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Percevejo: o que você sabe sobre esses insetos?

Percevejo: o que você sabe sobre esses insetos?

Neste artigo entenderá tudo sobre o percevejo na agricultura como: quais hábitos, os danos e como manejar melhor esses insetos em sua propriedade.

Venha comigo!

 

Percevejo: o que você sabe sobre esses insetos?

 

Os percevejos Hemiptera: Heteroptera são insetos sugadores, isto é, alimentam-se introduzindo o aparelho bucal (estiletes) na fonte nutricional.

Existem diversas famílias e espécies desta subordem, as quais variam muito quanto ao hábito alimentar. Podem ser preparadores, hematófago, zoofitófagos ou fitófagos.

Dentre as espécies fitófagas, muitos se alimentam de plantas de importância econômica, tornando-se pragas. Normalmente, esses percevejos fitófagos alimentam-se das sementes, que são verdadeiros “pacotes” de nutrientes, com alto teor de nitrogênio.

 

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Características dos percevejos

As principais características desses insetos são o aparelho bucal, de tipo sugador, e as asas, divididas em duas partes: uma anterior, dura, esclerosada (ou élitro) e uma posterior, membranosa e flexível. Há espécies completamente ápteras sem asas.

A tromba sugadora, recurvada para baixo da cabeça, origina-se num prolongamento desta, na frente dos olhos, e é constituída pelo lábio que envolve, como uma bainha, as mandíbulas e as maxilas, peças perfurantes com a forma de longos estiletes.

Quase todos os hemípteros possuem glândulas odoríferas, cuja secreção tem cheiro nauseabundo. A forma e o tamanho dos hemípteros são variáveis, assim como seus hábitos alimentares. Em sua maioria, são insetos terrestres, mas há espécies aquáticas e semiaquáticas.

As espécies fitófagas transmitem doenças microbianas e viróticas aos vegetais. O rosto é bastante alongado, o que facilita o consumo do conteúdo mais interno da planta.

 

Ciclo biológico hemimetábolo

Os percevejos passam pela fase de ovo, fase de ninfa, composta de cinco estádios (instares) e fase adulta. As ninfas apresentam coloração variada com manchas distribuídas pelo corpo, completando o desenvolvimento em cerca de 25 dias.

 

Ciclo de vida do Heminetábolo

Ciclo de vida do Heminetábolo

Os adultos, iniciam a cópula em 10 dias e as primeiras oviposições ocorrem após 13 dias. Apresentam longevidade média que varia de 50 a 120 dias e número de gerações anuais de 3 a 6 dependendo da região, sendo as fêmeas, em geral, maiores que os machos.

A fecundidade média varia de 120 a 170 ovos/fêmea dependendo da espécie, sendo que o ritmo de postura diminui à medida que as fêmeas envelhecem. Esses parâmetros biológicos são influenciados pela dieta alimentar e pela temperatura.

 

Os percevejos fitófagos na agricultura

Os percevejos fitófagos são atualmente a principal praga da soja, pois conseguem atingir os grãos através da vagem. Atingindo a vagem, ela pode não amadurecer normalmente e ser infectada por algum patógeno, organismo infeccioso que atinge a planta a partir do aparelho bucal de um inseto infectado.

Em relação aos grãos, podem resultar na perda total da semente ou na redução do poder germinativo, afetando de forma significativa a qualidade e rendimento dessas sementes.

Os percevejos que aparecem na sua cultura agrícola, depende da região em que você se encontra, pois esses variam sua abundância de acordo com ano, local e plantas hospedeiras.

As diferentes espécies de percevejos atingem uma grande gama de culturas agrícolas a maioria desses insetos, possui um hábito polífago, ou seja, se alimentam de uma grande variedade de culturas. Inclusive, determinados percevejos migram de uma cultura para outra, atingindo primeiramente a soja, depois o milho, e podendo atingir o trigo.

 

 

 

Principais percevejos

Os percevejos que mais causam danos à cultura são os da família Pentatomidae são os;

 

Percevejo marrom (Euschistus heros

O percevejo marrom é hoje o mais abundante. Tem a soja como seu hospedeiro principal. Adaptando-se às regiões mais quentes, é mais abundante do Norte do Estado do Paraná ao Centro Oeste, norte e nordeste brasileiro.

Heros é encontrado na soja nos meses de novembro a abril, quando produz três gerações. O fato de o percevejo marrom permanecer sob a vegetação por cerca de sete meses, permite escapar do ataque de parasitoides e predadores na maior parte do ano, resultando em maior sobrevivência e favorecendo a sua abundância.

 

Percevejo-asa-preta-da-soja (Edessa meditabunda)

É considerada uma praga secundária da cultura da soja. O pico populacional desta praga ocorre de dezembro a março.

A praga ataca uma gama enorme de hospedeiros, entre eles, abóbora, algodão, arroz, batata, berinjela, beterraba, chuchu, citros, fumo, girassol, mandioca, melão, milho, pepino, pimentão, tomate.

Os danos podem resultar da sucção de seiva dos ramos ou hastes e de vagens. Ao sugarem ramos ou hastes, os percevejos podem ser limitantes para a produção de soja, pois, devido provavelmente a toxinas que injetam, provocam a “retenção foliar” ou soja louca, ou seja, as folhas não caem normalmente e dificultam a colheita mecânica.

No caso de ataque às vagens, os prejuízos podem chegar a 30%, pois com a sucção de seiva as vagens ficam marrons e “chochas”.

 

Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)

O percevejo-verde, N. viridula, tem distribuição mundial, sendo mais adaptado as regiões mais frias do Brasil (Região Sul), onde é mais abundante.

É extremamente polífago e, ao contrário do percevejo marrom, permanece em atividade o ano todo nas regiões com temperaturas mais amenas, como o Norte do Paraná.

