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Espectroscopia facilita a caracterização química de matrizes do agronegócio brasileiro

Espectroscopia facilita a caracterização química de matrizes do agronegócio brasileiro

Foto: Sandra Brito

Um projeto da Embrapa está trabalhando para facilitar a caracterização química de importantes matrizes vegetais do agronegócio brasileiro. Trata-se da Rede NIR Embrapa, que é a rede de usuários da Espectroscopia no Infravermelho Próximo, em inglês, Near Infrared Spectroscopy (NIRS). As matrizes são as diferentes culturas (por exemplo, a braquiária, o milho, a soja e o trigo).

O objetivo principal da Rede NIR é integrar os empregados que são usuários dessa técnica, para aumentar as parcerias institucionais, otimizar a  infraestrutura analítica dos laboratórios, capacitar e ampliar os conhecimentos no uso dessa importante técnica analítica. Atualmente, a Embrapa possui 26 equipamentos NIRS, de diversas marcas, localizados nas diferentes Unidades em todo Brasil, e o projeto encontra-se em sua segunda fase.

A Rede NIR foi iniciada em 2011 e envolve uma equipe multidisciplinar da Embrapa que inclui pesquisadores, analistas, técnicos de laboratório, além de instituições de pesquisa e extensão, como o Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA) e a Unicamp.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo e líder do projeto, Maria Lúcia Ferreira Simeone, o objetivo é desenvolver modelos de calibração multivariada utilizando a espectroscopia NIR para possibilitar a determinação quantitativa e qualitativa de constituintes químicos de diferentes matrizes agrícolas e de interesse das Unidades. “O trabalho é feito com precisão, rapidez, baixo custo e pouca manipulação das amostras, além de haver a minimização na geração de resíduos químicos. Objetivo esse que vem incentivar a aplicação dos princípios da química verde e da otimização de recursos e infraestrutura por parte da Empresa”, ressalta Simeone.

“Quando se tem um grande número de amostras a serem analisadas é necessário um longo tempo para a obtenção dos resultados de todos os constituintes da composição química. Além disso, é preciso haver disponibilidade de infraestrutura laboratorial necessária para a realização das análises, pessoal capacitado, custo e tempo envolvidos na aquisição de reagentes, consumíveis e manutenção de equipamentos. Com isso, muitos constituintes ou mesmo amostras deixam de ser analisados, face a todo esse processo laboratorial. Assim, a espectroscopia NIR associada à quimiometria torna-se uma excelente opção para que a Embrapa possa validar a técnica como metodologia de rotina em seus laboratórios”, acrescenta.

Para a utilização da técnica, além do equipamento NIR, é necessário a construção dos modelos de calibração. “É preciso organizar um banco de amostras, que seja representativo e que inclua toda a variabilidade amostral da população a ser estudada ou modelada, com uma ampla faixa de resultados obtidos pelo método de análise de referência. Esta etapa é crucial para o sucesso e robustez do modelo e deve ser muito bem planejada, pois como qualquer técnica analítica, o NIR também possui limitações, podendo não ser a técnica mais adequada para o uso pretendido”, pontua Simeone.

Um exemplo de sucesso nesse processo são os modelos globais para a composição química de gramíneas forrageiras, realizados com a colaboração das Unidades da Embrapa Gado de Corte, Gado de Leite, Milho e Sorgo e Pecuária Sudeste. O pesquisador Gilberto Batista de Souza, da Embrapa Pecuária Sudeste, e coordenador do plano de ação de validação dos modelos, relata que ao final do trabalho haverá um modelo consistente que inclui amostras de várias regiões do Brasil e com características bem diferentes. Por exemplo, amostras de gramíneas forrageiras em vários estágios de crescimento e sistemas de produção. “Teremos, também, a produção de um material de referência para o acompanhamento do desempenho dos laboratórios ao utilizar a técnica NIR em análise de gramíneas forrageiras”, diz Souza.

Simeone acrescenta que um dos grandes desafios que a Rede NIR está trabalhando atualmente é no desenvolvimento de um protocolo para a transferência destes modelos para as Unidades que tenham interesse nessa matriz. Para alcançar esta meta, nesta segunda fase do projeto já foram capacitados mais de 150 profissionais entre empregados da Embrapa e do setor produtivo.

