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A Embrapa preparou uma lista com as principais dúvidas sobre pragas em plantios florestais produtivos no Brasil. A publicação tem 37 perguntas e respostas sobre a produção de pínus, eucalipto e erva-mate.

A organização do conteúdo é de Joel Penteado e a edição de Katia Pichelli. Confira!

 

1. Que espécies de formigas cortadeiras atacam os plantios florestais?

As saúvas (Atta spp.) e as quenquéns (Acromyrmex spp.). Essas espécies consumem mais vegetação do que qualquer outro grupo animal, incluindo-se os mamíferos. Elas atacam quase todas as espécies de plantas cultivadas, podendo causar a desfolha total e até a morte, tanto de mudas quanto de árvores adultas.

Em plantios florestais, os maiores prejuízos ocorrem nos dois primeiros anos de implantação, podendo causar a mortalidade das plantas.

 

2. Como reconhecer as espécies de formigas cortadeiras?

A identificação das formigas é baseada na forma das operárias:

Operárias da saúva:

  • tamanho de 12 a 15 mm de comprimento;
  • apresentam três pares de espinhos no dorso;
  • seus ninhos podem atingir profundidades de mais de 5 m;
  • os ninhos são caracterizados, externamente, pelo monte de terra solta.

Operárias da quenquém:

  • tamanho de 8 a 10 mm de comprimento;
  • apresentam cinco pares de espinhos no tórax;
  • seus ninhos, geralmente, não apresentam terra solta aparente.

 

3. Qual é a estratégia para se controlar as formigas cortadeiras?

Para o combate às formigas, são utilizados principalmente produtos químicos na forma de iscas granuladas. No entanto, o manejo adequado dos plantios juntamente com o monitoramento é fundamental para o sucesso deste controle. Neste contexto, o conhecimento da espécie de formiga que ocorre na área e das características do solo, vegetação, clima, entre outras, são estratégias que poderão contribuir para minimizar os danos causados pelas formigas cortadeiras em plantações florestais.

 

4. Quais os procedimentos mais eficazes para realizar o combate a essa praga?

1 – Inspeção prévia de toda a área onde o plantio será implantado, abrangendo também uma faixa de pelo menos 50 metros de largura no entorno de toda a área;

2 – Definição do método e do tipo de produto químico (formicida) que será utilizado. O método a ser utilizado depende da disponibilidade física e material do produtor.

2.1 Controle sistematizado

Realizado com iscas granuladas, devendo a aplicação ser feita no período de tempo seco, na área onde será realizado o plantio e também na área do entorno. Esse procedimento deve ser realizado 15 dias antes do preparo do solo para facilitar a localização de formigueiros e para que as formigas carreguem as iscas para o interior dos formigueiros;

Recomenda-se a utilização de 2 Kg/ha de isca formicida granulada distribuídos de maneira homogênea em toda a área do plantio e do entorno na forma de pacotinhos de 5 gramas do produto, conhecidos como micro-porta-isca.

2.2 Controle localizado

É realizado diretamente nos formigueiros mediante aplicação de isca formicida granulada, de formicidas em pó ou dos produtos termonebulizáveis;
Deve ser realizado 15 dias antes do preparo do solo para facilitar a localização de formigueiros e carregamento da isca pelas formigas;
Recomenda-se a utilização das iscas formicidas granuladas na dose de 5 gramas por ninho de quenquéns. No caso de saúvas, a aplicação deve ser de 10g/m2 de terra solta nos formigueiros, colocando-se as iscas ao lado de todas as trilhas.

Depois do plantio, o controle de formigas deve ser de forma localizada e realizado em até 30 dias. Posteriormente, é necessário realizar a manutenção do controle; para isso deve-se observar a presença de formigas cortadeiras e, ou de plantas cortadas, mediante a realização de inspeções semestrais, durante todo o ciclo do plantio.

