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Você sabe os principais aspectos das doenças que podem afetar a cultura do arroz? Veja, nesse texto como esses conhecimentos podem te auxiliar na construção do seu manejo integrado de doenças do arroz.

 

As 8 principais doenças do arroz e como manejar!

 

O arroz é um dos alimentos que são indispensáveis para a maioria dos brasileiros. O que o torna fundamental a questões relacionadas à segurança alimentar do Brasil.

Assim como na segurança alimentar de outros países que tem esse grão como base da dieta de sua população. Como por exemplo da China.

Ao analisar o 8º levantamento da safra de grãos realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Observa-se o aumentou de 3,9% da produção de arroz em relação a última safra (19/20), totalizando 11.6 mil toneladas produzidas.

Isso junto ao aumento tanto da área total produzida. Com pouco mais de 1,6 mil ha (1,3%), e da produtividade média do arroz em 6,88 kg/ha (2,6%).

Mas tais resultados só possível realmente quando adotado um bom plano de manejo integre diferentes áreas do conhecimento. O que envolve saber desde, as épocas adequadas para semeadura, as formas de cultivar, manejo de adubação, entre outros.

Para saber um pouco mais desses assuntos recomendo a leitura do seguinte texto: Plantação de Arroz: o que Você Precisa Saber!

Tendo escolhas de manejo influencia em um grau maior ou menor incidência e severidade de doenças do arroz. Você conhece ou já ouvi falar de quais dessa lista?

  1. Brusone;
  2. Escaldadura da folha;
  3. Queima das bainhas;
  4. Podridão do colmo;
  5. Mancha das bainhas;
  6. Manchas de glumas;
  7. Carvões do arroz;
  8. Vírus do enrolamento da folha.

Esses são alguns exemplos de doenças do arroz que podem afetar a cultura em maior ou menor escala de impacto como falaremos mais adiante.

 

Pós-graduação Fitossanidade

 

1. Brusone (Pyricularia oryzae / Magnaporhte oryza)

A brusone é a doença do arroz já considerada como sendo um clássico da cultura. Muito devido a sua ampla ocorrência e agressividade independente do sistema de cultivo.

O agente causal dessa doença foi por muito tempo o fungo classificado como Pyricularia oryzae. Porém seu nome cientifico mais atualizado é Magnaporhte oryza.

Suas condições de desenvolvimento ótimo ocorrem em temperaturas na faixa de 26 ºC a 28 ºC sob condições de umidade relativa do ar maior de 90%. Situação comum no início do dia com a formação de orvalho, neblinas e chuvas fracas.

Outro fator que reflete a agressividade dessa doença é devido ao fungo da brusone conseguir infectar e colonizar todas as partes da planta.

Porém os sintomas mais típicos são os de manchas foliares. Que vai se iniciar com pequenos pontos de coloração castanha. Passando a castanho avermelhado com halo amarelado.

Posteriormente, essas pequenas manchas evoluem para uma lesão alongada de bordas irregulares de coloração marrom, centro esbranquiçado onde surge os corpos de frutificação do fungo.

Esses corpos de frutificação são responsáveis por produzir esporos do fungo para serem dispersos. E assim atingir outras plantas sadias ou outras partes de uma planta já infectada.

Onde a infecção que ocorrer no nó logo abaixo da panícula é comumente conhecida por brusone do pescoço. Causando assim dano direto na produção do arroz.

 

2. Escaldadura da folha (Rhynchosporium oryzae)

A escaldadura da folha é outra doença fúngica tão importante e bem relatada afetando os cultivos de arroz.

O gente causa dessa doença é o fungo Rhynchosporium oryzae. E quando presente no arroz se expressa com sintomas típicos que se assemelha uma escaldadura.

Dizer que uma planta tem aspecto de escaldado, é o mesmo que dizer, que a planta sofreu injúrias que lembre os danos causados por água quente. O que resulta em um aspecto de esbranquiçado ou palhoso nas folhas.

Além da formação típica de áreas concêntricas que atribuem aparência de franjado às lesões da doença de escaldadura do arroz.

Suas condições climáticas favoráveis de desenvolvimento são em temperaturas entre 20 ºC e 27 ºC. Mas otimizado a temperaturas menores e nas fases finais do perfilhamento e emborrachamento do arroz.

A agressividade com que essa doença compromete a área foliar do arroz interfere diretamente no potencial fotossintético da cultura.

 

3. Queima das bainhas (Rhizoctonia solani)

A doença do arroz queima das bainhas é uma doença que tem ganhado importância. E preocupado devido ao aumento de sua incidência e consequentemente de seus danos.

Muito disso é devido as mudanças dos sistemas de cultivo de arroz junto ao uso de materiais com arquitetura de elevado perfilhamento o que favorece o microclima para a ocorrência da doença.

Seu gente causal é o fungo de solo, Rhizoctonia solani. O qual também afeta uma ampla gama de outras culturas de interesse a agricultura, causando sintomas típicos de tombamento.

