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O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, perdendo apenas para os Estados Unidos. No entanto, as doenças da soja que ocorrem nas lavouras, podem levar a perdas incalculáveis.

Sem dúvidas, a ferrugem asiática é a doença mais limitante para a cultura da soja, porém existem outras doenças da soja que incidem em todas as fases e que se não adequadamente manejadas podem causar perdas de até 100%.

Vamos conhecer mais sobre elas?

 

Doenças da soja: conheça as 7 principais!

 

Período de ocorrência das doenças da soja

O ciclo de uma planta de soja é dividido em fases vegetativas e reprodutivas, indo da emergência até a maturação plena. Algumas doenças da soja ocorrem somente no início ou fim do ciclo, outras incidem durante todo o período das plantas no campo.

Falaremos agora das 7 principais doenças da soja, quais os seus sintomas, como maneja-las, seguindo a ordem de ocorrência.

  1. Tombamento ou Damping-off
  2. Septoriose ou mancha-parda
  3. Antracnose da soja
  4. Mancha alvo
  5. Mofo branco
  6. Ferrugem asiática da soja
  7. Oídio (Microsphaera Diffusa)

 

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1. Tombamento ou Dampin-Off

No início da cultura, logo após a semeadura, é possível ocorrer falhas no estande, devido a plantas que tombaram ou não emergiram. Isso acontece principalmente, quando o plantio é realizado em período chuvoso.

Essa doença é causada por patógenos de solo, como o fungo Rhizoctonia sp. e o oomiceto Phytium sp., que são favorecidos em solo com alta umidade. Eles são extremamente agressivos e matam o seu hospedeiro rapidamente.

O tombamento na cultura da soja é controlado principalmente pelo tratamento de sementes com fungicidas e pela descompactação do solo, melhorando sua drenagem.

 

2. Septoriose ou mancha-parda

Essa doença da soja é caracterizada por lesões de coloração parda nas folhas, que formam manchas com halos amarelados e de formato irregular.

Esta doença é causada pelo fungo Septoria glycines e é uma das primeiras a aparecer nos campos de soja. Quando a severidade da doença é muito grande, leva à desfolha e a maturação precoce.

Para controlar esse fungo, a rotação de culturas é recomendada. Isso faz com que haja uma redução no inoculo para o próximo ciclo. Em casos de severidade muito alta, no entanto, o controle químico pode ser recomendado.

 

3. Antracnose da soja

A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum truncatum, é uma doença que pode incidir durante quase todo o ciclo da soja e é caracterizada por manchas de coloração castanho escuro a negras em folhas, pecíolos e vagens.

Quando o fungo incide no início do ciclo, pode ocasionar tombamento de mudas. Em fases mais avançadas, causa desfolha e abortamento das vagens.

O uso de sementes sadias e tratadas com fungicidas é a principal medida de controle para esta doença. Esta medida visa evitar a introdução do patógeno na área. A rotação de culturas é uma medida eficiente para reduzir inoculo para as próximas safras. Além disso, existem cultivares resistentes à essa doença.

 

4. Mancha alvo

Essa doença é causada pelo fungo Corysnespora cassicola e tem levado a perdas que variam de 15 a 25% na maioria das safras.

O sintoma marcante dessa patologia é a presença de manchas foliares de coloração amarronzadas que possuem halos concêntricos circulares, semelhantes a um alvo, daí o nome da doença. Os sintomas podem se iniciar ainda no período vegetativo da cultura. Quando a severidade é elevada, pode ocorrer coalescência de lesões e desfolha.

Os cultivares de soja variam em resistência à essa doença. Assim como as outras manchas foliares já citadas neste texto, o manejo desta doença inclui o uso de sementes sadias, tratadas com fungicidas, a rotação de culturas e a aplicação de fungicidas quando a severidade a doença seja alta.

 

5. Mofo branco

Quando medidas de manejo não são adequadas, o mofo branco pode levar a perdas de até 100% na cultura da soja. Esta doença é causada pelo fungo Slcerotinia sclerotiorum.

A soja é mais suscetível ao mofo branco na fase de floração. Os sintomas da doença são bem característicos, iniciando por lesões encharcadas, que escurecem para coloração marrom, com intensa produção de micélio de coloração branca.

Após algum tempo, este micélio transforma-se em escleródios. Essas estruturas do fungo de coloração amarronzada podem variar de alguns milímetros a centímetros e são capazes de resistir no solo durante muitos anos.

Para manejar o mofo branco é necessária a adoção de diversas medidas simultaneamente. O uso de sementes sadias é a primeira delas. O tratamento das sementes com fungicidas protege a plântula nas suas fases iniciais quando a inoculo que já esteja presente no solo.

 

Fungos causadores de doenças em plantas.

 

Esse patógeno possui uma gama de hospedeiros muito grande, o que restringe o seu manejo por rotação de culturas. A rotação de culturas deve ser realizada com gramíneas, sendo assim medida eficiente no manejo.

Em plantio direto, a presença da palhada no solo, inibe a entrada de luz e dispersão de esporos produzidos por apotécios do fungo.

Nos últimos anos, o controle biológico tem sido adotado para o manejo desta doença com sucesso.

 

6. Ferrugem asiática da soja

É a doença mais severa da cultura, levando a perdas de até 80%, e pode ser encontrada em todas as regiões produtoras de soja do país.

Essa doença da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é favorecida quando ocorrem períodos longos de molhamento foliares temperaturas entre 18 e 28°C.

 Os primeiros sintomas aparecem nas folhas inferiores e são manchas de coloração castanha alaranjada a castanha clara.

 

 

Os sintomas da ferrugem asiática surgem na fase reprodutiva de floração. No entanto, é após o fechamento do dossel que a doença ganha mais força. Se não manejada adequadamente, leva à desfolha precoce.

Para manejo efetivo, é preferível escolher utilizar sempre cultivares com resistência ou tolerância.

Além disso, a cultura deve ser semeada em época adequada como estratégia de escape. Isso reduz o número de aplicações de fungicidas.

O uso de fungicidas é bastante comum para controlar esta doença. Existem diversos produtos registrados e a recomendação é que se alterne o modo de ação entre as aplicações.

 

7. Oídio (Microsphaera diffusa)

O oídio é uma das doenças mais comuns na soja. Ocorre em regiões com maior altitude e temperatura mais amena. Causada por um fungo que tem fácil dispersão pelo vento, a enfermidade ataca a parte aérea da planta.

 

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Condições de desenvolvimento do oídio

A infecção pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Porém, é mais comum no início da floração. Condições de baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (18 °C a 24 °C) são favoráveis ao desenvolvimento do fungo.

 

Sintomas do oídio

Apresenta uma fina cobertura esbranquiçada. Nas folhas, com o passar do tempo, a coloração branca do fungo muda para castanho-acinzentada e, em condições de infecção severa, pode causar o secamento e a queda prematura das folhas.

 

Conclusão

Neste texto tratamos dos principais patógenos que afetam a cultura da soja no Brasil, seus sintomas e o manejo adequado.

O uso de sementes sadias é uma medida que contribui com a sanidade da lavoura, pois é efetivo para evitar a entrada de diversos patógenos. Além disso, para diversos patógenos existem cultivares resistentes.

Não existe uma formula única para lavoura de soja saudável, cada doença existe um plano de manejo adequado. Fique atento para reconhece-las!

Escrito por Nilmara Caires.

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