 

PINUS_________________________________________________________________________________

 

5. Quais são as pragas que atacam os plantios de pínus?

O pínus pode ser atacado por diversas pragas, destacando-se as seguintes: vespa-da-madeira, pulgões-gigantes-do-pínus, gorgulho do pínus e as formigas cortadeiras.

 

6. Qual a praga que provoca mais danos ao pínus?

É a vespa-da-madeira (Sirex noctilio), um inseto originário da Europa, Ásia e norte da África. No Brasil, está presente em aproximadamente 1 milhão de ha de pínus nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais.

 

7. Com identificar a vespa-da-madeira?

Os insetos adultos variam de 1,0 a 3,5 cm de comprimento, apresentam coloração azul escura metálica; os machos apresentam partes alaranjadas em seu corpo e as fêmeas, um ovipositor em forma de ferrão de até 2 cm de comprimento, partindo do abdômen.

As larvas do inseto apresentam coloração geral branca, formato cilíndrico, fortes mandíbulas denteadas e um espinho supra-anal. As pupas são de cor branca e apresentam tegumento fino e transparente.

 

8. Como a vespa-da-madeira danifica a árvore de pínus?

  • Durante a postura, além dos ovos, a fêmea introduz na árvore os esporos de um fungo simbionte, Amylostereum areolatum, e uma mucosecreção. O fungo e o muco, juntos, são tóxicos à planta, causando clorose nas acículas e provocando a morte da planta.
  • As larvas eclodem cerca de 15 dias após a postura e logo iniciam a construção de galerias no interior da madeira, à procura do fungo, que é a sua fonte de alimento. A larva ingere os fragmentos de madeira, retirando os nutrientes necessários e regurgita estes fragmentos juntamente com secreção salivar, em forma de serragem compactada, a qual obstrui as galerias. Estas galerias tornam amadeira inviável.
  • Na fase de transformação em pupa, as larvas dirigem-se para próximo à casca.

Na maioria dos casos, o ciclo biológico dura um ano. Entretanto, em árvores muito estressadas ou quando o ataque ocorre em uma bifurcação, pode ocorrer um ciclo curto, de 3 a 4 meses.

 

9. Quais os sintomas de ataque da Vespa-da-madeira?

As árvores atacadas pela vespa-da-madeira apresentam os seguintes sintomas:

  • respingos de resina, que surgem das perfurações feitas pelas fêmeas para depositar seus ovos; em alguns casos, observa-se o escorrimento de resina;
  • amarelecimento da copa após o ataque, variando desde um tom amarelado, em um estágio inicial, passando pelo marron-avermelhado e seca, até a queda das acículas;
  • orifícios de emergência, facilmente visíveis na casca, por onde os adultos saem;
  • manchas azuladas, em forma radial na madeira atacada, causadas por um fungo secundário do gênero Botryodiplodia;
  • galerias no interior da madeira, construídas pelas larvas.

 

10. Como prevenir o ataque da vespa-da-madeira?

A prevenção de seus danos pode ser feita mediante vigilância e tratos silviculturais, com o manejo integrado da praga (MIP). Assim, é importante a observação das seguintes recomendações:

  • desbastar os povoamentos de pínus nas épocas adequadas para evitar a ocorrência de plantas estressadas. Conforme as árvores crescem, aumenta a competição por luz e nutrientes, o que causa o estresse das árvores. Com isso, a árvore se torna quimicamente atrativa para a praga;
  • intensificar o manejo em locais de baixa qualidade, onde haja solos rasos e pedregosos;
  • remover do povoamento as árvores mortas, dominadas, bifurcadas, doentes e danificadas, bem como restos de poda e desbaste com diâmetro superior a 5 cm;
  • não efetuar poda e desbaste dois meses antes e durante o período de revoada dos insetos adultos (segunda quinzena de outubro à primeira quinzena de janeiro);
  • evitar o plantio em áreas declivosas, onde seja difícil realizar os tratos silviculturais;
  • aplicar medidas de prevenção e controle de incêndios florestais;
  • treinar empregados rurais, de serrarias e de transporte de madeira na identificação da praga e de seus sintomas de ataque;
  • manter e intensificar a vigilância de rotina.

