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Produtos Florestais: Conheça a Riqueza das Florestas

Os Principais Produtos Florestais Obtidos de Nossas Florestas Plantadas

Nesta artigo abordaremos sobre alguns principais produtos florestais não madeireiros. Falaremos sobre conceito de produtos florestais não madeireiros (PFNM), importância econômica, social, manejo dos PFNM. Abordaremos sobre a resina, tanino, óleos essenciais, látex, açaí, palmito, baru, macaúba, e ao longo da disciplina, discutiremos e daremos exemplos de outros produtos florestais não madeireiros

O segmento florestal tem como base o cultivo de árvores para fins industriais. Gerando uma enorme variedade de produtos que chega a quase 5 mil produtos, o que inclui madeira serrada, papel, celulose, pisos e painéis de madeira e carvão vegetal.

Com posição de destaque no desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, as árvores plantadas abastecem diferentes indústrias. O que permitem, por meio de investimentos em pesquisa e inovação, diversificar cada vez mais o uso da madeira de forma sustentável.

Neste texto veremos quais são os principais produtos florestais obtidos através da madeira oriunda de nossas florestas plantadas e o desempenho industrial de tais produtos.

Espécies florestais cultivadas no Brasil

Sabemos que a área total de árvores plantadas no Brasil totalizou 7,83 milhões de hectares em 2018. Os plantios de eucalipto ocupam 5,7 milhões de hectares desse total, enquanto as áreas com pinus somam 1,6 milhão de hectares, e outras espécies, entre elas seringueira, acácia, teca e paricá, representam cerca de 590 mil hectares.

Florestas Plantadas - Mapa do Brasil com distribuição dos tipos por estado

Um dado muito interessante obtido em 2018, mostra que o atual consumo brasileiro de madeira proveniente de árvores plantadas para uso industrial foi de 220,9 milhões de m3, o que representa aumento de 7,2% em relação ao consumo de 2017.

O desempenho Industrial de nossos produtos florestais

 

Celulose

Em 2018, o Brasil se consolidou como o segundo maior produtor mundial de celulose, atrás apenas dos Estados Unidos. Foram produzidas, considerando tanto fibra curta (eucalipto) como longa (pinus) e a pasta de alto rendimento, 21,1 milhões de toneladas, o que representou um crescimento de 8,0% com relação ao ano de 2017. O volume exportado atingiu 14,7 milhões de toneladas (70% do total), representando um incremento de 11,5% em relação ao ano anterior. Já o volume consumido no mercado interno atingiu 6,5 milhões de toneladas (30% do total), com importação de 180 mil toneladas.

Temos que de 2012 a 2018, a produção nacional de celulose, que é destinada principalmente às exportações, aumentou em 7,1 milhões de toneladas, o que representa uma taxa anual de crescimento de 7,1%. Esse incremento foi acompanhado pelo aumento das exportações para a China e países da Europa, enquanto o consumo interno apresentou pouca variação.

Papel

O Brasil segue no oitavo lugar no ranking mundial dos produtores de papel, com 10,4 milhões de toneladas, uma leve retração de 0,4% frente a 2017. A principal razão desse desempenho foi a retração das exportações, que ficaram 4,6% abaixo do volume registrado em 2017.

 

https://agropos.com.br/pos-graduacao-em-tecnologia-da-producao-de-celulose/

 

A produção nacional de papel, destinada principalmente ao mercado interno, aumentou 2% no total, de 2012 a 2018. Neste período, as exportações se mantiveram estáveis (19% do total) e houve redução das importações.

Painéis De Madeira E Pisos Laminados

O segmento brasileiro de painéis de madeira permanece em 8º lugar no ranking mundial dos maiores produtores. A produção brasileira de painéis de madeira reconstituída foi de 8,2 milhões de metros cúbicos em 2018, um aumento de 2,8% em relação a 2017. As produções de MDF/HDF, de MDP e de HB aumentaram, respectivamente, 2,5%, 3,4% e 0,4%.

Os sinais de melhora da economia brasileira, mesmo que tímidos, ajudaram a impulsionar o consumo no mercado interno. De toda a produção 16% tem como destino a exportação, enquanto 84% são consumidos pelo mercado doméstico.

