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Pesquisa estabelece controle biológico para principal praga exótica do eucalipto

Pesquisa estabelece controle biológico para principal praga exótica do eucalipto

Imagem: Francisco Santana/reprodução da Embrapa

O Brasil conta com uma forma de controle biológico para o percevejo-bronzeado, Thaumastocoris peregrinus, praga de origem australiana que causa prejuízos aos plantios de eucalipto. Esse percevejo está presente em todo o território brasileiro, causando problemas especialmente no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
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Após oito anos de pesquisa, foi escolhido o parasitoide Clerucoides noackae, uma vespa de aproximadamente 0,5 mm de comprimento, como agente para uso em controle biológico clássico, que utiliza inimigos naturais da mesma região de origem da praga, oferecendo baixo risco ambiental. O principal desafio da pesquisa foi multiplicar o percevejo em laboratório, uma vez que o parasitoide precisa de seus ovos para se reproduzir.
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“No entanto, devido à inexistência de técnicas para a criação da praga em laboratório, o desenvolvimento de uma metodologia viável tornou-se imprescindível”, explica Leonardo Barbosa, pesquisador da Embrapa Florestas e responsável pela pesquisa sobre criação massal do parasitoide. Para isso, diversos testes sobre a melhor forma de criar a praga foram realizados durante três anos. “Conduzimos estudos sobre bioecologia do percevejo, avaliando o efeito de diferentes espécies de eucaliptos e temperaturas no desenvolvimento da praga”, conta Barbosa.
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A partir disso, foi definida uma técnica de criação da praga que, consequentemente, possibilitou a multiplicação do parasitoide. “Na metodologia proposta, os percevejos são mantidos em laboratório em temperatura e umidade controladas, e alimentados com ramos de eucalipto arranjados em forma de buquê preso em frasco com água. Os ovos de T. peregrinus são obtidos em tiras de papel toalha colocadas sobre os buquês de eucalipto e posteriormente utilizados para criação de C. noackae”, explica o pesquisador.

O parasitoide C. noackae se desenvolve de ovo a adulto dentro do ovo do percevejo, alimentando-se de seu conteúdo. Seu ciclo completo dura entre 15 e 17 dias, e logo após a emergência do inseto, as fêmeas são copuladas e saem em busca de novas posturas do percevejo-bronzeado para colocar seus ovos.

A criação da vespa começou na Embrapa Florestas em 2013 e as liberações têm ocorrido para fins de pesquisa, uma vez que ainda não há registro para utilização comercial no Brasil. Os parasitoides já foram liberados em plantios de eucalipto em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Maranhão, Tocantins, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e até mesmo no Uruguai.

Os produtores também são incentivados a monitorar a presença do percevejo-bronzeado em suas plantações, para tentar identificar sua presença antes que os danos sejam mais severos. O monitoramento da praga é feito com armadilhas adesivas amarelas colocadas no tronco de árvores. As armadilhas devem ser retiradas aproximadamente 30 dias após a identificação da praga.

A introdução de C. noackae no Brasil ocorreu em 2012 por meio do Programa Cooperativo sobre Proteção Florestal (Protef), coordenado pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef), com a participação da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), em Botucatu (SP), Embrapa e empresas do setor florestal.

O coordenador do Protef, Luís Renato Junqueira, explica que o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do programa de controle biológico para o percevejo-bronzeado foi um desafio: “No cenário atual, o Brasil se destaca como benchmarking para o controle biológico dessa praga frente a outros países com importante representatividade florestal, como África do Sul, Argentina, Uruguai, Portugal e Espanha. Esse importante feito é resultado da integração entre universidades, centros de pesquisa e empresas florestais brasileiras, que dedicaram tempo, esforços e recursos”.

