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Conheça 9 pragas da soja e como combatê-las!

Conheça 9 pragas da soja e como combatê-las!

As pragas da soja são organismos que reduzem a produção das culturas, seja por atacá-las, por serem transmissores de doenças ou por reduzirem a qualidade dos produtos agrícolas. Neste post vamos abordar as principais pragas e como combatê-las em sua cultura.

Acompanhe, e não fique de fora!

 

Conheça 9 pragas da soja e como combatê-las!

 

A cultura da soja no Brasil é atacada por inúmeros insetos todos os anos, causando muitos prejuízos ao setor produtivo. O controle tardio e uso incorreto de produtos são a combinação perfeita para causar perdas ao bolso do produtor.

Durante o ciclo de cultivo da soja, muitas plantas daninhas, pragas e doenças podem afetar a produtividade das lavouras.

Mesmo no estádio reprodutivo de desenvolvimento, é preciso estar atento para a manutenção do potencial produtivo que foi obtido pela cultura desde sua emergência. Neste artigo vamos abordar as principais pragas da cultura da soja e como manejá-las.

 

As 9 principais pragas da soja

São inúmeras as pragas da soja que podem atacar as plantações que, se não forem controladas, podem resultar na perda total das lavouras. Saiba um pouco mais sobre as principais pragas que ocorrem com maior incidência:

  1. A lagarta da soja (Anticarsia gemmatallis)
  2. A lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda)
  3. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
  4. Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)
  5. Mosca branca (Bemisia sp.)
  6. Percevejo castanho (Scaptocoris spp.)
  7. Bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus)
  8. Ácaros verde (Mononychellus planki)
  9. Corós (Phyllophaga cuyabana)

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Lagarta da soja (Anticarsia gemmatallis)

A lagarta-da-soja é uma das pragas da soja de hábitos noturnos que, quando dia, fica em áreas sombreadas. Inicialmente as lagartas são de coloração verde-clara e possuem quatro pares de pernas no abdômen, sendo duas vestigiais.

Sua identificação é mais simples que a lagarta Helicoverpa. Conta com três linhas longitudinais claras no dorso. Em condições de pouco alimento ou altas infestações, torna-se de coloração mais escura. Fases em que ocorre o ataque a incidência é no início da cultura e floração

 

Danos

Os danos causados por essa praga são raspagens inicialmente em pequenas áreas das folhas. Quando as lagartas são maiores, alimentam-se da folha deixando grandes “buracos” ou mesmo se alimentando da folha inteira.

A desfolha pode chegar a 100% se a lagarta-da-soja não for monitorada e controlada corretamente. 

 

Controle

É importante monitorar constantemente. O controle deve ser feito quando houver, em média, 40 lagartas grandes por pano-de-batida.

Quando a desfolha atingir 30%, antes da floração, e 15%, assim que surgirem as primeiras flores, é preciso agir.

 

Lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda)

A lagarta-do-cartucho é uma espécie canibal e, por isso, geralmente são encontradas poucas lagartas por planta.

Sua coloração varia entre marrom, verde ou preta. Tem, na cabeça, uma listra que se inicia em Y invertido, que facilita muito a sua identificação.

Com um ciclo de vida completado em 30 dias e o número de ovos podendo variar de 100 a 200 por postura/fêmea (totalizando uma média de 1.500 a 2.000 ovos colocados por uma única fêmea).

 

Danos

Essa espécie penetra no colmo, criando galerias, e causa danos consumindo as folhas. Depois do segundo ou terceiro ínstar, começam a fazer buracos nas folhas, alimentando-se do cartucho e deixando uma grande quantidade de excrementos na planta.

 

Controle

O manejo da lagarta-do-cartucho deve iniciar com a dessecação da cultura de cobertura para a produção de palha no Sistema Plantio Direto (SPD). Se, durante o plantio for observada a presença de lagartas, deve ser realizada a aplicação de inseticidas para evitar redução do stand de plantas.