No Brasil, são 23 unidades produtoras de painéis de madeira reconstituída, sendo a maior parte localizada nas regiões Sul e Sudeste. Já a produção de pisos laminados, produto associado à indústria de painéis, totalizou 11,1 milhões de m2 em 2018, uma redução de 6,7% em relação à produção de 2017.

Produtos Sólidos De Madeira

Em 2018, a produção brasileira de madeira serrada ficou em 9,1 milhões de m³, valor 4,2% superior à produção de 2017. A desvalorização do real frente ao dólar e a melhora do mercado de construção civil norte-americano possibilitaram um aumento de 15,1% das exportações brasileiras deste insumo. Com esse desempenho, o Brasil ocupa o 8º lugar entre os principais países produtores de madeira serrada do mundo.

 

https://agropos.com.br/pos-graduacao-em-inventario-florestal-avancado/

 

A melhoria no mercado externo compensou o consumo interno que ficou praticamente estável no último ano, visto que a construção civil, principal consumidor de madeira serrada no País, ainda não mostrou sinais de recuperação.

A estagnação da construção civil brasileira também pressionou o segmento de painéis compensados a partir de árvores plantadas que apresentou uma queda na produção de 1,6% em 2018 em relação a 2017, impactado pela redução de 24,8% no consumo interno, que ficou em 0,7 milhões de m³.

As exportações aumentaram 9,7%, passando de 1,9 milhões de m³ de painéis compensados para 2,1 milhões de m³. Apesar da retração na produção, o Brasil ocupa o 7º lugar entre os principais países produtores de painéis compensados.

Carvão Vegetal

Líder mundial em carvão vegetal, o Brasil é responsável por 11% de todo o carvão vegetal produzido globalmente. Um dos importantes insumos da indústria siderúrgica, o carvão vegetal registrou consumo de 4,6 milhões de toneladas no Brasil, um aumento de 2,5% em relação a 2017, principalmente em função do aumento da atividade do setor.

Do total de carvão consumido em 2018, 91% foi produzido a partir de madeira oriunda de árvores plantadas. Esse é um significativo aumento (5,9%) em relação a 2017, confirmando a tendência de queda no uso de madeira de floresta nativas já apresentada nos últimos anos.

No Brasil, são mais de 130 indústrias que utilizam carvão vegetal no processo de produção de ferro-gusa, de ferro-ligas e de aço. Em 2018, apenas 70% deste total de indústrias estavam operando. Sendo que o principal polo de consumo de carvão vegetal é o Estado de Minas Gerais.

Índice De Preços E Produtos

Os preços nominais dos produtos de base florestal, em sua maioria, apresentaram aumentos em 2018 em relação ao ano de 2017.

A valorização está relacionada com o bom momento das indústrias do setor de celulose e papel e pela desvalorização do real frente ao dólar. O que possibilitou o aumento do volume e do preço da madeira serrada, dos painéis de madeira e compensados brasileiros no mercado externo. Já com relação ao carvão vegetal, o aumento de preço está relacionado com a leve recuperação apresentada pelo setor siderúrgico em 2018.

Fonte: Mata Nativa

A relação entre os atributos funcionais e o inventário florestal

As formações naturais abrigam uma grande diversidade de espécies animais e vegetais, sendo assim, são de importância significativa no âmbito social, ambiental e econômico. As florestas se caracterizam por possuir uma biodiversidade significativa e uma complexidade oriunda de diversos mosaicos vegetais decorrentes de mudanças temporais e locais dos ambientes. Além dos recursos naturais disponíveis, muitos são os serviços ecossistêmicos gerados por esses ambientes, que também são fonte de produtos madeireiros e não madeireiros, fornecendo subsídios necessários para as comunidades que vivem no entorno.

Para mensurar os recursos disponíveis é empregado o inventário florestal fornecendo um conjunto de informações, que se enquadram em características quantitativas e qualitativas. As métricas quantitativas subsidiam análises como a estrutura horizontal e vertical, potencial produtivo, fitossociologia, estoque de carbono, entre outros. Em relação as métricas quantitativas podemos abordar sobre florística, sanidade, características edafoclimática, atributos funcionais, entre outros. Nesse sentido, qual a importância de se conhecer os atributos funcionais das espécies em uma floresta?