Prejuízos ao setor florestal

O percevejo-bronzeado foi introduzido no Brasil em 2008, atingindo plantios de eucalipto, gênero arbóreo mais plantado no País, responsável pelo abastecimento de indústrias de papel e celulose, energia, movelaria, entre outros. As perdas em produtividade devido ao ataque da praga variam dependendo da região, da espécie cultivada e da idade do plantio. Estudos recentes apontaram uma perda média de 14% na produção de madeira após um pico de ataque dessa praga em florestas com três anos de idade. Estimativas de produtores florestais apontam que, somente no Estado de São Paulo, entre 2010 e 2014, o prejuízo causado pelo ataque da praga tenha sido próximo a R$ 280 milhões, considerando-se apenas perdas diretas em incremento anual de madeira e produção final.

Os plantios afetados apresentam sintomas de prateamento, amarelecimento ou bronzeamento das folhas, seguidos de desfolhamento total das árvores, que, além de aumentar o risco de incêndios florestais, pode matar as árvores. Em alguns locais, a infestação do inseto atinge níveis elevados e chega a causar transtornos às comunidades vizinhas aos plantios, uma vez que os insetos podem chegar a residências e espaços públicos.

O setor florestal brasileiro de árvores plantadas tem grande importância econômica e socioambiental. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o setor, com uma área de 7,8 milhões de hectares, é responsável por 91% de toda a madeira produzida para fins industriais no País, além de contribuir para conservação, preservação e recuperação de ambientes naturais. Em 2015, estima-se que 5,6 milhões de hectares foram destinados à conservação e outros 45 mil hectares de áreas degradadas foram recuperados. Os plantios de eucalipto representam 72% da área total de árvores plantadas e apresentaram um crescimento médio anual de 2,8% nos últimos cinco anos.

Fonte: Embrapa – Katia Pichelli

Especialistas discutem inovações no controle dos nematoides

Especialistas discutem inovações no controle dos nematoides

Congresso de Nematologia debateu a ocorrência dos nematoides como um dos principais fatores limitantes de produtividade nas culturas em todo o país. Cerca de 20 representações de estados brasileiros marcaram presença na atividade. | Imagem: Paulo Lanzetta / reprodução Embrapa

Após uma semana de palestras, painéis, apresentação de trabalhos e minicurso dedicados à identificação, manejo, controle e danos causados pelos nematoides, o 35º Congresso Brasileiro de Nematologia (CBN) encerrou com visita técnica a parreirais e pomares de pessegueiros, na última sexta-feira, dia 29. Nesta edição, com o tema Nematoides: problemas emergentes e estratégias de manejo, o principal fórum nacional sobre o assunto reuniu, de 24 a 29 de junho, em Bento Gonçalves/RS, aproximadamente 400 participantes, entre pesquisadores, técnicos, produtores e estudantes.

“Com certeza os nematoides são hoje um dos principais fatores limitantes de produtividade nas culturas em todo o país, apesar de ainda serem subestimados e desconhecidos, além de difícil controle. Se a identificação for errada, o manejo não será eficiente”, pontuou o presidente do 35º CBN, Jerônimo Vieira de Araújo Filho, ao destacar a importância dos encontros anuais promovidos pela Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN).

Segundo sua avaliação, a 35ª edição apresentou vários temas técnicos importantes que abordaram desde ferramentas para o diagnóstico até novas moléculas nematicidas e formas alternativas de controle, como o biológico. Araújo Filho também destacou a importante inclusão das fruteiras de clima temperado e tropical e das grandes culturas, como o arroz e a cana-de-açúcar; fruteiras de clima temperado ainda não haviam sido contempladas nas edições anteriores. “O programa estava bastante direcionado para o Sul, mas integrou todo o país. A apresentação de problemas emergentes, como a ‘soja louca’, ou mesmo as pragas quarentenárias, sempre atraem os profissionais que buscam subsídios em outras regiões e até mesmo em outros países”, avaliou.
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Além das apresentações técnicas e discussões, a interação e o intercâmbio de experiências entre os participantes foi outro ponto ressaltado pelos organizadores. “Muitas vezes um relato dos danos da praga em uma região é mais eficaz e atrai mais a atenção dos participantes do que uma palestra sobre o mesmo tema”, comenta Araújo Filho, destacando esses momentos como um dos pontos positivos do encontro, dada a diversidade da origem dos participantes. Segundo dados da organização, nesta 35a edição, o Congresso contou com a participação de representantes de 20 estados brasileiros (Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins) e de seis países (Argentina, Bélgica, Brasil, Panamá, Paraguai e Estados Unidos).