 

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

A lagarta-elasmo geralmente é cíclica, mas os surtos em soja têm sido frequentes, principalmente em solos arenosos e em anos com estiagem prolongada, na fase inicial das lavouras. O período de ataque começa logo após a germinação da soja, podendo estender-se por 30 a 40 dias.

Muitas vezes o inseto já está presente na área antes da instalação da cultura, sendo necessário ter conhecimento de possíveis infestações em lavouras vizinhas e levar em conta a ocorrência de período de estiagem prolongada.

 

Danos

Quando pequenas, as lagartas alimentam-se raspando o parênquima foliar. À medida que crescem, perfuram um orifício na planta ao nível do solo construindo aí uma galeria ascendente que vai aumentando de comprimento e largura com o crescimento da lagarta e o consumo de alimento.

 

Controle

 Os solos sob sistema de semeadura direta, por geralmente reter mais umidade, têm menores problemas com a praga. Áreas sem coberturas e que sofreram com fogo na entressafra tendem a apresentar maiores danos por favorecer o desenvolvimento das lagartas.

 

Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

No Brasil, a espécie tem se tornado um sério problema fitossanitário na cultura da soja, com vários surtos ocorrendo isolados ou associados à lagarta-da-soja.

Seus ovos são globulares, medem cerca de 0,5 mm de diâmetro e apresentam coloração creme-clara logo após a oviposição e marrom-clara próximo à eclosão. O desenvolvimento embrionário se completa em torno de 2,5 dias.

 

Danos

As lagartas atacam as folhas, raspando-as enquanto são pequenas, ocasionando pequenas manchas claras; à medida que crescem, ficam vorazes e destroem completamente as folhas, podendo danificar até as hastes mais finas.

 

Controle

O controle químico desta lagarta quando ocorrendo só ou associada à lagarta-da-soja, deve ser feito quando forem encontradas, em média 40 lagartas grandes por pano de batida, ou se a desfolha atingir 30% até o final do florescimento, ou 15%, tão logo apareçam as primeiras flores. Recomenda-se o uso de produtos registrados para a cultura.

 

Mosca branca (Bemisia sp.)

mosca branca, Bemisia tabaci, apesar do nome comum de mosca, trata-se de um inseto sugador comum em diversas culturas.

Os adultos medem 0,8mm de comprimento e, aparentemente, são de coloração geral branca, mas apresentam asas brancas e corpo amarelo.

Sob condições climáticas favoráveis, seu ciclo de vida pode ser de duas a quatro semanas, podendo produzir até 15 gerações por ano.

 

Danos

Os insetos têm ação toxicogênica, sendo que os maiores prejuízos são devidos a transmissão de viroses. Para o feijoeiro é transmissor do vírus do mosaico dourado e do mosaico anão. São mais prejudiciais no período do florescimento.

 

Controle

Tratamento de sementes com inseticidas carbamatos sistêmicos ou sistêmico granulado no sulco de plantio ou, ainda, pulverizar com fosforados sistêmicos. Uso de armadilhas de cor amarela ajudam a diminuir número de adultos na área.

 

Tudo o que você precisa saber sobre a mosca branca (Bemisia tabaci)

 

Percevejo castanho (Scaptocoris spp.)

Percevejo-castanho-da-raiz (Scaptocoris castanea) é um inseto que apesar de ter ocorrência em todo Brasil, no entanto, tem causado frequentes danos a lavoura da região dos cerrados. Essa praga aparece devido ao período chuvoso.

Muitos produtores tem dificuldades de identificá-lo, pois o inseto se aprofunda no solo e no momento do plantio pode estar em profundidades superiores a 30cm.

É uma praga polífaga, isto é, pode atacar diversas culturas como sorgo, milho, soja, algodão e pastagens.

 

Danos

Seus danos são provocados por ninfas e adultos, que possuem hábito subterrâneo e fazem a sucção da seiva das raízes, causando atrofiamento das raízes e subdesenvolvimento das plantas.

 

Controle

O controle biológico com o fungo Metarhizium anisopliae apresenta bons resultados. O método cultural pode ser empregado para o manejo desse inseto, já que a aração e a gradagem pode expor os insetos aos predadores e causam o esmagamento das ninfas e adultos, sendo que a aração com arado de aiveca é o que apresenta maior eficiência no controle do percevejo castanho.