O que são os Atributos Funcionais?

manejo adequado de uma floresta propicia a conservação dos recursos presentes, bem como a prestação dos serviços ecossistêmicos, e neste contexto, os atributos funcionais vêm sendo utilizados como base para o entendimento da influência dos organismos e comunidades biológicas. Estes atributos são considerados como ferramentas que subsidiam a descrição e o entendimento das alterações que ocorrem em uma comunidade. Assim, uma característica funcional pode ser em função da resposta que o organismo dá pelo ambiente (característica resposta) ou pelos efeitos que provoca nos serviços ecossistêmicos (característica de efeito).

http://materiais.agropos.com.br/doencas-bioticas-da-eucaliptocultura

Os atributos funcionais são conceituados como características de um organismo que são ditas como relevantes no que diz respeito às respostas ao ambiente. Tais características estão associadas com o crescimento, reprodução e sobrevivência de um indivíduo e assim, influem diretamente nas taxas de dinâmica e possibilidades de existência e coexistência de uma ou mais populações. Em relação as espécies vegetais, os atributos funcionais podem ser características morfológicas, ecofisiológicas, fenológicas, genéticas, bioquímicas e de regeneração. Estes atributos estão associados a duas estratégias: aquisitiva, que refere ao mecanismo de maximização dos recursos e conservativa, que se refere a maximização na eficiência do uso dos recursos.

Coleta de dados

A obtenção dessas informações é realizada com a coleta de maneira especifica para cada característica. Por exemplo, alguns são classificados por meio da literatura, outros podem ser coletados em campo, com a mensuração de folhas, caule, raízes, madeira. Dentre os atributos mais comuns, temos: o hábito das plantas (árvore, arbusto ou erva), altura, área foliar específica, deciduidade, densidade da madeira, massa de semente, espessura da casca, modo de dispersão e polinização. Contudo é importante se observar qual objetivo de coletar determinada característica, sendo que cada atributo tem uma resposta em determinado ambiente. A exemplo, a massa de sementes está relacionada a sobrevivência da espécie e a área foliar a capacidade fotossintética.

O dimensionamento dos efeitos dos atributos nos processos e serviços ecossistêmicos é definido pela diversidade funcional. Tal parâmetro está intrinsecamente relacionada com o desempenho e a preservação dos processos ecológicos de uma determinada comunidade. Assim, áreas que exibem uma alta diversidade funcional tendem a apresentar uma maior resistência, resiliência e consequentemente produtividade. Para exemplificar, considerando duas comunidades (A e B) com o mesmo número de espécies: se todas as espécies vegetais em A forem dispersas por aves, enquanto em B forem dispersas por mamíferos, aves, lagartos e pelo vento, apesar de ambas possuírem o mesmo número de espécies, B será mais diversa por apresentar espécies funcionalmente diferentes no que se refere ao tipo de dispersão.

Formas de medição da Diversidade Funcional

A diversidade funcional pode ser medida de forma categórica ou contínua, sendo que a diferença entre as alternativas está atrelada com a quantidade de informações e forma que é empreendida. As medidas categóricas são consideradas como as mais comuns e são dadas em função de grupos funcionais que estão representados na comunidade. Em relação as medidas contínuas, estas se diferem das categóricas por não considerar os grupos funcionais e sim o espaço n-dimensional que cada espécie ocupa. Assim, as medidas contínuas podem ser de dois tipos: medidas que consideram uma característica funcional ou que considera vários atributos funcionais ao mesmo tempo.

Cite-se, os parâmetros mais empregadas são: Diversidade de atributos funcionais (FAD) que é designada como a soma da distância das espécies na comunidade; riqueza funcional (Fric) que refere-se ao volume que uma espécie ocupa no espaço funcional; uniformidade ou equitabilidade funcional (Feve) que está relacionado com a distribuição da abundância ocupada pelo nicho, em outras palavras, é o somatório da distância da árvore que liga os pontos no espaço tridimensional; divergência funcional (Fdiv) que representa a dissimilaridade funcional em valores de característica que existe dentro de uma comunidade, isto é, considerando o centro da gravidade pesado pela abundância será representado pelo desvio da distância média; dispersão funcional (FDis) que é definido como a distância no espaço funcional, deslocada pelo centroide da espécie mais abundante.

