizada em lavoura experimental localizada em Dourados, Mato Grosso do Sul, sem aplicação de herbicidas. Segundo ele, os resultados demonstraram que tanto o enleiramento quanto o aleiramento alteram o ambiente de desenvolvimento das plantas daninhas.

Plantas daninhas – O pesquisador da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS), Germani Concenco explica que o controle de plantas daninhas é um dos desafios enfrentado pelo setor sucroalcooleiro e acrescenta “que quando não realizado adequadamente pode gerar perdas de produtividade comprometendo até 80% da produção”. Dados da Embrapa, revelam ainda que as operações para controle de plantas daninhas comprometem cerca de 8,4% dos custos de produção para a cana-planta e 6,1% para a cana-soca.

Na pesquisa conduzida por Concenco, a ocorrência de plantas daninhas foi quantificada por meio da densidade, ou seja, o número de plantas e do acúmulo de massa seca das plantas daninhas. Também foram considerados o valor de importância da espécie daninha em relação às demais presentes na área, esse cálculo é obtido como média ponderada das habilidades da espécie em se perpetuar, se distribuir na área e dominar as demais espécies. Desta forma, o valor de importância, descreve o grau de impacto de determinada espécie daninha sobre a cultura quando comparado com as demais plantas daninhas presentes na área.

Em função da ausência do controle químico no experimento, que é importante ferramenta para o manejo das invasoras em áreas de cana, a ocorrência de plantas daninhas aumentou muito de um ano para outro, o que era esperado. Porém, no segundo ano de cultivo, houve maior infestação de plantas daninhas nas áreas aleiradas (onde a palhada da cana foi retirada das linhas da cultura e acumulada nas entrelinhas) quando compradas com áreas não aleiradas.

“O leiteiro foi a espécie de planta daninha mais importante e presente nas duas lavouras Porém, a composição de espécies de plantas daninhas mudou na área aleirada e na área não aleirada (em que não foi feito nenhum tipo de manejo com o palhiço). Comprovamos que o aleiramento propiciou o surgimento das seguintes plantas daninhas: trapoeraba, capim marmelada, capim-amargoso, braquiarinha, capim colchão e corda-de-viola. Todas essas plantas daninhas estavam ausentes nas lavouras não manejadas, em que o palhiço não foi manejado. Assim, a pesquisa concluiu que o aleiramento não reduz a ocorrência absoluta de leiteiro e ainda ocasiona o aumento da infestação pelo aparecimento de outras plantas daninhas”, acrescenta ele.

O consultor especialista em adubação biológica, Herbert Del Petri, explica que o manejo da palha é muito importante para o desenvolvimento do canavial, especialmente quando se busca aumento de produtividade. “A vida biológica do solo, com presença de flora microbiana equilibrada é fundamental para que a mineralização da palha ocorra de forma adequada”, acrescenta Herbert.

De acordo com a experiência de 25 anos trabalhando em Usinas, em diversas regiões do Brasil, Herbert explica que o recolhimento de palhiço não é recomendado para todas as regiões e exemplifica que “em Goiás, por exemplo, a palha inibe a infestação da lagarta elasmo, gerando benefícios para os canaviais”.

O consultor Hebert concorda que a manutenção do palhiço nos canaviais contribui com o controle de plantas daninhas e acrescenta que a decisão de manter ou não o palhiço nos canaviais, após a colheita mecanizada, demanda cálculos específicos e avaliações que variam de acordo com o perfil da região. “No caso de uso de herbicidas, para o controle das plantas daninhas, é preciso levar em consideração a quantia presente de palhiço, afinal existem produtos que ultrapassam a palha e, acertar a dosagem necessária é muito importante”, acrescenta Hebert.

Dados da União dos Produtores de Bioenergia (UDOP) revelam que a quantidade de palhada de canaviais colhidos sem queima varia de 10 a 30 Mg ha-1. Ainda segundo a UDOP, a palhada da cana-de-açúcar possui aproximadamente 140 kg de matéria seca por tonelada de colmo, o que corresponde a quase 1/3 do potencial energético da cana-de-açúcar. Diante desse amplo potencial energético, o palhiço serve como uma fonte de renda extra para as usinas, pois pode ser queimado em caldeiras para aumentar a geração de energia e pode ainda servir como matéria-prima para a produção de etanol de segunda geração.

