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Tecnologias para auxiliar no controle dos efeitos nocivos da broca-do-café

Tecnologias para auxiliar no controle dos efeitos nocivos da broca-do-café

Tecnologias para auxiliar no controle dos efeitos nocivos da broca-do-café

Adoção de boas práticas agrícolas e de gestão da propriedade rural também são fundamentais para o controle do Hypothenemus hampei

Florada de café | Foto: Kátia Braga / reprodução do site da Embrapa

A broca-do-café (Hypothenemus hampei) foi identificada no Brasil em 1922, quando o café constituía a principal fonte de receita das exportações brasileiras. Nesse ano, um produtor rural notificou o Instituto Agronômico – IAC, do Estado de São Paulo, sobre a ocorrência da praga em seus cafeeiros. Em 1924, a gravidade da situação dos cafezais de São Paulo levou o governo estadual a instituir uma comissão científica para promover uma campanha de combate e controle da broca-do-café (1924-1929). A despeito desse esforço, a partir da década de 60, a broca-do-café tornou-se uma das principais pragas e está presente ainda hoje nas lavouras de cafés em várias regiões produtoras.

A broca-do-café é um pequeno besouro (coleóptero) de cor escura brilhante, cuja fêmea quando fecundada perfura o fruto do café, normalmente na região da coroa do fruto, na qual faz uma galeria no seu interior para postura de ovos, dos quais surgem as larvas que se alimentam das sementes (grãos de café). Os principais danos causados pela praga, em geral, são a queda prematura dos frutos nos estádios de chumbinho a verde aquoso, o que prejudica a produção de sementes, e ainda reduz o peso dos grãos e diminui substancialmente o rendimento das lavouras.

Evoluindo no tempo, com a expansão da cafeicultura para outras regiões do País, a incidência da praga aumentou devido a práticas como o cultivo de cafezais mais adensados ou sombreados e uso da irrigação, o que propicia a praga sobreviver durante a entressafra no interior dos frutos úmidos remanescentes da colheita e, também, nos frutos que permanecem nas plantas e sobre o solo. Outro fator que tem contribuído para o ataque dessa praga é a ausência de defensivos mais eficientes para o seu controle. Informações sobre ingredientes ativos e produtos existentes podem ser consultadas no Portal do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa, no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (AGROFIT).

Em síntese, medidas recomendadas para controle do Hypothenemus hampei baseiam-se principalmente na adoção de práticas que visam a redução das condições favoráveis à proliferação do inseto, tais como: colheita bem-feita; derriça de todos os frutos da planta, se possível com repasse; podas, quando necessárias; redução de áreas de sombra; e eliminação de lavouras com café abandonadas. Além disso, a condição de lavouras abertas, arejadas, com boa penetração de luz diminui a umidade interna na lavoura, reduzindo as condições favoráveis à proliferação da broca.

No âmbito do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, instituições de pesquisa, ensino e extensão possuem um conjunto de publicações e recomendações técnicas que podem auxiliar os produtores de café a controlarem e mitigarem os efeitos dessa praga nas diferentes regiões produtoras de café do País. Tais publicações estão disponíveis na íntegra no site do Observatório do Café. A seguir apresentamos um sumário de cada uma delas para estimular os interessados as lerem e acessarem cada artigo técnico-científico postado na íntegra.

EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – A publicação Controle alternativo de pragas do cafeeiro apresenta as principais características de produtos alternativos, como a calda sulfocálcica e extratos de semente de nim que, ao serem aplicados nas lavouras, conforme as recomendações técnicas dessa publicação, têm-se destacado no controle da broca, cuja eficiência foi comprovada e apresentada em trabalhos de pesquisa realizados em laboratório e em campo. Além disso, a simplicidade de uso desses produtos, o custo reduzido, e por serem aceitos pela maioria das certificadoras de café orgânico, podem também ser utilizados no controle alternativo dessa praga.

