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As formações naturais abrigam uma grande diversidade de espécies animais e vegetais, sendo assim, são de importância significativa no âmbito social, ambiental e econômico. As florestas se caracterizam por possuir uma biodiversidade significativa e uma complexidade oriunda de diversos mosaicos vegetais decorrentes de mudanças temporais e locais dos ambientes. Além dos recursos naturais disponíveis, muitos são os serviços ecossistêmicos gerados por esses ambientes, que também são fonte de produtos madeireiros e não madeireiros, fornecendo subsídios necessários para as comunidades que vivem no entorno.

Para mensurar os recursos disponíveis é empregado o inventário florestal fornecendo um conjunto de informações, que se enquadram em características quantitativas e qualitativas. As métricas quantitativas subsidiam análises como a estrutura horizontal e vertical, potencial produtivo, fitossociologia, estoque de carbono, entre outros. Em relação as métricas quantitativas podemos abordar sobre florística, sanidade, características edafoclimática, atributos funcionais, entre outros. Nesse sentido, qual a importância de se conhecer os atributos funcionais das espécies em uma floresta?

O que são os Atributos Funcionais?

manejo adequado de uma floresta propicia a conservação dos recursos presentes, bem como a prestação dos serviços ecossistêmicos, e neste contexto, os atributos funcionais vêm sendo utilizados como base para o entendimento da influência dos organismos e comunidades biológicas. Estes atributos são considerados como ferramentas que subsidiam a descrição e o entendimento das alterações que ocorrem em uma comunidade. Assim, uma característica funcional pode ser em função da resposta que o organismo dá pelo ambiente (característica resposta) ou pelos efeitos que provoca nos serviços ecossistêmicos (característica de efeito).

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Os atributos funcionais são conceituados como características de um organismo que são ditas como relevantes no que diz respeito às respostas ao ambiente. Tais características estão associadas com o crescimento, reprodução e sobrevivência de um indivíduo e assim, influem diretamente nas taxas de dinâmica e possibilidades de existência e coexistência de uma ou mais populações. Em relação as espécies vegetais, os atributos funcionais podem ser características morfológicas, ecofisiológicas, fenológicas, genéticas, bioquímicas e de regeneração. Estes atributos estão associados a duas estratégias: aquisitiva, que refere ao mecanismo de maximização dos recursos e conservativa, que se refere a maximização na eficiência do uso dos recursos.

Coleta de dados

A obtenção dessas informações é realizada com a coleta de maneira especifica para cada característica. Por exemplo, alguns são classificados por meio da literatura, outros podem ser coletados em campo, com a mensuração de folhas, caule, raízes, madeira. Dentre os atributos mais comuns, temos: o hábito das plantas (árvore, arbusto ou erva), altura, área foliar específica, deciduidade, densidade da madeira, massa de semente, espessura da casca, modo de dispersão e polinização. Contudo é importante se observar qual objetivo de coletar determinada característica, sendo que cada atributo tem uma resposta em determinado ambiente. A exemplo, a massa de sementes está relacionada a sobrevivência da espécie e a área foliar a capacidade fotossintética.

O dimensionamento dos efeitos dos atributos nos processos e serviços ecossistêmicos é definido pela diversidade funcional. Tal parâmetro está intrinsecamente relacionada com o desempenho e a preservação dos processos ecológicos de uma determinada comunidade. Assim, áreas que exibem uma alta diversidade funcional tendem a apresentar uma maior resistência, resiliência e consequentemente produtividade. Para exemplificar, considerando duas comunidades (A e B) com o mesmo número de espécies: se todas as espécies vegetais em A forem dispersas por aves, enquanto em B forem dispersas por mamíferos, aves, lagartos e pelo vento, apesar de ambas possuírem o mesmo número de espécies, B será mais diversa por apresentar espécies funcionalmente diferentes no que se refere ao tipo de dispersão.

Formas de medição da Diversidade Funcional

A diversidade funcional pode ser medida de forma categórica ou contínua, sendo que a diferença entre as alternativas está atrelada com a quantidade de informações e forma que é empreendida. As medidas categóricas são consideradas como as mais comuns e são dadas em função de grupos funcionais que estão representados na comunidade. Em relação as medidas contínuas, estas se diferem das categóricas por não considerar os grupos funcionais e sim o espaço n-dimensional que cada espécie ocupa. Assim, as medidas contínuas podem ser de dois tipos: medidas que consideram uma característica funcional ou que considera vários atributos funcionais ao mesmo tempo.

Cite-se, os parâmetros mais empregadas são: Diversidade de atributos funcionais (FAD) que é designada como a soma da distância das espécies na comunidade; riqueza funcional (Fric) que refere-se ao volume que uma espécie ocupa no espaço funcional; uniformidade ou equitabilidade funcional (Feve) que está relacionado com a distribuição da abundância ocupada pelo nicho, em outras palavras, é o somatório da distância da árvore que liga os pontos no espaço tridimensional; divergência funcional (Fdiv) que representa a dissimilaridade funcional em valores de característica que existe dentro de uma comunidade, isto é, considerando o centro da gravidade pesado pela abundância será representado pelo desvio da distância média; dispersão funcional (FDis) que é definido como a distância no espaço funcional, deslocada pelo centroide da espécie mais abundante.

Apesar de existirem muitos estudos sobre esse tema, muitas vezes, pouco se sabe do papel funcional em determinado ambiente ou local. Por isso, é relevante que se aborde sobre a temática e que na realização do inventário florestal sejam levantadas essas informações. Tais características, permitem conhecer a função que determinada espécie exerce sobre o seu habitat e como esse atributo pode mudar no decorrer do tempo.

Fonte: Mata Nativa