 

Bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus)

O tamanduá ou bicudo da soja é considerado um inseto de difícil controle e vem ganhando importância pelos danos que tem causado às lavouras de vários municípios do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Tem ocorrido com maior intensidade, desde 1984, principalmente, onde é realizado o cultivo mínimo e a semeadura direta.

 

Danos

O adulto raspa o caule e desfia os tecidos no local do ataque. Quando a população é alta e ocorre na fase inicial da cultura, o dano é irreversível e as plantas morrem podendo haver perda total de parte da lavoura.

Quando o ataque acontece mais tarde e as larvas se desenvolvem na haste principal, formando galhas, a planta pode quebrar pela ação do vento e das chuvas.

 

Controle

A rotação de culturas é a técnica mais eficiente para o seu manejo, mas sempre associada a outras estratégias, como plantas-iscas e controle químico na bordadura da lavoura.

Resultados recentes de pesquisas têm mostrado reduzido percentual de plantas mortas e danificadas e maior produtividade, no final do período de rotação soja-milho-soja, quando comparado ao monocultivo de soja.

 

Ácaros verde (Mononychellus planki)

Os ácaros são importantes pragas em algodão, citros, feijão, hortaliças. Em soja ocorre, esporadicamente, em populações elevadas, causando danos a cultura da soja.

A disseminação do ácaro ocorre pelo vento. Sob da face inferior da condições adversas de alimentação e de ambiente, os ácaros se penduram por fios de teia e são levados pelas correntes de ar até outras plantas hospedeiras.

 

Danos

Esses insetos são encontrados na face inferior das folhas removendo o conteúdo citoplasmático das células através de seu estilete, comprometendo o desenvolvimento normal da planta.

 

Controle

Devem ser realizadas amostragens nos talhões em que, na safra anterior, foram observados ataques severos da praga e na entressafra.

A rotação de cultura (com por exemplo, milheto, Crotalaria juncea ou mucuna-preta), é uma boa opção de controle.

 

Corós (Phyllophaga cuyabana)

Os corós são larvas escarabeiformes (corpo recurvado em forma da letra “C”), de coloração geral branca, com cabeça e pernas (três pares) marrons.

As espécies rizófagas que ocorrem em milho podem atingir de 4 a 5 cm de comprimento quando em seu tamanho máximo.

Para a safrinha, em lavouras instalada em semeadura direta sobre a resteva da soja, os danos são mais acentuados. Em áreas anteriormente cultivadas com poáceas (gramíneas), a população do inseto geralmente é elevada.

 

Danos

Seus danos são decorrentes da destruição de plântulas, as quais são puxadas para dentro do solo ou secam e morrem pela falta de raízes, ou ainda originam plantas adultas pouco produtivas. O nível de dano para esse inseto ocorre a partir de 5 larvas.m-2.

 

Controle

Controle biológico através do uso de Beauveria bassiana Metarhizium anisopliae e parasitóides da ordem Diptera.

O preparo de solo com implementos de disco é uma alternativa de controle cultural da larva. Com essa prática, ocorre o efeito mecânico do implemento sobre as larvas que possuem corpo mole e são expostas a radiação solar e aos inimigos naturais, especialmente pássaros.

O controle químico pode ser utilizado via tratamento de sementes ou pela pulverização de inseticidas que sejam registrados para a cultura, no sulco de semeadura.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Vimos neste artigo as quatro principais pragas da soja que podem causar danos no momento do plantio como; corós, percevejos-castanhos-da-raiz, lagarta-elasmo entre outros.

Para todas elas é muito importante fazer o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Fazer o monitoramento vai evitar gastos desnecessários com insumos.

Cada praga tem sua peculiaridade, mas, caso necessário, o tratamento de sementes vai contribuir muito para seus controles. Em caso de dificuldade no controle o recomendado é chamar um especialista da área.

Escrito por Michelly Moraes.