No sul do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, após a colheita da soja, o percevejo entra em hibernação sob casca de árvores ou em abrigos, como fendas em troncos e mesmo em residências. Nesta época, troca de cor, passando de verde para castanho arroxeado.

Quando se reproduz por um período mais longo, podendo completar até seis gerações por ano em hospedeiros alternativos, como desmóido (Desmodium tortuosum), nabo-bravo (Raphanus raphanistrum), feijão, feijão guandu, rubim (Leonurus sibiricus).

Eventualmente é encontrado em carrapicho-de-carneiro e em trigo no período de outono e inverno, sem se reproduzir.

 

Percevejo-barriga-verde (Dichelopsfurcatus e Dichelops melacanthus)

São espécies que ocorrem na soja em número menor. Os adultos medem de 9 a 11 mm e sua coloração varia entre castanho amarelado ao acinzentado, apresentando o abdome verde.

A cabeça é típica, terminando em duas projeções pontiagudas e o pronoto com margens anteriores denteadas e expansões laterais espinhosas.

Esses percevejos têm sido observados em lavouras de milho danificando plantas jovens, causando o amarelecimento e lesões punctiformes nas folhas. Danos semelhantes têm ocorrido também em trigo, mas em menor intensidade.

O grande problema é a migração desses insetos para a cultura. O percevejo-barriga-verde tem causado danos consideráveis e, por isso, deve haver maior atenção.

 

Métodos de controle

Para o eficiente controle dos percevejos, o ideal é manter a população desta praga o mais baixa possível desde o manejo na soja até as fases iniciais do desenvolvimento do milho safrinha. Para que isso ocorra, o monitoramento e controle devem ser realizados da seguinte maneira:

  • Monitorar durante o ciclo da soja, principalmente com o início da fase de enchimento de grãos;
  • Eliminar o abrigo dos percevejos, como a trapoeraba, o capim carrapicho, o capim amargoso, é de extrema importância para o manejo, principalmente na cultura da soja;
  • Fazer monitoramento na dessecação da soja e, se for encontrado acima de 5 percevejos por isca, fazer o controle químico;
  • Uso de tratamento de sementes com neonicotinoide para monitoramento no milho safrinha.

 

Controle biológico

Integrado em termos de sustentabilidade e preservação ambiental, o controle biológico é uma das opções que vem sendo adotadas em algumas regiões, com o uso de agentes biológicos, seja de forma natural ou aplicada.

É um processo coevolutivo com interação entre os percevejos alvos da cultura, organismos entomopatógenos e parasitóides visando equilíbrio do sistema.

Os principais agentes biológicos encontrados em lavouras são os parasitóides que atacam ovos de diversos percevejos. Entre estes agentes, as espécies mais abundantes são a Telenomus podisi (Ahsmead) e Trissolcus basalis (Wollaston).

 

Controle alternativos

Conheça alguns controles alternativos para o percevejo:

 

Manejo das épocas de semeadura

Em geral, cultivares precoces escapam dos danos dos percevejos. Porém, os percevejos se multiplicam nessas cultivares, e dispersam para aquelas mais tardias onde causam os danos maiores.

A época de semeadura influencia a dinâmica populacional dos percevejos, devendo-se evitar os plantios antecipados. Ou os mais tardios, onde ocorrem as maiores concentrações desses insetos.

 

Uso de estacas armadilhas

Estas estacas, chamadas iscas tóxicas, são colocadas numa altura acima do dossel das plantas, o que faz os percevejos se deslocarem para este local, morrendo ao entrarem em contato com o inseticida na estopa.

O uso destas estacas é importante no monitoramento da população de percevejos, indicando a presença destes insetos na lavoura. As estacas devem ser localizadas de preferência nas margens das lavouras. Onde normalmente inicia a infestação.

 

Checklist agrícola

 

Rotação de culturas

A rotação de culturas é outra premissa básica para o manejo de percevejo castanho, porém, devido ao seu hábito polífago, o atual sistema de sucessão soja e milho safrinha, que se instalou no Brasil, não contribui para restringir o alimento da praga.

É importante lembrar que além do milho, o milheto e o sorgo, que normalmente são usados na safrinha. Também servem de alimento ao percevejo.

 

Controle químico

O controle químico é a principal ferramenta de manejo de percevejos na cultura da soja, contudo;

  • E necessário, utilizar inseticidas de contato na dessecação;
  • O Tratamento de Sementes Industrial (TSI) a base de neonicotinoides é uma das melhores ferramentas contra sugadores e deve ser utilizado como ferramenta no manejo de insetos sugadores;
  • Verificar a seletividade no uso de inseticidas, seja de contato ou sistêmicos;
  • Utilizar armadilhas químicas na entressafra para reduzir a população.

Uma das maiores dificuldades no manejo químico é a tecnologia de aplicação. Uma vez que a praga é muito móvel e pode se esconder sob a palha nos períodos mais quentes do dia.

Os inseticidas mais utilizados são uma mistura de piretroide + neonicotinoide que, quando empregados conforme a recomendação e aplicados nas horas do dia onde há maior movimentação do inseto, apresentam bons resultados de controle.

 

Plataforma Agropos

 

Conclusão

Por tanto os percevejos são um grupo amplo de insetos com hábitos alimentares diversos. Os fitófagos têm causado danos em grandes culturas de importância econômica como por exemplo na soja. Para manter a sua cultura agrícola saudável, e minimizar as suas perdas por ataque de percevejos. É preciso ter muita atenção e estratégia para combatê-los.

Para isso o produtor deve-se basear na identificação correta das espécies e realizar o monitoramento das áreas para, assim, adotar a melhor estratégia para o controle.

