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Desmatamento: causas e consequências!

Desmatamento: causas e consequências!

Desmatamento é atualmente um dos maiores desafios da humanidade. Crescente em muitas regiões do planeta, a retirada da cobertura vegetal tem preocupado o mundo todo. Neste artigo vamos abordar as principais causas e consequências ocasionadas.

O desmatamento é um processo de degradação da vegetação nativa de uma região e pode provocar um processo de desertificação.

Além disso, é considerado como desmatamento a retirada completa da vegetação a partir do chamado “corte raso”.

O mau uso dos recursos naturais, a poluição e a expansão urbana são alguns fatores que devastam ambientes naturais e reduzem o número de habitats para as espécies. Um dos principais agentes do desmatamento é o homem.

Também chamado de desflorestação ou desflorestamento, o desmatamento é um dos mais graves problemas ambientais da atualidade.

Pois além de devastar as florestas e os recursos naturais, compromete o equilíbrio do planeta em seus diversos elementos, incluindo os ecossistemas, afetando gravemente também a economia e a sociedade.

No Brasil, existe uma preocupação crescente quanto ao desmatamento da Amazônia.

 

Desmatamento: causas e consequências!

 

Desmatamento no mundo

Ao longo do tempo, observamos o aumento do desmatamento em todo o mundo. Os países hoje considerados desenvolvidos foram os que mais desmataram para obter vantagens econômicas

Atualmente, os países em desenvolvimento são os principais responsáveis pelo desmatamento no mundo como;

  • Florestas da Indo-Birmânia (Ásia-Pacífico);
  • Nova Zelândia (Oceania);
  • Sunda (Indonésia, Malásia e Brunei-Ásia-Pacífico);
  • Filipinas (Ásia-Pacífico);
  • Mata Atlântica (América do Sul);
  • Montanhas do Centro-Sul da China (Ásia);
  • Província Florística da Califórnia (América do Norte);
  • Florestas Costeiras da África Oriental (África);
  • Madagascar e ilhas do Oceano Índico (África);

 

Geoprocessamento e Licenciamento Ambiental

 

Desmatamento no Brasil

O Brasil é o segundo país com a maior cobertura vegetal do mundo, ficando atrás apenas da Rússia. Entretanto, o desmatamento está reduzindo de forma significativa a cobertura vegetal no território brasileiro.

São aproximadamente 20 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa desmatada por ano em consequência de derrubadas e incêndios.

No século XVIII foi possível observar um desmatamento mundial e grande escala, completamente acelerado. Assim como outros países tropicais que sofrem com um grande desmatamento, no Brasil tem como causas principais:

  • Atividades agropecuárias, responsáveis por 80% do desmatamento em todo o mundo;
  • Avanço da urbanização;
  • Exploração comercial de madeira.

 

Desmatamento da Amazônia

Atualmente Amazônia Brasileira é a área que mais sofre com o desmatamento. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no mês de junho de 2020, houve desflorestamento em uma área da Floresta Amazônica de 1.034,4 km², equivalente à cidade de Belém, no Pará. O número é 10,6% maior do que o registrado no mesmo mês em 2019 e o mais alto já registrado já registrado nos últimos cinco anos.

Nos últimos 11 meses, 7,5 mil km² de áreas florestais foram sinalizadas como locais onde estava ocorrendo desmatamento. Isso representa um aumento de 64% de área desmatada em relação ao período de 11 meses terminado em terminado em junho de 2019, e de 112% em relação ao mesmo período terminado em 2018. Ou seja, taxas de desmatamento com índice muito relevante.

Com isso os agricultores, pecuaristas ou garimpeiros que querem explorar a área ateiam fogo aos tocos de árvore que ficaram no chão (as madeiras nobres, em geral, já foram retiradas por madeireiros igualmente ilegais).

Com as raízes carbonizadas e bastante frágeis, basta usar tratores com correntes para nivelar o terreno e sumir com todos os indícios de que o local já abrigou mata nativa.

Incêndios são uma forma comum de preparar o terreno para o plantio. Assim, caso um fiscal veja o incêndio, fica fácil para o novo ocupante do terreno argumentar que ele sempre teve uma fazenda produtiva ali e que aquele é só o incêndio mais recente para abrir caminho para a nova temporada.