 

11. Como é feito o monitoramento da vespa-da-madeira?

O monitoramento é realizado com a instalação de árvores-armadilha. Como o inseto é atraído para árvores estressadas, utiliza-se a aplicação de um herbicida para promover esse estressamento, tornando-as atrativas ao inseto. Isso facilita a detecção precoce da praga, auxiliando na tomada de medidas rápidas como a liberação de inimigos naturais. As árvores-armadilha devem ser instaladas em povoamentos com nível de ataque de até 1%. Em áreas com níveis maiores que este, deve-se interromper a instalação das árvores-armadilha e investir nas medidas de controle.

 

12. Qual a maneira mais eficaz de se controlar a vespa-da-madeira?

O principal inimigo natural da vespa-da-madeira é o nematoide Deladenus siricidicola(= Beddingia siricidicola). Ele é criado massalmente no Laboratório de Entomologia Florestal da Embrapa Florestas. As doses de nematoide, de 20 mL, contem cerca de 1 milhão de nematoides, sendo suficiente para o tratamento de cerca de 10 árvores. Elas são distribuídas aos proprietários de plantios de pínus atacados pela praga.

Os nematoides são inoculados no tronco de árvores atacadas, para que infectem as larvas da vespa-da-madeira que estiverem nesse tronco. Quando a larva passa para a fase de pupa, os nematoides se instalam no aparelho reprodutor do inseto, esterilizando as suas fêmeas. Assim, uma fêmea parasitada, ao emergir, faz posturas em outras árvores, mas seus ovos tornam-se inférteis. Além disso, estes ovos parasitados passam a conter de 100 a 200 nematoides cada um. Ou seja, ao realizar novas posturas, esta vespa vai ajudar a espalhar ainda mais seu inimigo natural.

 

13. Existe outro inimigo natural da vespa-da-madeira que possa ser utilizado para o seu controle?

O parasitoide Ibalia leucospoides também é uma espécie de vespa. Suas fêmeas adultas tem tamanho variando de 7 a 14 mm. A Ibalia é um endoparasitoide que coloca os ovos em larvas da vespa-da-madeira. Estes ovos se desenvolvem dentro da larva e, ao sair, destroem-na.

Este parasitoide foi introduzido no Brasil pela Embrapa Florestas e já foi registrado em todas as áreas de ocorrência de seu hospedeiro. Apresenta eficiência média de 25%.

 

14. Quais são os tipos de pulgões que atacam o pínus?

São duas espécies: Cinara pinivora e Cinara atlantica que atacam as brotações, os ramos, o caule e as raízes do pínus. Apresentam alta fecundidade e alta velocidade de reprodução, com ciclo de 12 dias desde a fase de ninfa até adulto, e cada fêmea vive cerca de 27 dias, podendo gerar, em média, 44 ninfas. Os pulgões ocorrem em maiores populações entre o outono e o inverno. Entretanto, C. atlantica é encontrada, também, na primavera e no verão.

 

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15. Quais são os sintomas das árvores de pínus atacadas pelos pulgões?

As árvores atacadas pelos pulgões apresentam os seguintes sintomas:

  • clorose (amarelecimento das acículas);
  • deformação e queda prematura das acículas;
  • redução significativa do crescimento em diâmetro e altura da planta;
    entortamento do fuste;
  • seca dos brotos e superbrotação devido à destruição do broto apical;
  • presença de um fungo, denominado fumagina, de coloração escura, que recobre os ramos e a folhagem, interferindo no desenvolvimento da planta;
  • seca progressiva dos ramos e, eventualmente, a morte das plantas infestadas;
  • redução da resistência ao ataque de outros insetos ou patógenos.

 

16. Como é realizado o controle do ataque de pulgões em árvores de pínus?

O controle desta praga no Brasil é realizado por meio de Programa de Manejo Integrado, com controle biológicopelo parasitoide, Xenostigmus bifasciatus. Este parasitoide foi coletado pela Embrapa Florestas nos Estados Unidos, criado massalmente em laboratório e liberado em áreas atacadas pelos pulgões.

