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Especialistas discutem desenvolvimento de gramíneas forrageiras adaptadas ao Semiárido brasileiro

Especialistas discutem desenvolvimento de gramíneas forrageiras adaptadas ao Semiárido brasileiro

A escassez de gramíneas forrageiras adaptadas ou desenvolvidas para o Semiárido brasileiro é um dos grandes problemas enfrentados pelos criadores na região e foi o tema abordado durante um ciclo de palestras promovido pela Embrapa Caprinos e Ovinos, no último dia 12, em Sobral (CE).  O evento contou com a participação de representantes da Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), pesquisadores, estudantes, criadores e técnicos, que discutiram sobre as expectativas em relação às pesquisas realizadas nessa área e a importância de uma aproximação com o mercado, a fim de que as soluções desenvolvidas atendam de fato às necessidades locais.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Cacilda Borges do Valle, as pesquisas que estão se iniciando no Semiárido são semelhantes àquelas que começaram há cerca de 30 anos na região Centro-Oeste e possibilitaram o desenvolvimento da pecuária no Cerrado. “Aqui o trabalho deve ser feito com material mais resistente para a produção com escassez de água, o importante é viabilizar a atividade pecuária na região. Com certeza vai ser possível pular algumas etapas e alcançar resultados mais rápidos do que nós tivemos no Centro-Oeste”, afirmou.

Cacilda ministrou palestra aos participantes do evento sobre o melhoramento genético de gramíneas forrageiras e ressaltou a importância das pastagens para a pecuária brasileira. “As pastagens são a base da nossa pecuária, que representa 31% do PIB do agronegócio no país, sendo que 3,2% de toda a exportação do Brasil em 2017 foi carne”. Para ela, o baixo custo de produção de carne no país faz do Brasil um ator importante no mercado internacional. No entanto, uma das grandes preocupações dos pesquisadores é a pouca variedade nas áreas de pastagens, o que as torna mais suscetíveis a problemas como pragas e doenças, por isso os programas de melhoramento genético buscam produzir novas alternativas para diversificar os pastos considerando a produtividade, sustentabilidade, valor nutritivo e a resistência a esses males. Os resultados, porém, devem aparecer a médio e longo prazo, entre 8 e 10 anos.

Parceria com o setor privado para viabilizar pesquisas

O mercado é grande e desperta interesse das multinacionais, mas os recursos governamentais aportados têm diminuído. Por isso, os especialista afirmam que é importante a formação de parcerias com o setor privado que possibilitem a realização das pesquisas. Parceira da Embrapa em diversos estudos, “a Unipasto atua identificando demandas do setor produtivo e disponibilizando recursos para agilizar os programas de melhoramento”, afirma o diretor executivo da Associação, Marcos Roveri, que apresentou palestra sobre aspectos importantes na produção de gramíneas forrageiras tropicais.

Ainda não existe um acordo formal entre a Unipasto e a Embrapa Caprinos e Ovinos e grande parte dos associados da entidade estão na região dos Cerrados, “mas existe a possibilidade de formalização de parceria na medida em que avancem os estudos para o desenvolvimento/adaptação de forrageiras para a região semiárida porque há uma demanda no mercado”, conclui Roveri.

Desafios para os programas de melhoramento vegetal

A pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos, Luice Bueno, que coordenou o evento, encerrou o ciclo de palestras falando sobre os desafios enfrentados pelos programas de melhoramento genético no Semiárido, enfatizando a importância de trabalhar de forma planejada para aproveitar o período chuvoso. Destacou, ainda, a capacidade de resiliência das espécies existentes na região e as particularidades locais como o alto custo e a baixa produtividade dos sistemas de criação.

A programação foi finalizada com um debate com os representantes do setor produtivo presentes, com uma discussão sobre a dificuldade de acesso às sementes, a adaptação de forrageiras às mudanças climáticas e a integração lavoura-pecuária, que de acordo com Marcos Roveri é o que está viabilizando a atividade no bioma Cerrado. “É importante pensar no desenvolvimento de cultivares que se adaptem a sistemas integrados com outras culturas e que suportem o sombreamento, por exemplo”, explicou. Para ele, é essencial entender o cenário da região  e a demanda dos criadores locais para desenvolver forrageiras que se adequem e atendam de fato às necessidades existentes.

