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Neste artigo entenderá tudo sobre o percevejo na agricultura como: quais hábitos, os danos e como manejar melhor esses insetos em sua propriedade.

Venha comigo!

 

Percevejo: o que você sabe sobre esses insetos?

 

Os percevejos Hemiptera: Heteroptera são insetos sugadores, isto é, alimentam-se introduzindo o aparelho bucal (estiletes) na fonte nutricional.

Existem diversas famílias e espécies desta subordem, as quais variam muito quanto ao hábito alimentar. Podem ser preparadores, hematófago, zoofitófagos ou fitófagos.

Dentre as espécies fitófagas, muitos se alimentam de plantas de importância econômica, tornando-se pragas. Normalmente, esses percevejos fitófagos alimentam-se das sementes, que são verdadeiros “pacotes” de nutrientes, com alto teor de nitrogênio.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

Características dos percevejos

As principais características desses insetos são o aparelho bucal, de tipo sugador, e as asas, divididas em duas partes: uma anterior, dura, esclerosada (ou élitro) e uma posterior, membranosa e flexível. Há espécies completamente ápteras sem asas.

A tromba sugadora, recurvada para baixo da cabeça, origina-se num prolongamento desta, na frente dos olhos, e é constituída pelo lábio que envolve, como uma bainha, as mandíbulas e as maxilas, peças perfurantes com a forma de longos estiletes.

Quase todos os hemípteros possuem glândulas odoríferas, cuja secreção tem cheiro nauseabundo. A forma e o tamanho dos hemípteros são variáveis, assim como seus hábitos alimentares. Em sua maioria, são insetos terrestres, mas há espécies aquáticas e semiaquáticas.

As espécies fitófagas transmitem doenças microbianas e viróticas aos vegetais. O rosto é bastante alongado, o que facilita o consumo do conteúdo mais interno da planta.

 

Ciclo biológico hemimetábolo

Os percevejos passam pela fase de ovo, fase de ninfa, composta de cinco estádios (instares) e fase adulta. As ninfas apresentam coloração variada com manchas distribuídas pelo corpo, completando o desenvolvimento em cerca de 25 dias.

 

Ciclo de vida do Heminetábolo

Ciclo de vida do Heminetábolo

Os adultos, iniciam a cópula em 10 dias e as primeiras oviposições ocorrem após 13 dias. Apresentam longevidade média que varia de 50 a 120 dias e número de gerações anuais de 3 a 6 dependendo da região, sendo as fêmeas, em geral, maiores que os machos.

A fecundidade média varia de 120 a 170 ovos/fêmea dependendo da espécie, sendo que o ritmo de postura diminui à medida que as fêmeas envelhecem. Esses parâmetros biológicos são influenciados pela dieta alimentar e pela temperatura.

 

Os percevejos fitófagos na agricultura

Os percevejos fitófagos são atualmente a principal praga da soja, pois conseguem atingir os grãos através da vagem. Atingindo a vagem, ela pode não amadurecer normalmente e ser infectada por algum patógeno, organismo infeccioso que atinge a planta a partir do aparelho bucal de um inseto infectado.

Em relação aos grãos, podem resultar na perda total da semente ou na redução do poder germinativo, afetando de forma significativa a qualidade e rendimento dessas sementes.

Os percevejos que aparecem na sua cultura agrícola, depende da região em que você se encontra, pois esses variam sua abundância de acordo com ano, local e plantas hospedeiras.

As diferentes espécies de percevejos atingem uma grande gama de culturas agrícolas a maioria desses insetos, possui um hábito polífago, ou seja, se alimentam de uma grande variedade de culturas. Inclusive, determinados percevejos migram de uma cultura para outra, atingindo primeiramente a soja, depois o milho, e podendo atingir o trigo.