A ocorrência do parasitoide tem sido constatada em todas as áreas de ocorrência do pulgão, inclusive naquelas onde não houve liberação, tendo sido observado que X. bifasciatus foi capaz de alcançar uma distância até de 80 km do local de liberação, em um ano.

 

17. O que é o Gorgulho-da-casca-do-pínus e como reconhecê-lo?

O gorgulho-da-casca-do-pínus (Pissodes castaneus) é um besouro originário da Europa e Norte da África e foi introduzido no Brasil em 2001. O inseto adulto alimenta-se nos brotos da árvore hospedeira, enquanto as larvas alimentam-se na região do câmbio e da casca do caule e ramos. A praga tem preferência por plantios jovens.

A larva é branca amarelada, com forma cilíndrica, ligeiramente curvada (forma de ’’c’’), com a cabeça marrom claro, com cerca de 10 mm de comprimento quando completamente desenvolvida. Os adultos possuem de 6 a 9 mm de comprimento, com pequenas mas fortes mandíbulas e dorso curvado de coloração parda.

 

18. Quais os principais danos que o Gorgulho-da-casca-do-pínus provoca?

O principal dano é realizado pelas larvas, que se alimentam na região do câmbio e da casca, onde forma uma galeria, preenchida com excrementos e fibras finas de madeira. A postura é realizada sob a casca, logo abaixo das brotações apicais do ramo terminal de árvores de pínus, preferindo as plantas grandes com ponteiros longos, porém sob condição de estresse.

 

19. Como monitorar e controlar o Gorgulho-da-casca-do-pínus?

É recomendada a instalação de toretes-armadilhas, entre outubro março, quando há maior ocorrência dos insetos. As armadilhas consistem em grupos de 16 toretes, a cada 15 a 20 ha de plantio. Deve-se fazer a retirada as armadilhas entre 30 e 60 dias, para evitar reinfestação a partir dos toretes. Os toretes atacados devem ser eliminados. As armadilhas devem ficar em ocais de fácil acesso, se possível protegidas do sol e devem ser instaladas apenas nos plantios onde a praga esteja presente.

 

EUCALIPTO_______________________________________________________________________________

 

20. Qual a principal praga em eucalipto?

As formigas cortadeiras, conhecidas como saúvas (Atta spp), e quenquéns (Acromyrmex spp.), são consideradas o principal problema para as florestas de eucalipto no Brasil. O desfolhamento causado por formigas pode reduzir a produção de madeira no ano seguinte em um terço e, se isto ocorrer no 1o ano de plantio, a perda total pode chegar a 13% no final do ciclo de colheita. Mais informações, nas perguntas 1 a 5.

 

21. Quais as pragas importantes em povoamentos de eucalipto?

Destacam-se os pequenos insetos, tais como: pulgões, percevejos, psilídeos e microvespas. São insetos que se dispersam com facilidade, possuem ciclo de vida curto e muitas vezes passam despercebidos, em função de seu pequeno tamanho. Por isso, em muitos casos são detectados apenas quando o dano econômico já está avançado.

 

22. Quais os sintomas de ataque do percevejo-bronzeado?

O percevejo bronzeado (Thaumastocoris peregrinus) é nativo da Austrália e foi detectado no Brasil em 2008. Trata-se de um inseto sugador, de aproximadamente 3,0 mm de comprimento quando adulto; tem corpo achatado de cor marrom clara. Os ovos são de cor preta e normalmente encontrados agrupados nas irregularidades das folhas das árvores, assemelhando-se a manchas enegrecidas, o que contribui para o reconhecimento das plantas infestadas.

Em grandes infestações, o inseto pode causar queda das folhas e, em alguns casos, a morte das árvores. Os sintomas associados ao dano são, inicialmente, o prateamento das folhas, que com o tempo passam para tons de marrom e vermelho, o que confere às árvores o aspecto bronzeado, possibilitando sua identificação à distância. Trata-se de uma praga com alta capacidade de dano e de reprodução rápida.