 

Causas do desmatamento

O desmatamento pode ser causado por alguns fatores naturais. Mas nos níveis atuais, apenas a atividade humana consegue ser responsável por tanta devastação. Suas causas podem ser muitas, mas geralmente incluem a necessidade de se explorar as florestas para obter ganhos econômicos, como a obtenção de madeira, frutos, fibras, entre outros produtos comercializáveis.

A expansão urbana também é responsável pelo desmatamento, principalmente nas áreas mais povoadas. Foi o caso da Mata Atlântica e da maioria das explorações recentemente vistas em todo o mundo.

O desmatamento pode acontecer, basicamente, por meio de queimadas ou derrubadas de árvores em grande escala. Práticas como a utilização de correntes de desmatamento são responsáveis pela devastação de grandes áreas em pouquíssimo tempo.

 

Quais são os impactos do desmatamento?

Como não poderia deixar de ser, o processo de deflorestação traz consigo várias consequências gravíssimas para o meio ambiente e a própria vida dos seres humanos. Entre elas, podemos citar:

 

 

Perda da biodiversidade

O desmatamento causa perda na biodiversidade, ou seja as espécies perdem seu habitat ou não conseguem sobreviver nos pequenos fragmentos florestais que restam. As populações de plantas, animais e microrganismos ficam debilitadas e eventualmente algumas podem se extinguir.

Até mesmo o desmatamento localizado pode resultar na perda de espécies, devido ao elevado grau de endemismo. Ou seja, a presença de espécies que só existem dentro de uma área geográfica determinada.

 

Degradação do habitat 

As novas rodovias, que permitem que pessoas e madeireiros alcancem o coração da Bacia Amazônica, têm provocado uma fragmentação geral na floresta úmida tropical. A estrutura e a composição das espécies sofrem o efeito dessa fragmentação da paisagem e o mesmo acontece com o microclima.

Tais fragmentos paisagísticos são mais vulneráveis às secas e aos incêndios florestais alterações que afetam negativamente uma grande variedade de espécies animais.

 

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Modificação do clima mundial

É reduzida a capacidade da floresta de absorver o gás carbônico (CO2) poluidor. Ao mesmo tempo, existe uma presença maior de CO2 liberado com a queima de árvores.

 

Perda do ciclo hidrológico

O desmatamento reduz os serviços hidrológicos providenciados pelas árvores, que são fundamentais. No Brasil, uma parte do vapor d’água que emana das florestas é transportada pelo vento até as regiões do Centro-Sul, onde está localizada a maior parte da atividade agrícola do país.

Quando a redução das chuvas se soma à variabilidade natural que caracteriza a pluviosidade da região. A seca resultante pode provocar grande impacto ambiental. Já se verificam incêndios nas áreas que sofrem perturbações decorrentes da extração madeireira.

 

Impactos sociais

Com a redução das florestas, as pessoas têm menos possibilidade de usufruir os benefícios dos recursos naturais que esses ecossistemas oferecem. Isso se traduz em mais pobreza e, em alguns casos, essas pessoas podem ter necessidade de se mudar de lugar e procurar outras áreas para garantir seu sustento.

 

Disseminação de doenças

Uma pesquisa realizada pela Universidade Stanford (EUA) analisou as relações entre primatas e humanos que vivem nos arredores do Parque Nacional da Floresta de Kibale, em Uganda.

O estudo indica que o desmatamento das florestas, que dão lugar a campos agrícolas abre espaço para a introdução de novos vírus na sociedade. À medida que os animais perdem seus habitats, ficam mais próximos dos humanos, podendo nos transmitir novas doenças.

O vírus causador da Covid-19, por exemplo, veio de animais e se instaurou no homem. Possivelmente através do consumo de carne infectada. Na China, existe o costume de comer carne de urso, pangolin e morcego, entre outros animais exóticos.

 

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Conclusão

O desmatamento é uma prática agressiva e que leva a grandes prejuízos para o meio ambiente. Ao mesmo tempo em que existe há milênios, nunca foi tão importante focar em ações que reduzam a devastação de florestas ao redor do mundo. Além disso, os impactos ambientais trazidos pelo desmatamento podem levar a graves consequências para a espécie humana.

Escrito por Michelly Moraes.