Por: Embrapa

Como reduzir os riscos de incêndios em florestas plantadas?

Como reduzir os riscos de incêndios em florestas plantadas?

O Brasil é um dos principais produtores de celulose, papel e painéis de madeira do mundo, com toda sua matéria prima oriunda das florestas plantadas. Tais florestas, exercem papel relevante nos aspectos econômicos, sociais e ambientais, por que contribui com a balança comercial brasileira, gera emprego e renda em todas as regiões do Brasil e, ainda proporciona a preservação e conservação ambiental, uma vez que as florestas plantadas minimizam a supressão de florestas nativas.

No entanto, para a obtenção destes benefícios para a sociedade, torna-se necessário um planejamento florestal estratégico, no intuito de reduzir os riscos de perda da matéria prima, prevendo-se a proteção dos povoamentos florestais através de planos contra o ataque de pragas e incêndios florestais. A figura do gestor florestal e proprietário de áreas com florestas plantadas deve-se atentar na elaboração e execução de planos de prevenção.

Os incêndios florestais representam um grande fator de risco para os plantios florestais brasileiro, principalmente pelas condições climáticas do País propensas ao início da combustão da biomassa vegetal. A prevenção dos incêndios podem ser uma grande ferramenta para o gestor florestal, tendo em vista que representa o trabalho mais importante de um sistema de controle de incêndios.

A prevenção de incêndios é um conjunto de medidas para a redução de incêndios em florestas plantadas, trazendo inúmeros benefícios para quem a adota.

A importância da gestão e ordenamento florestal

Os incêndios florestais, em sua maioria, podem ter suas causas associadas as condições ambientais adversas (altas temperaturas, baixa umidade do ar, relevo acidentado, dentre outros) e também provocadas pelo homem. Tais agentes apresentam ameaças ao planejamento florestal, diante disso, deve-se estabelecer estratégias no intuito de reduzir os riscos de incêndios, e consequentemente, prejuízos econômicos a produção florestal. Assim, torna-se necessário estabelecer uma série de medidas para prevenção dos incêndios em os povoamentos florestais.

redução de riscos de propagação de incêndios em áreas florestais pode ser conseguida através da implantação das seguintes técnicas preventivas pelo Gestor Florestal:

1) Zoneamento de risco de incêndio

Por mais que não seja entendida como uma técnica, pode contribuir na tomada de decisões e planejamento na prevenção e combate dos incêndios florestais. Tem por finalidade estabelecer zonas de riscos em toda propriedade, devendo ser examinados os seguintes fatores:  as características topográficas, o tipo de cobertura vegetal e a quantidade desta acumulada, a proximidade com povoamentos e estradas, o uso do solo com propriedades confrontantes, a existência de caminhos e aceiros, a disponibilidade de recursos hídricos e o histórico da ocorrência de incêndios no local.

Para o melhor planejamento das ações preventivas, deve-se realizar o zoneamento de risco com base em informações cartográficas, em levantamentos de fisionomia, dados climáticos e históricos de ocorrência de incêndios.


2) Construção e manutenção de aceiros

Podem ser compreendidos como faixas de livre de vegetação, cujo objetivo é quebrar continuidade dos combustíveis é segregar os combustíveis disponíveis para combustão, onde o solo mineral é exposto, distribuídos através da área florestal, de acordo com as necessidades de proteção. Os aceiros podem ser de barreiras naturais, como estradas e curso d’agua, ou construções especificas para impedir ou dificultar a propagação dos incêndios.

Para a construções de aceiros, o gestor florestal deverá conhecer o tipo de material combustível predominante na área, a configuração do terreno da propriedade e as condições meteorológicas esperadas na época de ocorrência de incêndios, para assim, definir sua largura. Esta, não pode ser inferior a 5 m e, em locais de vulnerabilidade, podem chegar a 50 m. Em povoamentos florestais comerciais, uma rede de aceiros devem constituir os plantios, variando sua largura de acordo com a sua importância estratégica.