Características regionais – O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e Mato Grosso do Sul é responsável por cerca de 7% da produção canavieira nacional. Em 2018, a área cultivada com canaviais no Estado foi de 670 mil ha, com uma produtividade de 49,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Dados da Conab, revelam que na safra 2017/2018, a produção de cana no País foi de 633 milhões de toneladas, o que gerou 37 milhões de toneladas de açúcar e 27 bilhões de litros de etanol. Esses números fizeram com que o Estado ocupasse o quarto lugar em área cultivada com cana-de-açúcar, quando foram cultivados 8,7 milhões de hectares em todo país.

A ampla área territorial cultivada com cana-de-açúcar no Brasil, justifica a busca de tecnologias e inovações que possam contribuir com a redução dos custos operacionais nas lavouras. “Estamos constantemente pesquisando novas estratégias de manejo que sejam eficientes e que contribuam com aumento da produtividade nos canaviais. E identificamos que o aleiramento do palhiço, durante período de rebrota dos canaviais, prejudica a produtividade das lavouras e pode interferir no desenvolvimento das plantas daninhas”, saliente José Rubens.

Para a tomada de decisão sobre o recolhimento ou não do palhiço, a União dos Produtores de Bioenergia (UDOP) em seu Manual de Custos e Indicadores do Setor da Bioenergia esclarece que é fundamental uma avaliação técnica prévia, levando em consideração inúmeras informações, tais como: localização da unidade produtiva, raio médio, tipo de solo, clima, sistematização do solo, técnicas de plantio, impurezas minerais e instalações industriais disponíveis, entre outros. Assim, a tomada de decisão em relação ao manejo do palhiço deve ser feita com base no planejamento do canavial, respeitando as características regionais de cada lavoura.

O gerente executivo da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), Érico Paredes destaca a relevância de não restringir a prática do aleiramento a um único cenário, levando em consideração as necessidades específicas de cada propriedade e salienta ainda que para outras finalidades o método de aleiramento do palhiço se mostra eficaz ao combate de cigarrinhas. “No Mato Grosso do Sul são praticadas as duas forma de manejo do palhiço. Algumas usinas, por exemplo, trabalham o aleiramento parcial para controle de pragas e o enleiramento também parcial para cogeração de energia, garantindo assim tanto a cobertura de solo quanto a utilização do palhiço para outras finalidades”, explica Paredes.

Fonte: Embrapa

Manejo Integrado de Pragas e Doenças: Descubra a Importância

Manejo Integrado de Pragas e Doenças: Descubra a Importância

Manejo Integrado de Pragas e Doenças

 

O Brasil é único país no mundo em localização tropical e subtropical com áreas extensas que permitem a intensificação da agricultura.

Isso faz com que nossa responsabilidade em alimentar o mundo seja maior. Sendo o Brasil o país com maior potencial agrícola mundial, como poderemos contribuir para o aumento na produção de alimentos?

Realizando o Manejo integrado de pragas e doenças.

A população mundial, no ano de 2050, será 29% maior que a atual, chegando a cerca de 10 bilhões de pessoas.

Para suprir as necessidades alimentares dessa população, as estimativas indicam que a produção agrícola deve aumentar 70%, principalmente nos países em desenvolvimento, onde haverá maior incremento populacional.

 

SERÁ PRECISO DESMATAR?

 

Segundo a EMBRAPA, cerca de 30% da superfície terrestre é ocupada por propriedades rurais.

Temos uma grande área de solo agricultável no Brasil, porém a produtividade é baixa. Isso indica que para um incremento na produção de alimentos não necessariamente precisamos expandir a área cultivada.

É importante aumentar o rendimento das culturas.

O aumento da produtividade é alcançado de várias maneiras, desde o uso de cultivares mais produtivas, passando pela adoção de melhores técnicas de manejo ou impedindo que pragas reduzam essa produtividade.

O manejo eficiente de pragas é conseguido pelo aumento da tecnologia na produção agrícola.

Estima-se que as pragas – plantas daninhas, patógenos, ácaros e insetos – levam, em conjunto, a perdas na produção de cerca de 42%.