Apesar de existirem muitos estudos sobre esse tema, muitas vezes, pouco se sabe do papel funcional em determinado ambiente ou local. Por isso, é relevante que se aborde sobre a temática e que na realização do inventário florestal sejam levantadas essas informações. Tais características, permitem conhecer a função que determinada espécie exerce sobre o seu habitat e como esse atributo pode mudar no decorrer do tempo.

Fonte: Mata Nativa

Uso de drones para fazer inventário de florestas e estimar volume de madeira

uso drones para fazer inventário

Uma metodologia automatizada permite realizar em três horas a medição de volumes de madeira em florestas que, de forma manual, levaria três semanas para ser realizada. Aplicável a diferentes demandas do manejo de florestas, a tecnologia desenvolvida pela Embrapa possibilita o uso de drones para fazer inventário de florestas, coletando dados em grandes extensões. A partir de combinações de imagens aéreas sequenciais é possível obter modelos 3D de alta precisão, com maior rapidez e baixo custo, para diferentes finalidades. A metodologia já auxilia técnicos do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) no monitoramento de concessões.

O uso de drones no manejo florestal é uma tendência do processo de automação do setor, iniciado há mais de uma década, e que ganhou celeridade com a chegada das geotecnologias para o planejamento da atividade. Segundo o pesquisador da Embrapa Acre Evandro Orfanó, as geotecnologias viabilizaram tarefas que não eram realizadas em função das dificuldades de acesso ou por serem excessivamente demoradas e onerosas.

O volume de toras é calculado quase automaticamente

“O mapeamento de florestas de forma manual é demorado e de alto custo. Com o uso de drones para fazer inventário de florestas, o procedimento poderá ser realizado em minutos, com investimentos reduzidos e resultados altamente confiáveis. É possível fazer um diagnóstico de diferentes aspetos do manejo florestal, em uma escala de centímetros, e visualizar detalhes antes impensáveis”, afirma o cientista.

As pesquisas para desenvolvimento da metodologia com drones iniciaram em 2015 com o objetivo de encontrar uma alternativa tecnológica para calcular o volume de madeira extraído da floresta (cubagem das toras), com redução da morosidade e incertezas do levantamento tradicional, problemas comuns no ramo madeireiro em diversas localidades da Amazônia.

Os testes em campo aconteceram em pátios de estocagem de empresas do Acre e Rondônia, sempre comparando com o método manual. Foram testados diferentes níveis de ajuste da metodologia automatizada de levantamento de estoques de madeira, para avaliar o grau de precisão das informações sobre a produção.

Para medir a madeira estocada, o drone sobrevoa os volumes empilhados e captura imagens que possibilitam obter medidas precisas de cada tora. Inicialmente a metodologia foi testada em mil metros cúbicos de madeira, em Rio Branco (AC). No método tradicional, cinco técnicos trabalharam durante sete dias para medir as toras, com uso de trena, anotar o diâmetro, o comprimento e calcular o volume individualmente.

“Com o uso de drone, a medição foi feita em apenas dez minutos, com diferença de meio porcento nos quantitativos apurados. Esse resultado representou um salto na atividade, por reduzir drasticamente o tempo de trabalho, com margem de erro quase zero”, conta Orfanó.

Os testes realizados na Floresta Nacional do Jamari (RO), em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão responsável pelo monitoramento de florestas manejadas em regime de concessão pública, confirmaram a eficiência da metodologia com drone na cubagem de madeira.

Para calcular a volumetria de 25 mil metros cúbicos, o equivalente a aproximadamente 800 caminhões de madeira em toras, foram necessários 16 minutos de sobrevoo e três horas de processamento das informações coletadas. “Manualmente, a atividade demandaria 21 dias de trabalho com, no mínimo, três profissionais”, diz o pesquisador.

Tecnologia agiliza vistorias florestais

Atualmente, o Brasil possui um milhão de hectares de floresta em regime de concessão pública, localizados nos estados de Rondônia e Pará, operacionalizados por meio de 17 contratos que produzem 175 mil metros cúbicos de madeira por ano, conforme dados do SFB. Essa produção é registrada pelas concessionárias no Sistema de Cadeia de Custódia da instituição.