Adotando o controle químico apenas se for necessário e no momento adequado. Dessa forma, mantendo por mais tempo os inimigos naturais e diminuindo o efeito residual de produtos químicos na sua lavoura.

Escrito por Michelly Moraes.

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Nematoide das galhas: uma grande ameaça às lavouras!

Nematoide das galhas: uma grande ameaça às lavouras!

Como você já aprendeu aqui no blog os nematoides são vermes microscópicos capazes de viver em diferentes habitats, inclusive parasitando. O nematoide das galhas, do gênero Meloidogyne, é considerado entre os nematoides parasitas de plantas um dos mais importantes, devido a sua ampla distribuição geográfica, o grande número de culturas que afeta e por causar perdas incalculáveis às lavouras.

Os nematoides podem afetar diversas culturas agrícolas, eles se alimentam através do estilete, uma estrutura similar a uma agulha, sugando o conteúdo celular.

Por isso, preparamos este texto com informações sobre como reconhece-lo e as melhores maneiras de manejar. Confira!

 

Nematoide das galhas: uma grande ameaça às lavouras!

 

Conhecendo o nematoide das galhas

Este nematoide, como seu nome indica, induz a formação de galhas nas raízes, afetando a translocação de água e nutrientes pela planta.

O principal gênero que compreende o chamado nematoide das galhas é o Meloidogyne, sendo as espécies mais comuns: M. incognita; M. javanica, M. arenaria e M. hapla.

Meloidogyne spp. são endoparasitas sedentários, ou seja, eles permanecem no mesmo local no interior das raízes a maior parte do seu ciclo de vida, que é favorecido por climas mais quentes.

Suas fêmeas podem ser observadas no interior das galhas, apresentando aspecto globoso e coloração braço-leitosa.

 

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Ciclo de vida 

Para entendermos a formação das galhas é necessário conhecermos, mesmo que de forma resumida o ciclo de vida do nematoide das galhas.

Vem comigo que te explico!

O ciclo de vida completo do Meloidogyne spp. é constituído pela fase de ovo, 4 estágios juvenis (J1, J2, J3 3 J4) e adultos.

Os ovos são depositados pelas fêmeas externamente às raízes envoltos por uma massa gelatinosa.

A fase juvenil de 1° estádio (J1), ocorre ainda dentro do ovo, que após uma ecdise, troca de cutícula, evolui para J2, fase infectiva do nematoide das galhas.

O J2 penetra no tecido do hospedeiro e estabelece o sítio de alimentação, se tornando sedentário. Para favorecer a sua nutrição, secreções produzidas pelo nematoide estimulam a formação de várias células gigantes nas raízes parasitadas, formando assim as galhas.

Esses nematoides aumentam rapidamente de tamanho e passam por mais duas fases juvenis (J3 e J4) até se tornarem adultos.

 

Sintomas causados pelo nematoide das galhas

Os sintomas causados pelo nematoide das galhas na parte aérea das plantas são murcha, desfolha, plantas pequenas e pouco vigorosas.

Estes sintomas são facilmente confundidos com stress abiótico, como stress hídrico ou nutricional. No entanto lembre-se, neste caso os sintomas normalmente vão ocorrer de forma generalizada, enquanto que os nematoides ocorrem em reboleiras.

Porém, o sintoma mais típico da presença deste nematoide ocorre nas raízes. As plantas atacadas apresentam má formação e galhas radiculares.

 

Principais culturas afetadas pelo nematoide das galhas e importância econômica

O nematoide das galhas é parasita de várias culturas e de grande importância para a agricultura brasileira. Dentre as culturas afetadas estão videira, cafeeiro, arroz, cana-de-açúcar, tomate, algumas hortaliças, algodão e soja.

A cultura da soja é suscetível à infecção de vários nematoides, no entanto, as espécies de nematoide das galhas mais importantes desta cultura são M. incognita e M. javanica

O M. incognita, também está entre as espécies de nematoides mais frequentes em áreas produtoras de algodão e hortaliças

Os nematoides das galhas são considerados os mais comuns e destrutivos dentre os nematoides que parasitam plantas.

Eles produzem sintomas severos e podem reduzir expressivamente a produção agrícola. Além disso, podem favorecer plantas hospedeiras às infecções causadas por outros patógenos, aumentando o potencial de perda da cultura.

 

Como manejar os nematoides das galhas

O controle do nematoide da galha, assim como de qualquer outro e fitonematoide é muito dispendioso, principalmente pelo fato de a erradicação ser praticamente impossível.

Por tanto, o sucesso do controle em áreas infestadas requer um conjunto de medidas que visem reduzir o nível populacional do nematoide no solo.

Listamos aqui algumas medidas aplicáveis para o manejo do nematoide das galhas.

 

Evitar a entrada do nematoide

A principal forma de manejo consiste em evitar que o nematoide entre na área, desta maneira deve-se atentar as suas formas de disseminação.

A limpeza de maquinários e implementos agrícolas, mudas sadias e livre de nematoides, substrato estéril e água de irrigação de qualidade são medidas que diminuem a disseminação do nematoide.

 

Rotação de culturas

A maioria das espécies do nematoide das galhas são polífagas, ou seja, apresenta ampla gama de hospedeiros. Desta forma, a rotação de culturas como forma de controle pode ser dificultada.

No entanto, caso seja identificada uma cultura não hospedeira da espécie de Meloidogyne presente na área de cultivo, esta medida pode se tornar bem sucedida. Por exemplo, M. incognita em plantios de algodão, pode ser manejado efetivamente por meio de rotação de culturas.

 

Tecnologias que agregam qualidade à pulverização

 

Plantas antagonistas

Plantas antagonistas como as crotalárias (Crotalaria spp.), cravo-de-defunto (Tagetes spp.) e mucunas (Estizolobium spp.) são utilizadas com sucesso no manejo de nematoides da galha.