Esse dano poderia ser ainda maior caso não houvesse a preocupação constante em manejar adequadamente o problema.

Sem o controle eficiente de pragas, o Brasil estaria longe desta posição no cenário mundial.

 

MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA

 

Para se ter uma ideia da importância do manejo integrado de pragas e doenças, usaremos como exemplo a cultura da soja.

A soja pode ser utilizada tanto para alimentação humana quanto animal, produtos industriais ou matéria-prima para agroindústrias.

É a oleaginosa mais cultivada no mundo, sendo o Brasil o segundo maior produtor.

Nos últimos anos o país enfrentou grandes desafios para manter-se neste ranking.

 

Cultura da Soja

 

No ano de 2001, no estado do Paraná, foi relatada a primeira ocorrência do fungo Phakopsora pachyrhizi, que causa a ferrugem asiática da soja.

Em todas as ocorrências a doença se caracteriza por sua grande capacidade de adaptação e elevada agressividade, levando a perdas de até 90% se não manejada adequadamente.

Somente na safra de 2011/2012, foi registrado um prejuízo de mais de USD$ 1 bilhão.

Os esporos do fungo são facilmente disseminados pelo vento até distâncias continentais, fator que torna impossível a erradicação do patógeno uma vez introduzido em um local.

Assim, a estratégia inicial utilizada para manejar a doença foi a aplicação de fungicidas, que foram registrados em tempo recorde, em vista da emergência fitossanitária.

Com os passar das safras, foi possível observar que, as medidas de manejo não poderiam ser baseadas apenas no controle químico.

Com maior conhecimento da epidemia e surgimento de resistência a alguns fungicidas utilizados, outras estratégias foram adotadas, como a adoção de cultivares resistentes ao fungo.

O conhecimento da biologia do fungo, que só sobrevive em seu hospedeiro, permitiu implementar medidas políticas que diminuíram consideravelmente a severidade da doença.

Desde o ano de 2005, em diversos estados do país, é obrigatório a manutenção por um período mínimo de 60 dias as áreas livres do cultivo de soja e de plantas voluntárias ou chamadas também de guaxas, que são aquelas plantas que crescem a partir de sementes caídas ao solo durante a colheita.

 

Pós-graduação Manejo integrado de pragas e doenças

 

Além disso, no ano de 2004 foi criado o Consórcio Antiferrugem, formado por produtores, pesquisadores e técnicos, para padronizar e disponibilizar informações sobre a doença.

Por meio do consórcio é possível monitorar e mapear os focos de ferrugem asiática em cada safra. Desde então, o manejo da doença tem sido realizado com uma integração de métodos que incluem medidas legislativas, controle químico e sistemas de previsão.

Poucos anos depois a sojicultura brasileira enfrentou outro grande desafio.

Na safra de 2012, foi identificada em lavouras de soja, milho e algodão de diversos estados a praga quarentenária Helicoverpa armigera, conhecida como lagarta-da-soja.

Pragas quarentenárias são aquelas que não ocorrem ainda e sua introdução ameaça a economia do país.

Por se tratar de uma lagarta exótica, não possui inimigos naturais no país e por isso sua população e extensão geográfica aumentaram rapidamente.

Além disso, é uma espécie polífaga, alimentando-se de plantas de diversas famílias, o que torna mais difícil seu controle, uma vez que sempre haverá disponibilidade de hospedeiros.

Na safra 2013/2014, as perdas na cultura da soja devido a Helicoverpa armigera foram de 30 a 40%.

Como essa lagarta é resistente a um grande número de inseticidas, foi fortemente recomendado o cultivo da soja transgênica resistente a insetos contendo gene proveniente da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), que lhe confere essa característica. Porém, no ano de 2018 a lagarta surpreendeu mais uma vez, atacando lavouras de soja Bt.

 

Ferrugem Asiática

 

Tendências Futuras no Controle de Pragas e Doenças

 

Durante vários anos, o manejo integrado de pragas e doenças de uma lavoura era baseado majoritariamente na utilização de defensivos químicos com aplicações orientadas por um calendário regular.