De acordo com José Humberto Chaves, gerente de monitoramento e auditoria florestal do SFB, o uso de drones para fazer inventário de florestas proporcionou um salto na agilidade do processo de vistoria nos pátios de estocagem das concessionárias, com ganhos significativos em produtividade nas rotinas de monitoramento.

“Na medição tradicional, tínhamos dificuldade para fazer uma amostragem significativa da produção. A cada vistoria de três dias conseguíamos medir cerca de 150 toras. Com a metodologia com drone medimos o pátio inteiro, com até 24 mil metros cúbicos de madeira, em poucas horas de trabalho e conseguimos confrontar o resultado com a produção declarada pelas empresas no nosso sistema de rastreabilidade com maior segurança”, ressalta.

Na opinião do gestor, realizar o processo de cubagem de madeira com drone otimizou o tempo de trabalho e simplificou a atividade, que agora pode ser realizada por apenas uma pessoa, com redução de gastos com mão de obra e mais qualidade das informações geradas. “Com isso, as equipes de monitoramento têm mais tempo para atuar em outras operações de campo, como a instalação de parcelas permanentes e checagem da qualidade das estradas. Adotar a metodologia com drone trouxe vantagem também para as concessionárias, uma vez que a medição da madeira nos pátios de estocagem pode ser feita a qualquer tempo, sem a necessidade de interrupção das rotinas da empresa”, acrescenta.

Como a metodologia funciona

A metodologia com drone funciona com apoio de receptores GNSS (Sistema de Navegação Global por Satélite) instalados em solo e por meio de softwares específicos de processamento. As fotos aéreas produzidas por esses equipamentos são processadas e interpretadas com uso da fotogrametria digital, técnica que permite extrair formas, dimensões e posição dos objetos fotografados, já utilizada em projetos aeroespaciais, automobilismo, medicina e outras áreas.

Algoritmos de identificação de características das imagens constroem uma nuvem de pontos tridimensional do objeto sobrevoado, de onde são extraídas informações de volume, no caso de pilhas de madeira. “Para a programação dos planos de voo são usados parâmetros de sobreposição frontal, lateral e altura de voo adequados aos objetivos dos levantamentos aéreos e, ao assumir a função autônoma, o drone coleta os dados previamente definidos. A execução de levantamentos aerofotogramétricos com drones requer autorização de voo pela Agencia Nacional de Aviação Civil (Anac)”, esclarece Orfanó.

As alternativas de uso da tecnologia vão desde pacotes empresariais que exigem drones de alto padrão associados a computadores potentes que custam entre R$ 15 mil e R$ 200 mil, até versões simplificadas que utilizam um drone de baixo custo para o sobrevoo e enviam as imagens coletadas para uma nuvem de dados na internet, administrada por empresas de tecnologia, nas quais são processados e remetidos para o computador. “Independentemente da versão utilizada, a análise é feita a partir dos dados coletados, com base nos objetivos previstos. Por isso é importante programar bem o plano de voo para garantir a precisão das informações”, recomenda o pesquisador.

Fonte: Embrapa

Inventário Florestal: do Planejamento a Execução

Inventário Florestal: do Planejamento a Execução

Quando pensamos em Inventário Florestal, os primeiros pensamentos que passa na mente de um Engenheiro Florestal é a definição de parcelas, a amostragem e quais métodos adequados a se utilizar.

Contudo, no meio profissional, as primeiras indagações são de ordem práticas, sendo o planejamento parte fundamental do Inventário Florestal.

A Primeira Conversa

A fase do planejamento inicia-se desde o contato inicial com o cliente, no qual este irá relatar suas necessidades e objetivos com o inventário. Em primeiro momento é necessário que você, engenheiro florestal, entenda quais são as reais necessidades de seu cliente, e digo isto pois em alguns casos o próprio cliente não consegue entender a necessidade de se fazer o inventário, principalmente de áreas nativas.

Recai sobre nós, técnicos da área, mostrar qual o real valor que o inventário oferece na solução das demandas do cliente, e então começarmos a planejar como melhor atender as suas expectativas.