“Os treinamentos propiciam aos participantes do projeto a oportunidade para o acompanhamento de todas as etapas de construção de um modelo de calibração multivariada utilizando a técnica NIR, desde o planejamento da seleção de amostras que irão compor o modelo até a sua validação final. Com isso, a Empresa vem fortalecendo parceria entre as equipes e o setor produtivo para a implementação de métodos rápidos de análise que irão permear todo o trabalho em rede previsto nos arranjos e portfólios corporativos”, afirmou a cientista.

Por Embrapa.

Adoção de tecnologias já disponíveis pode aumentar produção de uvas em Mato Grosso

Adoção de tecnologias já disponíveis pode aumentar produção de uvas em Mato Grosso

Pesquisador Reginaldo de Souza orienta o produtor, sr. Nelson, durante visita técnica – Foto: Gabriel Faria

Mato Grosso possui apenas 50 estabelecimentos agropecuários que produzem uva comercialmente para mesa ou processamento, segundo o Censo Agropecuário de 2017. Entretanto, as condições climáticas, associada à cultura sulista dos colonizadores de boa parte do estado fazem com que a viticultura tenha grande potencial. A falta de assistência técnica capacitada, no entanto, tem sido um entrave à produção.

Um exemplo são os agricultores Nélson e Cecília Maziero. Em 2005 eles começaram a produzir uva em Sinop. Sem assistência, adotaram as práticas de manejo que aprenderam no Sul do país. Porém, logo perceberam que não teriam os mesmos resultados. Buscaram informações com outro produtor em Nova Mutum, a 250 km de Sinop, e, a partir das orientações que receberam, conseguiram melhorar a produção.

Hoje vendem toda a colheita de uvas Niágara e Isabel Precoce e o vinho feito com uvas Bordô na porta da chácara, com preços até 50% mais baixos do que o cobrado nos supermercados locais e, ainda assim, recebendo mais do que o dobro do valor de comercialização em regiões produtoras do país.

Embora o negócio vá bem, a falta de assistência técnica tem limitado a produção a oito toneladas na área de um hectare onde cultivam 2.500 videiras. Número que sr. Nelson espera ver dobrado na próxima safra apenas com a mudança na forma de fazer a poda de produção. A instrução para isso ele recebeu durante uma visita de pesquisadores e técnicos que foram à sua propriedade como parte das atividades da Capacitação em Vitivinicultura que a Embrapa promoveu em Sinop de 4 a 6 de dezembro.

O curso é parte da Capacitação Continuada de Técnicos em Fruticultura e visa instruir profissionais de assistência técnica e extensão rural para que possam assistir aos produtores rurais dos municípios onde atuam.

Este módulo sobre o cultivo e processamento de uvas era uma demanda antiga, desde 2012, quando a Embrapa Uva e Vinho lançou em Sinop, na Embrapa Agrossilvipastoril, a cultivar BRS Magna, validada em Mato Grosso.

Tecnologia para regiões tropicais
Embora a produção de uvas em Mato Grosso ainda seja pequena, já há tecnologia disponível para o cultivo em regiões tropicais e que se adequam ao clima do estado. Diferentemente da região Sul, onde as plantas entram em dormência no inverno, com o calor constante, elas vegetam o ano todo. Com isso, é preciso fazer duas podas, uma de formação de galhos e outra de produção, obtendo duas safras no ano.

O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Reginaldo Teodoro de Souza destaca que as condições climáticas de Mato Grosso são semelhantes às da região de Jales (SP), onde a Embrapa tem um campo experimental para desenvolvimento e validação de tecnologias para a uva.

“É uma questão de condução da videira em região tropical. Todas as técnicas já estão estabelecidas. Época de poda, como controlar e como manejar a uva. Já temos até cultivares para a região. Mas deve-se tomar os devidos cuidados com relação às grandes áreas de soja plantadas e uma possível deriva de herbicidas. Um quebra vento com cercas vivas pode resolver o problema”, alerta.

