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Tecnologias verdes de combate a fitonematoides e insetos

Tecnologias verdes de combate a fitonematoides e insetos

Embrapa participa da Agrishow 2018. Feira acontece em Ribeirão Preto (SP), de 30 de abril a 04 de maio.

Detalhe do contato dos adultos da broca do rizoma da bananeira (Cosmopolites sordidus) com dispositivo liberador – Foto: Rogerio Biaggioni Lopes

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das unidades de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, estará presente entre os dias 30 de abril e 04 de maio na 25ª Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). Em 2018, a Unidade levará duas tecnologias de ponta para a mostra: a tecnologia Embrapa-Carbom Brasil, que associa um extrato vegetal nematotóxico formulado pela Embrapa com um biofertilizante; e um dispositivo liberador em forma de pastilha com dupla função para o controle da broca do rizoma da bananeira.

Tecnologia verde baseada na associação de extrato vegetal nematotóxico e biofertilizante

A primeira tecnologia, de autoria dos pesquisadores Thales Lima Rocha, Vera Lúcia Perussi Polez, Dilson da Cunha Costa, João Batista Teixeira e do empresário Leandro Gai Anversa, apresenta atividade nematicida superior a 97% contra o fitonematoide Meloidogyne incognita, também conhecido como Nematoide-das-galhas. Este fitopatógeno provoca alterações na raiz da planta prejudicando significativamente a produção e acarretando prejuízos anuais estimados em milhões de dólares.

As culturas mais afetadas pelo Nematóide-das-galhas são o algodão, o café, o feijão, o milho, a cana-de-açúcar, entre outros. A tecnologia foi testada em bioensaios conduzidos em casa de vegetação e diminuiu em 98% o número de ovos de M. incognita. Também foi validada em campo em duas diferentes áreas de cultivo de soja localizadas no Paraná e em Goiás, onde foi verificada a redução da densidade populacional de Meloidogyne incognita e Pratylenchus brachyurus.

“Dentre os métodos aplicados para o controle destes fitoparasitas, os nematicidas sintéticos têm sido utilizados de forma maciça, acarretando consideráveis riscos à saúde humana, animal, e ao meio ambiente. A estratégia da tecnologia Embrapa-Carbom Brasil é fundamentada na associação de extrato vegetal de alta especificidade para o controle de fitonematoides e biofertilizante resultando em uma tecnologia verde. A tecnologia oferecida contribui para a diminuição do uso de resíduos químicos presentes nos alimentos, que está de acordo com a demanda dos consumidores em obter alimentos mais seguros”, explica o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Thales Lima Rocha.

A tecnologia Embrapa-Carbom Brasil é comprovadamente termoestável (após exposição a 50º C), não citotóxica, não fitotóxica e exibe baixa ação contra organismos não-alvo na concentração que controla o fitonematoide. Deste modo, o produto pode contribuir: para a substituição de nematicidas químicos sintéticos altamente tóxicos para a saúde humana/animal e ambiental, por nematicida orgânico; para a manutenção do contínuo aumento da produtividade; para a redução da contaminação dos solos, nascentes aquíferas e lençóis freáticos, causada pela utilização de agroquímicos convencionais altamente tóxicos; para a manutenção do equilíbrio, da biodiversidade e da quantidade de organismos necessários para a fertilidade do solo; e para a produção de alimentos mais seguros.
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Cápsulas biodegradáveis são usadas no controle biológico de pragas.
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Outro ponto importante, destaca o pesquisador Thales Rocha, é que o produto pode ser utilizado por pequenos, médios e grandes agricultores bem como na agricultura familiar, incluindo a agricultura orgânica. “Desta forma, a tecnologia Embrapa-Carbom Brasil vem ao encontro da sustentabilidade ao caracterizar-se por como uma tecnologia mais limpa e segura para a saúde humana, animal e para o meio ambiente e está inserida de forma estratégica na bioeconomia, agregando valor a produtos da biodiversidade pela exploração de compostos bioativos”. O pesquisador Thales Rocha e o empresário Leandro Anversa estarão todos os dias na Agrishow 2018 explicando a tecnologia para os visitantes da feira.