 

23. Como é feito o controle do percevejo-bronzeado?

Pesquisas indicam o uso do parasitoide Clerucoides noackae no controle biológico do percevejo bronzeado. A criação do parasitoide já foi estabelecida e estão sendo feita liberações experimentais.

 

24. O que é a vespa-da-galha?

A vespa-da-galha foi detectada no Brasil em 2008 em Eucalyptus camaldulensis e alguns clones no Nordeste do Estado da Bahia, e posteriormente em Tocantins, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.

As larvas do inseto são encontradas no interior de galhas, enquanto os adultos são vistos próximos às brotações novas. Em árvores adultas, as galhas causam superbrotação, perda de crescimento e vigor, desfolhamento e secamento de ponteiros, podendo causar até a morte das árvores.

Os adultos são vespas muito pequenas (1,1 a 1,4 mm de comprimento), com corpo marrom e cabeça e tórax variando de azul a verde metálico brilhante.

Os ovos são inseridos no interior de folhas e, após a sua eclosão, as larvas se desenvolvem no interior das galhas. As infestações do inseto são observadas durante todo o ano e a fêmea coloca de 80 a 100 ovos.

 

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25. Como se efetua a detecção da vespa-da-galha?

A detecção e o monitoramento são realizados através de armadilha adesiva amarela, nas dimensões de 12,5 cm de altura por 11 cm de largura, instalada a 1,80 m de altura do solo no interior de plantios ou em viveiros em todas as etapas de produção das mudas.

 

26. Como é realizado o controle da vespa-da-galha?

Até o momento não existe nenhuma medida eficiente para o controle desse inseto e, a exemplo de outras pragas florestais no Brasil, não existem produtos registrados para o controle químico.

Em mudas em viveiro ou em mini-jardins clonais, as infestadas devem ser descartadas e queimadas.

Em povoamentos já estabelecidos, deve-se podar as ponteiras e ramos atacados e queimá-los. Deve-se também monitorar a rebrota que poderá, inclusive, aumentar a infestação.

 

27. Quais são as principais Lagartas que provocam danos aos plantios de eucalipto?

São consideradas lagartas desfolhadoras os insetos da ordem Lepidoptera que em sua fase larval se alimentam de folhas. Podem ser citadas: Eacles imperialis magnifica (Lepidoptera: Saturniidae), Automeris spp.(Lepidoptera: Hemileucidae), Glena spp. (Lepidoptera: Geometridae), Eupseudosoma aberrans (Lepidoptera: Arctiidae), Sabulodes caberata caberata (Lepidoptera: Geometridae) e Sarcina violascens (Lepidoptera: Lymantriidae).

Devido à ocorrência esporádica de surtos de lepidópteros desfolhadores no Brasil, a utilização de parasitoides e parasitas não tem tido um controle efetivo das pragas. Dentre os patógenos, o mais utilizado é a bactéria Bacillus thuringiensis (Berliner). Esta bactéria é vendida comercialmente como Dipel. O controle químico também é utilizado.

 

28. Quais são os besouros desfolhadores que atacam eucalipto?

A principal espécie de besouros desfolhadores que apresenta importância para o setor florestal brasileiro é Costalimaita ferruginea. Estes besouros atacam folhas novas, roem ponteiros e galhos tenros de eucaliptos jovens.

As espécies de besouros desfolhadores mais frequentes são: Gonipterus gibberus (Coleoptera: Curculionidae), Gonipterus scutellatus (Coleoptera: Curculionidae), Sternocolaspis quatuordecimcostata (Coleoptera: Chrysomelidae), Costalimaita ferruginea vulgata (Coleoptera: Chrysomelidae), Bolax flavolineatus (Coleoptera: Scarabaeidae) e Psylloptera spp. (Coleoptera: Buprestidae).

