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O termo bioindicador representa qualquer forma de vida capaz de quantificar e monitorar propriedades dos ecossistemas, visto que a poluição ambiental vem sendo um problema nos últimos séculos se faz necessário cada vez mais implementar medidas de controle, principalmente nos grandes centros urbano-industriais. Nesse sentido são necessários mecanismos para monitorar essa poluição, porém, muitos instrumentos são caros e fica inviável a sua utilização.

Nesse âmbito, diversos grupos taxonômicos podem servir como bioindicadores, mas, nem todos os processos biológicos, espécies ou comunidades são bons parâmetros da qualidade do ambiente. Ou seja, os bons bioindicadores são espécies que, precocemente, indicam alterações ambientais; possibilitando a intervenção antes que essas se agravem.

De acordo com o exposto, um bioindicador ideal deve apresentar as seguintes características:

  • Ter reconhecimento fácil por não especialistas;
  • Distribuição na maior parte do globo, para ser facilmente comparado regional e internacionalmente;
  • Possuir indivíduos de diversos grupos taxônomicos, com diferentes reações de sensibilidade a mudanças ambientais;
  • Possuir grande quantidade de organismos e ter grandes dimensões;
  • Ser facilmente amostrável com técnicas diversas;
  • Baixo custo de amostragem;
  • Pequena mobilidade para representar condições locais;
  • Ciclo de vida longo constituindo-se um testemunho da qualidade ambiental no passado e no presente;
  • Ser conhecido ecologicamente e utilizável em experimentos laboratoriais;
  • Não ser muito sensível ou resistente a mudanças ambientais;
  • Ser de fácil manipulação e tratamento;
  • Ter condições de padronização de metodologias, para que haja conhecimento das condições que provocam respostas, sendo possível identificar e quantificar os efeitos da alteração e avaliação das respostas;
  • Ter possibilidade de uniformidade genética e possibilidade de
    avaliar as respostas.

Eles também se dividem de acordo com os objetivos de cada projeto, podendo ser:

  1. Indicadores ou bioindicadores ambientais: Estes são espécies ou conjunto delas com capacidade de reagirem aos distúrbios ambientais, incluindo as alterações no ambiente. Esse tipo de bioindicador é utilizado na mensuração de fatores abióticos, como por exemplo, a mensuração da poluição nos diversos compartimentos ambientais.
  2. Indicadores ou bioindicadores ecológicos: Um indicador ou bioindicador ecológico pode ser representado por uma espécie, um conjunto de espécies ou determinado táxon que se mostra sensível aos processos ocorridos no ambiente. Servem de sinal de alerta precoce de mudanças ambientais, além de poderem ser usados no diagnóstico de problemas no ambiente.
  3. Indicadores ou bioindicadores de biodiversidade: São considerados indicadores ou bioindicadores de biodiversidade um grupo de taxa, representado por gênero, tribo, família ou ordem; ou mesmo um grupo de espécies considerado medida da diversidade de um grupo mais amplo no ambiente. Assim, os dados obtidos por esse grupo são extrapolados a toda diversidade da espécie avaliada.

Existem bioindicadores de acumulação e de reação. De acordo com a literatura, um bioindicador de acumulação, também chamado de organismo resistente, é aquele que reage ao estresse pela acumulação de substâncias tóxicas nos tecidos; já um bioindicador de reação é considerado um organismo sensível, pois reage ao estresse por alterações morfológicas, fisiológicas, genéticas e etológicas.

Como podemos ver, existe uma infinita lista de bioindicadores de diferentes táxons que atestam a qualidade do ambiente (ar, água, solo) de diferentes formas.

Nas plantas os contaminantes químicos são assimilados por meio de três vias: por translocação, a partir do solo, pela ação das raízes; por assimilação de substâncias presentes na fase gasosa e; por assimilação de deposições atmosféricas.

A resposta das plantas à exposição de poluentes tóxicos pode ser usada como método de verificação da toxicidade ambiental. As plantas podem apresentar sinais em curto prazo como: injúrias nas folhas, perda de folhas, redução do crescimento e/ou alterações nos padrões de floração; bem como alterações a médio e longo prazo, como: composição química, modificações nos processos fisiológicos e alterações genéticas. Portanto, as alterações podem ser visíveis ou necessitarem de análises laboratoriais que comprovem a presença desses poluentes em seus tecidos.

Os Macroinvertebrados bentônicos têm sido amplamente utilizados como bioindicadores de qualidade de água e saúde de ecossistemas, pois refletem as mudanças físicas, químicas e biológicas, e apresentam ciclos de vida longo comparando-se com os organismos do plâncton que em geral tem ciclos de vida em torno de horas, dias, 1 ou 2 semanas; os macroinvertebrados bentônicos podem viver entre semanas, meses e mesmo mais de 1 ano, caracterizando-se como “organismos sentinelas”.

A elevada concentração de nutrientes na água pode afetar a estrutura e a dinâmica das comunidades macrobentônicas, manifestada por uma diminuição na biodiversidade aquática e/ou por uma dominância de espécies tolerantes à poluição. Esses organismos também desempenham um papel importante no processamento da matéria orgânica dos corpos hídricos, acelerando sua decomposição e assim promovendo a ciclagem de nutrientes e a transferência de energia para níveis tróficos mais elevados. Assim, os macroinvertebrados bentônicos podem ser considerados espécies-chave na decomposição de detritos da cadeia alimentar.

Em geral, são organismos grandes (maiores que 125 ou 250 µm), sésseis ou de pouca mobilidade, ou seja, são relativamente sedentários e mais fáceis de serem amostrados, além de serem sensíveis a diferentes concentrações de poluentes no meio, fornecendo ampla faixa de respostas frente a diferentes níveis de contaminação ambiental.

Quanto a avaliação da qualidade do ar, os liquens mostram alta sensibilidade a poluentes, não somente pela diminuição da sua vitalidade, como por sintomas externos característicos. A grande sensibilidade está estreitamente relacionada com sua biologia. A alteração do balanço simbiótico entre o fotobionte e o micobionte pode ser evidenciada com rapidez através da ruptura desta associação. Anatomicamente, os liquens não possuem estomas nem cutícula, o que significa que os gases e aerossóis podem ser absorvidos pelo talo e difundir-se rapidamente pelo tecido onde está o fotobionte.

Dentre os efeitos que os poluentes podem ocasionar na comunidade liquênica estão à inibição do crescimento e desenvolvimento do talo, alterações nos processos metabólicos e mudanças anatômicas e morfofisiológicas. Portanto, a presença de determinadas espécies de líquens no ambiente indica que existe zero ou quase nada de poluição.

Mas é bom ressaltar que mesmo que os líquens indiquem que exista poluição no ar, eles não podem ser única medida de monitoramento, devem ser complemento, já que eles são apenas qualitativos e não indicam a quantidade de poluição existente no ambiente.

 

Escrito por: Katucia Sandra Zatelli
Fonte: Mata Nativa