Dispositivo para o controle biológico da broca do rizoma da bananeira

A segunda tecnologia é um dispositivo liberador em forma de pastilha criado pela Embrapa e pelo CABI (Centre for Agricultural and Biosciences International) na Inglaterra, a partir da combinação de um fungo entomopatogênico e um feromônio específico de atração de insetos. A combinação foi testada em laboratório e ficou comprovada a eficácia do composto para o controle da broca do rizoma da bananeira (Cosmopolites sordidus), uma das principais pragas da bananeira e que causa danos diretos aos rizomas, podendo causar até mesmo a queda das plantas, além de favorecer a invasão por outros patógenos. A praga tem ocorrência em todas as regiões do Brasil e causa a diminuição no número, peso e tamanho dos frutos. Em locais altamente infestados, a diminuição da produção pode chegar a 100%.
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Como minimizar perdas por doenças em plantações florestais
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“A formulação de ação dupla (atração do inseto-alvo pelo feromônio e infecção pelo entomopatógeno) em um dispositivo liberador para o controle da praga é uma inovação no controle de artrópodes”, relata o pesquisador Rogerio Biaggioni Lopes. “A nova estratégia necessita ainda de validação em condições de campo” salienta o pesquisador. “Além disso, a adoção do controle biológico na forma de um dispositivo totalmente biodegradável pode reduzir o uso de insumos químicos, permitindo a manutenção de outros inimigos naturais e a menor contaminação do ambiente e do agricultor”, avalia o pesquisador.

“O dispositivo desenvolvido mostrou ser tão atraente para adultos de C. sordidus quanto o rizoma da bananeira e consideravelmente mais atraente do que os pseudocaules. O armazenamento dos dispositivos liberadores utilizando-se outra tecnologia desenvolvida na Embrapa (TEV- empacotamento ativo) aumentou a vida-de-prateleira do produto em quase 10 e 6 vezes à temperatura de 25ºC e 40ºC, respectivamente”, complementa o também pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Marcos Faria. O diferencial dessa nova formulação de dupla ação é a maior exposição do inseto-alvo ao agente microbiano de controle, no caso o fungo Beauveria bassiana, sobretudo para insetos de hábito críptico, dificilmente controlados por meio de pulverizações convencionais.
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Futuramente, o mesmo modelo de tecnologia poderá ser explorado para outras pragas de importância agrícola, para as quais feromônios e outras substâncias atrativas tenham sido identificadas, ou outros agentes de controle eficientes (incluindo biológicos e químicos).

Saiba mais sobre a Agrishow

A Agrishow é uma importante vitrine de tecnologia do setor agropecuário e uma excelente oportunidade para o fechamento de parcerias comerciais. No ano passado, o evento reuniu mais de 159 mil visitantes e expôs cerca de 800 marcas numa área superior a 440 mil m². É considerada uma das três maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo e é uma iniciativa das principais entidades do agronegócio no país: Abag – Associação Brasileira do Agronegócio; Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos; Anda – Associação Nacional para Difusão de Adubos; Faesp – Federação da Agricultura e da Pecuária do Estado de São Paulo; e SRB – Sociedade Rural Brasileira.

Mais informações

AGRISHOW 2018 – 25ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação
Data: 30 de abril a 04 de maio de 2018
Local: Rodovia Antônio Duarte Nogueira, Km 321 – Ribeirão Preto (SP)
Horário: das 8h às 18h

Fonte: Irene Santana (MTb 11.354/DF) – Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

Tecnologia para acabar com praga na agricultura é modelo para exportação

Tecnologia para acabar com praga na agricultura é modelo para exportação

Autoridades da área agrícola de 11 países africanos visitaram fazendas e laboratório em Minas Gerais para conhecer tecnologias de manejo e controle da lagarta-do-cartucho.

Por Elian Guimarães – Estado de Minas

Autoridades africanas acompanharam o trabalho de técnicos no controle biológico da praga em Sete Lagoas e Paraopeba (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Uma das mais devastadoras pragas da agricultura tem sido combatida por tecnologias de manejo e controle. A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), que ataca as lavouras de milho, levou a Embrapa Milho e Sorgo e a Emater de Sete Lagoas e Paraopeba a se debruçarem em estratégias de combate ao inseto nas culturas desse grão.

