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Embrapa discute prevenção e controle de pragas na agricultura em audiência no Senado Federal

Foto: Liliane Castelões / reprodução Embrapa

Por Embrapa Cerrados

Prevenção e controle de pragas na agricultura foi tema de audiência pública interativa, promovida, na última terça-feira (06), pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária no Senado Federal. O técnico e supervisor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados Sérgio Abud foi indicado pela Diretoria-Executiva para representar a Empresa e abordou as medidas adotadas no manejo integrado de pragas (MIP).

O presidente da Comissão e requerente da audiência, senador Ivo Cassol (PP-RO) destacou a importância do conhecimento sobre as medidas a serem tomadas pelos agricultores para controlar as pragas no campo. O deputado Luiz Cláudio (PR-RO) parabenizou a iniciativa e elogiou o trabalho desenvolvido pela Embrapa que contribui para o fortalecimento do setor responsável pelo crescimento econômico do país.

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Além do representante da Embrapa, também foram palestrantes Marcos Coelho, diretor do Departamento de Sanidade Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); Ronaldo Teixeira, diretor substituto do Departamento de Sanidade Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa; e Rogério Avellar, assessor técnico da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O tema foi dividido em três pontos pelos palestrantes: marco regulamentador e programas de controle de pragas foram abordados pelos representes do Mapa; o assessor da CNA falou sobre a necessidade de fortalecer a assistência técnica e extensão; e a parte técnica ficou por conta da Embrapa.

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Contribuições da pesquisa – Sérgio Abud apresentou um panorama da agricultura brasileira, que é baseada em mais de 300 espécies de cultivos. Estima-se que sejam exportados 350 tipos de produtos para 180 mercados internacionais. A agricultura representa 25% do PIB do país e gera 37% da força de trabalho. A produção brasileira, em 2017, foi de 241 milhões de toneladas de grãos, 36 bilhões de litros de leite, 41 milhões de toneladas de frutas e 27 milhões de toneladas de carne.

Nos últimos 40 anos, o país venceu a insegurança alimentar e tornou-se um dos maiores exportadores de alimentos. Para que isso fosse possível, os resultados das pesquisas transformaram solos ácidos e pobres em nutrientes em solos férteis e foram desenvolvidos sistemas de produção vegetal e animal, adaptados às condições de um país tropical.

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“Nenhum outro país teve sua agricultura avançando de forma tão determinada na direção da sustentabilidade. Nos últimos 10 anos a agricultura expandiu com a diminuição nas emissões de gases de efeito estufa e do desmatamento”, enfatizou Abud.

A agricultura brasileira é intensiva com ocupação das lavouras no espaço e no tempo, podendo ter até três safras ao ano. Isso reflete na maior incidência de pragas, já que há mais alimentos no campo e mais tempo para a multiplicação dessas pragas. O complexo de pragas dentro do sistema de produção incluem plantas invasoras, insetos, fungos, nematoides, ácaros, bactérias e vírus.

Além dessas pragas que estão no sistema de produção, segundo a Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária, existem 150 pragas exóticas ausentes do Brasil que já estão em países da América do Sul e são consideradas “ameaças fitossanitárias”. De acordo com Abud, há muitas informações para os problemas já existentes no Brasil, mas são necessárias muitas pesquisas para o país se preparar para as pragas ainda inexistentes no país.

“O Brasil tem uma extensão continental, com vários ambientes e com respostas diferenciadas. No mundo existem 600 pragas exóticas que a qualquer momento poderão estar aqui e nós não temos pesquisas com essas pragas. Precisamos de recursos para dar continuidade às pesquisas já existentes, para levar a informação sobre o manejo integrado de pragas ao produtor e para melhorar a segurança para a contenção dessas pragas exóticas e seu controle quando entrarem no Brasil”, declarou.

Manejo integrado – ao falar sobre o Manejo Integrado de Pragas (MIP), Abud ressaltou que a base do manejo depende da identificação da praga alvo e uma das principais estratégias de controle é o monitoramento da lavoura. O produtor precisa interpretar os dados do monitoramento, entender os níveis de controle, conhecer as condições ambientais para que possa tomar decisão do que fazer para o combate às pragas.

O controle químico não é a única alternativa do MIP. As outras opções são o controle cultural, controle biológico, controle comportamental, controle genético e controle varietal. O controle biológico, como exemplificou Abud, preserva os inimigos naturais que irão combater a praga e o controle cultural tem o objetivo de eliminar a oferta de alimentos para as pragas, principalmente fora do período da lavoura.

Como exemplo de estratégia de monitoramento na lavoura, Abud citou o uso de ferramentas digitais que auxiliam na tomada de decisão em grandes propriedades. Essas ferramentas facilitam a identificação de pragas, geram planilhas eletrônicas e têm transmissão de dados em tempo real e determinação de posicionamento global (GPS). A Embrapa em parceria com a empresa Qualcomm está criando processadores que serão utilizados nessas ferramentas digitais.

Para comparar as mudanças nos sistemas de produção, Abud usou as imagens de um quebra-cabeça e de um cubo mágico. No primeiro, a agricultura é baseada em mesmo cultivo nas mesmas áreas e é necessário encaixar cada pecinha do quebra-cabeça para poder tomar a decisão do que fazer e como fazer da forma mais econômica e mais sustentável.

No cubo mágico, a agricultura é mais intensificada e integrada com outras culturas em sucessão, o que permite um ambiente desfavorável às pragas, evitando o crescimento populacional. Essa mudança também permite sair do manejo exclusivamente químico e da calendarização no uso do inseticida, para o uso do controle biológico. O produtor, nesse caso, tem condições de tomar uma decisão mais técnica e assertiva.

“O produtor vai saber que se mexer mal uma peça, ele pode interferir em outra. No modelo do MIP, utilizando conhecimento, ciência, monitoramento, integração para tomar uma decisão com recomendação técnica, será possível produzir com custo menor e manter as tecnologias por um período mais longo”, afirmou o representante da Embrapa.

Acesse aqui o vídeo da Audiência Pública

Fonte: Liliane Castelões | Embrapa Cerrados