 

Geoprocessamento e Licenciamento Ambiental

Desmatamento é um dos principais causadores de surtos de doenças, diz estudo

Desmatamento é um dos principais causadores de surtos de doenças, diz estudo

Sem as áreas naturais, insetos se proliferam com mais facilidade e migram para as regiões urbanas. A conclusão é do Relatório de Biodiversidade da ONU.

As mudanças de uso da terra, geradas principalmente pelo desmatamento, monocultura, pecuária em grande escala e mineração, estão entre as principais causas de surtos de doenças infecciosas em humanos e pelo surgimento de novas doenças no continente americano. Essa é uma das conclusões apontadas no Relatório de Biodiversidade da ONU, que analisou mais de 15 mil pesquisas científicas e informações governamentais durante três anos.

“Os bens e serviços fornecidos pela natureza são os fundamentos definitivos da vida e da saúde das pessoas. A qualidade do ambiente em que vivemos desempenha papel essencial na nossa saúde. Em ambiente natural, com florestas intactas, mamíferos, répteis, aves e insetos se autorregulam. O desmatamento, somado à expansão desordenada das áreas urbanas, faz com que os animais migrem para as cidades. No caso dos mosquitos, que são vetores de muitas doenças, a crise climática e o aumento da temperatura também trouxeram condições favoráveis à reprodução desses indivíduos. Nas cidades, eles passam a se alimentar também do sangue das pessoas, favorecendo a transmissão de enfermidades”, explica a gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Leide Takahashi.

Leia também:
-> Conservação do solo e o papel das florestas
-> As principais contribuições do setor florestal à biodiversidade brasileira

Nessa linha, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Convenção da Diversidade Biológica (CDB) reconheceram que a biodiversidade e a saúde humana estão fortemente interligadas e, durante a COP-13, em 2016, recomendaram uma série de ações. Segundo a OMS, ao menos 50% da população mundial corre o risco de contaminação por doenças transmitidas por mosquitos, chamadas de arboviroses. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que o número de arboviroses tenha dobrado nas últimas três décadas. Algumas delas, como malária, dengue, febre amarela e zika, já causaram surtos em áreas urbanas.

Doutora em Ciências Florestais, Leide destaca ainda que a conservação do patrimônio natural é importante para o controle de outras doenças, especialmente as mentais. O contato com a natureza é capaz de diminuir a ansiedade e o estresse, contribuindo com o bem-estar da população. “A natureza nos fornece água, ar puro, alimentos e outros recursos essenciais para o nosso dia a dia. Precisamos encontrar um ponto de equilíbrio para que as pessoas aproveitem esses recursos de forma responsável, sem prejudicar a fauna e a flora e sem colocar as próximas gerações em risco”, afirma Leide, que também é membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.

Fonte: CicloVivo

Planeta perde 24 bilhões de toneladas de solo fértil por ano, alerta ONU

Planeta perde 24 bilhões de toneladas de solo fértil por ano, alerta ONU

Em uma mensagem em vídeo divulgada para o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, marcado na última segunda-feira (17), o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o mundo perde anualmente 24 bilhões de toneladas de terra fértil.

Além disso, a degradação da qualidade do solo é responsável por uma redução do produto interno bruto (PIB) de até 8% ao ano.

“Desertificação, degradação da terra e seca são grandes ameaças que afetam milhões de pessoas em todo o mundo” – alertou Guterres – “particularmente mulheres e crianças”. Ele disse que é hora de mudar “urgentemente” essas tendências, acrescentando que proteger e restaurar a terra pode “reduzir a migração forçada, melhorar a segurança alimentar e estimular o crescimento econômico”, bem como ajudar a resolver a “emergência climática global”.

A data, que busca ampliar a conscientização sobre os esforços internacionais de combate à desertificação, foi estabelecido há 25 anos, com a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), o único acordo internacional vinculante sobre meio ambiente, desenvolvimento e gestão sustentável da terra.

Sob o lema “Vamos fazer o futuro crescer juntos”, o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca deste ano se concentra em três questões-chave relacionadas à terra: seca, segurança humana e clima.

Em 2025, informa a ONU, dois terços do mundo estarão vivendo em condições de escassez de água – com a demanda ultrapassando a oferta em determinados períodos – com 1,8 bilhão de pessoas sofrendo escassez absoluta de água, onde os recursos hídricos naturais de uma região são inadequados para suprir a demanda.