Outro resultado importante do Congresso foi a identificação e a proposição de melhorias que podem ser lideradas pela SBN, como foi o caso nesta edição da discussão sobre uma possível certificação dos laboratórios, conforme relatado pelo vice-presidente do 35º CBN e pesquisador da Embrapa Clima Temperado, César Bauer. “A partir da apresentação do panorama da situação atual dos laboratórios responsáveis pela identificação de nematoides e dos erros que vêm acontecendo, discutiu-se a criação de um selo de qualidade, pontuou Bauer. Com o selo, busca-se qualificar o serviço de emissão de laudos de identificação de nematoides e, consequentemente, possibilitar a adoção de medidas de controle mais eficazes.

Além de possibilitar a atualização científica, o Congresso oportunizou, com a palestra de encerramento “Empreendedorismo no mundo científico: Brasil e exterior”, apresentada pelo pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Marcos Botton, uma nova perspectiva para os estudantes e profissionais presentes. “Nosso objetivo foi fomentar novas possibilidades, dar uma ‘chacoalhada’ nos participantes, retirando-os de sua zona de conforto”, destacou Araújo Filho. Segundo sua avaliação, a palestra apresentou novas oportunidades ajustadas à realidade atual, tanto para os estudantes como para os profissionais presentes. “Não basta mais formar, é importante fomentar novas possibilidades, caminhos alternativos. Não adianta formar mais 50 doutores e não ter espaço para todo mundo”, concluiu ele.

Premiação
Durante o jantar de confraternização do 35º CBN, na noite do dia 28 de junho, foram anunciados os nomes dos estudantes de graduação e pós-graduação premiados, bem como os vencedores do Concurso de fotografias. Confira alista premiados com fotos:

Graduação (Prêmio Anário Jaehn)

  • Angélica Sanches Melo – Reação de trigo mourisco a Meloidogyne javanica.
  • Danilo Calixto da Silva – Flutuação populacional do nematoide reniforme em sucessão e rotação de culturas na soja.
  • Leidiane Pinheiro dos Santos – Interação de nematicidas químicos e biológicos na cultura de fitonematoides

Pós-graduação (Prêmio Dimitry Tihohod)

  • Juliane V.C.L. Silva – Uso da terra e variáveis climáticas estruturam a comunidade de nematoides na Caatinga.
  • Angélica Miamoto –Suscetibilidade de Macrotyloma axillare cv Java a Meloidogyne javanica e interação histopatológica
  • Raycenne Rosa Leite – Biologia Comparada de Meloidogyne graminicola em Oryza sativa e O.glumaepatula

O 35º Congresso Brasileiro de Nematologia foi uma realização da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), em parceria com a Embrapa e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A próxima edição acontecerá em 2019, em Caldas Novas Goiás e contará com o apoio na organização doProfessor Fernando Godinho do Instituto Federal Goiano, Irataí-GO.

Fonte: Viviane Zanella | Embrapa

Estudo inédito identifica principais plantas daninhas ao tomate destinado à indústria

Estudo inédito identifica principais plantas daninhas ao tomate destinado à indústria

A planta conhecida como Maria-pretinha é de maior potencial para causar prejuízos ao tomate indústria | Imagem: Gislene Alencar/ reprodução Embrapa

Monitoramento inédito identificou 105 espécies de plantas daninhas na cultura do tomate, grau de infestação, frequência e dominância de cada uma delas. O trabalho destaca a Solanum americanum (popularmente conhecida como Maria-pretinha) como a espécie com maior potencial para causar prejuízos à cultura do tomate rasteiro. Ela foi identificada em 87% dos locais pesquisados.

O resultado é de um levantamento fitossociológico de plantas daninhas em áreas de produção de tomate rasteiro nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Foram analisadas 69 áreas em 24 municípios, que juntos são responsáveis por 98% da produção de tomate para processamento industrial no Brasil.