As iniciativas positivas nesse manejo tecnológico integrado, que envolvem o controle biológico, químico e cultural, chamaram a atenção de autoridades da área agrícola de 11 países africanos que visitaram a sede da instituição em março, em cumprimento a uma agenda que tem mobilizado as nações do continente, agências de cooperação de países desenvolvidos e organismos internacionais voltados a contribuir com ações estratégicas de cooperação.

O propósito da visita, que a reportagem do Estado de Minas acompanhou, foi o de buscar medidas de controle de uma das mais devastadoras pragas da agricultura. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), no início de 2018, apenas 10 dos 54 países africanos ainda não tinham sido atingidos pela praga, principalmente na cultura do milho. Regiões da África Central e do Sul estão no nível máximo de alerta.

Lagarta-do-cartucho ameaça dizimar as lavouras do grão no continente e já infesta plantações de 44 países da África (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

“Inseticidas biológicos, Trichograma, baculovirus, Bacillus thuringiensis, milho Bt, uso do extrato de nim e manejo integrado de pragas são formas eficientes de controle da lagarta-do-cartucho, mas é preciso lembrar que se trata de uma praga cosmopolita”, disse o gerente-geral da Embrapa Sete Lagoas, Antônio Álvaro Purcino. “Não existe possibilidade de erradicação. Ela se alastra com muita rapidez e não se concentra apenas nas culturas de milho. Em estágio larval, a lagarta se alimenta de arroz, sorgo, milheto, cana-de-açúcar e algodão.”

Luiz Edson Bruzzi de Andrade, técnico local da Embrapa Paraopeba, acompanhou os visitantes e durante visita à Fazenda Manga Grande, em Paraopeba, disse que o uso de agrotóxico necessariamente não é a única alternativa de combate à praga. “O Brasil dispõe de tecnologia e uma delas por controle biológico. As vespas criadas em laboratórios são espalhadas enquanto o milho está novo. Elas atacam diretamente os ovos da lagarta podendo até erradicá-las em uma plantação.” O experimento foi numa área de quatro hectares, sendo 2,5ha de sorgo e 1,5ha de milho.

No continente africano, a praga foi detectada pela primeira vez há apenas três anos, na Costa Oeste. Estimativa da FAO revela que, a cada ano, caso não sejam controladas, as lagartas podem destruir entre oito e 21 milhões de toneladas de milho, que representam perdas entre US$ 2,5 bilhões e US$ 6,5 bilhões para produtores.

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Representando o Alto Comissariado da União Africana (UA), que reúne os países do continente, a angolana Josefa Sacko, comissária para agricultura da entidade, relatou que, desde 2016, alguns países apresentaram a incidência da lagarta-do-cartucho. Desde então, tornou-se uma praga que vem devastando e colocando em risco a segurança alimentar do continente. “Estamos muito preocupados. Soubemos que a origem da lagarta vem dessa parte das Américas e que não pode ser erradicada, mas podemos ter um manejo bastante considerável que atenuem seus efeitos.”

De acordo com a comissária, o milho é um dos alimentos-base para os povos africanos, tanto usado no próprio consumo quanto para ração animal, constituindo a cesta básica, ao lado da mandioca e do arroz. “Se perdermos a produção do milho estaremos perdendo a segurança nutricional em nosso continente. A experiência da Embrapa é uma boa lição para o manejo dessa praga. Viemos in loco para observar e para termos subsídios de forma a influenciar nossos governos para continuar com esta cooperação tripartite: UA, Brasil e USAID. Pelo que vimos, a tecnologia do Brasil é sã e não afeta o meio ambiente, além de sustentável para nossos produtores.”
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Cápsulas biodegradáveis são usadas no controle biológico de pragas.
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SOBERANIA ALIMENTAR Mahome Valá, diretor nacional de Agricultura e Silvicultura de Moçambique, disse que a visita teve como objetivo entender um pouco mais sobre o controle da praga que tem afetado principalmente alguns países que ainda não dispõem de soberania alimentar. “Os esforços dos produtores, principalmente os pequenos, que plantam entre três e quatro hectares, têm sido em vão. Alguns não conseguem colher sequer duas toneladas nessas áreas de plantio”, afirmou. “O Brasil, que passou por momentos difíceis com essa praga, hoje dispõe de alta tenologia de forma integrada, que envolve o controle biológico, químico e de manejo e cultural. Viemos entender algumas maneiras de procedimento e entendemos aqui que não se trata necessariamente de apenas controle químico, que envolve aspectos de biossegurança, afetando a própria terra, as pessoas e o ambiente”, acrescentou.