No arroz esse patógeno pode desenvolver sintomas nas bainhas das folhas e nos colmos. Apresentando manchas irregulares com aspecto de queimado.

 

Fungos causadores de doenças em plantas.

 

Outro aspecto que dificulta o manejo dessa doença em diversos cultivos como o arroz é o fato desse fungo produzir estruturas de resistências.

Essas estruturas de resistências, também chamada de esclerócio, podem permanecer no solo por até dois anos.

O esclerócio além de contribuir diretamente com a sobrevivência e permanência dessa doença nas áreas de cultivo de arroz. Também pode ajudar na disseminação da doença seja por meio água da chuva ou irrigada. Ou com atividades de revolvimento do solo.

 

4. Podridão do colmo (Sclerotium oryzae)

A doença do arroz conhecida como podridão do colmo já presenta um caráter de importância secundária. Sendo mais expressiva quando associada a doença anterior, queima das bainhas.

Assim como a doença que falamos anteriormente, a podridão do colmo também é causada por um fungo de solo que produz esclerócios. Nomeado Sclerotium oryzae.

Que nos momentos iniciais da doença é característico por pequenas lesões escuras. De forma irregular, na bainha externa, próximo ao nível da água em sistemas de arroz irrigado.

Essas lesões vão evoluir até o apodrecimento da região da bainha. O que vai contribui significativamente para o acamamento das plantas de arroz.

 

5. Mancha das bainhas (Rhizoctonia oryzae)

Já a doença do arroz que vamos falar agora, a mancha das bainhas, apresenta um uma importância histórica em algumas regiões produtoras no Brasil. Dado a introdução de matérias susceptíveis a essa doença na época.

Seu agente causal é identificado como Rhizoctonia oryzae. O qual comumente pode ser confundido com patógeno causador da queima das bainhas, Rhizoctonia solani.

Mas os sintomas expressos pela doença em questão, são de manchas ovais bem delimitadas nas bainhas. E que com o passar do tempo, pode adquirir coloração branca acinzentada e bordas marrons.

Apesar das diferenças entre os sintomas das duas doenças, em uma situação pratica no campo diferenciá-las pode ser um pouco mais complicado do que parece.

Assim se for necessário uma identificação mais precisa da doença que está ocorrendo na área de cultivo. Recomendada se o envio amostra para laboratórios de diagnose de doenças de plantas.

 

6. Manchas de glumas

A doença do arroz manchas das glumas, diferente das doenças vista até o momento. Pode estar associada a mais de um patógeno fúngico ou bacteriano.

Os microrganismos causadores desse complexo irão variar em função do local de infeção na planta de arroz e as condições climáticas do ambiente.

Assim temos como possíveis agentes causais das manchas das glumas os fungos: Bipolaris sp., Pyricularia oryza, Alternaria padwickii, Phoma sp., Nigrospora spp, Epicocum spp., Curvularia lunata e Fusarium sp.

Em relação aos microrganismos patogênicos bacterianos temos: Ervinia sp. e Pseudomonas fuscovaginae.

Sendo as condições ambientais que favorecem a ocorrência dessa doença sob condições de temperaturas menores (15 – 20ºC) somado a umidade relativa elevada.

Outro fator agravante de severidade é se essas condições coincidirem com os períodos de emborrachamento e floração da planta de arroz.

Os sintomas causados nas glumas são característicos por manchas de tons marrom avermelhado. Podendo se limitar a parte superior ou inferior das glumas manchas esbranquiçadas.

Por se tratar de uma gama microrganismos causadores dessa doença os efeitos e sintomas podem ser do mais variados.

Desde afetar diretamente na qualidade do grão para a indústria até a sanidade e vigor das sementes utilizadas nos próximos cultivos.

 

7. Carvões do arroz

Apesar das doenças que iremos falar agora não serem tão expressivas por não afetar a planta de arroz em aspectos produtivo. Vai causar danos significativos em relação a qualidade dos grãos.

O agente causal da doença conhecida como carvão do grão ou cárie é o fungo de nome cientifico Telletia barclayana.

O nome carvão é devido ao aspecto da massa pulverulenta de esporos formada pelo fungo. A qual é produzida dentro do ovário durante a fase de maturação fisiológica da semente.

Seu esporo também é conhecido por teliósporo, a estrutura de resistência responsável pela sobrevivência do patógeno quando as condições do ambiente não estiverem favoráveis.

Outro sintoma que é caracteriza quando há a formação de massa preta dentro das glumas ou direto no grão. O que remete a um “dente com cárie”.

Outro fungo que afeta a qualidade dos grãos de arroz e que pode ser em algumas situações confundido com o carvão é a doença chamada falso carvão ou carvão verde.

Doença do arroz a qual tem ganhado importância nos últimos anos devido a introdução de cultivares hibridas de alto rendimento. Mas que se mostram susceptíveis a essa doença.

O falso carvão é causado pele fungo Ustilaginoidea virens. O qual é característico por afetar as glumas produzindo uma massa de esporos de forma globosa.