 

Leia também: Conservação do solo e o papel das florestas

 

A migração deve aumentar como resultado da desertificação, com a ONU estimando que, até 2045, será responsável pelo deslocamento de cerca de 135 milhões de pessoas.

Restaurar o solo de terras degradadas, no entanto, pode ser uma arma importante na luta contra a crise climática. Com o setor de uso da terra representando quase 25% do total de emissões globais, a restauração de terras degradadas tem o potencial de armazenar até 3 milhões de toneladas de carbono anualmente.

A importância de assegurar que a terra seja bem gerida é observada na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que declara que “estamos determinados a proteger o planeta da degradação, incluindo por meio do consumo e produção sustentáveis, gerindo de forma sustentável os seus recursos naturais e adotando ações urgentes sobre as mudanças climáticas, para que possa apoiar as necessidades das gerações atuais e futuras”.

O Objetivo 15 declara a determinação da comunidade internacional em deter e reverter a degradação da terra. Saiba mais clicando aqui.

UNESCO alerta para crise global de desertificação

Também por ocasião do dia mundial, a chefe da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, denunciou que o planeta vive “uma crise global de desertificação, que afeta mais de 165 países”.

“A desertificação e a seca aumentam a escassez de água num momento em que 2 bilhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável – e mais de 3 bilhões podem enfrentar uma situação semelhante até 2050”, alertou a autoridade máxima da agência da ONU.

Segundo o Secretariado da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, até 2030, 135 milhões de pessoas devem migrar em todo o mundo como resultado da deterioração das terras.

“Essas migrações e privações são, por sua vez, fonte de conflito e instabilidade, demonstrando que a desertificação é um desafio fundamental para a paz”, ressaltou Audrey, que afirmou ainda que a crise da desertificação tem consequências dramáticas para o patrimônio ambiental da humanidade e para o desenvolvimento sustentável.

A dirigente lembrou que a UNESCO tem apoiado seus Estados-membros na governança da água e no enfrentamento de estiagens, aprimorando as capacidades de atores envolvidos na gestão hídrica e consolidando orientações políticas sobre o tema.

Entre as atividades apoiadas pelo organismo internacional, estão o monitoramento de secas e o estabelecimento de sistemas de alerta precoce para populações na África. A UNESCO também participa do desenvolvimento de atlas e observatórios para determinar a frequência e a exposição a estiagens. A agência trabalha ainda na avaliação de vulnerabilidades socioeconômicas e na concepção de indicadores de seca para a formulação de políticas na América Latina e no Caribe.

 

Por: CicloVivo

Maio registra maior taxa de desmatamento da história na Amazônia

Maio registra maior taxa de desmatamento da história na Amazônia

No último mês, chamaram a atenção informações divulgadas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e confirmadas pelo governo federal, de que o ano de 2018 registrou os maiores números de desmatamento na região amazônica de toda a história. E essa tendência se acentuou em 2019, com os dados mais recentes mostrando, para os primeiros 15 dias de maio, que o desmatamento em maio tem sido o dobro do registrado no mesmo período de 2018. O Ambiente é Nosso Meio, com Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP e do Projeto Temático Fapesp – Governança Ambiental da Macrometrópole Paulista, traz um panorama sobre a situação, escute aqui.

Desde 2003, o desmatamento na Amazônia apresentava uma clara redução, o que continuou até 2011, explica o professor Côrtes. Desde então, ele voltou a crescer. Este ano, houve uma diminuição no número de multas e, ao mesmo tempo, um aumento significativo no desmatamento. “Até metade de maio, o Ibama emitiu 35% menos multas que no mesmo período do ano passado. Em 2018, foram emitidas 1.290 multas e, este ano, 850”, relata o professor, e acrescenta: “No ICMBio, a situação também é similar. Entre 1º de janeiro e 15 de maio foram aplicadas, praticamente, metade das multas que no mesmo período em 2018”.