EPAMIG – Outro artigo objeto de divulgação, intitulado Cafeicultor: saiba como monitorar e controlar a broca-do-café com eficiência, apresenta uma planilha na qual deverá ser anotada a incidência do inseto em 6 pontos de 30 plantas por talhão (preferencialmente, talhões de 5 a 6 ha), que  foram estrategicamente definidos na metodologia utilizada na pesquisa, de tal maneira que essas anotações possibilitam a avaliação do percentual de infestação da praga, que, se estiver em nível considerado crítico, segundo os padrões técnicos da pesquisa, os cafeicultores deverão implementar medidas para o manejo e controle da broca.

EMATER – MG – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais – O folheto constante da Série Tecnológica Cafeicultura Controle Alternativo da Broca do Cafeeiro apresenta uma armadilha desenvolvida pelo Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR que visa promover o controle da broca do cafeeiro. Essa armadilha constitui-se basicamente de uma garrafa pet na qual são colocados um frasco com um atrativo para a broca e o líquido no qual ela é capturada.

IAPAR – Essa armadilha, citada anteriormente, desenvolvida pelo Instituto Agronômico do Paraná, constante do folheto divulgado pela EMATER MG, intitulado Nova armadilha IAPAR para o manejo da broca-do-café, ensina o passo a passo sobre como construir um artefato prático (armadilha) para realizar o monitoramento e a captura da broca-do-café (Hypothenemus hampei). Esse artefato constitui-se basicamente de uma garrafa pet, conforme mencionado, na qual são colocados no seu interior um atrativo para a broca, cujo líquido para sua captura, na forma de isca, inclui metanol e álcool etílico, além de café torrado e moído para atrair o inseto no interior da garrafa pet. Leia esse folheto e constate como é simples e prático a construção e a utilização dessa armadilha.

INCAPER – Instituto Capixaba de Pesquisa Extensão Rural e Assistência Técnica – O livro Café Conilon – Técnicas de Produção com Variedades Melhoradas tem o objetivo principal de disponibilizar recomendações técnicas de produção de café conilon, visando proporcionar condições para que as variedades melhoradas expressem, de forma viável, o máximo das suas potencialidades e características. Para tal, são abordados os seguintes assuntos: variedades melhoradas, mudas e condução de viveiros, escolha e preparo da área, espaçamento e densidade de plantio, plantio em linha, calagem e adubação, poda de produção e desbrota, conservação do solo, controle de ervas daninhas, pragas e doenças, irrigação, colheita, controle cultural e secagem, processamento e armazenamento. Dessa forma, esse conjunto de tecnologias e de boas práticas agrícolas e de gestão da propriedade rural, se bem empregadas, possibilitará aos cafeicultores também promoverem o controle e a mitigação dos efeitos nocivos da broca-do-café na lavoura.

INCAPER – Em outro livro dessa instituição, Técnicas de Produção de Café Arábica – Renovação e Revigoramento das Lavouras no Estado do Espírito Santo, são descritas as principais tecnologias para renovação, revigoramento e produção de arábica no Espírito Santo com sustentabilidade, abordando os seguintes aspectos: escolha de área, cultivares indicadas, espaçamento e plantio, calagem e adubação, conservação do solo, controle de plantas daninhas, podas de produção e revigoramento, controle de pragas e doenças, colheita, secagem, processamento, beneficiamento e qualidade, além de considerações sobre irrigação, café orgânico e produção de sementes, que também auxiliam no controle da praga.

Em complemento com essas informações técnicas sumarizadas, esse livro do INCAPER enfatiza e reforça que a praga é muito influenciada pelos fatores climáticos, e que sua incidência deve ser monitorada por meio de amostragens periódicas, principalmente na época em que os insetos-adultos se deslocam dos frutos caídos no chão ou ainda estão aderidos às plantas de café remanescentes da safra anterior. A maior população do inseto ocorre em locais mais fechados, ou seja, talhões mais adensados e plantados em locais baixos que têm mais possibilidade de serem infestados. Dessa forma, a intervenção com controle químico deve ser realizada quando o nível populacional atingir de 3% a 5% de frutos infestados com insetos vivos. E, conclui, que a melhor forma de controle da praga é a redução de sua população inicial por meio da colheita bem-feita e do repasse dos frutos remanescentes no chão ou nas plantas do cafeeiro.