 

8. Vírus do Enrolamento da Folha (RSNV – Rice stripe necrosis vírus)

A última doença que iremos comentar antes de falar sobre o manejo integrado das doenças do arroz, é um patossistema que vem demonstrando potenciais de perda para a cultura do arroz.

Essa doença é causada por um vírus conhecido pela sigla RSNV.  Que vem do inglês Rice stripe necrosis vírus, pertencente ao grupo dos Benuvirus.

Assim como em outras viroses de planta essa doença vai se caracterizar pela presença de estrias cloróticas e retorcimento das folhas e das panículas até a morte de plântulas

As plantas de arroz também podem apresentar aspectos de nanismos, perfilhamento excessivo e esterilidade das glumas.

Todas essas características de sintomas são reflexo de toda a bagunça bioquímica. Causada pelo vírus desde a infecção, colonização e sua reprodução dentro da planta.

O que por sua vez impacta em importantes reduções no rendimento e qualidade dos grãos de arroz.

Uma parta muito importante do ciclo dessa doença é no momento da transmissão do vírus. Que apresenta um fungo conhecido por Polymyxa graminis como seu vetor.

Sua transmissão ocorre, pois, esse fungo é um parasita obrigatório que coloniza os tecidos das raízes da planta de arroz, sem causar doença.

Até por isso que a campo essa doença ocorrer em padrões de manchas espalhas pela área de cultivo. O chamado sintoma em reboleira.

 

Manejo integrado das doenças do arroz

A intenção aqui está longe de esgotar as informações desses oito patossistemas que afetam cultura do arroz.

Mas espero que tenha ficado claro a importância de se ter boas informações sobre a doença do arroz que se deseja manejar na área de cultivo.

Pois assim, conforme for o histórico de doenças do local, você já pode realizar ações que iram atrasar ou dificultar a ocorrência das doenças do arroz.

Por exemplo, se você deseja iniciar o cultivo de arroz em uma área que antes havia um plantio de tomate. E que teve ocorrência de podridão radicular. Obviamente nesse local haverá mais chances de se ter problemas com a queimas das bainhas do arroz.

Com isso você pode tentar buscar cultivares que tenham algum nível de resistência a esse patógeno, ou pensar em qual sistema de cultivo a doença será desfavorecida.

 

O clima

Outro fator que envolve a escolha do local de cultivo é o conhecimento dos climas prevalentes de cada região em cada época do ano.

Esse tipo de informação somado aos conhecimentos das condições ideias de temperatura e humidade de cada um dos patógenos. Pode indicar as melhores épocas de plantio que te ajude a driblar os estádios críticos do arroz com a maior incidência de dada doença.

Isso também pode ser utilizado na construção de fermentas de sistemas de previsão e aviso que através do monitoramento do clima pode indicar o momento de se entrar com medidas do controle na área.

 

Ferramentas e métodos de monitoramento

Sendo assim, é inevitável falar de manejo integrado sem mencionar as ferramentas e métodos de monitoramento que podem ser aplicados nas mais divergentes áreas da agronomia.

A exemplo da importância inquestionável de se fornecer e manter um bom equilíbrio nutricional para a planta.

Uma vez que planta mais saudáveis conseguem se defender melhor do ataque de possíveis patógenos, assim como ocorre para os animais.

No caso da planta de arroz devemos nos atentar no balanço principalmente do macronutriente nitrogênio (N) pois em excesso vai prolongar a fase vegetativa.

O que vai acabar favorecendo a ocorrência de doença foliares como a brusone, escaldadura, queima e mancha das bainhas e carvão.

E quanto o assunto adubação nitrogenada logo devemos pensar no teor de matéria orgânica que temos no solo de cada área de cultivo.

Onde um solo com sua fase biológica bem estabelecida e equilibrada, ou seja, presença de uma matéria orgânica com seu processo de decomposição mais estável.

O que lhe confere naturalmente o fornecimento gradual de todos os nutrientes que a planta necessita assim como proporciona condições de elevada diversidade de microrganismo no solo.

Microrganismo como Trichoderma sp. que já são ampla mente utilizados como agentes de controle biológico. Devido a sua alta capacidade de colonizar o solo e parasitar as estruturas de resistências de outros fungos patogênicos que sobre vivem no solo.

Esse manejo biológico somado a técnica de rotação de cultura dentro de uma mesma área de cultivo favorece ainda mais o controle de patógenos que sobrevivem no solo ou resto de cultura.

Isso se feito um bom levantamento do histórico e diagnoses das doenças presentes na área. Pois assim fica mais fácil escolher espécies que não são hospedeira do mesmo agente causal de uma doença.

 

Plataforma Agropós

 

Conclusão

Espero que com a leitura desse artigo tenha te auxiliado a entender como é importante pensar nos mais diferentes aspectos da sua produção de maneira integrada.

Pois pensando dessa forma você conseguira evitar muitos problemas e danos que pode ter principalmente quando falamos de doenças do arroz.

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Escrito por João Verzutti.

Pós-graduação Fitossanidade