Estas plantas podem permitir a invasão dos nematoides, porém não permite o desenvolvimento até a fase adulta, reduzindo assim os níveis populacionais.

 

Resistência genética

Cultivares resistentes ou tolerantes são aquelas que conseguem abaixar o fator de reprodução do nematoide e garantir resultados satisfatórios na colheita.

Visando a resistência ao nematoide das galhas já estão disponíveis cultivares de importantes culturas agronômicas, como soja, algodão e café.

 

Controle biológico

Existem vários produtos biológicos com ação nematicida no ministério da agricultura. Alguns controlam muito bem o nematoide das galhas em diversas culturas agronômicas.

Atualmente, os produtos mais utilizados para controle biológico de nematoides são a base de fungos e bactérias. Como por exemplo o fungo Paelomyces lilacinus e as bactérias Pasteuria penetrans e Bacillus firmus.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Como você viu, o nematoide das galhas é uma das principais pragas em diversas culturas no Brasil, causando inúmeras perdas.

Portanto, é de grande importância evitar a entrada do mesmo na área, uma vez que a eliminação do nematoide das galhas é praticamente impossível.

Assim, é necessário a identificação correta da espécie, para a aplicação das medidas de manejo, como rotação de cultura, resistência genética, controle biológico e outros.

 

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Controle biológico: como ter lavouras mais sustentáveis e rentáveis!

Controle biológico: como ter lavouras mais sustentáveis e rentáveis!

Com você tem acompanhado aqui no blog, muitas são os insetos – praga e patógenos que podem incidir nas lavouras, causando perdas. Hoje falaremos sobre o controle biológico desses organismos.

Medidas culturais e genéticas são adotadas no estabelecimento da lavoura, mas muitas vezes são insuficientes para evitar que epidemias surjam e levem os agricultores ao uso indiscriminado de agrotóxicos.

A sociedade demanda cada vez mais por medidas de controle alternativas ao uso de agrotóxicos sintéticos pois, embora eficientes na maioria dos casos, podem levar a uma série de problemas.

Neste contexto, surge como alternativa promissora o Controle Biológico de pragas e doenças. Você sabe o que é controle biológico?

 

Controle Biológico: como ter lavouras mais sustentáveis e rentáveis!

 

O que é controle biológico?

O termo controle biológico foi utilizado pela primeira vez para se referir a inimigos naturais de alguns insetos-praga. Desde então, muito foi estudado acerca deste tema. O controle biológico pode ser definido como o uso de um organismo, ou organismos, na regulação de uma população.

Este organismo utilizado pode pertencer a diferentes classes como insetos predadores e parasitoides (para outros insetos) ou microrganismos, como vírus, bactérias e fungos (para insetos-praga e patógenos).

 

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Agentes de controle biológico de insetos-praga

 

Parasitóide

Parasitoide é um organismo que parasita um hospedeiro e completa o seu ciclo de vida matando este hospedeiro. Os adultos são de vida livre, mas as larvas parasitam outros insetos. A maioria dos inimigos naturais deste grupo são das ordens Hymenoptera e Diptera.

Os parasitoides mais utilizados para o controle de insetos-praga são as vespas Cotesia e Tricogramma, controlando pragas importantes como a lagarta do cartucho em milho e a broca da cana, por exemplo.

 

ParasitóideFonte: Agropós-2020                             Fonte: Agropós-2020

 

Predadores

Predadores são insetos de vida livre e que apresentam comportamento predatório, se alimentando de outros insetos. Requerem um grande número de presas para completar o seu ciclo de vida.

Os insetos predadores pertencem principalmente às ordens Hymenoptera, Diptera, Coleoptera e Hemiptera, sendo a joaninha um exemplo clássico de inseto predador. Ela preda diversas pragas, dentre elas vários pulgões que atacam espécies de interesse agronômico.

 

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Patógenos

São microrganismos que causam doenças em insetos praga, vivendo esse alimentando destes, levando-os à morte. Neste grupo estão incluídos fungos, bactérias e vírus. O fungo Beauveria e os vírus do gênero Baculovirus, muito utilizados para controle de lagartas, estão nessa classe de organismos.

 

PatógenosFonte: Agropós-2020                                       Fonte: Agropós-2020

 

 

Agentes de controle biológico de patógenos

Os microrganismos patogênicos a plantas, são controlados por outros microrganismos, como fungos, bactérias e vírus. Esses microrganismos podem agir controlando doenças em parte aérea ou doenças de solo.

Sem dúvida, os agentes de controle biológico de doenças mais utilizados pertencem ao gênero fúngico Trichoderma e ao gênero bacteriano Bacillus. Trichoderma é um gênero de fungos habitante de solo, que pode controlar outros fungos por diferentes mecanismos.

Parasitismo, competição e antibiose são os principais mecanismos de controle biológico de patógenos. No parasitismo um organismo obtém parte ou todo do seu alimento às custas do outro organismo.

Na competição, um dos organismos é mais eficiente em aproveitar os recursos do meio. Eles competem entre si por agua, luz, nutrientes, espaço, oxigênio, dentre outros.

Já a antibiose é o mecanismo no qual um organismo produz substancias que tem efeitos danosos ao outro. Essas substancias podem ser voláteis ou não.

 

Tipos de controle biológico

O controle biológico de praga pode ser dividido em natural, clássico e o artificial. Vamos entender mais sobre eles?

No controle biológico natural são utilizados os inimigos naturais já existentes no ecossistema. Isso pode ser feito pela preservação de matas nativas próximas aos cultivos ou pela utilização de inseticidas seletivos.

No controle biológico clássico o foco é controlar pragas exóticas e para isso são introduzidos inimigos naturais por algumas vezes no local, como medida de controle a longo prazo.