Fundação Procafé – Por meio dos Boletins de Avisos Fitossanitários emite informações técnicas sobre temperaturas, volume de chuvas, percentual de enfolhamento, balanço hídrico comparado com a média histórica da região, crescimento vegetativo, incidência de doenças e pragas, entre essas a broca (Hypothenemus hampei). Dessa maneira, com base nesses dados, o cafeicultor poderá racionalizar o uso de defensivos diminuindo e, assim, as aplicações preventivas de agrotóxicos permitirão redução dos custos de produção e, consequentemente, aumento da rentabilidade das lavouras. E, ainda, tais informações técnicas obviamente contribuíram para um melhor controle e mitigação dessa praga.

UFLA – Universidade Federal de Lavras – A revista científica Coffee Science (vol.11, n.2, 2016) publicou, entre vários, o artigo Adaptação de técnicas de criação da broca-do-café [Hypothenemus hampei (Ferrari) com o objetivo de avaliar técnicas de criação da broca-do-café, utilizando diferentes fontes de alimento natural, formas de assepsia e armazenamento. Foi avaliado o número de descendentes produzidos com o café arábica em coco, café arábica pergaminho e café robusta em coco. Acesse o link e leia na íntegra esse artigo.

UFLA – Outro artigo da Coffee Science (Vol.10, n.3, 2015),  Toxicidade do óleo de mamona à broca-do-café [Hypothenemus hampei (FERRARI) (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE: SCOLYTINAE)], demonstra que o óleo extraído da semente da mamoneira tem demonstrado ser muito promissor no controle de insetos-praga. Nessa pesquisa avaliou-se a eficiência do óleo de duas cultivares de mamona, sob duas formas de aplicação, e em sete concentrações para o controle de Hypothenemus hampei. Também o link para ler o artigo.

UFV – Universidade Federal de Viçosa – Possui o SBICafé (Sistema de Informação do Café) disponível site da UFV e acessível pelo Observatório do Café, Sistema que constitui-se num repositório temático do conhecimento científico e tecnológico, contendo teses e dissertações de mestrado e doutorado; palestras, artigos e demais trabalhos apresentados nos Simpósios de Pesquisa dos Cafés do Brasil e nos Congressos Brasileiros de Pesquisas Cafeeiras. Tem por objetivo unificar e facilitar o acesso à produção científica das instituições consorciadas, contribuindo para a transferência de tecnologias, produtos e serviços ao setor produtivo e agroindustrial do café, para todos os segmentos da cadeia, além de professores, pesquisadores e extensionistas. Para ter acesso gratuito a esse repositório temático do conhecimento científico e tecnológico da cafeicultura clique no link http://www.sbicafe.ufv.br/. Referido SBiCafé tem publicações técnico-científico do controle e mitigação da broca-do-café, como exemplo, citamos o Controle químico da broca-do-café com cyantraniliprole e Mineração de dados espectrais para modelagem de ocorrência da broca do café.

Embrapa Rondônia – No livro intitulado ‘Amazônia’, a broca-do-café também foi abordada como sendo a principal praga do cafeeiro na região, em virtude de a maioria das lavouras da Região Amazônica cultivarem a espécie de café robusta (C. canephora), a qual é preferencialmente atacada pelo inseto Hypothenemus hampei. Nessa publicação são apresentados métodos de monitoramento e controle da broca nas lavouras infestadas, que consistem basicamente na determinação das características biológicas do inseto, grau de infestação, emprego de controle químico ou biológico natural e, ainda, o controle cultural, por meio do qual se permite fazer a colheita de forma criteriosa, evitando deixar frutos remanescentes, e um repasse na lavoura, se necessário, para evitar a sobrevivência da praga nos frutos da próxima safra. Acesse gratuitamente esse livro aqui.

