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Você sabia que os nematoides que infectam plantas são reconhecidos como uma das maiores ameaças à agricultura? Que tal conhecer as principais espécies que causam perdas nos cultivos do Brasil?

 

Nematoides: os inimigos invisíveis das lavouras.

 

Nematoides são vermes microscópicos capazes de sobreviver nos mais diversos ambientes. Possuem corpos cilíndricos, não segmentados, que ficam afilados em direção às extremidades. No entanto, algumas fêmeas, em certas fases da vida, podem ter o corpo com formato globoso, de pera, limão ou rim.

Eles retiram seus nutrientes da planta através de uma estrutura em forma de agulha, chamada de estilete, perfurando a célula e sugando seu conteúdo.

A maioria das espécies que infectam as plantas são endoparasitas. Ou seja, elas permanecem no interior raízes na sua fase adulta. Algumas, no entanto, são ectoparasitas, permanecendo no solo.

Todas as culturas são atacadas por pelo menos uma espécie de nematoide. Eles atacam quase todas as partes da planta, incluindo raízes, caules, folhas, frutos e sementes.

Os gêneros de nematoides mais importantes que infectam as plantas são: Heterodera, Pratylenchus, Thylenchulus, Globodera, Radopholus. Há consenso, no entanto, que dentre estes, o mais importante devido a sua distribuição, número de culturas que afeta e prejuízos causados é o Meloidogyne.

 

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Principais nematoides do Brasil

 

Nematoide das galhas: Meloidogyne spp.

Os sintomas do nematoide das galhas na parte aérea incluem murcha, nanismo, deficiência nutricional e nanismo. Mas sãos as raízes que deixam pouca ou nenhuma dúvida. Este nematoide induz a formação de galhas nas raízes das plantas infectadas.

Eles penetram nas raízes e ao alimentar-se induzem a formação de células gigantes. As fêmeas desse nematoide são globosas de colocação branco-leitosa e podem ser observadas no interior dessas galhas.

Quando a incidência deste nematoide é muito alta, falhas nos estandes podem ser observadas. São plantas que morrem em decorrência do ataque do patógeno. Essas falhas ocorrem em reboleiras, geralmente.

 

Nematoide das lesões: Pratylenchus spp.

Populações baixas deste nematoide podem não causar sintomas visíveis na parte aérea. No entanto, populações muito altas podem levar a falhas de estande, deficiência nutricional. Este nematoide, como seu nome indica, causa lesões necróticas nas raízes.

As lesões necróticas causadas por este nematoide, podem também funcionar como porta de entrada para outros patógenos, como fungos apodrecedores.

Este gênero possui mais de 70 espécies e pode infectar mais de 400 espécies vegetais. Dentre estas, várias de importância econômica dentre elas, amendoim, batata, arroz, milho e diversas frutíferas.

 

Fungos causadores de doenças em plantas.

 

Nematoide do cisto – Heterodera glycines

Perdas de 10 a 20% têm sido causadas por este nematoide em campos de soja. Muitas das vezes, como os sintomas podem não ser tão óbvios, essas perdas acabam sendo atribuídas a fatores ambientais ou culturais, aumentado a população do patógeno para os próximos anos.

Os sintomas ocorrem em reboleiras e na parte aérea são caracterizados por redução do porte das plantas, do número de vagens, amarelecimento e baixa produtividade.

As fêmeas do nematoide, em formato de limão e com um pouco mais de 1mm de diâmetro são facilmente vistas do lado de fora de raízes extraídas de plantas doentes.

 

Declínio do citros – Tylenchulus semipenetrans

Embora existam diversas espécies de nematoides que causam doenças em citros, a mais devastadora é Tylenchulus semipenetrans. Ele causa a doença conhecida como declínio do citros, que ocorre em todas as regiões produtoras do mundo e pode levar a perdas de 50 a 90%.

As plantas infectadas exibem um declínio lento, que leva entre 3 a 5 anos em média. Durante este período observa-se a morte de galhos, folhas pequenas e tamanho de frutos reduzido. As raízes da planta tornam-se atrofiadas.