Prejuízos à cultura do tomate
As plantas daninhas podem causar depreciação na quantidade e na qualidade dos frutos. Algumas vezes, essas espécies podem inviabilizar a lavoura e, por isso, o seu controle é fundamental para manter o potencial produtivo da cultura. O levantamento traz elementos fundamentais, como definição das espécies e frequência de infestação, o que ajuda os produtores na escolha do manejo mais adequado para controlar as plantas daninhas e minimizar os prejuízos causados por elas.
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A pesquisadora da Embrapa Hortaliças (DF) Núbia Maria Correia, responsável pelo trabalho, explica que esse levantamento comprova a necessidade de um manejo integrado nas culturas que antecedem o cultivo do tomate. “Em 96% das áreas pesquisadas, a sucessão foi feita com milho ou soja”, informa.

“O manejo de plantas daninhas nas culturas usadas na rotação influencia a dinâmica da infestação no tomateiro. Vimos neste trabalho a soja e o milho atuando como daninhos ao tomate. Nessas situações, eles são conhecidos como plantas voluntárias ou tigueras. Por isso, a necessidade de o produtor ver o sistema de produção como um todo. Pensar de forma isolada faz com que um processo realizado na cultura atual interfira negativamente na próxima cultura. Nas áreas em que a soja antecedeu o plantio do tomate, principalmente em Goiás, há plantas como o capim-amargoso (Digitaria insularis) infestando o tomate”, exemplifica a pesquisadora.

Segundo estimativas da professora Abadia dos Reis Nascimento, da Universidade Federal de Goiás (UFG), e do vice-presidente da Associação Brasileira de Tomate para Processamento (Abratop), Rafael Sant´Ana, a área plantada com tomate para a indústria ocupa no País cerca de 17,6 mil hectares, com uma produção estimada em 1,4 milhão de toneladas ao ano. Os dados são referentes a 2014, mas refletem o cenário atual. De acordo com os estudiosos, entre os problemas que podem afetar a rentabilidade da produção estão pragas e doenças. Como as plantas daninhas atuam como hospedeiras, o manejo dessas espécies pode minimizar os prejuízos.

Manejo integrado de culturas é fundamental
As principais características das plantas daninhas são a grande produção de sementes, dormência e longevidade (a semente está viva, mas não germina, podendo permanecer por anos no solo). O manejo dessas espécies, na cultura anterior ao tomate, tende a diminuir o potencial de germinação e a produção de sementes de plantas daninhas.

A Maria-pretinha é um desses exemplos. O fruto que ela produz tem milhares de sementes e está presente em todas as regiões pesquisadas. Núbia Correia afirma que o manejo dessa planta tem que começar durante a cultura da soja ou do milho, porque existe apenas um herbicida registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a cultura do tomate com ação em plantas de folhas largas, como a Maria-pretinha – e ele não está sendo efetivo para essa espécie, conforme mostra o levantamento. Já para as culturas da soja e do milho existem herbicidas registrados e mais eficazes contra a Maria-pretinha.

Correia reconhece que o manejo integrado pode onerar o sistema de produção no primeiro momento, porém, o produtor precisa avaliar os benefícios. “É necessário pensar que os gastos com a redução de banco de sementes de plantas daninhas no solo é um investimento a médio e longo prazo”, enfatiza.

Prejuízos indiretos das plantas daninhas
O levantamento mostrou que, além do manejo químico, os produtores geralmente precisam fazer a catação, aumentando o custo de produção com mão de obra. A pesquisadora chama a atenção ainda para os prejuízos indiretos provocados pela estrutura das plantas daninhas. “Algumas espécies formam uma parte aérea densa que funciona como um guarda-chuva, impedindo que o jato da aplicação de inseticidas e fungicidas atinja a praga ou a doença instaladas no tomateiro”, explica.