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Lagarta do cartucho: como essa praga acomete a cultura do milho?

Lagarta do cartucho: como essa praga acomete a cultura do milho?

A lagarta do cartucho, Spodoptera frugiperda, é a principal praga da cultura do milho no Brasil.

Ela apresenta ocorrência em todas as regiões produtoras, tanto nos cultivos de verão como nos cultivos safrinha.

A lagarta do cartucho apresenta um dano econômico muito significativo nas lavouras de milho, onde, é notável a importância do manejo fitossanitário adequado para seu controle.

Mais detalhes sobre a praga você confere nesse artigo.

Boa leitura!

 

Lagarta do cartucho: como essa praga acomete a cultura do milho?

 

Mas afinal o que é a lagarta do cartucho?

A lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), é um inseto que ataca a planta desde sua emergência até a formação de espigas, porém nos últimos anos tem acometido outras culturas, como a cultura de algodão, causando grandes prejuízos.

Os danos econômicos causados na cultura do milho são estimados em mais de US$ 400 milhões, anualmente.

Especialmente na cultura do milho, os prejuízos contabilizados não estão relacionados à falta de tratamento fitossanitário, onde, vários fatores são considerados para explicar os danos crescentes na lavoura.

Um deles refere-se à aplicação de maneira incorreta, como a não utilização de jato dirigido de defensivos fitossanitários.

Porém, o que preocupa os produtores é o desenvolvimento de populações da lagarta resistentes a produtos químicos. Como também, já se nota em algumas regiões, a diminuição sensível da diversidade de agentes de controle biológico, em consequência do uso de maneira errada de agrotóxicos.

Por isso que, estabelecer o equilíbrio ecológico dentro do sistema de produção é muito importante, como também a adoção de um programa de manejo integrado de pragas, pensando no sistema como um todo.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Identificação da lagarta do cartucho

A mariposa fêmea, apresenta coloração acinzentada, com cerca de 25 mm de tamanho, ela tem a capacidade de pôr cerca de cem ovos a cada vez.

Em temperaturas média de 25°C, as lagartas do cartucho eclodem em três dias. Os insetos recém-nascidos geralmente permanecem juntos nas primeiras horas de vida.

Sua primeira refeição são as cascas dos próprios ovos, posteriormente, raspam as folhas da planta hospedeira, causando um sintoma bem caraterístico da praga.

Quando as larvas atingem o segundo ínstar, começam a migrar para outras plantas.

Posteriormente, dirigem-se, em menor número, para a região do cartucho, onde se alimentam das partes mais novas da planta.

 

A importância e formas de controle da lagarta do cartucho

Segundo a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), o monitoramento semanal à lavoura para reconhecer e controlar a quantidade de pragas, em cada parte da planta, permite decidir sobre o controle no momento correto, evitando danos, perdas e prejuízos na produção.

Para isso é muito importante conhecer o comportamento da praga e seu controle. Vejamos a seguir algumas maneiras de determinar o aumento e/ou redução da ocorrência de pragas na lavoura, dependendo das práticas agronômicas, como:

 

  • Plantio direto

Como já abordamos em outros momentos, o plantio direto traz muitos benefícios para a conservação do solo e retenção de umidade, mas, não revolver o solo favorece a sobrevivência dos insetos que passam pelo menos uma de suas fases nele.

Uma vez que, a lagarta do cartucho na fase de pupa, passa essa fase em galerias dentro do colmo das gramíneas.

Dessa forma, no sistema de plantio direto, o monitoramento das pragas deve ser constante.

 

  • Manejo das plantas daninhas

O manejo propício das plantas daninhas e a realização da dessecação controlada, reduz o potencialmente de infestação inicial, evitando a utilização precoce de inseticida na área, o que facilita o estabelecimento de inimigos naturais da praga na lavoura.

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

 

  • Rotação de cultura

A rotação de culturas é outro assunto que sempre falamos aqui e já sabemos a sua importância, nesse tipo de manejo há uma formação de um mosaico com diferentes espécies, podendo diminuir a infestação, reduzindo o uso de inseticidas e o custo de produção.