Valá ressaltou que a visita tem muita importância para seus pares porque proporcionou também uma visão geral da agricultura brasileira, que chegou ao patamar de maior produtor e exportador de milho e soja do mundo. “Estamos aprendendo com os brasileiros, Moçambique tem alguns ganhos com a parceria que começou com a cooperação iniciada pela política adotada pelo governo brasileiro a partir de 2003. E nesse contexto usufruímos da assistência técnica da Embrapa.”
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Como minimizar perdas por doenças em plantações florestais
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A iniciativa foi coordenada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e Agência Brasileira de Cooperação (ABC). A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é a responsável pelo apoio técnico-científico e a orientação no que diz respeito às tecnologias de manejo da praga.

Estratégias integradas

Principais tecnologias de controle da praga apresentadas durante a visita

» Bacillus thuringiensis
Biopesticida à base da bactéria Bacillus thuringiensis é extremamente eficaz no controle da lagarta-do-cartucho, matando lagartas mais novas de até 0,5cm de comprimento. O uso e posicionamento correto desse produto faz com que a lagarta pare de se alimentar até 12h após a ingestão do biopesticida. Esse agente de controle biológico não causa dano à saúde humana, não contamina rios nem nascentes e nem os produtos a serem consumidos “in natura”. Vários testes de biossegurança foram realizados com essa bactéria e comprovam sua inocuidade aos vertebrados.

» Baculovirus
Primeiro bioinseticida desenvolvido à base de vírus para o controle da praga, o baculovirus tem grande eficácia para controle da lagarta-do-cartucho a campo, em lagartas de até 1cm de comprimento. Os baculovirus são agentes de controle biológico que causam a morte do inseto praga e que não causam danos à saúde dos aplicadores, não matam inimigos naturais das pragas, não contaminam o meio ambiente nem deixam resíduos nos produtos. Testes de biossegurança comprovaram que esses vírus são inofensivos a microrganismos, plantas, vertebrados e outros invertebrados que não sejam insetos.

» Uso do extrato aquoso de folhas de nim
O controle da lagarta-do-cartucho tem sido realizado com inseticidas sintéticos, geralmente de custo elevado, com alto risco de toxidade e de contaminação ambiental. O uso de extratos de plantas apresenta perspectiva como substituto a esses inseticidas e pode contribuir para reduzir os custos de produção das lavouras, os riscos ambientais e a dependência dos inseticidas sintéticos. A planta do nim tem mostrado acentuada atividade inseticida para várias espécies de pragas, incluindo a Spodoptera frugiperda. A maioria dos resultados sobre o uso do nim para o controle de pragas foi obtida com produtos preparados por meio da moagem ou da extração de óleo de sementes. A planta do nim é originária da Ásia e tem sido cultivada em vários países das Américas, África e na Áustrália.

» Trichogramma
O grande problema na agricultura hoje é o aumento dos custos de produção pelo aumento do número de pulverizações. A tecnologia do controle biológico permite reduzir custos sem haver redução na eficiência do controle. Especificamente na área do produtor, o sucesso do controle biológico pode ser atribuído pelo uso correto do monitoramento da mariposa que origina a lagarta-do-cartucho com a armadilha contendo o feromônio sintético. A captura de mariposas na armadilha indica a chegada da praga na área e possibilita ao produtor a liberação da vespinha. O Trichogramma, também conhecido como vespinha, é um inseto benéfico muito pequeno, mas de grande eficiência para controlar os ovos das pragas. Ou seja, a vespinha impede o nascimento das lagartas e evita danos à planta. Essa vespinha benéfica também tem a vantagem de conseguir detectar, no campo, onde o ovo da praga está.

» Manejo Integrado de Pragas (MIP)
A adoção do Manejo Integrado de Pragas é uma filosofia na qual se preconiza a convivência com o inseto-praga de forma que ele não cause danos econômicos à cultura relacionada. Para essa convivência e manejo é necessário obedecer alguns preceitos básicos, como reconhecimento e monitoramento da praga em condições de campo. Assim, é possível tomar a decisão adequada frente às diferentes estratégias disponíveis para o manejo de S. frugiperda.