 

Nematoide cavernícola – Radophulus similis

Este é o principal nematoide da cultura da banana, fazendo com que após a infestação áreas de cultivo sejam abandonadas. É um parasita migrador que se alimenta das raízes da planta, formando galerias que enfraquecem a planta. Daí o nome de nematoide cavernícola.

Após a emissão do cacho, a planta perde a sua sustentação e muitas vezes chega a tombar. Altas infestações do nematoide causam ainda rachaduras no pseudocaule da planta, favorecendo o ataque de microrganismos secundários.

 

Coleta e identificação de amostras nematológicas

Um agrônomo/ agricultor experiente pode em algumas das vezes identificar os nematoides fitoparasitas em campo. Na maioria, no entanto, é necessário a realização de coleta de amostras e envio a laboratórios especializados.

A amostra enviada deve ser representativa da área e conter solo e raízes sintomáticos ou galhas, quando for o caso. Elas devem ser mantidas com umidade natural até o momento da avaliação.

Cada amostra deve ser composta de subamostras de solo com as mesmas características, coletadas na profundidade de 10 a 20cm. Para isso, recomenda-se o caminhamento em ziguezague.

 

Manejo de nematoides fitopatogênicos

Após estabelecidos em uma área é impossível erradicar os nematoides. Por isso, todas as medidas adotadas após o estabelecimento visam conviver com o problema.

A amostragem e exame laboratorial podem dizer se os nematoides estão presentes naquela área. Em caso negativo, o manejo integrado dessa praga deve ser focado em evitar a sua introdução. Caso estejam presentes na área, o objetivo é manter a população em baixa densidade durante o cultivo.

 

Controle preventivo

As medidas de controle preventivo incluem utilização de mudas sadias – livres de nematoides, evitar o plantio em épocas favoráveis, evitar o plantio em épocas favoráveis. A limpeza de maquinários e implementos agrícolas também é uma medida recomendada.

 

Rotação de culturas

Cultivar uma cultura que o nematoide não é capaz de se reproduzir é uma boa maneira para controlar algumas espécies.

Com o planejamento adequado, a rotação pode ser combinada com solarização ou pousio, de maneira a reduzir a população de nematoides que atacam raízes.

A rotação de uma cultura não hospedeira por um ou mais anos reduz as populações de nematoides por falta de alimento.

 

Uso de culturas resistentes aos nematoides

Cultivares resistentes são aquelas que conseguem prevenir ou restringir marcantemente a reprodução do nematoide nos seus tecidos.

Existem cultivares resistentes a nematoides para diversas culturas de importância, como cafeeiro, tomateiro, cenoura, soja, batata e cana, visando principalmente a resistência a nematoide das galhas e do cisto.

Cultivares tolerantes são aqueles que mesmo infectados por nematoides, conseguem superar este ataque e produzir uma boa colheita. Essa é uma prática questionável, pois os nematoides continuam a se reproduzir no local e isso poderá comprometer a rotação de culturas, caso implementada.

 

Controle biológico dos nematoides

Existem diversos microrganismos que atuam como predadores ou parasitas de nematoides fitopatogênicos. Esses organismos são chamados de inimigos naturais de nematoides. Dentre estes, os mais utilizados são os fungos e bactérias.

Nos últimos anos, diversos agentes de controle biológico foram registrados para controle biológico de fitonematoides. Alguns controlam muito bem nematoides importantes como o nematoide das galhas, em diversas culturas agronômicas.

 

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Conclusão

Os nematoides têm causado perdas em diversas culturas. No Brasil, o nematoide das galhas, o nematoide do cisto e o nematoide das lesões são os mais importantes, devido aos prejuízos que vem causando na nossa agricultura.

Assim, é de fundamental importância identificar e quantificar estes patógenos em uma área. Isso pode ser feito por meio de uma coleta adequada de amostras e envio para laboratório especializado.

Identificada a causa do problema, é preciso conviver com ele, uma vez que é praticamente impossível eliminar um nematoide de uma área. O manejo integrado de nematoides inclui medidas como a rotação de culturas, resistência genética, controle biológico, dentre outros.

Escrito por Nilmara Caires.

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