O controle biológico artificial consiste da criação massal e aplicação de inimigos naturais em grande quantidade, o que faz com que este tipo de controle tenha ação mais rápida, semelhante a inseticidas químicos.

 

Vantagens do controle biológico na agricultura

Os inimigos naturais que são utilizados como agente de controle biológico são organismos que não deixam resíduos nos alimentos, são seguros para o agricultor e consumidor e protegem a biodiversidade. Não contaminam os alimentos e ambiente.

 Além disso, o uso de agentes diminui o risco de seleção de organismos resistentes, como ocorre no controle químico. A ausência de período de carência entre a liberação do inimigo natural e a colheita é outra vantagem notável do controle biológico.

 

Regulamentação de agentes de controle biológico

Os agentes de controle biológico são regulamentados pela lei Lei número 7.802, de 11 de julho de 1989, a mesma que regulamenta os agrotóxicos de origem química.

As solicitações de registro para estes produtos devem ser submetidas à Anvisa, MAPA e Ibama e os produtos à base agentes de controle biológicos são avaliados de maneira diferente dos demais produtos desta lei.

São solicitadas informações como qualidade biológica, eficiência, efeitos na saúde humana, dentre outros. Além disso, esses produtos, diferente dos pesticidas químicos, são registrados para o alvo biológico e não para a cultura.

 

Plataforma Agropós

 

Mercado de biológicos

Nos últimos anos, a nível mundial e também no Brasil, vem aumentando o número de produtos biológicos registrados para o controle de doenças e pragas.

Segundo o Ministério da Agricultura, no último ano, o mercado brasileiro de defensivos biológicos cresceu mais de 70%. Este percentual supera o crescimento apresentado pelo mercado internacional, que ficou em 17%.

O clima tropical e o cultivo diversificado do nosso país, nos coloca em uma posição privilegiada, tornando possível a adoção desta estratégia em lavouras de diversas culturas, atendendo aos anseios da população por uma agricultura mais sustentável.

 

Conclusão

Sempre que possível, devido às suas inúmeras vantagens, é recomendado utilizar o controle biológico como uma medida dentro do Manejo integrado. Este é um mercado em plena expansão no Brasil e no mundo, que está nos proporcionando uma agricultura mais sustentável.

Escrito por Nilmara Caires.

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Nematoides: os inimigos invisíveis das lavouras.

Nematoides: os inimigos invisíveis das lavouras.

Você sabia que os nematoides que infectam plantas são reconhecidos como uma das maiores ameaças à agricultura? Que tal conhecer as principais espécies que causam perdas nos cultivos do Brasil?

 

Nematoides: os inimigos invisíveis das lavouras.

 

Nematoides são vermes microscópicos capazes de sobreviver nos mais diversos ambientes. Possuem corpos cilíndricos, não segmentados, que ficam afilados em direção às extremidades. No entanto, algumas fêmeas, em certas fases da vida, podem ter o corpo com formato globoso, de pera, limão ou rim.

Eles retiram seus nutrientes da planta através de uma estrutura em forma de agulha, chamada de estilete, perfurando a célula e sugando seu conteúdo.

A maioria das espécies que infectam as plantas são endoparasitas. Ou seja, elas permanecem no interior raízes na sua fase adulta. Algumas, no entanto, são ectoparasitas, permanecendo no solo.

Todas as culturas são atacadas por pelo menos uma espécie de nematoide. Eles atacam quase todas as partes da planta, incluindo raízes, caules, folhas, frutos e sementes.

Os gêneros de nematoides mais importantes que infectam as plantas são: Heterodera, Pratylenchus, Thylenchulus, Globodera, Radopholus. Há consenso, no entanto, que dentre estes, o mais importante devido a sua distribuição, número de culturas que afeta e prejuízos causados é o Meloidogyne.

 

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Principais nematoides do Brasil

 

Nematoide das galhas: Meloidogyne spp.

Os sintomas do nematoide das galhas na parte aérea incluem murcha, nanismo, deficiência nutricional e nanismo. Mas sãos as raízes que deixam pouca ou nenhuma dúvida. Este nematoide induz a formação de galhas nas raízes das plantas infectadas.

Eles penetram nas raízes e ao alimentar-se induzem a formação de células gigantes. As fêmeas desse nematoide são globosas de colocação branco-leitosa e podem ser observadas no interior dessas galhas.

Quando a incidência deste nematoide é muito alta, falhas nos estandes podem ser observadas. São plantas que morrem em decorrência do ataque do patógeno. Essas falhas ocorrem em reboleiras, geralmente.

 

Nematoide das lesões: Pratylenchus spp.

Populações baixas deste nematoide podem não causar sintomas visíveis na parte aérea. No entanto, populações muito altas podem levar a falhas de estande, deficiência nutricional. Este nematoide, como seu nome indica, causa lesões necróticas nas raízes.

As lesões necróticas causadas por este nematoide, podem também funcionar como porta de entrada para outros patógenos, como fungos apodrecedores.

Este gênero possui mais de 70 espécies e pode infectar mais de 400 espécies vegetais. Dentre estas, várias de importância econômica dentre elas, amendoim, batata, arroz, milho e diversas frutíferas.

 

Fungos causadores de doenças em plantas.

 

Nematoide do cisto – Heterodera glycines

Perdas de 10 a 20% têm sido causadas por este nematoide em campos de soja. Muitas das vezes, como os sintomas podem não ser tão óbvios, essas perdas acabam sendo atribuídas a fatores ambientais ou culturais, aumentado a população do patógeno para os próximos anos.

Os sintomas ocorrem em reboleiras e na parte aérea são caracterizados por redução do porte das plantas, do número de vagens, amarelecimento e baixa produtividade.

As fêmeas do nematoide, em formato de limão e com um pouco mais de 1mm de diâmetro são facilmente vistas do lado de fora de raízes extraídas de plantas doentes.