 

Conheça a história do broca-do-café no Brasil acessando a publicação “A campanha contra a broca do café em São Paulo” (1924-1929) por meio do link: http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v13n4/09.pdf

Saiba mais sobre o controle e mitigação da broca-do-café consultando no Observatório do Café no item intitulado “Consorciadas dispõem de tecnologias para monitoramento e controle da broca-do-café”.

Confira todas as análises e notícias divulgadas pelo Observatório do Café no link abaixo:

http://www.consorciopesquisacafe.com.br/index.php/imprensa/noticias

Acesse Publicações sobre café e portfólio de tecnologias do Consórcio Pesquisa Café

http://www.consorciopesquisacafe.com.br/index.php/publicacoes/637

Fonte: Embrapa Café | Lucas Tadeu Ferreira | Anísio José Diniz

Pragas do café: as principais pragas no contexto do MIP.

Pragas do café: as principais pragas no contexto do MIP.

Pragas do café: as principais pragas no contexto do MIP.

No Brasil, o café tem uma importância muito grande na história do país. O café foi a nossa maior riqueza por muito tempo, proporcionando um rápido desenvolvimento do país e propiciando a vinda de imigrantes, o surgimento de várias cidades, a construção de redes ferroviárias para o transporte da produção, e finalmente, a consolidação da expansão da classe média e de seus movimentos culturais.

O Brasil além de ser o maior produtor mundial de café, com colheita de 40 milhões de sacas/ano, é também o maior exportador mundial e o segundo maior consumidor, perdendo a primeira posição apenas para os Estados Unidos da América. No Brasil, as duas principais espécies de café cultivadas são o café arábica (Coffea arabica) e o café robusta (Coffea robusta), sendo o Brasil o maior exportador mundial de café arábica e o segundo maior exportador de café robusta.

A planta de café é uma planta perene C3 que possui ramos laterais primários longos e flexíveis contendo também ramos secundários e terciários. Seus ramos podem ser divididos em ramos ortotrópicos, que crescem verticalmente e os ramos plagiotrópicos que crescem horizontalmente e são os ramos que originaram as flores e consequentemente os frutos de café.

A fenologia de desenvolvimento de uma planta de café é de 2 anos, passando por 6 fases desenvolvimento. A primeira é a de vegetação da planta e formação das gemas vegetativas, com duração aproximada de 7 meses. A segunda fase é caracterizada pela indução do crescimento e dormência das gemas florais, com duração aproximada de 5 meses. A terceira consiste da formação das flores e dos frutos de café no tamanho de chumbinhos, e leva em torno de 4 meses para desenvolver. A quarta fase se caracteriza pela granação dos frutos e dura em torno de 3 meses. Na quinta fase ocorre a maturação dos frutos e leva em torno de 3 meses; e por último ocorre a sexta fase que compreende a senescência dos ramos que representa a “auto-poda” da planta e possui a duração média de 2 meses.

Inúmeras são as pragas do café de importância econômica encontradas atacando a cultura no campo. Podem prejudicar o desenvolvimento e a produção das plantas e devem ser constantemente monitoradas no campo, para que sejam adotadas as medidas de controle a fim de que o nível de dano econômico das pragas seja respeitado.

ALGUMAS PRAGAS DO CAFÉ QUE POSSUEM IMPORTÂNCIA ECONÔMICAS: 

Broca-do-café – Hypothenemus hampei (Coleoptera: Scolitidae)

A broca-do-café é uma das pragas do café bastante prejudicial ao cafeeiro e ataca os frutos em qualquer estádio de maturação. As infestações da broca-do-café podem ser influenciadas por diversos fatores, tais como o clima, a colheita, o sombreamento, o espaçamento e a altitude. Níveis a partir de 30% de infestação são prejudiciais a produtividade e qualidade do café. Os machos da broca-do-café apresentam as mesmas características morfológicas das fêmeas, porem são menores com asas rudimentares e possuem o comportamento de não saírem dos frutos onde se originam. As fêmeas, após o acasalamento, perfuram a região da coroa, ovipositam em câmaras feitas nas sementes. Após 4 a 10 dias da postura, nascem as larvas passam a broquear as sementes degradando o interior dos frutos de café. O período larval é de 14 dias, o período de pupa é de 7 dias em média, sendo que o desenvolvimento completo dura de 27 a 30 dias. Os prejuízos causados pela broca-do-café afetam a classificação e beneficiamento do mesmo, comprometendo a bebida do ponto de vista comercial.

