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Impacto Das Mudanças Climáticas No Controle De Pragas

Impacto Das Mudanças Climáticas No Controle De Pragas

A produção agrícola é uma atividade que depende de diversos fatores, dentre os quais, se destaca o clima. Por esse motivo, as mudanças climáticas podem afetar a agricultura a partir de diferentes aspectos como o aumento da ocorrência de eventos extremos, modificação das estações, aumento ou diminuição das chuvas, aumento da temperatura média e também a temperatura do ar, além da modificação na ocorrência e na gravidade da a presença de pragas do cultivo.

Todos esses eventos provocam mudanças na forma de lidar com as pragas podendo significar, caso não seja feito o controle correto, perdas significativas na produção de diversos produtos, colocando em risco a economia e, principalmente, a segurança alimentar dos brasileiros.

Quer saber mais sobre o efeito das mudanças climática no controle de pragas? Leia até o final! Hoje vamos falar um pouco mais sobre esse fenômeno, de que forma impacta nas pragas, qual o efeito para o consumidor final e ainda, quais são os caminhos possíveis para lidar com a situação. Confira!

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Mudanças climáticas

As mudanças climáticas vem ocorrendo devido ao aumento da emissão de CO2 (Gás carbônico) na atmosfera oriundo de fenômenos naturais e também a partir da atividade humana ao longo dos séculos.

O clima pode ser entendido como um conjunto de condições da atmosfera característico de uma região. Dessa forma, quando o clima está de acordo com os padrões de determinada área, o ecossistema flui naturalmente e as chuvas, temperatura e também a umidade relativa do ar não sofrem grandes alterações possibilitando o cultivo de produtos de maneira mais previsível.

Entretanto, quando se nota uma mudança em alguma dessas condições, como aumento da temperatura, excesso ou escassez de chuva, a população, a fauna e a flora local passam a sofrer com essas consequências.

Tal cenário, sobretudo em relação à vegetação, ocorre em virtude da necessidade de que as plantas têm de fatores como solo, luz solar, água e calor em níveis adequados. Por isso, quando há uma mudança climática, a produção nas propriedades rurais pode ficar comprometida.

Mais do que isso, essas transformações, sobretudo as que dizem respeito ao aumento da temperatura e as diferenças na umidade contribuem para uma maior proliferação de insetos, doenças, ervas daninhas e outras pragas nocivas à cultura.

Incidência de pragas

Como vimos, um dos efeitos das mudanças climáticas na agricultura é alteração do surgimento de pragas e, consequentemente, do seu manejo. Essas alterações podem ter efeito direto ou indireto tanto sobre a cultura quanto ao patógeno ou ainda sobre ambos.

Essa situação pode gerar um zoneamento agroclimático da planta ou da praga, que é um dos efeitos diretos. Com isso, novas doenças podem surgir em determinadas regiões e outras perder a importância, caso a planta não possa mais ser cultivada na área devido às transformações no clima.

Outro ponto que pode sofrer alterações é a distribuição temporal uma vez que alguns agentes infecciosos, principalmente os que atacam folhas, apresentam variações quanto ao surgimento ou severidade em determinadas épocas do ano, de acordo com as condições meteorológicas.

Ou seja, se uma praga é comum em épocas de temperatura mais elevadas em uma dada região, com o aumento do calor, esse elemento tende a ser mais comum, gerando um desequilíbrio. Outro caso em que se pode verificar tal processo é quando há a diminuição da ocorrência de chuvas, que gera uma menor dispersão de patógenos.

No que diz respeito aos efeitos indiretos cabe citar a relação de outros organismos com a praga e a cultura. As doenças que requerem a ação de um outro vetor, como insetos, por exemplo, também podem ter mudanças quanto a transformação geográfica ou temporal já que o aumento da temperatura ou a maior ocorrência de secas pode levar esse vetor para outra área, que até então não era comum.

Impactos para o consumidor

Os impactos das mudanças climáticas na agricultura e no controle de pragas podem impossibilitar o cultivo de alguns produtos em determinadas regiões, dependendo da época do ano.

Com isso, há um grande perda na agricultura e consequentemente na mesa do brasileiro devido ao aumento de preços, produtos com baixa qualidade e até mesmo a escassez de alguns tipos de alimentos, de acordo com as estações do ano.