 

  • Tratamento de sementes

O tratamento de sementes, além de controlar as pragas que as danificam, controla várias espécies que atacam as plantas logo após a emergência.  Diminuindo a demanda por pulverização precoce na lavoura, consequentemente diminuindo os custos.

 

  • Controle biológico

Para o controle biológico dos ovos podem ser utilizadas as vespinhas Trichogramma. O seu uso, além da ação direta sobre a praga permite a interação de outros insetos benéficos como das espécies de parasitóides (Chelonus, Campoletis, Eiphosoma) e de predadores como as tesourinhas, joaninhas e percevejos, que atuam também no controle de outras pragas na cultura do milho.

Produtos microbianos, como o Bacillus thuringiensis e produtos à base de extratos de planta como o óleo de nim podem ser também utilizados para o controle da lagarta do cartucho.

 

  • Uso de feromônio:

Os feromônios são semioquímicos (sinalizadores químicos) de atuação entre indivíduos da mesma espécie.

Na agricultura os feromônios são utilizados no manejo de insetos-pragas, no monitoramento com armadilhas.

O monitoramento através da captura de insetos nas armadilhas com feromônios é possível determinar ausência, presença ou flutuação populacional de determinada espécie praga na área monitorada, o que auxilia o produtor na tomada de decisão sobre o manejo adequado.

 

  • Manejo Integrado de Pragas (MIP)

Por fim, o manejo integrado de pragas (MIP), quando utilizado de forma correta, evita a aplicação de agrotóxicos sem necessidade, preservando a produtividade e os inimigos naturais das pragas, fechando o ciclo cultural com menos aplicações.

 

Controle Biológico: como ter lavouras mais sustentáveis e rentáveis!

 

9 erros comuns no manejo de pragas na lavoura

Vou te apresentar agora, erros que você talvez anda cometendo e que aumentam a população ou favorecem a ocorrência de pragas na lavoura, são eles:

  1. Não utilizar o manejo integrado de pragas.
  2. Não adoção da rotação de culturas, ou seja, o plantio da mesma espécie, na mesma área, por vários anos consecutivos.
  3. O desrespeito ao vazio sanitário (período em que a lavoura deve ficar sem plantio).
  4. Aplicação de forma errada de produtos químicos.
  5. O uso de cultivares altamente suscetíveis a pragas.
  6. A presença de plantas hospedeiras na entressafra e nas proximidades da lavoura.
  7. O manejo inadequado de plantas daninhas.
  8. As aplicações de agrotóxicos sem antes realizar o monitoramento.
  9. A não realização do rodízio do princípio ativo do inseticida.

 

Mas afinal qual o ponto na tomada de decisão?

O ponto de decisão para qual método de controle da lagarta do cartucho utilizar, vai depender do nível do seu monitoramento da praga.

A aplicação de inseticidas não deve ser imediata e sim dez dias após a coleta das três primeiras mariposas nas armadilhas, por isso a importância do monitoramento da lavoura.

Nessa ocasião, a lagarta pode ser controlada antes de provocar danos irreversíveis e ainda estão bem suscetíveis aos inseticidas.

Também dentro do período considerável, os ovos e as lagartas de primeiros ínstares poderão ser reduzidos pelos principais inimigos naturais.

A utilização do método de amostragem baseado na infestação de lagartas pode confirmar a necessidade real da aplicação química. Obviamente a seletividade do produto químico deve ser sempre considerada.

Por fim, a atuação eficiente do controle biológico natural, aplicação de inseticida químico ou uso de todas as técnicas disponíveis pelo MIP, são de suma importância para controle da praga e consequentemente menos perda e maior lucratividade da lavoura.

 

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Dia de Campo na TV – Inseticida à base de vírus favorece produtividade nas lavouras

Dia de Campo na TV – Inseticida à base de vírus favorece produtividade nas lavouras

Foto: Sandra Brito

Sandra Brito -

Os trabalhos com o baculovírus para o controle da lagarta-do-cartucho na Embrapa Milho e Sorgo tiveram início em 1984. Atualmente, o banco de baculovírus conta com 22 isolados eficientes contra a lagarta do cartucho amostrados em diversas regiões do Brasil. O inseticida é apresentado em forma de pó molhável e não causa danos ao meio ambiente.