Além do objetivo do inventário, nesta primeira conversa devemos buscar informações quanto a localização do fragmento ou projeto florestal, o tamanho total da área, a disponibilidade de mapas pré-existentes, a idade do plantio, os tratos silviculturais já existentes.

Fase do Escritório

Terminada a conversa inicial com o cliente, inicia-se o planejamento pré-campo. Os itens mais importantes para o planejamento são:

Mapeamento da área

É o instrumento básico para o planejamento do trabalho de campo do inventário. É sobre o mapeamento que as decisões de número, forma e localização das parcelas serão tomadas. Bem como as decisões práticas de campo, como quais as principais entradas no fragmento ou projeto florestal deverão ser usadas para facilitar o deslocamento em campo.

Logística

Estabeleça a cidade base, na qual exista um suporte de hotelaria e alimentação para a equipe de campo. Conheça a localização de unidades de pronto atendimento! Isto facilita o transporte e o atendimento em caso de algum imprevisto ou acidente de trabalho em campo.

A condição das estradas que chegam ao fragmento ou projeto florestal, dita qual o tipo de veículo a utilizar (tração 4×2 ou 4×4).  A condição da estrada, também altera conforme a época do ano.

Estradas com baixa manutenção, e muito irregulares não são recomendadas em épocas chuvosas. Contudo, caso o cronograma de execução do inventário não possibilite ir na época apropriada, tenha os contatos de guinchos e mecânicas disponíveis na região para auxiliar em caso de necessidade.

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Dimensionamento da equipe

O dimensionamento da equipe é parte crucial para a definição do orçamento e do cronograma de trabalho. O número de membros da equipe varia conforme a complexidade do inventário, tem-se como um número mínimo equipes de três pessoas, um anotador e dois avaliadores, é o recomendável para pequenos inventários.

Já levantamentos fitossiológicos, normalmente são encontradas equipes de no mínimo 5 pessoas, possuindo um anotador, dois responsáveis por localizar e medir as árvores, um registrando a posição geográfica das árvores, e por fim, um marcando as árvores mensuradas com as plaquetas de identificação.

O rendimento de campo para uma equipe de inventário é variável, dependendo da condição do terreno, relevo e nível de detalhamento requerido no inventário.

Na literatura encontram rendimentos para equipe de 4 pessoas de 0,8 ha/dia a 5,7ha/dia; para equipes de 5 pessoas variando de 20 a 25 ha/dia e equipes de 7 pessoas com rendimento de 10 a 15 ha/dia.

Cabe ao Engenheiro Florestal, o treinamento e coordenação da equipe para atingir maior eficiência no trabalho de campo.

Materiais de campo e EPI

Assim que se estabelece o número de colaboradores de campo, o passo seguinte é fazer a conferência na condição do material usado no campo, tanto os equipamentos de medição, quanto os equipamentos de proteção individual.

Para a seleção e escolha dos materiais de medição em campo, é importante fazer uma avaliação do número adequado para a atividade e equipe de campo, das condições de preservação dos mesmos e atentar para a calibração dos equipamentos, sempre no intuito de evitar erros de leitura.

Devo salientar a necessidade de treinamentos contínuos das equipes, para que os equipamentos sejam usados de formas mais eficientes e minimizar o erro de leitura das medições. Fazem parte do equipamento de medição, as fitas métricas e dendrométricas, as sutas, réguas graduadas ou varas telescópicas e hipsômetros.

Os materiais de proteção individuais para a atividade de inventário florestal também devem passar por uma vistoria antes de ir a campo. São materiais de proteção individuais os capacetes, perneiras, calça comprida e camisas de manga longas, protetor solar, luvas vaquetas e óculos de proteção.

Equipamentos de suporte para a atividade são de suma importância, sempre atentando para o bem-estar da equipe, como garrafa de água, comunicador, kit de primeiros socorros, lanternas, inseticida, facão e canivetes, quando necessário.

Decisões técnicas

As decisões de caráter técnicas são as decisões relacionadas com o número de parcelas e a forma, o método de amostragem a ser realizado, o grau de precisão almejado, as variáveis mensuradas entre outras. Materiais gratuitos e disponíveis no Blog Mata Nativa podem e devem ser consultados para sanar essas questões.