Entre as cultivares recomendadas para a região estão BRS ÍsisBRS Núbia e BRS Vitória, para mesa, e BRS Magna e BRS Isabel Precoce para processamento.

De acordo com o analista da Embrapa Uva e Vinho João Carlos Taffarel, o período chuvoso é uma dificuldade para a cultura no estado, uma vez que a videira é originária de regiões mais secas. Dessa forma, o ideal é passar esse período sem produção. Porém ele garante que com o manejo adequado é possível contornar a adversidade.

“Temos de ter cuidado com melhoria da fertilidade do solo. Usar porta-enxertos adaptado a essa condição. São necessários tratamentos fitossanitários para controlar as principais doenças que causam perdas na produtividade e também morte de planta, que é o caso do míldio da videira. Cuidando desses quesitos básicos e desses detalhes do manejo, certamente se consegue ter sucesso na produção”, afirma Taffarel.

Cultivo no estado
De acordo com o IBGE, 35, dos 141 municípios do estado possuem produção comercial de uva. Isso mostra que a vitivinicultura está espalhada pelas diferentes regiões de Mato Grosso, embora a produção seja pequena e esteja longe de atender a demanda do mercado local por uvas de mesa e para produção de suco.

A coordenadora do curso e analista da Embrapa Agrossilvipastoril Suzinei Oliveira vê no interesse crescente pela cultura um grande potencial, sobretudo para pequenos agricultores familiares. Por isso, a necessidade de capacitar os profissionais de assistência técnica que darão suporte aos agricultores.

Neste curso foram abordadas desde questões de manejo de solo, escolha de cultivares e porta-enxertos, até o processamento para sucos e vinhos. Passando também pela condução das videiras e técnicas de poda. Houve ainda oportunidade para degustação das variedades de uva e de sucos.

Para o técnico agrícola da prefeitura de Paranaíta Marcelo Soares, a capacitação ajudou a sanar dúvidas que vinha tendo ao assistir dois produtores em seu município e ainda ampliou seu conhecimento sobre o manejo para a região.

“Nós que estamos na ponta, trabalhando com assistência técnica, temos que ter essas oportunidades para aprender um pouco mais sobre essas culturas que são relativamente novas na região. Não temos muito conhecimento dela adaptada para cá”, afirmou.

Novos produtores
Para quem pensa em começar a produzir uva em Mato Grosso, o pesquisador Reginaldo Teodoro de Souza aconselha a cautela. Montar as estruturas de vagar, uma vez que o investimento é alto, e, principalmente, comprar mudas de boa qualidade.

“O ideal é comprar em viveiros credenciados pela Embrapa em Minas Gerais ou no Rio Grande do Sul. Eles pegam material básico da Embrapa e produzem material livre de vírus, com boa sanidade e vendem com raiz nua. Mas é preciso se programar e um ano antes, encomendar os materiais especificando qual cultivar você quer. É perfeitamente viável enviar para cá”, aconselha.

Com base em sua experiência empírica, sr. Nelson Maziero também deixa seu recado para os interessados na cultura.

“A uva é só para quem gosta e tem amor e se dedica a isso. Não é para qualquer um, porque isso dá um trabalho monstruoso. Um trabalho muito grande. É para quem gosta mesmo. Mas vale muito a pena!”

Por Embrapa.

Manejo Integrado de Pragas poderia economizar R$4 bilhões na produção nacional de soja

Manejo Integrado de Pragas poderia economizar R$4 bilhões na produção nacional de soja

Foto: Ivana da Silva

Estudo realizado no sul de Mato Grosso do Sul demonstrou que controlar percevejos e lagartas da soja seguindo as orientações do Manejo Integrado de Pragas (MIP) aumenta a margem de lucro do produtor ao promover uma economia de pouco mais de R$ 125,00 por hectare. A pesquisa estimou ainda que se a prática fosse adotada em todas as lavouras de soja do Brasil – uma área de aproximadamente 33.228.400 hectares – poderia gerar um benefício econômico da ordem de R$ 4 bilhões, devido à economia com inseticidas e gastos com a aplicação dos produtos.