Com os avanços na área de defesa vegetal, dependemos cada vez menos da aplicação de fungicidas, inseticidas e herbicidas para a produção de alimentos.

Atualmente, o manejo adequado baseia-se em diversas medidas, dentre estas a resistência genética, o controle por meio de outros organismos (controle biológico), sistemas de previsão, plantas transgênicas, dentre outros.

A experiência tem mostrado que o manejo integrado de pragas e doenças é de fundamental importância para a produção de alimentos.

Embora novas pragas devam ser introduzidas no país nos próximos anos, as perspectivas são boas: o manejo caminha para uma realidade cada vez mais sustentável e eficiente, mantendo o Brasil em sua posição privilegiada de potência agrícola mundial.

Pesquisa identifica pimenteira-do-reino livre de vírus

Pesquisa identifica pimenteira-do-reino livre de vírus

Cientistas conseguem obter pimenta-do-reino 100% livre de vírus ->

 

 

 

 

 

 

Dois vírus estão disseminados em praticamente todas as lavouras de pimenta do Brasil. Eles comprometem a fotossíntese, inibem o crescimento da planta e, consequentemente, sua produtividade. Recentemente, pesquisadores da Embrapa encontraram um material 100% sadio que deverá dar origem a uma nova cultivar livre dos microrganismos.

“Os vírus não matam a planta, até mesmo porque eles se beneficiam dela, mas impedem seu crescimento pleno, fazendo com que seu tamanho e sua produtividade sejam muito aquém da sua capacidade. Uma planta livre de vírus consegue expressar toda sua potencialidade”, afirma Oriel Lemos, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (PA).

Pará responde por metade
da produção nacional

A identificação e o desenvolvimento de uma cultivar livre de vírus representam um grande passo na pipericultura paraense. O estado do Pará é o maior produtor nacional de pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) com quase 40 mil toneladas em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que só o estado é responsável pela metade da produção brasileira, que naquele ano foi de quase 80 mil toneladas.

Durante muito tempo, a fusariose ou a podridão-das-raízes, causada pelo fungo Fusarium solani f. sp. piperis, foi considerada o maior problema da pimenteira-do-reino no estado do Pará. “Mesmo assim, com boas práticas, manejo adequado e o uso de cultivares recomendadas, é possível produzir mudas sem a doença”, conta o pesquisador.

Já a virose é um problema silencioso, pois os sintomas podem aparecer gradativamente ao longo da vida do pimental e aos poucos vão deixando sequelas, como a diminuição do tamanho das plantas e, consequentemente, a redução na produtividade. E é crônico, pois toda muda produzida de uma matriz infectada carrega a carga viral. Para a virologista Alessandra de Jesus Boari, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, a virose é um problema maior do que se imagina. “Muitos produtores ainda não sabem reconhecer a planta doente no campo”, completa.

Busca por um material sadio

O trabalho se iniciou na década de 1990. Após um processo de seleção de plantas no campo, foi identificado um material com características diferenciadas. O passo seguinte foi a germinação in vitro das sementes dessa planta em laboratório, o que resultou na seleção das dez plantas mais vigorosas e sadias. Elas foram clonadas, garantindo assim que as mudas produzidas pelo processo de micropropagação mantivessem fidelidade às matrizes.

“As mudas clonadas foram levadas para a área de um produtor e duas plantas de um mesmo clone se destacaram e foram multiplicadas por cerca de dez anos. O desenvolvimento dessas plantas no campo vem sendo acompanhado detalhadamente”, conta Oriel Lemos.

Os clones das melhores plantas apresentaram o entrenó maior que as cultivares tradicionalmente utilizadas no campo, o que permite a melhor frutificação nos ramos e facilita a colheita. Eles têm maturação dos frutos mais homogênea e apresentam espigas sem falhas de frutos. Seu rendimento ficou em 33% na secagem da pimenta, enquanto as plantas tradicionais apresentam rendimento de 28%. Além disso, os novos clones se adaptam melhor ao período de estiagem. Todas essas características foram herdadas da planta original.

Mas o que mais chama a atenção de pesquisadores e produtores é que esse material é livre de vírus, ou seja, 100% sadio. Ele dá origem a uma nova cultivar de pimenteira-do-reino a ser lançada em 2019 pela Embrapa. Atualmente, o material está sendo cultivado em áreas de produtores no município de Baião, no nordeste paraense.