Fase de Campo

De posse de todo material selecionado e dimensionado, e de toda a logística previamente estabelecida, com local de hospedagem e alimentação acertados, inicia-se o trabalho de campo do inventario florestal.

É fundamental ter em mãos o mapa e croqui da área e a impressão das planilhas de campo, organizadas com as informações dos anotadores e medidores, bem como o número do fragmento, talhão ou projeto e da parcela a ser medida. Recomenda-se a impressão de um número maior de folhas das planilhas de campo para cobrir eventuais erros ou situações nas quais a planilha é danificada.

Nesta fase é primordial a supervisão do Engenheiro Florestal, no intuito de se minimizar os erros de medição, e verificar a proteção dos membros da equipe através do reforço da utilização dos equipamentos de proteção individual e coletivos.

Para isso é fundamental no início da excussão do inventario florestal, uma reunião com a equipe para passar as recomendações necessárias, afinar as técnicas necessárias e combinar as frequências dos comunicadores, os pontos de encontro e acertar os horários de almoço e café.

Em Resumo

A atividade de inventário florestal é complexa, havendo decisões técnicas e decisões práticas a serem tomadas a fim de orientar as operações de campo. A coleta de informações é fundamental para o planejamento mais eficiente, sendo o foco do engenheiro desde a primeira conversa com o cliente até a incursão de campo. Pontos práticos de logística e equipamentos devem estar acertados antes das operações de campo.

E por fim, o engenheiro deve se atentar para as instruções de uso de equipamentos e a utilização de EPI nas atividades de inventário.

Fonte: Mata Nativa

As maiores inovações do mercado de Inventário Florestal

As maiores inovações do mercado de Inventário Florestal

Da mesma forma que já não conseguimos pensar numa vida pessoal sem usar facilidades como as oferecidas pela internet e smartphones, é impossível imaginar uma vida profissional sem as facilidades que hoje estão disponíveis ao sistema florestal.

Nos últimos anos diversas novidades vêm sendo apresentadas. A tecnologia está aliada a estes lançamentos que trazem agilidade e inovação ao mercado florestal, especialmente aos inventários florestais que absorveram rapidamente estas novidades. Estas inovações, além de tornar os trabalhos de inventários mais rápidos e precisos, representam uma boa economia de recursos financeiros, tanto para as indústrias como para os profissionais autônomos.

Vejamos a seguir quais são algumas destas inovações e como elas podem nos ajudar no dia a dia de trabalho no inventário florestal.

Inovações tecnológicas no Inventário Florestal

Neste tópico são listadas cinco tecnologias que hoje já permitem que os inventários florestais sejam realizados de forma mais ágil e eficiente, são eles:

  • Tablets na coleta de dados em campo: diversas empresas florestais utilizam tablets ao invés da tradicional prancheta. Atualmente existem no mercado tablets robustos como o Tab Active 2 da Samsung, que possuem maior durabilidade em campo, baterias com mais capacidade e resistência à quedas, exposição ao sol, chuva, lama e poeira.
  • Aplicativos para coleta de dados: os aplicativos de coleta ajudam a prevenir erros pois são otimizados para interpretar os dados que são inseridos pelos operadores, visto que são considerados os valores das medições anteriores para que não seja possível a inserção acidental de medidas absurdas. Desta forma, o sistema “aprende” baseado nas informações da população qual o range de dados esperado, evitando ainda no campo, que dados errados sejam coletados. Um exemplo deste tipo de aplicativo é o Mata Nativa Móvel.
  • Inteligência artificial: com um banco de dados digital da floresta como base para cálculo, algoritmos de aprendizado de máquina combinam diversas operações matemáticas e estatísticas para obter estimativas de características da floresta, como o volume ou a taxa de mortalidade. Esses mecanismos evoluem conforme vão sendo usados e a base de dados florestal cresce, sendo um aliado no planejamento e na análise da floresta.
  • Sensores: boa parte da tendência tecnológica consiste na utilização de sensores de diversos tipos, colocados no campo e conectados com a internet. Também usa-se drones e até dados de satélites para obter informações da floresta. Essas tecnologias funcionam de maneira autônoma, ou podem ser controladas remotamente, e ainda possuem taxas de atualização da informação muito maiores, com dados semanais, diários e, em certos casos, diversas vezes no mesmo dia.
  • Sistemas de Monitoramento Online: integram diversas ferramentas, como as citadas acima, numa plataforma para acompanhamento online. Esses sistemas podem combinar dados de maneira a criar uma visão geral do ativo florestal para que o gestor possa monitorar o andamento das equipes que estão em campo, o desenvolvimento das árvores, gerar relatórios técnicos, planejar intervenções, entre outras atividades, sem a necessidade de se locomover até a floresta.