 

Declínio do citros – Tylenchulus semipenetrans

Embora existam diversas espécies de nematoides que causam doenças em citros, a mais devastadora é Tylenchulus semipenetrans. Ele causa a doença conhecida como declínio do citros, que ocorre em todas as regiões produtoras do mundo e pode levar a perdas de 50 a 90%.

As plantas infectadas exibem um declínio lento, que leva entre 3 a 5 anos em média. Durante este período observa-se a morte de galhos, folhas pequenas e tamanho de frutos reduzido. As raízes da planta tornam-se atrofiadas.

 

Nematoide cavernícola – Radophulus similis

Este é o principal nematoide da cultura da banana, fazendo com que após a infestação áreas de cultivo sejam abandonadas. É um parasita migrador que se alimenta das raízes da planta, formando galerias que enfraquecem a planta. Daí o nome de nematoide cavernícola.

Após a emissão do cacho, a planta perde a sua sustentação e muitas vezes chega a tombar. Altas infestações do nematoide causam ainda rachaduras no pseudocaule da planta, favorecendo o ataque de microrganismos secundários.

 

Coleta e identificação de amostras nematológicas

Um agrônomo/ agricultor experiente pode em algumas das vezes identificar os nematoides fitoparasitas em campo. Na maioria, no entanto, é necessário a realização de coleta de amostras e envio a laboratórios especializados.

A amostra enviada deve ser representativa da área e conter solo e raízes sintomáticos ou galhas, quando for o caso. Elas devem ser mantidas com umidade natural até o momento da avaliação.

Cada amostra deve ser composta de subamostras de solo com as mesmas características, coletadas na profundidade de 10 a 20cm. Para isso, recomenda-se o caminhamento em ziguezague.

 

Manejo de nematoides fitopatogênicos

Após estabelecidos em uma área é impossível erradicar os nematoides. Por isso, todas as medidas adotadas após o estabelecimento visam conviver com o problema.

A amostragem e exame laboratorial podem dizer se os nematoides estão presentes naquela área. Em caso negativo, o manejo integrado dessa praga deve ser focado em evitar a sua introdução. Caso estejam presentes na área, o objetivo é manter a população em baixa densidade durante o cultivo.

 

Controle preventivo

As medidas de controle preventivo incluem utilização de mudas sadias – livres de nematoides, evitar o plantio em épocas favoráveis, evitar o plantio em épocas favoráveis. A limpeza de maquinários e implementos agrícolas também é uma medida recomendada.

 

Rotação de culturas

Cultivar uma cultura que o nematoide não é capaz de se reproduzir é uma boa maneira para controlar algumas espécies.

Com o planejamento adequado, a rotação pode ser combinada com solarização ou pousio, de maneira a reduzir a população de nematoides que atacam raízes.

A rotação de uma cultura não hospedeira por um ou mais anos reduz as populações de nematoides por falta de alimento.

 

Uso de culturas resistentes aos nematoides

Cultivares resistentes são aquelas que conseguem prevenir ou restringir marcantemente a reprodução do nematoide nos seus tecidos.

Existem cultivares resistentes a nematoides para diversas culturas de importância, como cafeeiro, tomateiro, cenoura, soja, batata e cana, visando principalmente a resistência a nematoide das galhas e do cisto.

Cultivares tolerantes são aqueles que mesmo infectados por nematoides, conseguem superar este ataque e produzir uma boa colheita. Essa é uma prática questionável, pois os nematoides continuam a se reproduzir no local e isso poderá comprometer a rotação de culturas, caso implementada.

 

Controle biológico dos nematoides

Existem diversos microrganismos que atuam como predadores ou parasitas de nematoides fitopatogênicos. Esses organismos são chamados de inimigos naturais de nematoides. Dentre estes, os mais utilizados são os fungos e bactérias.

Nos últimos anos, diversos agentes de controle biológico foram registrados para controle biológico de fitonematoides. Alguns controlam muito bem nematoides importantes como o nematoide das galhas, em diversas culturas agronômicas.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Os nematoides têm causado perdas em diversas culturas. No Brasil, o nematoide das galhas, o nematoide do cisto e o nematoide das lesões são os mais importantes, devido aos prejuízos que vem causando na nossa agricultura.

Assim, é de fundamental importância identificar e quantificar estes patógenos em uma área. Isso pode ser feito por meio de uma coleta adequada de amostras e envio para laboratório especializado.

Identificada a causa do problema, é preciso conviver com ele, uma vez que é praticamente impossível eliminar um nematoide de uma área. O manejo integrado de nematoides inclui medidas como a rotação de culturas, resistência genética, controle biológico, dentre outros.

Escrito por Nilmara Caires.

Pós-graduação Fitossanidade

Controle biológico: como ter lavouras mais sustentáveis e rentáveis!

Manejo Integrado de Pragas: aprenda a atilizar!!!

Você conhece o Manejo Integrado de Pragas?  Saiba mais sobre este sistema e como ele pode te ajudar a ter plantas mais saudáveis!

 

Manejo Integrado de Pragas: Por que adotá-lo na sua lavoura?

FONTE: Adaptado de Entomological Society of America’s

 

O que é o Manejo Integrado de Pragas (MIP)?

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é essencialmente uma tomada de decisão e que se leva em conta não somente a eliminação da praga e o lucro, mas também os custos e benefícios a longo prazo para o meio ambiente e a sociedade em geral.

Mesmo se você fizer tudo certo ao implantar uma cultura, as pragas aparecerão inevitavelmente e causarão prejuízos ao final da safra. Mas o que são pragas?

No sentido amplo, pragas são organismos capaz de causar danos às plantas, seus produtos e subprodutos.