 

 

 

Principais percevejos

Os percevejos que mais causam danos à cultura são os da família Pentatomidae são os;

 

Percevejo marrom (Euschistus heros

O percevejo marrom é hoje o mais abundante. Tem a soja como seu hospedeiro principal. Adaptando-se às regiões mais quentes, é mais abundante do Norte do Estado do Paraná ao Centro Oeste, norte e nordeste brasileiro.

Heros é encontrado na soja nos meses de novembro a abril, quando produz três gerações. O fato de o percevejo marrom permanecer sob a vegetação por cerca de sete meses, permite escapar do ataque de parasitoides e predadores na maior parte do ano, resultando em maior sobrevivência e favorecendo a sua abundância.

 

Percevejo-asa-preta-da-soja (Edessa meditabunda)

É considerada uma praga secundária da cultura da soja. O pico populacional desta praga ocorre de dezembro a março.

A praga ataca uma gama enorme de hospedeiros, entre eles, abóbora, algodão, arroz, batata, berinjela, beterraba, chuchu, citros, fumo, girassol, mandioca, melão, milho, pepino, pimentão, tomate.

Os danos podem resultar da sucção de seiva dos ramos ou hastes e de vagens. Ao sugarem ramos ou hastes, os percevejos podem ser limitantes para a produção de soja, pois, devido provavelmente a toxinas que injetam, provocam a “retenção foliar” ou soja louca, ou seja, as folhas não caem normalmente e dificultam a colheita mecânica.

No caso de ataque às vagens, os prejuízos podem chegar a 30%, pois com a sucção de seiva as vagens ficam marrons e “chochas”.

 

Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)

O percevejo-verde, N. viridula, tem distribuição mundial, sendo mais adaptado as regiões mais frias do Brasil (Região Sul), onde é mais abundante.

É extremamente polífago e, ao contrário do percevejo marrom, permanece em atividade o ano todo nas regiões com temperaturas mais amenas, como o Norte do Paraná.

No sul do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, após a colheita da soja, o percevejo entra em hibernação sob casca de árvores ou em abrigos, como fendas em troncos e mesmo em residências. Nesta época, troca de cor, passando de verde para castanho arroxeado.

Quando se reproduz por um período mais longo, podendo completar até seis gerações por ano em hospedeiros alternativos, como desmóido (Desmodium tortuosum), nabo-bravo (Raphanus raphanistrum), feijão, feijão guandu, rubim (Leonurus sibiricus).

Eventualmente é encontrado em carrapicho-de-carneiro e em trigo no período de outono e inverno, sem se reproduzir.

 

Percevejo-barriga-verde (Dichelopsfurcatus e Dichelops melacanthus)

São espécies que ocorrem na soja em número menor. Os adultos medem de 9 a 11 mm e sua coloração varia entre castanho amarelado ao acinzentado, apresentando o abdome verde.

A cabeça é típica, terminando em duas projeções pontiagudas e o pronoto com margens anteriores denteadas e expansões laterais espinhosas.

Esses percevejos têm sido observados em lavouras de milho danificando plantas jovens, causando o amarelecimento e lesões punctiformes nas folhas. Danos semelhantes têm ocorrido também em trigo, mas em menor intensidade.

O grande problema é a migração desses insetos para a cultura. O percevejo-barriga-verde tem causado danos consideráveis e, por isso, deve haver maior atenção.

 

Métodos de controle

Para o eficiente controle dos percevejos, o ideal é manter a população desta praga o mais baixa possível desde o manejo na soja até as fases iniciais do desenvolvimento do milho safrinha. Para que isso ocorra, o monitoramento e controle devem ser realizados da seguinte maneira:

  • Monitorar durante o ciclo da soja, principalmente com o início da fase de enchimento de grãos;
  • Eliminar o abrigo dos percevejos, como a trapoeraba, o capim carrapicho, o capim amargoso, é de extrema importância para o manejo, principalmente na cultura da soja;
  • Fazer monitoramento na dessecação da soja e, se for encontrado acima de 5 percevejos por isca, fazer o controle químico;
  • Uso de tratamento de sementes com neonicotinoide para monitoramento no milho safrinha.