A lagarta-do-cartucho é a principal praga do milho e do sorgo e ataca também outras culturas, como soja, algodão e hortaliças. O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Fernando Hercos Valicente ressalta que controlar pragas que atacam o milho e o sorgo é um grande desafio. “O desenvolvimento desse produto biológico foi feito à base do agente Baculovirus spodoptera e é indicado para controlar a lagarta-do-cartucho nas culturas em que ela ocorre. Este inseticida tem melhor eficácia para controle da lagarta em campo, quando estas têm no máximo até um centímetro de comprimento. Testes de biossegurança comprovaram que esses vírus são inofensivos a microrganismos, plantas, vertebrados e outros invertebrados que não sejam insetos.

O Dia de Campo na TV vai apresentar a lagarta-do-cartucho em diferentes instares, estágios de crescimento, e como o inseticida é preparado para aplicação no campo. Também vai falar sobre os cuidados para armazenar o produto, que tem um ano de validade. “Este prazo permite ao produtor planejar o uso do inseticida ao longo da safra, desde que sejam observadas as condições de armazenamento ideais”, diz Valicente.

A Embrapa Milho e Sorgo possui acordo de parceria com empresas que produzem os inseticidas biológicos à base de microrganismos. No Brasil existem duas biofábricas de Baculovirus spodoptera. Em Uberaba-MG, o CartuchoVit é produzido pela Vitae Rural. E, em Cruz Alta-RS, o VirControl Sf é produzido pela Simbiose.

Lagartas-do-cartucho resistentes transferem proteína Bt para seus descendentes

Lagartas-do-cartucho resistentes transferem proteína Bt para seus descendentes

Lagarta-do-cartucho, principal praga do milho

Estudos com a espécie Spodoptera frugiperda, a lagarta-do-cartucho, detectaram uma das proteínas Bt encontradas em cultivares transgênicas de milho – a Cry1F – nos ovos dos seus descendentes. Assim, antes mesmo que as lagartas eclodam, os embriões já podem ter sido expostos à proteína se a geração anterior se alimentou do milho Bt. Essa proteína é tóxica ao inseto, no entanto, com sua presença desde a fase de ovos, pode aumentar as chances de selecionar indivíduos resistentes.

“Descobrimos que a exposição da principal praga do milho a uma das proteínas Bt já começa no embrião, o que pode contribuir para a pressão de seleção da resistência”, explica a pesquisadora Simone Martins Mendes, da área de Entomologia da Embrapa Milho e Sorgo (MG). A descoberta, inédita e publicada em setembro na revista científica americana Plos One, pode indicar novos caminhos para entender a rápida seleção da resistência dessa praga às tecnologias transgênicas.

“Em outro trabalho, [publicado em 2016 na revista científica europeiaEntomologia Experimentais et Applicata] mostramos que, em quatro gerações de seleção em laboratório, é possível selecionar lagartas resistentes a essa mesma proteína”, reitera a pesquisadora. “Na verdade, temos acompanhado a velocidade da seleção da resistência dessa espécie de praga às proteínas do Bt expressas no milho transgênico nas condições tropicais de cultivo. Já entendemos que muitos são os fatores que podem contribuir para esse quadro”, adianta Simone Mendes.

artigo publicado na Plos One não é o primeiro trabalho científico que mostra o processo de transmissão da proteína Bt para os ovos de insetos. A pesquisadora Debora Pires Paula, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), detectou anteriormente a proteína Cry1Ac nos ovos de outro lepidóptero, o inseto Chlosyne lacinia, popularmente conhecido como lagarta-do-girassol, após o consumo da proteína pelos parentais, e também em ovos da joaninha predadora Harmonia axyridis. “Contudo, a Spodoptera frugiperda é a principal espécie-alvo da tecnologia Bt no milho que apresentou quebra de resistência à tecnologia para populações coletadas em 2012”, relata a cientista.

