(31) 9 8720 -3111 contato@agropos.com.br

A cultura do trigo sofre danos significativos devido às doenças causadas por fungos, bactérias e vírus. A diversidade de regiões produtoras de trigo no Brasil dificulta a padronização das estratégias de manejo das doenças do trigo que acometem à cultura.

Entre as principais doenças na cultura do trigo no Brasil, podemos destacar  9 delas, veja:

  1. Estria Bacteriana
  2. Brusone
  3. Mancha Amarela
  4. Mancha Marrom da Folha
  5. Nanismo-amarelo da Cevada
  6. Mosaico do Trigo
  7. Oídio
  8. Ferrugem da Folha
  9. Giberela.

Portanto, o sucesso no manejo das doenças requer sua correta diagnose. Entendimento das condições favoráveis para sua ocorrência e conhecimento das medidas de controle disponíveis.

Este texto irá te ajudar a identificar e manejar as principais doenças do trigo que ocorrem nas lavouras do Brasil

Confira!

 

Doenças do trigo: conheça as principais!

Período e região de ocorrência das doenças do trigo

As doenças podem ocorrer em todos os estágios de desenvolvimento da planta de trigo e os sintomas manifestam em diferentes órgãos como raízes, colmos, folhas e espigas.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

No entanto, a frequência que determinadas doenças ocorrem na cultura do trigo. Pode variar de acordo com as regiões tritícolas do Brasil.

Entre as principais doenças na cultura do trigo no Cerrado/ Centro do Brasil, podemos destacar:

  • estria bacteriana,
  • brusone,
  • mancha amarela e mancha marrom da folha.

Já na Região Sul, as doenças mais frequentes no trigo são:

  • nanismo-amarelo da cevada,
  • mosaico do trigo,
  • oídio,
  • ferrugem da folha e
  • giberela.

A seguir veremos mais detalhes de cada uma dessas doenças.

Período e região de ocorrência das doenças do trigo

Estria bacteriana

A estria bacteriana, é uma doença do trigo que é causada pela fitobactéria Xanthomonas translucens pv. ondulosa, e ocorre em todos os estágios e em todos os órgãos das plantas, sendo mais comum nas folhas.

Os sintomas nas folhas são manchas amarelas de aspecto encharcado que acompanham as estrias das folhas.

Quando a severidade da doença nas folhas é muito acentuada, é possível a visualização de sintomas nas espigas.

Logos períodos de molhamento foliar e temperaturas superior ou igual a 25ºC favorecem a ocorrência da doença.

A principal forma de disseminação da doença a longa distância é através de sementes infectadas.

As medidas de controle da estria bacteriana são principalmente de caráter preventivo, como o uso de sementes livre do patógeno, rotação de culturas e eliminação de plantas voluntárias na entressafra.

 

Brusone

A brusone do trigo é causada pelo fungo Pyricularia oryzae, e em lavouras de sequeiro no Cerrado brasileiro, a ocorrência dessa doença nas folhas pode causar perda total da produção.

Além do cerrado, também é de grande importância econômica no norte do Paraná.

Os sintomas de brusone do trigo nas folhas são manchas arredondadas com bordos marrom escuro e o centro acinzentado.

Já nas espigas, ocorre a descoloração de espiguetas acima do local de infecção do fungo no ráquis, onde nota se um ponto de escurecimento.

Quando a espiga é infectada pelo fungo logo no início de seu desenvolvimento, não ocorre a formação de grãos.

 

Checklist agrícola

 

As condições ideias para o desenvolvimento da doença são chuvas frequentes e temperaturas um pouco elevadas. Nessas condições o patógeno pode causar epidemias severas.

A medidas de controle da brusone envolve principalmente ações como a utilização de sementes sadias ou tratadas, uso de diferentes cultivares de trigo e aplicação de fungicidas.

Algumas cultivares disponibilizadas recentemente (BRS 404, ORS 1401, ORS 1403, TBIO Sossego, TBIO Sonic, TBIO Mestre e CD 116) apresentam nível significativo de resistência à brusone.

Para o controle químico da doença na parte área das plantas de trigo, é viável que se adote o princípio de que a espiga deve estar protegida antes da infecção do patógeno.

No entanto, se as condições climáticas não forem favoráveis para infecção e a área não tiver histórico da doença, não é necessário fazer a aplicação de fungicidas.

Mancha marrom e mancha amarela da folha

A mancha marrom das folhas é uma doença do trigo causada pelo fungo Bipolaris sorokinian. Já a mancha amarela é causada por Drechslera tritici-repentis.

Os sintomas da mancha marrom são pequenas manchas ovais, marrom-escuras, que podem coalescer e se tornarem maiores.

Os sintomas característicos da mancha amarela são lesões pequenas, de formato oblongo ou ovalado, com um halo amarelo.

Ambos os patógenos são necrotróficos, ou seja, são capazes de sobreviver em restos da cultura de trigo.

Por tanto, a infecção inicial ocorre, frequentemente, pelo inóculo primário presente nos restos culturais deixados sobre o solo, entre as safras.

As medidas de controle indicadas são, rotação de culturas, uso de sementes sadias ou tratadas com fungicidas e aplicação de fungicida na parte área.

O controle químico deve ser realizado somente com fungicidas registrados para a cultura.