 

Controle biológico

Integrado em termos de sustentabilidade e preservação ambiental, o controle biológico é uma das opções que vem sendo adotadas em algumas regiões, com o uso de agentes biológicos, seja de forma natural ou aplicada.

É um processo coevolutivo com interação entre os percevejos alvos da cultura, organismos entomopatógenos e parasitóides visando equilíbrio do sistema.

Os principais agentes biológicos encontrados em lavouras são os parasitóides que atacam ovos de diversos percevejos. Entre estes agentes, as espécies mais abundantes são a Telenomus podisi (Ahsmead) e Trissolcus basalis (Wollaston).

 

Controle alternativos

Conheça alguns controles alternativos para o percevejo:

 

Manejo das épocas de semeadura

Em geral, cultivares precoces escapam dos danos dos percevejos. Porém, os percevejos se multiplicam nessas cultivares, e dispersam para aquelas mais tardias onde causam os danos maiores.

A época de semeadura influencia a dinâmica populacional dos percevejos, devendo-se evitar os plantios antecipados. Ou os mais tardios, onde ocorrem as maiores concentrações desses insetos.

 

Uso de estacas armadilhas

Estas estacas, chamadas iscas tóxicas, são colocadas numa altura acima do dossel das plantas, o que faz os percevejos se deslocarem para este local, morrendo ao entrarem em contato com o inseticida na estopa.

O uso destas estacas é importante no monitoramento da população de percevejos, indicando a presença destes insetos na lavoura. As estacas devem ser localizadas de preferência nas margens das lavouras. Onde normalmente inicia a infestação.

 

Checklist agrícola

 

Rotação de culturas

A rotação de culturas é outra premissa básica para o manejo de percevejo castanho, porém, devido ao seu hábito polífago, o atual sistema de sucessão soja e milho safrinha, que se instalou no Brasil, não contribui para restringir o alimento da praga.

É importante lembrar que além do milho, o milheto e o sorgo, que normalmente são usados na safrinha. Também servem de alimento ao percevejo.

 

Controle químico

O controle químico é a principal ferramenta de manejo de percevejos na cultura da soja, contudo;

  • E necessário, utilizar inseticidas de contato na dessecação;
  • O Tratamento de Sementes Industrial (TSI) a base de neonicotinoides é uma das melhores ferramentas contra sugadores e deve ser utilizado como ferramenta no manejo de insetos sugadores;
  • Verificar a seletividade no uso de inseticidas, seja de contato ou sistêmicos;
  • Utilizar armadilhas químicas na entressafra para reduzir a população.

Uma das maiores dificuldades no manejo químico é a tecnologia de aplicação. Uma vez que a praga é muito móvel e pode se esconder sob a palha nos períodos mais quentes do dia.

Os inseticidas mais utilizados são uma mistura de piretroide + neonicotinoide que, quando empregados conforme a recomendação e aplicados nas horas do dia onde há maior movimentação do inseto, apresentam bons resultados de controle.

 

Plataforma Agropos

 

Conclusão

Por tanto os percevejos são um grupo amplo de insetos com hábitos alimentares diversos. Os fitófagos têm causado danos em grandes culturas de importância econômica como por exemplo na soja. Para manter a sua cultura agrícola saudável, e minimizar as suas perdas por ataque de percevejos. É preciso ter muita atenção e estratégia para combatê-los.

Para isso o produtor deve-se basear na identificação correta das espécies e realizar o monitoramento das áreas para, assim, adotar a melhor estratégia para o controle.

Adotando o controle químico apenas se for necessário e no momento adequado. Dessa forma, mantendo por mais tempo os inimigos naturais e diminuindo o efeito residual de produtos químicos na sua lavoura.

Escrito por Michelly Moraes.

Pós-graduação Fitossanidade