O mecanismo de resistência

De acordo com a engenheira agrônoma Camila Souza, autora do estudo que foi tema de dissertação de mestrado no programa de pós-graduação em Entomologia na Universidade Federal de Lavras (Ufla), a resistência a pragas é um dos principais efeitos indesejáveis da expressão de genes cry em culturas Bt e é considerada uma das principais ameaças ao uso sustentável das tecnologias transgênicas.

“As implicações que os processos de transferência da proteína Bt podem ter na evolução da resistência a insetos e até mesmo em organismos não alvo, como nos inimigos naturais, permanecem desconhecidas. Todavia, precisam ser investigadas, pois esses resultados mostram que os organismos não alvo podem ter acesso à proteína tóxica não somente por via direta, por meio de uma presa exposta à proteína, mas também indiretamente, pelos descendentes que ainda não tiveram contato por meio da ingestão da proteína”, demonstra.

A resistência pode ser caracterizada quando uma população de um inseto deixa de ser controlada pela toxina presente na planta transgênica e consegue sobreviver durante todo o ciclo, alimentando-se dessa planta e se reproduzindo. “Naturalmente existem indivíduos nas populações da praga que sobrevivem às proteínas do Bt. Porém, em condições normais, ou seja, sem a exposição constante às plantas transgênicas, a frequência com que esses indivíduos ocorrem é baixa. O processo de seleção da resistência nada mais é que o aumento da frequência de ocorrência desses insetos na população”, explica a pesquisadora Simone Mendes. “No caso do presente estudo, observamos que existe o sequestro da proteína Cry1F da planta Bt para a prole descendente, sendo que essa proteína é transferida dos pais para os ovos”, conclui.

Segundo a autora do estudo, a agrônoma Camila Souza, a alimentação de lagartas com folhas de milho contendo a proteína Cry1F, mesmo que apenas por cinco dias, de acordo com a metodologia utilizada, propiciou o sequestro e a transferência da proteína Bt das plantas para a geração seguinte. “A detecção da proteína Cry1F nos ovos de Spodoptera frugiperda, depois da exposição dos pais à proteína tóxica, confirma que as larvas são capazes de sequestrar a proteína presente nas folhas de milho e transferi-la para a sua prole. Em condições de campo, essa exposição pode ocorrer durante todo o ciclo de desenvolvimento do inseto. Por isso, são necessários estudos para entender todas essas interações no processo de seleção da resistência”, complementa a engenheira-agrônoma.

O trabalho comprovou também que ambos os sexos do inseto têm a capacidade de transmitir a proteína Bt aos descendentes. “Quando ambos os pais foram expostos à proteína, a concentração de Cry1F sequestrada nos ovos foi significativamente maior (quase o dobro) em relação a quando apenas o macho ou a fêmea foram expostos à proteína”, enfatiza Souza.

Importância da área de refúgio é comprovada cientificamente

Após vários ciclos de seleção

Após a seleção

Indivíduos em destaque na cor vermelha: lagartas resistentes à proteína Bt. Na cor azul, suscetíveis

Foram avaliadas populações de lagartas resistentes à proteína Cry1F com ambos os sexos expostos à mesma proteína; lagartas resistentes com apenas o macho exposto à Cry1F; lagartas resistentes com apenas a fêmea exposta; e lagartas suscetíveis não expostas à proteína que serviram como tratamento-controle. Todas as populações avaliadas – resistentes e suscetíveis – foram expostas à proteína no final da fase de desenvolvimento larval. A quantificação da proteína Cry1F nos ovos foi realizada no Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília (DF).

Os resultados mostram que houve diferença significativa em relação à sobrevivência larval quando lagartas resistentes e suscetíveis foram expostas à proteína Cry1F. “Obviamente, a população suscetível apresentou 100% de mortalidade. Contudo, entre as lagartas resistentes, a sobrevivência variou entre 85% e 90%, em média, sendo que os insetos completaram o ciclo de desenvolvimento. Esses resultados mostram que a característica de resistência entre a população resistente foi mantida e que a população suscetível continuou sendo controlada pela proteína Cry1F. Foi verificado também que essa proteína não teve efeito prejudicial na reprodução e longevidade”, explica Camila Souza.