O controle deste grupo de insetos inclui técnicas preventivas, como escolha de plantas resistentes e tratos culturais por meio da aplicação de produtos registrados para a cultura de eucalipto.

 

29. O que são coleobrocas?

São insetos broqueadores que têm grande importância como praga florestal no Paraná, os principais são: Platypus sulcatus (Coleoptera: Platipodidae), Phoracantha semipunctata (Coleoptera: Cerambycidae), Achryson surinamum (Coleoptera: Cerambycidae) e Mallodon spinibarbis (Coleoptera: Cerambycidae).

O controle de coleobrocas é baseado na eliminação das partes afetadas através da queima, evitando reinfestações.

ERVA-MATE______________________________________________________________________________

 

30. Qual a principal praga da erva-mate?

A broca-da-erva-mate (Edypathes betulinus) é a principal praga da erva-mate. A erveira é danificada pelas larvas do besouro, que constroem galerias no tronco, impedindo a circulação normal da seiva, prejudicando o desenvolvimento e podendo acarretar a morte das plantas. Sua incidência é registrada em toda a região de ocorrência da erva-mate.

O adulto é um besouro que mede, aproximadamente, 2,5 cm de comprimento, com o corpo de coloração geral preta, recoberto por pelos brancos.

Durante o processo de broqueamento, a larva vai compactando atrás de si a serragem, que lhe serve de proteção, e, quando expelida para fora da planta, denuncia a presença da praga. Os adultos vivem muito tempo e estão presentes, em maior número, entre os meses de outubro e junho.

 

31. Existe alguma forma de controle da broca-da-erva-mate?

Sim!

  • O controle mais eficiente da praga é realizado com o inseticida biológico BoveMax EC.
  • O produto é específico para erva-mate e tem como ingrediente ativo esporos do fungo Beauveria bassiana. Este fungo provoca a morte dos insetos, a qual ocorre quando o besouro entra em contato com a superfície da planta onde foi aplicado o produto.
  • A penetração dos esporos do fungo ocorre principalmente nos pontos frágeis do corpo do inseto, causando a sua morte em aproximadamente 20 dias.
  • Após este período, o fungo cobre o corpo do inseto, causando uma aparência esbranquiçada e nesta fase eles passam a transmitir o fungo para insetos sadios, incrementando o controle do inseto.

Pode-se realizar um controle alternativo, mais caro e medianamente eficiente, que consiste na catação manual dos adultos. Esta atividade deve ser realizada no período de maior ocorrência dos adultos no campo, entre os meses de outubro a junho e, preferencialmente, no período das 10h às 16h.

 

32. Qual é a época ideal para a aplicação do BoveMax EC?

A aplicação do Bovemax EC na época correta é fundamental para o sucesso do controle da broca-da-erva-mate. O produto deve ser aplicado duas vezes por ano: uma no mês de novembro e outra no mês de fevereiro.

Recomenda-se aplicar nas horas mais frescas do dia; preferencialmente no final da tarde; não aplicar em dias chuvosos ou com probabilidade de chuva.

Após a aplicação, evitar a prática de limpeza mecânica ou química entre as linhas do erval, deixando uma cobertura verde, para propiciar condições ideais para o desenvolvimento e persistência do fungo.

Quando da realização da poda, manter de 25 a 30% de folhas em cada planta para favorecer a ação do fungo e contribuir para a eficiência do controle.

 

33. A ampola-da-erva-mate provoca danos à erva-mate?

Sim. A ampola-da-erva-mate (Gyropsylla spegazziniana) é a segunda principal praga da erva-mate. É encontrada nos ervais durante todo o ano, com maior intensidade entre os meses de outubro e dezembro e de fevereiro a abril. Medem, em média, 2,5 mm; tem coloração verde-azulada e as antenas são tão compridas quanto o corpo. As fêmeas colocam seus ovos na face superior das brotações, ao longo da nervura central onde se desenvolverão as ninfas, causando deformação das folhas novas, que assumem o aspecto de galhas; queda de folhas e retardamento no desenvolvimento de mudas.