3) Redução do material combustível

Outra medida preventiva para redução de incêndios é a diminuição de materiais combustíveis nos plantios florestais. Tem por finalidade reduzir a intensidade do fogo e dificultar a sua propagação, reduzindo a disponibilidade do combustível. Dentre os métodos utilizados para a redução dos materiais combustíveis, estão: métodos químicos, mecânicos, pastoreio e a queima controlada. Dentre eles, o mais econômico, porém mais arriscado, é a queima controlada que pode ser realizada no interior na floresta, desde de que as espécies (s) sejam resistentes ao fogo.

4) Torres automatizadas de monitoramento florestal

Outra solução que pode ser adotada pelo gestor florestal no intuito de reduzir ou mesmo evitar a propagação do fogo é o uso de um conjunto de tecnologias integradas em torres automatizadas de monitoramento de incêndios florestais.

No Brasil, tem sido cada vez mais comum o uso desta tecnologia. A empresa brasileira COALTECH, desenvolveu um sistema conhecido por SYSFOREST, que dispensa o uso de torristas ou detecção manual de focos de fumaça/incêndios em florestas plantadas ou áreas nativas, de modo a poupar-se tempo e dinheiro.

A tecnologia oferece uma série de benéficos ao planejamento florestal a curto, médio e longo prazo.

Para quem busca soluções tecnológicas, inovadoras e sustentáveis para prevenção e combate a incêndios florestais em áreas de plantios comerciais florestais, o SYSFOREST é um ótimo produto oferecido atualmente no mercado brasileiro, trazendo um robusto conjunto de especificações técnicas. Trata-se de um sistema completo a bordo em uma torre de vigilância automatizada, contendo uma série de aparatos tecnológicos para identificação de focos de incêndios, como também discrimina as condições do tempo nas áreas florestais.

Dentre as tecnologias acopladas nas torres, destacam-se um conjunto de câmeras, as quais oferecem excelente qualidade de imagem independentemente das condições de iluminação e do tamanho das áreas monitoradas. Além disso, todo o sistema é abastecido por meio da energia solar, captada por uma série de painéis solares acoplado a torre de observação.

É uma ferramenta de grande contribuição para com o planejamento florestal, reduzindo os riscos de incêndios florestais, diminuindo custos operacionais e otimizando a gestão dos recursos florestais da propriedade.

5) Construção de açudes

Podem ser constituídos de simples barragens de terra ao longo de pequenos cursos d’agua, trazendo uma série de benefícios a propriedade florestal para redução de incêndios. Além de serem pontos estratégicos de captação de água para combate aos incêndios, influem beneficamente no microclima local, através do aumento da superfície de evaporação, e consequentemente, da umidade relativa do ar.     



6) Cortinas de segurança

São técnicas que alteram a inflamabilidade do material combustível. Áreas com grandes extensões plantadas com espécies altamente combustíveis, sujeitas a incêndios de copa, o estabelecimento de faixas de espécies menos inflamáveis para reduzir a propagação de possíveis incêndios.

A implantação de vegetação com folhagem menos inflamável, é uma prática eficiente para reduzir a propagação do incêndio, pois dificulta o acesso do fogo às copas, facilitando o combate.

7) Silvicultura preventiva

Trata-se do manejo das plantações de florestas nativas ou plantadas com o propósito de modificar a estrutura do material combustível disponível afim de satisfazer os objetivos da proteção contra incêndios, associando esta ao melhoramento da produção e a qualidade do ambiente.

silvicultura preventiva possui uma série de técnicas que podem ser adotadas a curto, médio e longo prazo. Dentre as técnicas de curto e longo prazo, podem–se mencionar:


– Operações de manejo;

– Ações de ruptura de continuidade interna nas massas florestais;

– Diversificação de espécies;

– Poda de arvores e retirada de vegetação de sub-bosque;

– Redução do material combustível.

