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Planilha eletrônica determina equilíbrio nutricional em mangueiras ‘Tommy Atkins’

Planilha eletrônica determina equilíbrio nutricional em mangueiras ‘Tommy Atkins’

Resultado de extenso trabalho colaborativo entre pesquisadores, produtores, técnicos, agrônomos e profissionais que atuam na assistência técnica, a Embrapa Semiárido disponibiliza uma planilha eletrônica para a determinação do equilíbrio nutricional dos pomares de mangueira cultivados com a variedade Tommy Atkins no Submédio do Vale do rio São Francisco.

Esta planilha tem a função de auxiliar o usuário a planejar e monitorar as adubações das plantas. O acesso à ferramenta é gratuito e o usuário pode rapidamente obter um diagnóstico nutricional bastando, para isso, dispor dos resultados da análise foliar do pomar.

“Espera-se que essa planilha possa contribuir para a obtenção de produções elevadas e frutos com alta qualidade, adequadas às exigências dos diferentes mercados da manga, com uma nutrição mineral equilibrada, que racionalize o uso de fertilizantes e evite a contaminação do ambiente”, afirma o pesquisador Davi José Silva.

O manejo da nutrição mineral é fator relevante na determinação da produtividade dos pomares de mangueira instalados na região. Este reconhecimento faz com que produtores, técnicos, agrônomos e agentes da assistência técnica busquem ferramentas que auxiliem no monitoramento e na tomada de decisão sobre a nutrição adequada, que atendam aos requisitos de produção e qualidade dos frutos.

O pesquisador explica que esta planilha foi gerada após muitos anos de coleta de dados sobre a produção e nutrição de mangueiras no Vale do São Francisco. Ela simplifica o uso do Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação (DRIS), além de utilizar recursos e algoritmos atualizados. Foi elaborada a partir de um conjunto de dados de monitoramento realizado na região e que deram origem a novos padrões nutricionais, já embutidos na própria planilha de cálculos, e que eram inéditos até o momento.

A planilha está dividida em três partes: dados cadastrais, avaliação do estado nutricional e recomendação técnica. Utiliza fórmulas que permitem comparar uma amostra foliar de um pomar com um conjunto de valores de referência, denominado normas DRIS. Informando os teores dos nutrientes na amostra foliar, a planilha fornece os índices de equilíbrio nutricional, o valor do balanço nutricional global (ou IBNm) e faz a interpretação dos resultados, indicando entre cinco classes o estado nutricional do pomar. Ainda apresenta o resultado na forma de gráficos, nos quais se destacam os nutrientes com maiores necessidades de ajustes.

Em atividade realizada no mês de outubro de 2018, os coordenadores do projeto promoveram o treinamento “Formação de multiplicadores na utilização da planilha ‘DRIS Manga’”, voltado à capacitação de um grupo de técnicos e de consultores que atuam na assistência aos manguicultores. “Foi unânime a satisfação dos participantes com o recurso disponibilizado pela Embrapa, quanto à utilidade, praticidade, facilidade de uso e interatividade”, afirma Davi.

Com a disponibilização desta planilha eletrônica, o pesquisador espera expandir ainda mais a cooperação entre a Embrapa Semiárido e a iniciativa privada no sentido de continuar os trabalhos de compartilhamento de dados e informações, a fim de aprimorar o seu emprego de forma contínua nos pomares da região.

Com este objetivo, o pesquisador da Embrapa Rondônia Paulo Wadt, em reunião com consultores e técnicos de empresas privadas na cidade de Petrolina (PE), enfatizou que outros avanços poderão ser alcançados, inclusive, obtendo-se padrões de referência para as demais cultivares de manga produzidas na região. Para tanto, já existe um projeto em andamento na Embrapa, cujos resultados deverão estar disponíveis nos próximos anos.

Para acessar a planilha, clique aqui.

 

Por Embrapa.

Adoção de tecnologias já disponíveis pode aumentar produção de uvas em Mato Grosso

Adoção de tecnologias já disponíveis pode aumentar produção de uvas em Mato Grosso

Pesquisador Reginaldo de Souza orienta o produtor, sr. Nelson, durante visita técnica – Foto: Gabriel Faria

Mato Grosso possui apenas 50 estabelecimentos agropecuários que produzem uva comercialmente para mesa ou processamento, segundo o Censo Agropecuário de 2017. Entretanto, as condições climáticas, associada à cultura sulista dos colonizadores de boa parte do estado fazem com que a viticultura tenha grande potencial. A falta de assistência técnica capacitada, no entanto, tem sido um entrave à produção.

Um exemplo são os agricultores Nélson e Cecília Maziero. Em 2005 eles começaram a produzir uva em Sinop. Sem assistência, adotaram as práticas de manejo que aprenderam no Sul do país. Porém, logo perceberam que não teriam os mesmos resultados. Buscaram informações com outro produtor em Nova Mutum, a 250 km de Sinop, e, a partir das orientações que receberam, conseguiram melhorar a produção.

Hoje vendem toda a colheita de uvas Niágara e Isabel Precoce e o vinho feito com uvas Bordô na porta da chácara, com preços até 50% mais baixos do que o cobrado nos supermercados locais e, ainda assim, recebendo mais do que o dobro do valor de comercialização em regiões produtoras do país.