O entomologista Crébio José Ávila, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (MS), explica que apesar da eficiência do MIP-Soja na redução do uso de inseticidas nas lavouras, especialmente na última década, tem-se observado um retrocesso nos programas de manejo de pragas da soja. “Em alguns casos, houve um abandono dessa estratégia, que exige muita presença e atenção do produtor nos diversos estádios das lavouras, o que fez com que houvesse um aumento excessivo de aplicações de inseticidas nas plantações, com consequências indesejáveis do ponto de vista econômico, ecológico e ambiental”, explica.

Segundo o cientista, o uso do MIP pode contribuir indiretamente com melhorias na qualidade de vida da população, pois o emprego de estratégias limpas de manejo como o controle biológico natural no agroecossistema reduz a exposição ambiental aos químicos, uma vez que menos produtos são pulverizados anualmente. O pesquisador afirma que a prática contribui para a sustentabilidade social, econômica e ambiental.

Economia de mais de R$ 300 mi só no MS

A pesquisa realizou o monitoramento e o manejo integrado dos insetos-praga e de seus inimigos naturais nas lavouras do estudo, ao longo de duas safras consecutivas: em 2014/2015, no município de Caarapó; e na safra 2015/2016, em Dourados, ambos em Mato Grosso do Sul.

Em Caarapó, o trabalho foi conduzido em uma área de aproximadamente 70 hectares, enquanto em Dourados a área foi de 25 hectares. Duas áreas comparativas também serviram como referência para a pesquisa, ambas manejadas segundo as orientações do produtor, sem nenhuma interferência da equipe do MIP.

A pesquisa contou com apoio financeiro da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sendo o MIP conduzido pela bolsista do Programa de Desenvolvimento Científico Nacional (DCR), Viviane Santos, atualmente professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS/Campus Dourados).

Santos explica que a análise do custo das aplicações de inseticidas para o controle de lagartas e de percevejos, nos dois ambientes de controle de pragas, comprovou que na área do MIP conduzida em Dourados na safra 2015/2016, houve uma economia de R$ 125,58 por hectare. “Na área estudada, se o produtor tivesse seguido as orientações do MIP em todos os 360 hectares de soja de sua propriedade, ele teria uma economia total de cerca de R$ 45 mil. Extrapolando-se esse valor de redução de custo para todo o estado de Mato Grosso do Sul, que na safra 2015/2016 teve uma área cultivada com soja de 2.430.000 hectares, o benefício econômico seria de mais de R$ 300 milhões”, estima Viviane Santos.

Menos risco ambiental

O uso do MIP extrapola os resultados econômicos e contribui para o controle biológico natural no agroecossistema, bem como reduz o risco de contaminação ambiental, uma vez que menos produtos são pulverizados no ambiente. Porém, o sucesso desse tipo de manejo exige dedicação, acompanhamento e presença do agricultor na lavoura. Sua adoção deve ter início antes mesmo da instalação da cultura, por meio da realização de monitoramento do grupo de pragas presentes na área a ser manejada para o plantio.

“A adoção e o manejo devem ser realizados conforme as recomendações técnicas da Comissão de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil visando garantir um controle efetivo de pragas em todos os estádios da cultura”, recomenda Ávila. “O ponto central do MIP consiste em monitorar a base da população de pragas amostradas e que se encontram presentes nos estádios da lavoura, observando-se os níveis de ação preconizados pela pesquisa. Por isso, a realização de pulverizações programadas de inseticidas com base em calendários deve ser evitada”, salienta o pesquisador.

Ávila explica ainda que entre as tecnologias sugeridas pelo MIP, destacam-se a observação de pontos simples, tais como: os níveis de ação estabelecidos pela pesquisa, especialmente em relação a lagartas e os percevejos; os métodos efetivos de amostragens e de monitoramento das pragas e de inimigos naturais; o controle biológico natural e aplicado na cultura; e a disponibilidade de produtos químicos e biológicos seletivos para serem aplicados quando for realmente necessário. Ele acrescenta ainda que o MIP-Soja também preconiza o cultivo das plantas transgênicas Bt que expressam proteínas que afetam insetos desfolhadores, como lagartas da soja e a falsa-medideira.