As ações a longo prazo adotadas pela silvicultura preventiva devem estar alinhadas as atividades de proteção contra incêndios com as de manejo dos recursos florestais.

Por CentralFlorestal.

Por que Pando, um dos maiores organismos vivos do mundo, está morrendo

Por que Pando, um dos maiores organismos vivos do mundo, está morrendo

Nem elefante, nem baleia – o maior organismo vivo do mundo, na visão de alguns cientistas, é o bosque Pando — Foto: Pixabay

Para o visitante desprevenido, Pando não passa de um bonito bosque composto por árvores de álamo. Ele é, porém, mais que isso: alguns cientistas consideram-no o maior e mais pesado organismo vivo do mundo.

Ele fica perto do lago Fish, em Utah, nos Estados Unidos. Estima-se que tenha 14 mil anos, e sua área chega a 43 hectares (algo como 43 campos de futebol).

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Mas o que explica esse rótulo de maior “organismo vivo”?

“Na realidade, todas as árvores são apenas uma”, explica Paulo Rogers, geólogo e professor do Departamento de Ecologia da Universidade Estadual de Utah.

Pando, que significa “eu me espalhei” em latim, também é conhecido como “o bosque de uma única árvore”.

Uma árvore clonada

Os álamos podem viver entre 100 e 130 anos — Foto: Lance Oditt/BBC

Os álamos podem viver entre 100 e 130 anos — Foto: Lance Oditt/BBC

Os bosques de álamo se reproduzem de duas maneiras. Uma delas ocorre quando uma árvores madura deixa cair suas sementes, que acabam por germinar.

A outra, mais comum, acontece quando elas liberam os brotos de suas raízes, dos quais nascem novas árvores – essas são chamadas de clones.

Pando não é o único bosque “clone”, mas é o mais extenso. Estima-se que o organismo pese cerca de 13 milhões de toneladas.

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Por que ele está morrendo?

O geólogo Paulo Rogers publicou um estudo que aponta que, nos últimos 40 anos, Pando parou de crescer e teve seu tamanho reduzido. Algumas imagens aéreas do local mostram zonas em que não há mais árvores.

Paul Rogers se dedica a monitorar a vida do Pando — Foto: Lance Oditt/BBC

Paul Rogers se dedica a monitorar a vida do Pando — Foto: Lance Oditt/BBC

Rogers não tem uma estimativa sobre a velocidade da redução de Pando, mas, segundo ele, nos próximos 10 anos o tamanho do bosque terá diminuído “significativamente”.

Normalmente, os álamos vivem entre 100 e 130 anos. O problema é que eles estão morrendo sem que uma nova geração de árvores surja.

“É como se fosse uma cidade de 47 mil habitantes e todos tivessem 85 anos”, diz Rogers.

Segundo sua pesquisa, a principal causa de Pando não conseguir se expandir é que a área concentrou um grande número de cervos e vacas que comem os brotos antes que eles consigam crescer.

“Devemos começar a reduzir o número de animais que comem as árvores”, diz o pesquisador. “Se o bosque morrer, todas as espécies que dependem dele vão desaparecer também.”

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Ele pode sobreviver?

A presença de veados, cervos e vacas tem ajudado a diminuir o bosque Pando — Foto: Lance Oditt/BBC

A presença de veados, cervos e vacas tem ajudado a diminuir o bosque Pando — Foto: Lance Oditt/BBC

Para Rogers, a solução para Pando seria aumentar as cercas que protegem algumas áreas do bosque, bem como trabalhar com os agricultores para ajudar a remover as vacas da área florestal e até mesmo sacrificar alguns dos cervos.

A ideia, segundo o geólogo, seria dar um “descanso” para Pando se recuperar.

“À primeira vista, é um simples bosque, mas, quando você descobre que é apenas um organismo, você se sente incrível por estar aqui”, diz. “Aprender sobre Pando nos ajuda a aprender a viver em nossa Terra.”

Por BBC News Brasil.