Outro ponto que dificulta o controle das plantas daninhas é a percepção equivocada que o produtor tem em relação às espécies existentes em sua área. “Um produtor me disse que tinha duas ou três espécies de plantas daninhas e, após a avaliação, eu verifiquei cerca de 30 espécies”, conta a pesquisadora, acrescentando que, nesses casos, a percepção é bem diferente da situação real que se observa no campo.

Pesquisas testam herbicida eficiente contra a Maria-pretinha
Desde a coleta de dados para a consolidação do Levantamento Fitossociológico de Plantas Daninhas em Áreas de Produção de Tomate Rasteiro dos Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, em 2014, a pesquisadora Núbia Correia vem testando um herbicida, já registrado no Ministério da Agricultura para outra cultura olerícola, que tem apresentado potencial para o tomate destinado à indústria.

Os testes ocorreram em casa de vegetação. “Comecei esse trabalho depois que constatei a grande incidência da Maria-pretinha na cultura do tomate e realizei alguns estudos para selecionar herbicidas com potencial para o controle”, explica, acrescentando que esse produto atende a duas questões: controla a planta daninha e não prejudica a cultura do tomateiro, mesmo aplicando sobre as plantas.

O próximo passo é testar esse herbicida em área de produção comercial, com o registro especial temporário (RET automático) fornecido pelo Mapa. É preciso ampliar as pesquisas para o campo e verificar o desempenho desse herbicida.

Plantio direto reduz infestação em 86%
O controle químico é a principal estratégia de manejo das plantas daninhas nas culturas agrícolas, mas existem práticas conservacionistas como o plantio direto que mantêm a cobertura morta na terra e não revolve o solo. A Embrapa Hortaliças conduziu uma pesquisa sobre o manejo de plantas daninhas na cultura do tomate rasteiro sob o plantio direto com palha de milho e a influência na produtividade da cultura. O trabalho comparativo com o plantio convencional apresentou dados promissores com relação à emergência de plantas daninhas e não houve prejuízo à produção.

“Houve redução de 86% na infestação de plantas daninhas comparado com o plantio convencional, o que ocasionou menor aplicação de herbicidas. O plantio direto também resultou em produtividade comercial de frutos similar ao sistema de preparo convencional”, ressalta Núbia Correia. Durante a condução da área de plantio direto foi realizada uma única aplicação do herbicida metribuzin para manutenção do controle e não houve aplicação de graminicida. Já no sistema de plantio convencional houve necessidade de duas aplicações de metribuzin e duas de graminicida (cletodim e quizalofop-pethyl).

Os trabalhos foram realizados no período de novembro de 2016 a setembro de 2017 no campo experimental da Embrapa Hortaliças, na área rural do Gama (DF). O uso da palhada do milho como cobertura morta foi adotado porque, além da quantidade e da qualidade do material, essa cultura é comum no sistema de rotação com o tomate rasteiro. Mais de 50% das áreas de tomateiro são ocupadas anteriormente por milho, conforme demonstrou o levantamento fitossociológico.

A pesquisadora ressalta que a eficácia da palhada do milho no controle de plantas daninhas depende do tipo e da quantidade de material colocado no solo e da espécie de planta daninha, que pode ser afetada ou não pela cobertura morta. “Dependendo da espécie, a palhada pode estimular a germinação das sementes, decorrente da quebra da dormência”, reforça a pesquisadora. Ela acrescenta, no entanto, que existem outros estudos com hortaliças, como o melão, que comprovam os benefícios da palha no manejo de plantas daninhas.

Raio-X das áreas produtoras de tomate
O trabalho foi realizado em 69 áreas de produção comercial de tomate rasteiro, sendo 67 pivôs e duas áreas de gotejamento, com tamanhos variáveis entre 20 e 150 hectares. As áreas foram definidas em função da colheita do tomateiro, que é mais concentrada no período de julho a setembro.

Durante a coleta de dados, os produtores foram questionados sobre culturas utilizadas na rotação, transplante de mudas, espaçamento, tipos de cultivar, herbicidas usados na cultura, assim como as dosagens e pulverizações antes e após o transplante das mudas. Essas e outras informações possibilitaram a caracterização das áreas de produção de tomate industrial pesquisadas.