 

Nanismo amarelo da cevada

O nanismo amarelo é uma doença do trigo que é causado pelos vírus Barley yellow dwarf virus (BYDV) e o Cereal yellow dwarf virus (CYDV), que são transmitidas por afídeos.

Os principais afídeos vetores dos vírus são Rhopalosiphum padi, principalmente do outono à primavera, e o Sitobion avenae na primavera.

Dependendo da tolerância das cultivares e da incidência da doença, os danos à produção de trigo pode chegar em média a 20%.

No entanto, o dano pode ser maior em anos quentes e secos. Devido à multiplicação e dispersão dos afídeos vetores.

Os sintomas típicos dessa doença é o amarelecimento das folhas, que ocorre do seu ápice em direção à base e o enrolamento do limbo foliar, devido a seu enrijecimento.

O manejo inicial dessa doença está na escolha da cultivar. As cultivares variam em níveis de tolerância.

Outra medida de manejo eficiente é o controle da população dos vetores. Que pode ser com inimigos naturais e /ou inseticidas.

 

Mosaico do trigo

O mosaico do trigo é uma doença do trigo que é causado pelo vírus Soil-borne wheat mosaic vírus. Que é transmitido pelo fungo Polymyxa graminis, residente no solo e parasita obrigatório de raízes de plantas.

Essa doença ocorre principalmente no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no sul do Paraná.

Temperaturas baixas e solos encharcados favorecem a transmissão do vírus pelo vetor, podendo comprometer grandes áreas.

Os sintomas de mosaico nas folhas e colmos são caracterizados pela alternância de áreas amareladas e verdes, que pode ter um padrão em listras.

O longo período de sobrevivência do vetor no solo e a grande gama de plantas hospedeiras dificultam o controle desta virose. Tornando a principal medida de controle o uso de cultivares de trigo resistentes e tolerantes.

 

Oídio

O oídio do trigo é causado pelo fungo Blumeria graminis f. sp. Tritici, e tem gerado danos que podem atingir até 60% do rendimento de grãos se medidas de controle não forem realizadas.

A doença se caracteriza pela formação do micélio de aspecto cotonoso sobre toda superfície das plantas, principalmente a folha, que ficam amareladas e caem.

Por ser um fungo biotrófico, o inóculo primário mantém-se, na entressafra, em plantas voluntárias e restos culturais de trigo. Sendo disseminado pelo vento.

A doença é favorecida por temperaturas amenas e ausência de água livre na superfície da folha, nessas condições, o ciclo completo do fungo pode durar de 5 a 10 dias.

As medidas de manejo mais utilizadas e eficientes para o controle desta doença são o uso de cultivares resistentes e a aplicação de fungicidas. Em aplicações da parte aérea e em tratamento de sementes.

 

Ferrugem da folha

A ferrugem da folha, é uma doença do trigo causada pelo fungo Puccinia triticin, pode causar danos de até 80% na cultura do trigo, devido à alta severidade em algumas regiões e cultivares.

Essa doença caracteriza-se pelo aparecimento de pústulas. Com esporos de coloração amarelo escuro a marrom nas folhas.

Os sintomas podem aparecer na fase inicial de desenvolvimento da cultura até a maturação das plantas.

As condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da doença são temperaturas amenas (15º a 20ºC) e molhamento foliar continuo de no mínimo 3 horas.

Assim como o Oidio, o fungo causador da ferrugem também é biotrófico e, portanto, sobrevive em plantas voluntarias, sendo disseminado pelo vento.

Como medidas de controle da ferrugem da folha do trigo podemos citar o controle químico nas partes áreas das plantas e o uso de cultivares resistentes/tolerantes.

No entanto, a resistência à ferrugem da folha não é muito durável, devido à grande variabilidade genética do patógeno.

 

Giberela

A giberela é a doença que acomete espigas e grãos de trigo, é causada pelo fungo Gibberella zeae (forma sexuada) ou pelo Fusarium graminearum (forma assexuada).

Lavouras atacadas por giberela são reconhecidas principalmente pela descoloração precoce de espiguetas. Além disso, a doença induz à produção de grãos chochos e de coloração rosada.

 

Plataforma Agropós

 

Os danos causados pela giberela à lavoura de trigo decorre da formação de grãos menores e leves, além de comprometer a qualidades dos grãos com substâncias tóxicas produzidas pelo fungo, as chamadas micotoxinas.

As condições favoráveis para o desenvolvimento da doença são chuvas frequentes e temperaturas entre 20 °C e 25 °C.

A giberela, atualmente, é uma doença de difícil controle. Portanto, a integração de medidas de controle é a melhor estratégia para minimizar os prejuízos gerados por esta doença.

 

Conclusão

Os principais aspectos, como agente causal, sintomas, condições favoráveis, e controle das doenças mais comuns na cultura do trigo no Brasil foram abordados neste artigo.

A ocorrência e severidade dessas doenças no campo são influenciadas pela grande variedade de regiões tritícolas que caracteriza o nosso país. O que dificulta viabilização de sistemas padronizados de controle.

Considerando esta situação, o produtor deve atentar- se as doenças mais comuns em sua região. Assim como as medidas de controle indicadas para o local.

Escrito por Pollyane Hermenegildo.

Pós-graduação Fitossanidade