Possíveis caminhos

Com as condições do clima adversas, corre-se o risco de o produtor, na ânsia por eliminar a praga e salvar a produção, intensificar o uso de defensivos para o controle das pragas. Entretanto, essa medida, a longo prazo, pode gerar mais desequilíbrio na natureza e criar patógenos mais resistentes.

Diante desse cenário de incerteza em relação às condições climáticas futuras, uma das medidas a serem adotadas é intensificar o manejo integrado focando em monitoramento, manejo de resistência à defensivos e seletividade de inimigos naturais.

Outra medida possível é apostar no melhoramento vegetal, aliando as técnicas de biologia molecular para que haja um aprimoramento do potencial das plantas em relação à resistência e adaptação ao clima.

Com isso, nota-se uma necessidade de que produtores, cooperativas, engenheiros agrônomos e florestais estejam cientes dos riscos e incluam as consequência das mudanças climáticas no planejamento agrícola.

 

 

Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV

[PARTE 2] Condições climáticas e a aplicação de defensivos agrícolas

[PARTE 2] Condições climáticas e a aplicação de defensivos agrícolas

Ainda sobre o controle de variáveis, temos agora a PARTE 2 da matéria, na qual vamos conhecer alguns parâmetros climáticos e ambientais decisivos no momento da aplicação. Confira!

Se você não leu a PARTE 1, clique aqui.

PARTE 2

Quais fatores climáticos impactam no desempenho do controle de variáveis?

Como vimos, é indispensável que o produtor e a equipe técnica que o auxilia, conheça as condições climáticas para planejar as estratégias de controle de agentes indesejados na produção.
Saiba como a temperatura, a umidade do ar, os ventos e a quantidade de chuvas influenciam na absorção pelas folhas da planta.

Temperatura

A temperatura é um dos fatores mais relevantes na hora de realizar a aplicação. Isso porque, tanto quando os termômetros apresentam marcas elevadas quanto nos dias mais frios, o efeito do produto utilizado pode sofrer alterações e, consequentemente, perda de eficácia.
O motivo para que isso aconteça é que, caso a temperatura esteja muito alta, pode ocorrer o processo de evaporação muito rápida, fazendo com que a gota permaneça no ar durante mais tempo ou mesmo sendo levada pelo vento, dificultando que alcance o alvo. Por outro lado, em temperaturas abaixo de 15 graus, a planta pode apresentar uma taxa baixa de metabolismo, dificultando a absorção do defensivo.
Por essa razão, a temperatura recomendada para a aplicação deve são as mais amenas, não devendo ultrapassar os 30°.

Umidade do ar

A umidade relativa do ar pode ser definida como a quantidade de vapor de água presente na atmosfera. Essa é uma variável importante na hora de realizar o controle de pragas pois é uma das principais responsáveis pela evaporação de uma gota da pulverização.
Durante a aplicação, a gota irá perder umidade até alcançar o seu alvo. O problema é que, quando a umidade do ar estiver muito baixa, por exemplo, mais rápido será a evaporação, fazendo com que o produto nem chegue a superfície do alvo.
Para não correr esse risco, o produtor deve sempre consultar essa variável que deve estar contida no intervalo entre 55% e 95%.

Ventos

O vento também é um dos fatores determinantes na eficácia da aplicação de defensivos. Quando o vento está muito forte durante a pulverização, pode resultar em deriva, ou seja, as gotas não chegam ao local pretendido e há desperdício de produto e pode haver contaminação de outras áreas.
Em contrapartida, situações extremamente calmas, como quando o vento está até 2 km/h, corre-se o risco de ter um fenômeno chamado de inversão térmica, em que o ar quente se deposita próximo ao chão retida por uma camada de ar frio. Essa situação faz com que as gotas cheguem a ficar suspensas na atmosfera durante mais tempo, gerando desperdício.

Quantidade de chuvas

Por fim, a quantidade de chuvas também deve ser observada pois nessas condições, pode ocorrer uma lavagem da superfície das folhas, impedindo a ação do produto no combate ao problema.
Nesses casos, o recomendado é estar atento à previsão de chuvas para o período após a aplicação, pois a planta leva um tempo para a realizar a absorção adequada. Caso contrário, pode causar perdas e até a necessidade de repetição da pulverização.
Saber a influência das condições climáticas na aplicação de defensivos agrícolas é importante para determinar o melhor momento de realizar o controle dos agentes e evitar o desperdício de mão-de-obra e produtos, melhorando a sua produção.

Matéria escrita por Janaína Campos,
Jornalista e Mestra em Extensão Rural
pela UFV