A forma mais adequada para acompanhar a infestação da broca-do-café e para a tomada de decisão dos métodos de controle a serem utilizados é fazer a amostragem mensal dessa praga do café, no cafezal principalmente no período de novembro até cerca de 70 dias antes da colheita. Outra sugestão é iniciar a amostragem quando os frutos estiverem na fase de chumbo e chumbões, período em que as sementes já estão formadas e, portanto, fase em que a broca perfura o fruto, podendo ovipositar no fruto.

https://materiais.agropos.com.br/checklist-software-agricola

Bicho-mineiro – Perileucoptera coffeella (Lepidoptera: Lyonetiidae)

A mariposa do bicho-mineiroé uma das pragas do café que é bem pequena, apresentando 6,5 mm de envergadura, asas brancas na parte dorsal. Sua postura ocorre durante a noite, com média de 7 ovos, colocando um ovo por folha, e durante o dia permanece na parte inferior das folhas. Nas infestações, a lagarta penetra na folha e aloja-se entre as duas epidermes, começando a alimentar-se e a construir minas, daí o nome bicho-mineiro. A ocorrência do bicho-mineiro está condicionada a diversos fatores. Entre esses fatores destacam-se as condições climáticas, sendo que a precipitação pluvial e a umidade relativa do ar influenciam negativamente na população da praga, ao contrário da temperatura, que exerce influência positiva; também a presença ou ausência de inimigos naturais como parasitoides, predadores e patógenos e diferenças de espaçamentos favorecem às infestações dessa praga do café. A larva do bicho-mineiro eclode de 5 a 21 dias após a postura, e penetram nas folhas ficando entre as duas epidermes, causando a destruição do parênquima, consequentemente causam diminuição da área fotossintética e provocam queda das folhas. O período larval desta praga do café dura de 9 a 40 dias, formando um casulo em forma de X, no baixeiro do cafeeiro. Já o período de pupa dura de 5 a 26 dias e os adultos sobrevivem em média cerca de 15 dias.

A amostragem de bicho-mineiro em cafeeiros de até 3 anos de idade deve ser realizada quinzenalmente no início quando os primeiros danos aparecem nas folhas e neste caso, o controle do bicho-mineiro deve ser iniciado quando for encontrado 30% ou mais de folhas minadas nos terços médio e superior das plantas de café.

Ácaro vermelho – Oligonychus ilicis (Acari: Tetranychidae)

Em condições de seca, com estiagem prolongada, o ácaro vermelho é uma das pragas do café que encontra condições ideais ao seu desenvolvimento. O ataque do ácaro vermelho ocorre em reboleiras e, em casos graves, pode se espalhar para toda a plantação de café. O ataque dos ácaros é mais sério nas áreas mais ensolaradas, com manchas de solo mais secas e próximas as estradas, já nas áreas mais sombreadas ou arborizadas o ataque é bem menor. As fêmeas dos ácaros medem cerca 0,5mm de comprimento com pernas e terço do corpo alaranjada. Os ovos são de coloração vermelho intenso, brilhante e esférico. O ciclo do ácaro-vermelho-do-cafeeiro é de 11 a 17 dias. Ele vive na parte superior das folhas do cafeeiro, que ficam recobertas por pequenas quantidades de teia.