 

34. Como é realizado o controle da ampola-da-erva-mate?

A poda e destruição dos ramos mais atacados podem ajudar na diminuição da população deste inseto.
No Brasil, até o momento, não existem inseticidas químicos registrados para o controle de desta praga em erva-mate.
Na Argentina, existe a recomendação de controlar a ampola da erva-mate por meio da aplicação de 10 a 15 mL de Dimetoato, Metildemeton e Endosulfan em 10 L de água.

 

35. O que é a Broca-dos-ponteiros-da-erva-mate?

Trata-se da larva de um besouro que mede em torno de 1,3 cm de comprimento. Apresenta coloração escura, com uma faixa amarela na lateral de cada asa. As fêmeas fazem posturas no ramo principal de plantas com até dois anos ou nos ramos jovens e finos, superiores, das plantas mais velhas.

Após a eclosão, a larva inicia a sua alimentação, construindo uma galeria descendente no interior do ramo.
Os galhos broqueados apresentam aspecto enegrecido, por estarem ocos. Empupam dentro do ramo atacado e podem levar plantas novas à morte.

O controle desta praga é realizado pela coleta e queima dos adultos e com a poda e queima dos galhos atacados.

 

36. Como controlar a cochonilha-de-cêra em erva-mate?

A cor da fêmea adulta da cochonilha (Ceroplastes grandis) é alaranjada e é recoberta por uma camada de cera róseo-clara. Normalmente, vivem grudadas nos ramos, podendo, algumas vezes, cobri-los totalmente. São insetos sugadores que se alimentam da seiva das plantas, tornando-as debilitadas. Além disso, eliminam uma substância açucarada, da qual se alimentam algumas formigas, que por sua vez disseminam esporos de um fungo que causa a doença denominada fumagina.

Quando a população de insetos na planta é alta, pode ocorrer a morte da erveira.

O controle é realizado com escovação e/ou poda de ramos infestados.

 

37. Quais as lagartas que são pragas em erva-mate?

As principais são lagarta-da-erva-mate (Thelosia camina) e a Lagarta-do-cartucho-de-seda (Hylesia sp.)
A lagarta-da-erva-mate, logo após a eclosão, são de coloração verde clara, apresentando duas faixas escuras longitudinais nos lados do corpo. Quando adultas, atingem, em média, 4 cm de comprimento e apresentam coloração variando do verde escuro ao negro, com uma faixa amarela no dorso entre duas linhas mais escuras. O período de ocorrência das lagartas é de setembro a março.

Esta lagarta é oriunda de uma pequena mariposa que realiza suas posturas com média de 80 ovos na parte superior das folhas. As lagartas são vorazes e destroem tanto brotações novas quanto as folhas mais velhas da erva-mate. O controle é realizado pela aplicação de inseticidas à base de Bacillus thuringiensis, entretanto, no Brasil ainda não há nenhum produto deste tipo registrado para uso na erva-mate. Outro meio de combate é a coleta dos adultos por meio de armadilha luminosa e com a eliminação de folhas que contêm posturas.

Já a Lagarta-do-cartucho-de-seda é de cor cinza-escura, com fileiras de longos espinhos urticantes espalhados pelo corpo. Medem em torno de 4 cm de comprimento e, para se protegerem, tecem um cartucho de seda que pode conter centenas de lagartas. A época de ocorrência das lagartas se dá, geralmente, entre os meses de setembro e novembro. Estas lagartas são muito vorazes, podendo alimentar-se de folhas novas ou mais velhas, comprometendo a produção. As lagartas são dotadas de pelos urticantes que provocam irritação e queimaduras quando em contato com a pele e a mariposa tem o abdômen recoberto por pelos urticantes que podem provocar reações alérgicas às pessoas. O controle também pode ser feito com inseticidas à base de Bacillus thuringiensis, e com a catação das massas de ovos e dos cartuchos de seda.

Publicado originalmente no site da Embrapa.

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