Foram encontradas 26 cultivares de tomate, o que indica grande diversidade de materiais genéticos. Destaque para dez cultivares, que juntas representam mais de 76% da área amostrada de tomate rasteiro nos três estados avaliados. Das 105 espécies de plantas daninhas encontradas, 99 eram verdadeiras e seis provenientes de restos culturais de feijão, milho, soja, sorgo granífero, tomate, trigo e milheto infestando a cultura do tomate rasteiro, distribuídas em 72 gêneros e 23 famílias.

Existem plantas boas ou ruins?
Mesmo quando se trata das plantas daninhas, a denominação sobre boa ou ruim vai depender do contexto em que essas espécies estão inseridas. A denominação vem do aspecto agronômico porque, biologicamente, a planta não é boa ou ruim. O capim-braquiária, por exemplo, é uma forrageira usada para pastagem, mas em contrapartida é considerado daninha se estiver em uma cultura agrícola, como soja ou tomate.

Fonte: Gislene Alencar | Embrapa Hortaliças

Startup quer salvar bananas de pragas e torná-las mais resistentes com edição genética

Startup quer salvar bananas de pragas e torná-las mais resistentes com edição genética

Imagem: reprodução UOL

O CRISPR já demonstrou ter vários usos potenciais, e o mais novo deles pode nos ajudar a preservar uma das frutas mais populares do mundo: a banana. Pesquisadores de uma startup britânica chamada Tropic Bioscences estão usando a ferramenta de edição genética para criar bananas melhores, mais à prova de pragas do que as atuais, além de tentarem aprimorar grãos de café também, dois produtos, além de populares, importantes para a economia de diversos locais no mundo.

A empresa anunciou no dia 13 que levantou US$ 10 milhões para comercializar suas bananas e grãos de café desenvolvidas com o uso do CRISPR. A ferramenta de edição genética pode ser usada neste caso para editar com precisão o DNA, possibilitando a retirada de uma pequena porção do código genético, por exemplo, sem falar em outras técnicas de edição de gene. E isso se mostra importante neste momento porque, mais uma vez, a banana se vê sob risco de ser atingida por pragas e doenças e afetar a indústria no mundo todo.

Depois de dizimar uma variedade anterior e mais saborosa de banana, um fungo voltou a ameaçar a fruta, com uma nova estirpe letal que vem se espalhando pela África Oriental e apodrecendo bananas.

As bananas são criadas clonando outras árvores, portanto, isso significa que se uma árvore é suscetível à praga, as outras também são. Gilad Gershon, CEO da Tropic Biosciences, em entrevista à Fast Company, explica que isso “cria muita exposição para a indústria, porque uma doença que mata uma banana pode acabar com toda a indústria. Um besouro que ataca uma banana pode atacar todas elas”.

“Como a criação tradicional não é uma opção, a edição de genes faz muito sentido”, completa Gershon, afirmando também que a genética é o único caminho atual para se alterar bananas.

Outra vantagem apontada pelo CEO da Tropic Biosciences seria a possível diminuição de custos na produção das bananas. Gershon afirma que cerca de um quarto dos custos de produção de bananas hoje em dia vai para fungicidas e que, se as bananas forem mais resistentes, o uso de agroquímicos poderia diminuir.

A Tropic Biosciences trabalha também para prolongar o prazo de validade da banana usando a técnica de edição de genes sem envolver métodos de organismos geneticamente modificados. “Estendendo o prazo de validade, você pode reduzir significativamente o desperdício”, disse Gershon.
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Quanto ao café, a startup já conseguiu editar geneticamente uma variedade de grão naturalmente sem cafeína. No momento, o comum na indústria é remover a cafeína em um processo de encharcar e vaporizar os grãos, o que é custoso e até agressivo, diz Gershon, afetando também a nutrição e o sabor do café. “Se você cultivar o feijão sem a cafeína ou com uma quantidade menor de cafeína em primeiro lugar, então pode obter um produto final mais próximo do sabor do café normal e pode manter um conteúdo maior dos compostos mais saudáveis que são naturalmente encontrados no café.”