Embora o negócio vá bem, a falta de assistência técnica tem limitado a produção a oito toneladas na área de um hectare onde cultivam 2.500 videiras. Número que sr. Nelson espera ver dobrado na próxima safra apenas com a mudança na forma de fazer a poda de produção. A instrução para isso ele recebeu durante uma visita de pesquisadores e técnicos que foram à sua propriedade como parte das atividades da Capacitação em Vitivinicultura que a Embrapa promoveu em Sinop de 4 a 6 de dezembro.

O curso é parte da Capacitação Continuada de Técnicos em Fruticultura e visa instruir profissionais de assistência técnica e extensão rural para que possam assistir aos produtores rurais dos municípios onde atuam.

Este módulo sobre o cultivo e processamento de uvas era uma demanda antiga, desde 2012, quando a Embrapa Uva e Vinho lançou em Sinop, na Embrapa Agrossilvipastoril, a cultivar BRS Magna, validada em Mato Grosso.

Tecnologia para regiões tropicais
Embora a produção de uvas em Mato Grosso ainda seja pequena, já há tecnologia disponível para o cultivo em regiões tropicais e que se adequam ao clima do estado. Diferentemente da região Sul, onde as plantas entram em dormência no inverno, com o calor constante, elas vegetam o ano todo. Com isso, é preciso fazer duas podas, uma de formação de galhos e outra de produção, obtendo duas safras no ano.

O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Reginaldo Teodoro de Souza destaca que as condições climáticas de Mato Grosso são semelhantes às da região de Jales (SP), onde a Embrapa tem um campo experimental para desenvolvimento e validação de tecnologias para a uva.

“É uma questão de condução da videira em região tropical. Todas as técnicas já estão estabelecidas. Época de poda, como controlar e como manejar a uva. Já temos até cultivares para a região. Mas deve-se tomar os devidos cuidados com relação às grandes áreas de soja plantadas e uma possível deriva de herbicidas. Um quebra vento com cercas vivas pode resolver o problema”, alerta.

Entre as cultivares recomendadas para a região estão BRS ÍsisBRS Núbia e BRS Vitória, para mesa, e BRS Magna e BRS Isabel Precoce para processamento.

De acordo com o analista da Embrapa Uva e Vinho João Carlos Taffarel, o período chuvoso é uma dificuldade para a cultura no estado, uma vez que a videira é originária de regiões mais secas. Dessa forma, o ideal é passar esse período sem produção. Porém ele garante que com o manejo adequado é possível contornar a adversidade.

“Temos de ter cuidado com melhoria da fertilidade do solo. Usar porta-enxertos adaptado a essa condição. São necessários tratamentos fitossanitários para controlar as principais doenças que causam perdas na produtividade e também morte de planta, que é o caso do míldio da videira. Cuidando desses quesitos básicos e desses detalhes do manejo, certamente se consegue ter sucesso na produção”, afirma Taffarel.

Cultivo no estado
De acordo com o IBGE, 35, dos 141 municípios do estado possuem produção comercial de uva. Isso mostra que a vitivinicultura está espalhada pelas diferentes regiões de Mato Grosso, embora a produção seja pequena e esteja longe de atender a demanda do mercado local por uvas de mesa e para produção de suco.

A coordenadora do curso e analista da Embrapa Agrossilvipastoril Suzinei Oliveira vê no interesse crescente pela cultura um grande potencial, sobretudo para pequenos agricultores familiares. Por isso, a necessidade de capacitar os profissionais de assistência técnica que darão suporte aos agricultores.

Neste curso foram abordadas desde questões de manejo de solo, escolha de cultivares e porta-enxertos, até o processamento para sucos e vinhos. Passando também pela condução das videiras e técnicas de poda. Houve ainda oportunidade para degustação das variedades de uva e de sucos.

Para o técnico agrícola da prefeitura de Paranaíta Marcelo Soares, a capacitação ajudou a sanar dúvidas que vinha tendo ao assistir dois produtores em seu município e ainda ampliou seu conhecimento sobre o manejo para a região.

“Nós que estamos na ponta, trabalhando com assistência técnica, temos que ter essas oportunidades para aprender um pouco mais sobre essas culturas que são relativamente novas na região. Não temos muito conhecimento dela adaptada para cá”, afirmou.

Novos produtores
Para quem pensa em começar a produzir uva em Mato Grosso, o pesquisador Reginaldo Teodoro de Souza aconselha a cautela. Montar as estruturas de vagar, uma vez que o investimento é alto, e, principalmente, comprar mudas de boa qualidade.

“O ideal é comprar em viveiros credenciados pela Embrapa em Minas Gerais ou no Rio Grande do Sul. Eles pegam material básico da Embrapa e produzem material livre de vírus, com boa sanidade e vendem com raiz nua. Mas é preciso se programar e um ano antes, encomendar os materiais especificando qual cultivar você quer. É perfeitamente viável enviar para cá”, aconselha.

Com base em sua experiência empírica, sr. Nelson Maziero também deixa seu recado para os interessados na cultura.

“A uva é só para quem gosta e tem amor e se dedica a isso. Não é para qualquer um, porque isso dá um trabalho monstruoso. Um trabalho muito grande. É para quem gosta mesmo. Mas vale muito a pena!”

Por Embrapa.