Como minimizar perdas por doenças em plantações florestais?
Como minimizar perdas por doenças em plantações florestais?
Seja no campo ou mesmo em viveiros, as doenças são preocupação constante do setor florestal. A incidência de enfermidades em plantações ao longo do tempo demonstra a capacidade destrutiva que fungos e bactérias podem causar, gerando um prejuízo financeiro considerável. Com informação e seguindo etapas corretas é possível evitar esses problemas, segundo profissionais da área.
- E-book gratuito da AgroPós: As principais doenças bióticas da eucaliptocultura no Brasil.
De acordo com Acelino Alfenas (Lattes), um dos maiores especialistas mundiais na cultura do eucalipto, professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da AgroPós, as principais doenças que acometem a eucaliptocultura atualmente são:
- Murchas vasculares que são letais, como Murcha-de-Ceratocystis, causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata. Esse patógeno incide também nas culturas de teca, e do mogno africano, assim como em árvores nativas de pequi e andiroba. Há ainda a Murcha-de-Ralstonia, causada pela bactéria Ralstonia solanacearum e a Murcha-de-Erwinia, provocada pela bactéria Erwinia psidii;
- Mancha-foliar e desfolha-de-pteridis, causada pelo fungo Calonectria pteridis;
- Ferrugem do eucalipto, provocada pelo fungo Austropuccinia psidii (nomenclatura atual para Puccinia psidii);
- Mancha-de-Teratosphaeria, gerada pelo fungo Teratosphaeria nubilosa;
- Mancha-de-Xanthomonas, causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis.
Para se ter uma ideia dos prejuízos que algumas dessas doenças podem gerar, nada melhor que exemplos práticos que aconteceram nos últimos anos. Entre 2003 e 2008, milhares de mudas clonais e minicepas clonais de eucalipto foram descartadas devido à incidência da Mancha-de-Xanthomonas. O impacto financeiro na época foi de aproximadamente oito milhões de dólares o equivalente a mais de 27 milhões de reais (Alfenas et al., 2009, p.210). Já a Murcha-de-Ralstonia ocasionou prejuízos ainda maiores. Apenas no período de um ano (2005 a 2006), a doença provocou um prejuízo de mais de 27 milhões de dólares, ou seja, mais de 91 milhões de reais de perdas econômicas.
Segundo o professor da AgroPós, o maior erro que produtores cometem ao tentar controlar as doenças é o da aplicação de fungicidas sem diagnosticar a doença.
Como evitar
Para prevenir problemas causados pelas doenças no campo, o produtor deve plantar clones resistentes que foram avaliados por inoculação em condições controladas, ou seja, umidade, iluminação, temperatura e nutrientes.
Em viveiro os cuidados são diferentes. É preciso erradicar as fontes de inóculo, reduzir as condições favoráveis à infecção fitopatogênica e oferecer condições adequadas ao desenvolvimento das plantas.
“Em geral, o controle de doenças florestais tem que ser realizado preventivamente, mas em alguns casos, como a ferrugem no campo e oídio e Calonectria em viveiro pode fazer aplicações de produtos registrados para a cultura, mas é fundamental aplicar as práticas culturais para mitigar as perdas”, explica o professor.
De acordo com Acelino Alfenas, os maiores desafios para lidar com as doenças são efetuar a diagnose correta, estimar perdas e adotar medidas especialmente preventivas. “É fundamental ter um diagnóstico certo. Para isso o produtor pode recorrer a profissionais de Universidades e Embrapa”, completa.
O conhecimento e o acesso à informação são essenciais para saber agir de forma correta diante da ocorrência de doenças florestais. Segundo Acelino, a pós-graduação a distância em Avanços no Manejo Integrado de Pragas é uma oportunidade para capacitar profissionais que trabalham ou que lidam com culturas agrícolas e florestais.
“O mais importante é a chance de Especialização para os profissionais das mais remotas distâncias do Brasil e de outros países. Como o curso é online e o custo é relativamente baixo, o profissional tem a chance de se especializar sem sair de seu local de trabalho ou casa, desde que tenha acesso à internet. Durante 12 meses, ele terá contado semanal com os professores das disciplinas de modo a interagir com o professor e melhorar o aprendizado. Esta é a maneira do profissional ter acesso à informação por um competente e selecionado grupo de professores. Além disso, terá a oportunidade de realizar seu trabalho de Conclusão de Curso, na área que mais lhe interessar e que ele queira aprofundar”, diz o professor.
—
Mateus Dias | Comunicação AgroPós