Frequentemente observa-se aumento da infestação de ácaro vermelho associado a aplicação de piretróides sintéticos para combater o bicho-mineiro, bem como ao uso de fungicidas cúpricos para combater a ferrugem-do-cafeeiro. Esses agrotóxicos desequilibram e promovem o aumento da população do ácaro vermelho.

https://materiais.agropos.com.br/saiba-mais-sobre-mosca-branca

Cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae)

As cigarrinhas são insetos sugadores que se alimentam em vasos do xilema de uma vasta gama de plantas hospedeiras e pertencem às famílias Cicadellidae, Cercopidae e Cicadidae. As cigarrinhas possuem tamanho e coloração variado, sendo que as fêmeas colocam ovos recobertos por uma camada de cera branca. Inúmeras são as espécies que possuem condições de se alimentar nas plantas de café, porém pouco trabalho de levantamento populacional de cigarrinhas foi realizado até o momento. No entanto, recentemente foi apresentado uma lista de 141 espécimes de cigarrinhas coletadas em plantações de café.

As cigarrinhas são insetos importantes porque além de sugarem a seiva das plantas, elas também podem transmitir a bactéria Xylella fastidiosa para plantas de café, citros, e ameixa sendo “Atrofia dos Ramos do Cafeeiro” (ARC), “Clorose Variegada dos Citros” (CVC), e “Escaldadura das Folhas da Ameixeira” (EFA) respectivamente, o nome das doenças.

Inúmeras são as cigarrinhas vetoras de X. fastidiosa, no entanto, em citros destacam-se as espécies Dilobopterus costalimai, Oncometopia facialis, Acrogonia terminalis, Bucephalogonia xanthophis, Plesiommata corniculata, Ferrariana trivittata, Macugonalia leucomelas, Parathona gratiosa, Sonesimia grossa, Acrogonia virescens e Homalodisca ignorata. Já para as plantas de café, somente foi comprovada a transmissão da bactéria X. fastidiosa pelas espécies D. costalimai, O. facialis, B. xanthophis e H. ignorata.

A cigarrinha B. xanthophi tem importância especial porque é muito encontrada em pomares em formação e, provavelmente, é a maior responsável pela transmissão da CVC para mudas cítricas e também é constantemente encontrada em cafezais. Esta cigarrinha também encontra-se presente em plantas invasoras do pomar. Os ovos são translúcidos e depositados em pares. O adulto mede, no máximo, 0,5 cm de comprimento, é de coloração esverdeada e a terminação de suas asas é transparente.

 

Amostragem das Cigarrinhas

 

A amostragem das cigarrinhas pode ser realizada através da utilização da rede de varredura, succionador motorizado, amardilha de Malaise e armadilha adesiva amarela. Entretanto, a armadilha adesiva amarela, além de ser mais prática, por ficar no campo até 15 dias, também nos mostra dados de flutuação populacional das cigarrinhas na área.

O MIP é essencialmente um sistema de apoio de tomada de decisões no controle de pragas do café, considerando os impactos ecológicos, econômicos e sociais. O sucesso do MIP depende da conscientização dos produtores agrícolas, dos consumidores, dos pesquisadores e até mesmo da indústria de agrotóxicos, sobre a necessidade de reduzir o impacto ambiental da produção de alimentos e procurar alternativas compatíveis com as características ecológicas e econômicas locais.

Portanto, a identificação das pragas do café e o seu monitoramento no campo em conjunto com dados sobre a fenologia e desenvolvimento da planta, e da presença de inimigos naturais presente em determinada área devem ser levados em consideração para a tomada de decisão sobre o sistema integrado de medidas de controle (físico, químico, mecânico, biológico, genético e cultural) a ser utilizado. O MIP não é apenas a adoção de várias técnicas para controlar pragas, mas a utilização de uma forma harmoniosa dos métodos de controle específicos para cada cultura e/ou inseto a fim de manter a densidade populacional de uma determinada praga abaixo do nível de dano econômico.

Por Simone de Souza Prado, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna, SP | Joáz Dorneles Junior, eng. agrônomo, estudante de mestrado em Proteção de Plantas da Unesp, Botucatu, SP.

Publicado originalmente em Embrapa Meio Ambiente.

https://agropos.com.br/pos-graduacao-em-avancos-no-manejo-integrado-de-pragas/