(31) 9 8720 -3111 contato@agropos.com.br

Uma variedade de cana-de-açúcar desenvolvida em Piracicaba (SP) se mostrou resistente à principal praga que ataca as lavouras da cultura em todo o país. A cana transgênica, que já tem permissão para ser comercializada, possui o gene de uma bactéria encontrada no solo que é utilizada no milho e na soja geneticamente modificada.

Os estudos para consolidar a nova variedade, chamada CTC 20Bt, duraram seis anos. De acordo com os testes realizados pela empresa responsável pelo desenvolvimento, a eficácia é de 98%, superior ao de agrotóxicos utilizados para combater a praga, chamada Diatrea sacchralis e conhecida como broca da cana-de-açúcar.

—–
Confira: Pós-graduação lato sensu a distância em Avanços no Manejo Integrado de Pragas em Culturas Agrícolas e Florestais
—–

Os pesquisadores adicionaram o gene da bactéria, que é encontrada no solo, ao da cana. Estudos apontaram que este gene produz uma proteína que ataca o sistema digestivo da lagarta, que morre ao se alimentar da folha ou da casca da cana-de-açúcar.

O gerente de negócios e marketing do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), empresa de Piracicaba que desenvolveu a cana transgênica, defende que a variedade reduzirá o uso de agrotóxicos e trará benefícios ao meio ambiente.

“Para efeito ambiental, por exemplo, eu diria que ela é uma cana extremamente benéfica. Nós vamos deixar de usar inseticidas, vamos deixar de usar óleo diesel para aplicação desses produtos, vamos deixar de consumir um volume grande de água para diluição destes produtos, não vamos ter problemas para embalagem desses produtos químicos”, afirma Luiz Antonio Dias Paes.

Após os seis anos de pesquisas e avaliações, a variedade atendeu aos requisitos da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e se tornou a primeira no mundo com autorização para ser comercializada. Desde de outubro de 2017, foram vendidas 4 milhões de mudas e a expectativa é atingir mais 20 milhões até o fim do ano.

Paes afirma que o consumo dos produtos da cana CTC 20Bt é seguro. “É o mesmo açúcar de uma cana convencional. O açúcar não é transgênico, o açúcar é originário de uma cana transformada, mas é exatamente igual ao de uma cana convencional”, defende o gerente.

Prejuízos causados pela ‘broca’

O gerente da CTC afirma que a broca é a praga que mais causa prejuízo ao produtor de cana. “A broca é a principal praga da cana-de-açúcar no país. A gente estima que ela causa um prejuízo para o setor da ordem de R$ 5 bilhões por ano em perdas agrícolas, em gastos com produtos e controle e em gastos industriais”.

O produtor José Penatti, que possui uma área de 150 hectares de cana em Piracicaba, vê com otimismo a novidade. “A gente tem hoje gastos grandes para controle de broca e isso vai trazer um alívio ao produtor”, diz.

Por Jornal da EPTV 2ª Edição