Fonte: Estado de Minas

Gafanhotos e outras pragas ameaçam plantações de caju no RN

Gafanhotos e outras pragas ameaçam plantações de caju no RN

Produtores rurais de Serra do Mel, no Oeste potiguar, enfrentam dificuldades para acabar com a ação de insetos que atacam as plantas. Nem aplicação de veneno resolveu.

Gafanhotos atacam plantações de caju no interior do RN (Foto: Thiago Messias/ Inter TV Costa Branca)

Por Ivanúcia Lopes, Inter TV Costa Branca

Ele voa de uma planta para outra. As vezes em bando, outras de forma solitária. Mas sempre com fome. É o gafanhoto – uma praga que está afetando a produção de caju em algumas comunidades no interior do Rio Grande do Norte. E esse não é o único inseto que ameaça a safra de castanha deste ano.

Na propriedade do agricultor João Cirino, eles têm dado prejuízo. “Essa é a praga que está afetando aqui, que não está deixando nada. A pessoa planta, eles comem. Come até o pasto dos bichos”, diz o agricultor. “Vem da mata, sobe na planta, e só desce quando acaba. Quando acaba, vão pra outra”, complementa.

O terreno de João fica na Vila Rio Grande do Sul, em Serra do Mel. São 20 hectares só com com cajueiros. Nem a planta comum na região escapou da praga. A ação devastadora deve prejudicar a safra de castanha de 2018.
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Saiba como controlar as pragas
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O agricultor fez até planos para investir em outras culturas, como feijão e melancia, mas não sabe se vale a pena. Nem com as chuvas os gafanhotos vão embora. “Eles procuram um canto pra passar a chuva. Quando passa, eles voltam pro trabalho deles, que é destruir”, reforça.

Nem veneno afastou as pragas das plantações de caju, em Serra do Mel, RN (Foto: Thiago Messias/ Inter TV Costa Branca )

João tentou combater a praga fazendo pulverização com aditivos químicos – um investimento que sai caro, com investimento em veneno e no aluguel do trator, que é feito por hora. Mas não adiantou. Os insetos até se afastaram por uns dias, não para longe. Com pouco tempo, voltaram a atacar.

As pragas também se espalham por outras localidades. Na Vila Rio Grande do Norte, também em Serra do Mel, o produtor rural Antônio Vicente Nunes tem que lidar com percevejos e lagartas, além dos gafanhotos. E o alvo de todos eles é o mesmo: o cajueiro.

“Acaba tudo, não dá uma castanha. As vezes, no final do inverno, sai uma folhinha, mas não tem força pra botar castanha”, explica.

O inseto que mais tira o sono do agicultor é o conhecido na região como bicho-pau ou mané mago. O bicho, que mede cerca de 8 centímetros, se camufla entre as plantas e causa estrago nas folhas. É mais uma das pragas que atingem os cajueiros da propriedade.

“Ele começa a comer as folhas do cajueiro, come a folha todinha. E quando come o olho da planta, ela morre. Ataca muito mais que a mosca branca”, conclui o produtor.

Bicho-pau é outra praga que ameaça safra de castanha no interior do RN (Foto: Thiago Messias/ Inter TV Costa Branca)

Fonte: G1

Defesa sanitária do Acre está em alerta

Defesa sanitária do Acre está em alerta

Fiscais fazem barreiras na fronteira com a Bolívia e Peru para tentar impedir a entrada de um fungo. A doença atinge o cacau e o cupuaçu.

A defesa sanitária do Acre está em alerta. Fiscais fazem barreiras na fronteira com a Bolívia e Peru para tentar impedir que um fungo perigoso entre no país.

São 6.395 quilômetros de fronteira entre o Brasil, o Peru e a Bolívia. E toda esta área está em situação de alerta fitossanitário por conta da ameaça da monilíase do cacaueiro. Uma doença causada pelo fungo Moniliophthora roreri, que ainda não foi registrado no Brasil. Mas o órgão responsável pela defesa agropecuária da Bolívia confirmou uma área contaminada no departamento de Pando, a apenas 55 quilômetros de Brasileia, no Acre.