“Nossos resultados contribuem para o entendimento da evolução da resistência e reforçam a importância do uso adequado de áreas de refúgio (veja acima figuras que ilustram a pressão de seleção), uma vez que, quando ambos os sexos resistentes são expostos à proteína, o sequestro e a transferência para os ovos são potencializados”, cita a autora. Refúgio é uma área, dentro da lavoura, onde se planta o milho sem a tecnologia Bt. Seu papel é reduzir a exposição dos insetos-praga ao mecanismo de ação dos transgênicos. Os insetos que nascem na área de refúgio continuam suscetíveis à toxina transgênica e podem se acasalar com os resistentes e, assim, diluir a população de indivíduos que desenvolveram resistência.

“Se imaginarmos a existência das áreas de refúgio em proporção adequada, haveria maior possibilidade de somente um dos pais ser exposto à proteína, reduzindo a exposição embrionária. Além disso, o acasalamento com os indivíduos suscetíveis vindos da área de refúgio teria papel fundamental na redução da exposição dos embriões à proteína de forma prematura. As implicações que esses processos podem ter na evolução da resistência a insetos e no manejo de culturas Bt permanecem desconhecidas, e as consequências da transferência de proteínas Bt precisam ser estudadas”, destaca a pesquisadora.

Como funciona o Bt

Um dos principais problemas surgidos após a ampla adoção do milho Bt foi a seleção de insetos-alvo resistentes às proteínas tóxicas que até então controlavam as principais pragas da cultura, como a lagarta-do-cartucho. O milho Btexpressa uma ou mais proteínas da bactéria Bacillus thuringiensis, que possuem atividade inseticida contra os insetos-alvo.

No Brasil, o primeiro evento de milho transgênico foi liberado para uso comercial pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2008. “Nesses dez anos de utilização da tecnologia transgênica em milho, houve grandes transformações do manejo de praga da cultura”, avalia a pesquisadora Simone Martins Mendes.

Segundo dados de agosto de 2018, da Consultoria Céleres, publicados no documento “20 anos da adoção da biotecnologia agrícola no Brasil: lições aprendidas e novos desafios”, a área plantada com cultivares de milho geneticamente modificado atingiu 107,3 milhões de hectares na última safra, considerando o acumulado entre as safras de verão e de inverno. “A velocidade de adoção do milho transgênico ultrapassou o patamar de 90% da área total da safra de inverno, em apenas dez temporadas de liberação comercial”, informa a consultoria.

“O risco potencial para a evolução da resistência é alto para a lagarta-do-cartucho porque o sistema de produção no Brasil tem sobreposição temporal e espacial do milho Bt. No campo, essas culturas estão expostas à população de Spodoptera frugiperda, sendo que a pressão de seleção é intensa em cada geração da praga, aumentando o risco de seleção de indivíduos resistentes”, diz a agrônoma Camila Fernandes.

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Preservação da tecnologia

Segundo a engenheira-agrônoma, para prolongar a eficácia de culturas Bt é essencial desenvolver uma gestão estratégica para atrasar a evolução da resistência de pragas aos transgênicos. Uma das principais estratégias apontada pela pesquisa é a utilização da chamada alta dose (elevada expressão, nas cultivares, da proteína Bt) juntamente com a adoção da área de refúgio, impedindo a evolução da resistência. Outro método para o manejo da resistência é a introdução de eventos transgênicos piramidados, ou seja, a combinação de diferentes genes em um só híbrido provendo controle independente contra a mesma praga. As proteínas Vip3a20, por exemplo, possuem características importantes como a resistência a insetos em que a proteína Cry já não faz mais efeito.

A execução do trabalho foi viabilizada por meio da parceria de diversas instituições, como a Embrapa Milho e Sorgo, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e a Universidade Federal de Lavras.

Por Embrapa.