Controle biológico

“Nesse estudo observamos a presença de diversos inimigos naturais, como as aranhas, especialmente na área em que se conduziu o MIP. Elas são muito importantes para as lavouras de soja, pois são predadoras naturais que se alimentam de insetos-praga”, explica Santos.

Além disso, na área do MIP, em comparação com a área do produtor, observou-se também maior incidência do fungo Nomureae rileyi durante o início do mês de fevereiro. “Esse, também inimigo natural, é um fungo que ataca as lagartas da soja e a falsa-medideira, causando uma doença nesses insetos desfolhadores. Sua presença nas lavouras é muito importante, pois ajuda a combater pragas”, acrescenta Ávila.

Experiência e dedicação

O produtor rural de Dourados Maicon André Zorzo é o proprietário da área em que a pesquisa com o MIP foi conduzida na safra 2015/2016. Filho de agricultor e criado na lida do campo, ele conta que desde criança já ouvia falar sobre MIP e, por isso, acredita que esse tipo de manejo é uma estratégia que possibilita a redução do custo de produção, contribui com a sustentabilidade e permite o uso de insumos de forma racional.

“O produto químico tem um custo elevado e todas as vezes que for possível evitar seu uso será ótimo. Dessa forma, preservamos o meio ambiente e temos um nível menor de interferência. Esses produtos, se forem tecnicamente bem posicionados e utilizados somente quando houver de fato uma necessidade, não geram transtornos à natureza”, acrescenta.

“Nós, produtores, percebemos que temos alguns paradigmas que ainda precisam ser quebrados. No meu caso, eu continuei fazendo o manejo do meu jeito, e observei que, especialmente em relação às lagartas, eu poderia ter economizado muito com insumos. A frequência e a maneira como se faz o monitoramento semanal das lavouras permite que as aplicações sejam feitas somente quando for necessário, não de forma preventiva ou por uma questão de conveniência operacional”, destaca Zorzo.

Ele destaca que participar do trabalho de pesquisa foi uma experiência muito útil, que enriqueceu seus conhecimentos e possibilitou a adoção correta do MIP em suas propriedades. “No final da história, foram menos aplicações, menos custo e a produtividade foi idêntica. Creio que o com o MIP é possível fazer o controle de pragas de forma segura e sem prejuízos. Porém, o método exige dedicação e monitoramento”, relata.

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O que é MIP

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma prática agrícola que envolve o ambiente e a população da praga. O pesquisador da Embrapa Crébio José Ávila explica que o MIP utiliza diversas técnicas apropriadas ao manejo das lavouras com a finalidade de manter a população da praga em níveis abaixo daqueles que poderiam provocar danos econômicos. “O ponto central do MIP não é eliminar completamente os insetos-praga das lavouras, e sim realizar monitoramentos utilizando metodologia e frequência adequadas, com o objetivo de controlar os insetos-praga corretamente e no momento certo, evitando o desperdício ou excesso no uso de inseticidas nas lavouras”, esclarece Ávila.

As pesquisas com MIP-Soja tiveram início no Brasil nos anos 1970, por meio de parceria envolvendo diferentes instituições de pesquisa, como a Embrapa, e de extensão rural. Na época, estudos estabeleceram os níveis de dano para as principais pragas desfolhadoras e sugadoras na cultura da soja e recomendaram o uso de inseticidas apenas quando fosse necessário, ou seja, quando as populações das pragas estivessem iguais ou acima do nível de controle. Esses estudos foram aprimorados ao longo dos anos 1980, quando foi desenvolvido o controle biológico da lagarta da soja com o uso do Baculovirus anticarsia. Nos anos 1990, uma nova tática de manejo foi também incluída no MIP: o controle biológico dos percevejos fitófagos por meio do uso de parasitoides de ovos. Todas essas estratégias reduziram em mais de 50% o uso de inseticidas nas lavouras, sem quebra no rendimento de grãos da cultura.

Por Embrapa.