Podem ser microrganismos (como fungos, bactérias, nematoides, vírus), plantas daninhas, ou insetos. Juntos, eles chegam a causar 40% de perdas nos cultivos.

Estima-se que só os insetos considerados pragas causem perdas anuais de US$ 12 bilhões para a economia brasileira.

Assim, é necessário adotar medidas para diminuir estas perdas. Neste texto falaremos sobre os insetos-praga.

Durante muitos anos, as medidas adotadas para controle destes organismos eram baseadas exclusivamente na utilização de inseticidas.

O seu uso abusivo trouxe consequências negativas ao longo dos anos. Neste contexto, foi criado o conceito de manejo integrado de pragas.

Ao contrário do que muitos pensam, o manejo integrado de pragas não é algo novo.

Desde a década de 1920, entomologistas já recomendavam o controle do bicudo do algodoeiro através da combinação de plantas tolerantes e queima de restos da cultura.

Assim, o uso de inseticidas só era recomendado quando a população da praga atingia níveis insuportáveis.

De uma maneira mais ampla, pode-se conceituar o MIP como a combinação vantajosa de mais de um tipo de método para manter as pragas em nível aceitável.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Componentes do Manejo Integrado de Pragas (MIP)

 

Avaliação do agroecossistema

De forma simplificada, a avaliação do agroecossistema consiste em se conhecer a lavoura e os principais insetos que ocorrem nela.

Isso inclui saber o estágio de desenvolvimento que as plantas se encontram, pois algumas pragas incidem em determinado estágio com maior intensidade.

As condições climáticas influenciam a incidência de pragas. Em temperaturas maiores, ocorrem mais ciclos do inseto durante a safra, fazendo com que sua população seja maior.

A maioria dos insetos presentes em um determinado campo de cultivo não causam dano algum àquela cultura, sendo assim não são considerados praga.

Inclusive podem ser benéficos, quando auxiliam no controle populacional das pragas – estes são os chamados inimigos naturais.

Espécies que raramente causam prejuízos à cultura são consideradas pragas secundárias.

No entanto, algumas poucas espécies presentes na cultura estão em nível populacional alto e causam danos frequentemente, sendo então consideradas como pragas-chave.

Assim, a atenção deve ser voltada ao monitoramento dessas espécies, pois os dados deste monitoramento é que fornecerão a base para a estratégia de manejo a ser adotada.

 

Monitoramento

O monitoramento deve ser realizado periodicamente e permite estabelecer os níveis populacionais de equilíbrio, de controle e de dano econômico dos insetos.

Ou seja, devem ser realizadas frequentes amostragens com o objetivo de saber se a população é alta suficiente para causar nado.

O nível de equilíbrio é quando a população não sofre grandes variações ao longo do tempo.

Já o nível de controle é quando a população atinge um nível que é necessário adotar medidas de controle a fim de evitar prejuízos e o nível de dano econômico, que é a menor densidade populacional capaz de causar perdas econômicas significativas ao agricultor.

O nível de controle varia para diferentes pragas em uma mesma cultura ou mesmo para uma mesma praga incidindo em diferentes culturas.

As medidas de controle adotadas demoram um tempo até que surjam efeitos. Assim, o controle deve ser realizado antes do nível populacional alcançar o nível de dano econômico.

No gráfico abaixo, podemos observar que, quando medidas não são adotadas no momento correto a população da praga ultrapassa o nível de dano econômico, causando prejuízos.

 

Nível de controle no (MIP)

FONTE: AGROPÓS

 

Tomada de decisão e controle

No MIP, quando se utiliza dados de monitoramento das pragas, é possível efetuar a tomada de decisão, onde leva-se em consideração a relação custo/benefício do controle de pragas.

Como dito no início deste texto, o manejo integrado de pragas preconiza a adoção de mais de um método para controle de pragas em uma cultura.

Dentre estes métodos estão o controle cultural, controle biológico, resistência genética, controle legislativo, métodos genéticos e controle químico.

Vamos conhecer um pouco sobre cada um desses métodos?

 

Métodos de controle no Manejo Integrado de Pragas

 

Controle biológico

O controle biológico consiste em controlar as pragas por meio do uso de seus inimigos naturais e pode ser natural, clássico ou artificial.

No controle biológico natural são utilizados os inimigos naturais já existentes no ecossistema.

Isso pode ser feito pela preservação de matas nativas próximas aos cultivos ou pela utilização de inseticidas seletivos.

Nesse controle o foco é controlar pragas exóticas e para isso são introduzidos inimigos naturais por algumas vezes no local, como medida de controle a longo prazo.

O controle biológico artificial consiste da criação massal e aplicação de inimigos naturais em grande quantidade, ou seja o que faz com que este tipo de controle tenha ação mais rápida, semelhante a inseticidas químicos.

O controle biológico é uma técnica que apresenta diversas vantagens, como especificidade, fazendo com que um agente introduzido no agroecossistema não tenha efeitos danosos a outros insetos benéficos, controle duradouro.

o inimigo natural pode se estabelecer formando uma população estável naquele cultivo, não poluir o meio ambiente e alimentos, dentre outras.

A utilização comercial de produtos biológicos para o controle de insetos vem se tornando cada vez mais frequente, decorrente das exigências do mercado.

 

Controle cultural

O controle cultural ou manipulação do ambiente de cultivo é um método preventivo que deve ser considerado como a primeira linha de defesa contra as pragas e nada mais é do que a adoção de práticas culturais típicas da cultura, com o objetivo de desfavorecer o desenvolvimento de insetos-praga.

Diversas estratégias podem ser utilizadas na manipulação do ambiente de cultivo, dentre essas merecem destaque:

 

Destruição de restos culturais

Esta medida visa controlar pragas que sobreviveriam a entressafra em restos culturais, servindo como fonte de infestação para a safra seguinte. É muito adotada na cultura do algodoeiro, com o objetivo de manejar o bicudo.

