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Manejo Integrado de Pragas e Doenças

 

O Brasil é único país no mundo em localização tropical e subtropical com áreas extensas que permitem a intensificação da agricultura.

Isso faz com que nossa responsabilidade em alimentar o mundo seja maior. Sendo o Brasil o país com maior potencial agrícola mundial, como poderemos contribuir para o aumento na produção de alimentos?

Realizando o Manejo integrado de pragas e doenças.

A população mundial, no ano de 2050, será 29% maior que a atual, chegando a cerca de 10 bilhões de pessoas.

Para suprir as necessidades alimentares dessa população, as estimativas indicam que a produção agrícola deve aumentar 70%, principalmente nos países em desenvolvimento, onde haverá maior incremento populacional.

 

SERÁ PRECISO DESMATAR?

 

Segundo a EMBRAPA, cerca de 30% da superfície terrestre é ocupada por propriedades rurais.

Temos uma grande área de solo agricultável no Brasil, porém a produtividade é baixa. Isso indica que para um incremento na produção de alimentos não necessariamente precisamos expandir a área cultivada.

É importante aumentar o rendimento das culturas.

O aumento da produtividade é alcançado de várias maneiras, desde o uso de cultivares mais produtivas, passando pela adoção de melhores técnicas de manejo ou impedindo que pragas reduzam essa produtividade.

O manejo eficiente de pragas é conseguido pelo aumento da tecnologia na produção agrícola.

Estima-se que as pragas – plantas daninhas, patógenos, ácaros e insetos – levam, em conjunto, a perdas na produção de cerca de 42%.

Esse dano poderia ser ainda maior caso não houvesse a preocupação constante em manejar adequadamente o problema.

Sem o controle eficiente de pragas, o Brasil estaria longe desta posição no cenário mundial.

 

MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA

 

Para se ter uma ideia da importância do manejo integrado de pragas e doenças, usaremos como exemplo a cultura da soja.

A soja pode ser utilizada tanto para alimentação humana quanto animal, produtos industriais ou matéria-prima para agroindústrias.

É a oleaginosa mais cultivada no mundo, sendo o Brasil o segundo maior produtor.

Nos últimos anos o país enfrentou grandes desafios para manter-se neste ranking.

 

Cultura da Soja

 

No ano de 2001, no estado do Paraná, foi relatada a primeira ocorrência do fungo Phakopsora pachyrhizi, que causa a ferrugem asiática da soja.

Em todas as ocorrências a doença se caracteriza por sua grande capacidade de adaptação e elevada agressividade, levando a perdas de até 90% se não manejada adequadamente.

Somente na safra de 2011/2012, foi registrado um prejuízo de mais de USD$ 1 bilhão.

Os esporos do fungo são facilmente disseminados pelo vento até distâncias continentais, fator que torna impossível a erradicação do patógeno uma vez introduzido em um local.

Assim, a estratégia inicial utilizada para manejar a doença foi a aplicação de fungicidas, que foram registrados em tempo recorde, em vista da emergência fitossanitária.

Com os passar das safras, foi possível observar que, as medidas de manejo não poderiam ser baseadas apenas no controle químico.

Com maior conhecimento da epidemia e surgimento de resistência a alguns fungicidas utilizados, outras estratégias foram adotadas, como a adoção de cultivares resistentes ao fungo.

O conhecimento da biologia do fungo, que só sobrevive em seu hospedeiro, permitiu implementar medidas políticas que diminuíram consideravelmente a severidade da doença.

Desde o ano de 2005, em diversos estados do país, é obrigatório a manutenção por um período mínimo de 60 dias as áreas livres do cultivo de soja e de plantas voluntárias ou chamadas também de guaxas, que são aquelas plantas que crescem a partir de sementes caídas ao solo durante a colheita.

 

Pós-graduação Manejo integrado de pragas e doenças

 

Além disso, no ano de 2004 foi criado o Consórcio Antiferrugem, formado por produtores, pesquisadores e técnicos, para padronizar e disponibilizar informações sobre a doença.

Por meio do consórcio é possível monitorar e mapear os focos de ferrugem asiática em cada safra. Desde então, o manejo da doença tem sido realizado com uma integração de métodos que incluem medidas legislativas, controle químico e sistemas de previsão.

Poucos anos depois a sojicultura brasileira enfrentou outro grande desafio.

Na safra de 2012, foi identificada em lavouras de soja, milho e algodão de diversos estados a praga quarentenária Helicoverpa armigera, conhecida como lagarta-da-soja.

Pragas quarentenárias são aquelas que não ocorrem ainda e sua introdução ameaça a economia do país.

Por se tratar de uma lagarta exótica, não possui inimigos naturais no país e por isso sua população e extensão geográfica aumentaram rapidamente.

Além disso, é uma espécie polífaga, alimentando-se de plantas de diversas famílias, o que torna mais difícil seu controle, uma vez que sempre haverá disponibilidade de hospedeiros.

Na safra 2013/2014, as perdas na cultura da soja devido a Helicoverpa armigera foram de 30 a 40%.

Como essa lagarta é resistente a um grande número de inseticidas, foi fortemente recomendado o cultivo da soja transgênica resistente a insetos contendo gene proveniente da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), que lhe confere essa característica. Porém, no ano de 2018 a lagarta surpreendeu mais uma vez, atacando lavouras de soja Bt.

 

Ferrugem Asiática

 

Tendências Futuras no Controle de Pragas e Doenças

 

Durante vários anos, o manejo integrado de pragas e doenças de uma lavoura era baseado majoritariamente na utilização de defensivos químicos com aplicações orientadas por um calendário regular.

Com os avanços na área de defesa vegetal, dependemos cada vez menos da aplicação de fungicidas, inseticidas e herbicidas para a produção de alimentos.

Atualmente, o manejo adequado baseia-se em diversas medidas, dentre estas a resistência genética, o controle por meio de outros organismos (controle biológico), sistemas de previsão, plantas transgênicas, dentre outros.

A experiência tem mostrado que o manejo integrado de pragas e doenças é de fundamental importância para a produção de alimentos.

Embora novas pragas devam ser introduzidas no país nos próximos anos, as perspectivas são boas: o manejo caminha para uma realidade cada vez mais sustentável e eficiente, mantendo o Brasil em sua posição privilegiada de potência agrícola mundial.