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O Estado de S. Paulo constatou que, no ICMBio, 354 autos de infração estão aguardando homologação do presidente do órgão para serem cobrados. Ou seja, são multas emitidas por agentes que estão paradas por ineficiência burocrática. O valor das cobranças pendentes soma R$ 146 milhões. Quando procurado, o Ministério do Meio Ambiente não se manifestou. Para Côrtes, esse cenário representa, na prática, um incentivo ao desmatamento. As multas foram reduzidas e, quando emitidas, não há cobrança.

Fonte: CicloVivo

 

Estudo inédito revela que a Amazônia está perdendo superfície de água

Estudo inédito revela que a Amazônia está perdendo superfície de água

Imagens do satélite Landsat coletadas durante 33 anos (1985 a 2017), novas tecnologias de processamento de dados em nuvens de computadores e uma análise dedicada de pesquisadores tornaram possível um novo olhar sobre a Amazônia, agora na perspectiva das transformações que vem ocorrendo nos corpos hídricos da região.

Assim como o Prodes nos mostra anualmente como está a supressão da vegetação natural dos ecossistemas terrestres, o novo estudo teve como objetivo avaliar as dinâmicas de transformação na superfície de água na Amazônia. Esse pode ser o pontapé inicial para um acompanhamento anual e regular sobre o estado dos corpos hídricos – rios, lagos, áreas úmidas inundáveis etc.

Mas os resultados obtidos não são positivos: A análise realizada pelo WWF-Brasil e Imazon, no âmbito do Projeto MapBiomas, e com apoio do Google Earth Engine, mostra que há uma tendência de redução da superfície hídrica na Amazônia brasileira. Em média foram perdidos 350 km2 de área coberta por ambientes aquáticos por ano.

O resultado da analise foi publicado na última terça-feira (19) em edição especial da revista científica Water (MDPI) sobre a situação dos recursos hídricos nas Américas, trazendo dados inéditos para o bioma. Esta foi a primeira vez que um estudo dessa magnitude foi realizado na escala do bioma Amazônia.

Vetores e impactos

Bernardo Caldas, analista do Programa de Ciências do WWF-Brasil e um dos autores do estudo, explica que existe uma correlação entre a perda de superfície de água na região Amazônica e a construção de hidrelétricas e desmatamento.

As intervenções humanas como a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), açudes, barramentos de rios por grandes ou pequenas obras, a formação de lagos para piscicultura somadas, assim como as grandes obras de infraestrutura, afetam a dinâmica natural e geram alterações nos corpos hídricos e fluxos de água que impactam todo o sistema. A faixa onde estão mais evidenciadas essas múltiplas intervenções humanas coincidem com o chamado arco do desmatamento, na porção sul da Amazônia.

Área desmatada na Amazônia | Foto: iStock by Getty Images

O barramento de rios (interrupção de seu curso natural) afeta o pulso de inundação. Os efeitos cumulativos de muitos barramentos podem levar o curso d’ água a entrar em colapso e, assim, subsequentemente, interferir na dinâmica e serviços ecológicos da bacia hidrográfica como um todo.

As áreas mais afetadas com essa perda de superfície são as áreas de inundação (várzeas) e lagoas que se formam com o pulso de cheias e vazantes dos rios. A bacia Amazônica forma uma rede de ecossistemas aquáticos, diferenciados e interligados. Esses ecossistemas são fundamentais para a biodiversidade, a reprodução de peixes e outras espécies aquáticas.

“A perda desses habitats dinâmicos, que são influenciados pelo bombeamento natural e pelos fluxos de água, coloca em risco espécies como os botos, peixes, incluindo os ornamentais, os quelônios, entre muitas outras espécies que dependem desses locais para se reproduzirem. Ou seja, estamos perdendo os berçários da vida na Amazônia. Consequentemente, as comunidades que dependem dessa biodiversidade também serão afetadas”, explica Bernardo Caldas.

Desafios

Os principais desafios para a realização do estudo foram a escala e complexidade da região e o extenso período histórico analisado. Carlos Souza, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), explica que esse estudo só foi possível por conta dos recentes avanços técnicos para o processamento de grandes volumes de dados que estão disponíveis atualmente. “Utilizamos o Google Earth Engine e seus servidores de computadores espalhados pelo mundo para processar um volume impressionante de imagens de satélites. O que seria uma tarefa quase impossível há alguns anos atrás”, comenta.

Lei na íntegra no site da WWF-Brasil

Por: CicloVivo