“Como nós temos poucos plantios de cacau, o problema vai ser maior no cupuaçu, já que essa doença ataca os plantios de cacau e também do cupuaçu e aqueles que existem na natureza”, diz Pedro Arruda Campos, coordenador de identificação de pragas -Idaf/AC (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre)

O principal sintoma da doença é uma lesão escura na casca do fruto com formação de grande quantidade de um pó esbranquiçado que se desprende facilmente. “A monilíase é tão perigosa para a cultura do cacau e do cupuaçu porque ela ataca diretamente o fruto. É a parte comercial dessa planta. Ela causa sintomas que danificam o fruto. Pode causar prejuízos de 50% a 100% ao produtor”, diz Ligiane Amorim, engenheira agrônoma do Idaf/AC (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre).

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Videoaula: Diagnose de Doenças Florestais – Prof. Acelino Alfenas
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Doença pode chegar ao Brasil
Seu Francisco Ocivaldo produz cacau e cupuaçu em Senador Guiomard, em uma área de dois hectares e meio. Nunca tinha ouvido falar da doença, até uma equipe do Idaf – Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre, visitar a propriedade. A inspeção na lavoura mostrou que está tudo bem.

“Mas essa observação dos frutos é importante, porque na hora que aparecer um sintoma parecido a gente precisa vir checar”, diz Ligiane Amorim, engenheira agrônoma do Idaf/AC.

A disseminação natural da praga pode se dar pelo vento, chuva ou córregos. Daí a preocupação por estar tão próximo do território brasileiro. Além das visitas nas áreas rurais, a fiscalização foi intensificadas também nas barreiras próximas as regiões de fronteira. Aqui as cargas são vistoriadas e os motoristas recebem orientações sobre a doença.

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Avanços no Manejo Integrado de Pragas em Culturas Agrícolas e Florestais
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“Como uma forma de inibir mesmo a entrada desse produto. Se entrar, chega aqui, a gente vai, infelizmente, é sequestrar esse produto e dar fim nele. Tocar fogo, enterrar, fazer alguma coisa”, diz Pedro Arruda Campos, coordenador de Identificação de Pragas do Idaf/AC.

Se a vigilância sanitária ou os agricultores encontrarem frutos doentes, eles precisam ser eliminados porque ainda não existe nenhum produto aprovado para combater a doença no Brasil.

Veja a reportagem:

Fonte: Globo Rural

Embrapa discute prevenção e controle de pragas na agricultura em audiência no Senado Federal

Embrapa discute prevenção e controle de pragas na agricultura em audiência no Senado Federal

Embrapa discute prevenção e controle de pragas na agricultura em audiência no Senado Federal

Foto: Liliane Castelões / reprodução Embrapa

Por Embrapa Cerrados

Prevenção e controle de pragas na agricultura foi tema de audiência pública interativa, promovida, na última terça-feira (06), pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária no Senado Federal. O técnico e supervisor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados Sérgio Abud foi indicado pela Diretoria-Executiva para representar a Empresa e abordou as medidas adotadas no manejo integrado de pragas (MIP).

O presidente da Comissão e requerente da audiência, senador Ivo Cassol (PP-RO) destacou a importância do conhecimento sobre as medidas a serem tomadas pelos agricultores para controlar as pragas no campo. O deputado Luiz Cláudio (PR-RO) parabenizou a iniciativa e elogiou o trabalho desenvolvido pela Embrapa que contribui para o fortalecimento do setor responsável pelo crescimento econômico do país.

Saiba todos os detalhes sobre o Manejo Integrado de Pragas na pós-graduação da AgroPós.

Além do representante da Embrapa, também foram palestrantes Marcos Coelho, diretor do Departamento de Sanidade Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); Ronaldo Teixeira, diretor substituto do Departamento de Sanidade Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa; e Rogério Avellar, assessor técnico da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O tema foi dividido em três pontos pelos palestrantes: marco regulamentador e programas de controle de pragas foram abordados pelos representes do Mapa; o assessor da CNA falou sobre a necessidade de fortalecer a assistência técnica e extensão; e a parte técnica ficou por conta da Embrapa.

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Contribuições da pesquisa – Sérgio Abud apresentou um panorama da agricultura brasileira, que é baseada em mais de 300 espécies de cultivos. Estima-se que sejam exportados 350 tipos de produtos para 180 mercados internacionais. A agricultura representa 25% do PIB do país e gera 37% da força de trabalho. A produção brasileira, em 2017, foi de 241 milhões de toneladas de grãos, 36 bilhões de litros de leite, 41 milhões de toneladas de frutas e 27 milhões de toneladas de carne.