 

Uso de sementes e mudas sadias

Esta medida visa evitar a introdução de insetos que se disseminam através de sementes e mudas, como ocorre com a lagarta rosada do algodoeiro.

 

Preparo do solo

O preparo do solo por meio da aração e gradagem promove o enterrio de pragas localizadas na superfície do solo ao mesmo tempo que favorece a exposição de insetos localizados a profundidades maiores à incidência de radiação solar e ao ataque de inimigos naturais, como pássaros.

 

Espaçamento entre plantas

Plantios mais adensados, com espaçamento menor entre plantas tendem a criar um microclima mais desfavoráveis a certos insetos, como por exemplo, o bicho-mineiro em café. Além disso, promovem facilitam a colonização de fungos entomopatogenicos, favorecendo a adoção do controle biológico.

 

Modificação da época de colheita

Na maioria das vezes não é viável modificar totalmente a época de colheita de uma cultura. No entanto, em alguns casos, como de infestação por broca do café, recomenda-se colher primeiro os talhões mais afetados.

 

Controle legislativo

As medidas de controle legislativos são leis, portarias e decretos, quer federais, estaduais ou mesmo municipais, que obrigam ao cumprimento de determinadas medidas de controle.

 

Quarentena

Tem o objetivo evitar a entrada de pragas exóticas e sua disseminação.

 

Medidas obrigatórias de controle

São medidas que tem execução determinada por legislação e o produtor deve adotar. Um exemplo é o estabelecimento de data limite para destruição dos restos culturais para controle do bicudo do algodoeiro.

 

Legislação do uso de agentes e métodos de controle

Neste exemplo estão enquadrados a obrigatoriedade do receituário agronômico e a lei dos agrotóxicos. Além da legislação acerca dos organismos transgênicos no Brasil.

 

Resistência de plantas

Algumas plantas possuem a capacidade natural de impedir ou suportar e se recuperar de injurias causadas por insetos praga. Esta característica herdável é chamada de resistência genética.

Pesquisadores trabalham na seleção e multiplicação destas plantas naturalmente resistentes por meio de métodos clássicos ou de engenharia genética, para obtenção de cultivares comerciais.

Dessa forma, atualmente estão disponíveis cultivares resistentes a diversas pragas que causam prejuízos.

Sempre que for possível, a resistência genética deve ser um método adotado, pois possui vantagens como facilidade de adoção, especificidade, baixo custo, harmonia com o ambiente, além de ser compatível com outras medidas de controle.

 

Métodos químicos

Consiste na aplicação de substancias químicas para prevenir ou destruir pragas. São os conhecidos defensivos agrícolas, com ênfase nos inseticidas.

O controle químico tem sido um método indispensável no manejo integrado de pragas (MIP), pois em algumas situações é a única medida pratica quando a população aproxima-se do NDE.

Quando aplica-se inseticidas com o mesmo mecanismo de ação por repetidas safras, há o risco de seleção de insetos resistentes, fazendo com que com o passar do tempo a praga não seja mais controlada pelo produto.

Sendo assim, deve-se rotacionar inseticidas com diferentes mecanismos de ação. Existem diversos produtos registrados para as principais pragas agrícolas.

Ao utilizar esta medida, o produtor deve optar por inseticidas seletivos, que tenham pouco efeito sobre os inimigos naturais.

Além disso, é importante estar atento à tecnologia de aplicação, para garantir a dose e cobertura correta.

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

Métodos comportamentais

Os insetos utilizam odores para sua defesa, seleção de plantas, acasalamento, entre outros processos.

No controle comportamental, são utilizadas substancias ou organismos para alterar o comportamento da praga. Essas substancias podem ser feromônios, atraentes ou repelentes, por exemplo.

Os feromônios são substâncias utilizadas para comunicação entre indivíduos da mesma espécie e podem ser utilizados tanto para detecção e monitoramento de pragas, quanto para o controle.

São utilizados para detectar os primeiros voos da mosca das frutas, por exemplo.

No monitoramento, são distribuídas armadilhas contendo feromônios para verificar se uma praga atingiu o nível de controle, como no caso da mariposa Grapholita molesta em cultivos de pessegueiros.

No MIP, são utilizadas armadilhas contendo feromônios para atração e posterior coleta dos insetos.

Além disso, os feromônios podem ser utilizados para confundimento durante o período de acasalamento reduzindo o a probabilidade dos machos encontrarem as fêmeas.

 

Plataforma Agropós

 

Porque adotar o Manejo Integrado de Pragas (MIP)?

Otimização de recursos, conservação do ambiente e economia. Essas são as principais vantagens em adotar o manejo integrado de pragas na sua lavoura,

Ao diminuir o uso de inseticidas o MIP além de diminuir os custos, torna a lavoura mais saudável.

O MIP, que preconiza a adoção de diversas medidas, permite que o agroecossistema esteja em equilíbrio.

O resultado é: produtos de maior qualidade e maior produtividade.

 

Conclusão

Num ecossistema artificial, como as lavouras agrícolas, não se deve esperar a ausência de pragas, elas ocorrerão.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um sistema que visa controlar essas pragas utilizando-se de diferentes métodos aplicados nos momentos adequados.

Dentre estes métodos estão os biológicos, comportamentais, culturais, de resistência, legislativos e químicos.

Para adoção do MIP não existe um pacote pronto. Cada caso deve ser analisado, através de um programa de monitoramento com amostragens periódicas.

No entanto, se aplicado corretamente o MIP trará vantagens econômicas e ambientais para sua lavoura. Gostou de saber mais sobre Manejo Integrado de Pragas? Acompanhe nossos posts e mantenha-se atualizado!

 

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