É de se imaginar que alimentos geneticamente modificados enfrentem alguma resistência de início por parte do consumidor médio, mas o número de testes por parte de diferentes empresas pelo mundo tem crescido.

Fonte: Fast Company | reproduzido de GIZMODO/UOL

Futuro do combate à ferrugem da soja passa pela integração de tecnologias e estratégias de manejo

Futuro do combate à ferrugem da soja passa pela integração de tecnologias e estratégias de manejo

Foto: Prime Foto Cinema/ reprodução da Embrapa

As estratégias futuras para o combate à ferrugem asiática da soja foram discutidas em um painel realizado no último dia 13, durante o VIII Congresso Brasileiro de Soja, em Goiânia (GO). Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, Embrapa e da Basf mostram diferentes avanços tecnológicos que auxiliarão os produtores nos próximos anos, mas foram unânimes em dizer que o controle da doença só será possível integrando diferentes ferramentas e ações de manejo.

A ferrugem asiática é a doença de maior impacto na cultura da soja no Brasil. Presente em todas as regiões produtoras, se não controlada, pode causar perdas de 30 a 90% da produção. Estima-se que por ano, os produtores brasileiros gastem cerca de US$ 2,2 bilhões com aplicação de fungicidas para controlar a doença.

Atualmente o controle é feito principalmente com o uso de fungicidas, porém, devido à grande capacidade mutagênica do fungo e à sua variabilidade genética, os produtos disponíveis no mercado estão perdendo sua eficiência ano a ano. Estratégias de manejo também são adotadas para reduzir a reprodução do fungo, como a adoção de períodos de vazio sanitário e o estabelecimento de épocas de plantio.

Outra forma de combater a doença é com o uso de cultivares resistentes. Atualmente já há dois materiais no mercado brasileiro e pesquisadores trabalham no lançamento de novas cultivares.

Para o professor da UFV Sérgio Brommonschenkel, é preciso que as novas cultivares combinem mais de um gene de resistência, de modo a garantir maior durabilidade na eficiência dos materiais. Para encontrar esses genes, pesquisadores trabalham com diferentes frentes. Uma delas é buscando em outras leguminosas não hospedeiras do fungo, como o feijão-guandu e feijão comum, por exemplo.
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Utilizando tecnologias de clonagem, edição gênica e transgenia, o objetivo é o de conferir à soja a resistência à doença sem deixar de lado características de alta produtividade e resistência à herbicidas e a pragas.

“O gene tem que funcionar quando transferido para a soja, tem que conferir resistência a um amplo espectro e tem que ter mecanismos de ação diferentes”, resume o professor da UFV.

A pesquisadora da Basf Karen Century mostrou o trabalho que vem sendo desenvolvido pela empresa para o desenvolvimento de cultivares resistentes. Otimista com os resultados obtidos nos testes de campo, confirmou para a próxima década o lançamento no mercado.

“Estamos em busca de uma solução durável, que gere segurança para os produtores. A solução está no uso de tecnologias e diferentes formas de ação. Só assim será possível dar mais segurança ao produtor”, disse a pesquisadora norte-americana.

Conhecendo o inimigo

Outra linha de ação dos cientistas está na busca por alternativas por meio do melhor conhecimento do fungo Phakopsora pachyrhizi. Como ele tem elevada variabilidade genética, é preciso entender os mecanismos de ação para encontrar possíveis formas de evita-las.

Nesse sentido, pesquisadores identificaram 851 proteínas que o fungo injeta no tecido vegetal. Isoladas, as proteínas foram testadas como forma de se saber quais delas provocam reações de defesa da planta. Esse conhecimento, juntamente com a finalização do sequenciamento genômico do fungo possibilitarão trabalhos em busca de se encontrar formas de silenciar os efeitos danosos do microrganismo.

“Quanto mais a gente conhecer o fungo e pudermos explorar as opções que nós temos, mais chances teremos de sucesso no combate à ferrugem asiática”, afirma a pesquisadora da Embrapa Soja Francismar Marcelino.

Fonte: Embrapa Soja