As ferramentas citadas beneficiam tanto a um gestor quanto um operário em campo, que tem acesso a uma ferramenta digital para agilizar seu trabalho, como por exemplo ao reduzir trajetos que fazem para chegar ao ponto de medição. Já o gestor, munido com esse arsenal tecnológico, pode tomar decisões de forma mais segura, tendo em vista as informações que tem em mãos sobre a floresta que administra.

Benefícios para o Inventário Florestal

Ainda que reconhecida como importante, a execução contínua de Inventários é considerada onerosa por muitos investidores, pois o sistema tradicional é intensivo de mão de obra, já que a coleta de dados é feita de forma extensiva, ainda que amostral, e exige de grandes empresas a constituição de departamentos dedicados à interpretação desses inventários. Assim, este mercado busca inovações tecnológicas que tornem esta atividade mais atrativa.

Desta maneira, o uso de softwares, drones, de sensoriamento remoto e de algoritmos e cálculos matemáticos por exemplo ajuda a reduzir o trabalho em campo e também melhorar a precisão dos resultados, com economia de dinheiro e de tempo.

Especialistas afirmam que mesmo investindo em equipamentos e tecnologias, os custos da medição do inventário acabam ficando entre 20% e 50% mais baratos que o método convencional devido a agilidade que se consegue alcançar no inventário florestal.

Exemplo de aplicação destas inovações no Inventário Florestal

Eldorado Brasil é uma indústria que tem adotado modernas práticas de mercado ao usar inteligência artificial no inventário florestal. Há pouco tempo, a companhia iniciou testes com a tecnologia de Redes Neurais Artificiais (RNA) no inventário florestal, permitindo estimativas quantitativas e qualitativas das árvores de eucalipto, de maneira mais eficiente e precisa.

Desenvolvido pela Eldorado a partir de um convênio com alunos de doutorado e pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, a empresa está utilizando RNA para três aplicações principais: redução de tempo na medição da altura de árvores, da forma das árvores e no número de parcelas de inventário por área de plantio. Com isso diminuíram o custo na coleta de informações e melhoraram a assertividade das estimativas geradas.

Para a estimativa convencional da altura das árvores, para a Eldorado por exemplo, é necessário medir o diâmetro e a altura de 14 árvores em cada parcela de inventário (400 m²). Com a tecnologia, é preciso obter o diâmetro e a altura de apenas três árvores por parcela e uma única rede neural faz os cálculos em função de variáveis numéricas (diâmetro, idade, altura dominante) e categóricas (fazenda e material genético). Depois de modeladas com um banco de dados, as redes neurais fazem cálculos para prever o comportamento de uma determinada área. Os resultados obtidos pela empresa com o uso das redes neurais tem sido mais precisos, com redução de 78% das medições realizadas em campo.

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A companhia também usa veículos aéreos não tripulados (Vants) de forma operacional e em larga escala. Os plantios de eucalipto são monitorados por imagens fornecidas pelos equipamentos. A capacidade tecnológica dos drones permite que o trabalho que antes seria realizado de dois a três dias, seja feito em apenas oito horas, visto que cada Vant faz em média dez voos por dia e registra cerca de 230 hectares.

A inovação a nosso favor

Vimos que o uso das mais diferentes inovações tecnológicas permite a melhoria contínua da qualidade da informação e é fundamental para a gestão dos plantios, a valoração do ativo biológico e o planejamento estratégico e tático da floresta.

Todas essas inovações trazem a “Era da Informação” às técnicas de inventário florestal, resultando em operações mais ágeis a partir da obtenção de informações muito mais precisas, consolidando o Inventário Florestal de Precisão.

 

Por: Mata Nativa