Problema silencioso

Fernando Albuquerque produz mudas de pimenteira-do-reino há cerca de 30 anos no município de Castanhal, no nordeste do Pará, e vende para todas as regiões do estado. Segundo ele, o principal obstáculo hoje é produzir uma muda de qualidade. “A pesquisa da Embrapa já avançou muito nesse sentido. A fusariose é um problema que pode ser controlado com boas práticas e manejo adequado, mas os vírus ainda não sabemos como eliminar da planta. Esse é o nosso maior problema”, conta o produtor.

O levantamento de viroses na pimenteira-do-reino no estado do Pará evidenciou a presença de dois vírus: o Piper yellow motte virus (PYMoV) e o Cucumber mosaic virus (CMV). Segundo a pesquisadora Alessandra J. Boari, há ainda um terceiro vírus que está em processo de sequenciamento genético em uma parceria da Embrapa com a Universidade Nacional de Brasília (UnB) e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

De acordo com a pesquisadora, o PYMoV é o mais disseminado, e não somente no Pará. “Nas lavouras de Minas Gerais, Espírito Santo e da Bahia esse vírus também já foi encontrado”, alerta. Ela explica ainda que o vírus PYMoV pode ser transmitido pela cochonilha, que tem sua maior importância em viveiros de mudas. Mas como a pimenteira-do-reino é propagada por meio de estacas, a disseminação desse vírus ocorre principalmente por meio do uso de mudas infectadas provenientes de matrizes doentes.

As plantas adoecem

Os sintomas variam de acordo com as cultivares utilizadas no campo, mas de uma forma geral, o vírus causa a redução do tamanho das folhas e o mosaico de cores, no qual as folhas perdem a uniformidade da cor verde e apresentam manchas amarelas, comprometendo assim, entre outros processos, a fotossíntese da planta, o que culmina na menor produtividade de frutos de pimenta.

Os vírus afetam o desenvolvimento da planta como um todo ao longo do tempo. “As folhas ficam pequenas, deformadas e com mosaico, reduzindo o processo de fotossíntese e consequentemente levando à diminuição da produção. E não há remédios para a eliminação dos vírus”, resume a cientista.

Isso tudo tem um agravante, segundo a pesquisadora: a carga viral passa de “planta-mãe para filha”. Portanto, toda muda produzida a partir de estaca de uma planta doente já carrega o vírus consigo. Esse processo de adoecimento da planta e da perpetuação da carga viral ao longo das gerações tem o nome de degenerescência.

O agricultor João Benedito Gomes Cantão, do município de Mocajuba, vem perdendo produção ano após ano. “Eu faço poda manual e consigo manter o pimental produzindo mesmo com a fusariose, mas com a virose não tem jeito. Já recorri a outras cultivares para tentar produzir melhor”, afirma.

A Embrapa já desenvolveu sete cultivares de pimenteira-do-reino que atualmente são utilizadas em todas as lavouras brasileiras. Porém as viroses, segundo Alessandra J. Boari, vêm provocando mudanças significativas nos campos de produção.

A cultivar de pimenteira-do-reino mais plantada na região era a BRS Cingapura. Com a ocorrência das viroses essa realidade vem mudando e os plantios estão sendo paulatinamente substituídos por outras cultivares, como a BRS Bragantina, também desenvolvida pela Embrapa. “As plantas de Bragantina, apesar de também terem o vírus PYMoV, não mostram sintomas e possivelmente apresentam mais tolerância a esse vírus”, ressalta a pesquisadora.

Porém, mesmo após a disponibilização do novo material livre de vírus aos produtores, é preciso cuidado para evitar a infecção tanto no campo quanto nos viveiros de mudas. “Atualmente, os vírus estão em todos plantios. Por isso, os produtores devem priorizar boas práticas de manejo e adquirir mudas de viveiristas credenciados pelo Ministério da Agricultura”, alerta o pesquisador Oriel Lemos. Dessa forma, é possível ter um pimental sadio, mais produtivo e com menores custos de produção.

Por Embrapa.