Nos últimos 40 anos, o país venceu a insegurança alimentar e tornou-se um dos maiores exportadores de alimentos. Para que isso fosse possível, os resultados das pesquisas transformaram solos ácidos e pobres em nutrientes em solos férteis e foram desenvolvidos sistemas de produção vegetal e animal, adaptados às condições de um país tropical.

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“Nenhum outro país teve sua agricultura avançando de forma tão determinada na direção da sustentabilidade. Nos últimos 10 anos a agricultura expandiu com a diminuição nas emissões de gases de efeito estufa e do desmatamento”, enfatizou Abud.

A agricultura brasileira é intensiva com ocupação das lavouras no espaço e no tempo, podendo ter até três safras ao ano. Isso reflete na maior incidência de pragas, já que há mais alimentos no campo e mais tempo para a multiplicação dessas pragas. O complexo de pragas dentro do sistema de produção incluem plantas invasoras, insetos, fungos, nematoides, ácaros, bactérias e vírus.

Além dessas pragas que estão no sistema de produção, segundo a Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária, existem 150 pragas exóticas ausentes do Brasil que já estão em países da América do Sul e são consideradas “ameaças fitossanitárias”. De acordo com Abud, há muitas informações para os problemas já existentes no Brasil, mas são necessárias muitas pesquisas para o país se preparar para as pragas ainda inexistentes no país.

“O Brasil tem uma extensão continental, com vários ambientes e com respostas diferenciadas. No mundo existem 600 pragas exóticas que a qualquer momento poderão estar aqui e nós não temos pesquisas com essas pragas. Precisamos de recursos para dar continuidade às pesquisas já existentes, para levar a informação sobre o manejo integrado de pragas ao produtor e para melhorar a segurança para a contenção dessas pragas exóticas e seu controle quando entrarem no Brasil”, declarou.

Manejo integrado – ao falar sobre o Manejo Integrado de Pragas (MIP), Abud ressaltou que a base do manejo depende da identificação da praga alvo e uma das principais estratégias de controle é o monitoramento da lavoura. O produtor precisa interpretar os dados do monitoramento, entender os níveis de controle, conhecer as condições ambientais para que possa tomar decisão do que fazer para o combate às pragas.

O controle químico não é a única alternativa do MIP. As outras opções são o controle cultural, controle biológico, controle comportamental, controle genético e controle varietal. O controle biológico, como exemplificou Abud, preserva os inimigos naturais que irão combater a praga e o controle cultural tem o objetivo de eliminar a oferta de alimentos para as pragas, principalmente fora do período da lavoura.

Como exemplo de estratégia de monitoramento na lavoura, Abud citou o uso de ferramentas digitais que auxiliam na tomada de decisão em grandes propriedades. Essas ferramentas facilitam a identificação de pragas, geram planilhas eletrônicas e têm transmissão de dados em tempo real e determinação de posicionamento global (GPS). A Embrapa em parceria com a empresa Qualcomm está criando processadores que serão utilizados nessas ferramentas digitais.

Para comparar as mudanças nos sistemas de produção, Abud usou as imagens de um quebra-cabeça e de um cubo mágico. No primeiro, a agricultura é baseada em mesmo cultivo nas mesmas áreas e é necessário encaixar cada pecinha do quebra-cabeça para poder tomar a decisão do que fazer e como fazer da forma mais econômica e mais sustentável.

No cubo mágico, a agricultura é mais intensificada e integrada com outras culturas em sucessão, o que permite um ambiente desfavorável às pragas, evitando o crescimento populacional. Essa mudança também permite sair do manejo exclusivamente químico e da calendarização no uso do inseticida, para o uso do controle biológico. O produtor, nesse caso, tem condições de tomar uma decisão mais técnica e assertiva.

“O produtor vai saber que se mexer mal uma peça, ele pode interferir em outra. No modelo do MIP, utilizando conhecimento, ciência, monitoramento, integração para tomar uma decisão com recomendação técnica, será possível produzir com custo menor e manter as tecnologias por um período mais longo”, afirmou o representante da Embrapa.

Acesse aqui o vídeo da Audiência Pública

Fonte: Liliane Castelões | Embrapa Cerrados